sábado, 28 de fevereiro de 2009

EL FRASCO

Erra quem afirma que o cine argentino vive apenas de lamber as feridas da ditadura e tem como ambientação somente Buenos Aires. Certamente não viram filmes como La Ciénaga (2001) ou aquela pedrinha preciosa chamada Histórias Mínimas (2002).

Ontem vi El Frasco (2008) e achei uma fofura! Conta a história de gente simples da província: um mal entendido causado por uma troca de amostra de urina prum exame. O responsável pela troca é um motorista de ônibus tão calado e robotizado que chega dar a impressão de certo autismo.

Como eu havia visto recentemente 2 outros filmes argentinos com personagens “mudas” – os maravilhosos El Custódio (2006) e El Otro (2007), ambos com o excelente Julio Chavez – decidi dar uma chance a El Frasco. O protagonista Dario Grandinetti também influiu na escolha porque eu assistira a um belo drama co-produzido por Brasil e Argentina (acho que é co-produção, não tenho certeza) chamado Bodas de Papel (2008) e o trabalho do Dario me agradou. Isso sem contar na voz dele em português que é inquietantemente idêntica à de um grande amigo argentino.

Não me arrependi de ter dado a chance. A personagem do motorista é adorável na sua esquisitice. A interpretação está ótima. Um ou outro desnível de tom na narrativa também não me tirou o profundo prazer de ver o filme. Até a música que pontua demais os momentos em que a gente “tem” que se emocionar ou aqueles em que a gente “tem” que sorrir não me incomodou depois dum tempo. O Grandinetti segura o filme e me proporcionou uma noite agradabilíssima! Ri e até deu uma umedecidinha nos olhos num momento.

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