terça-feira, 31 de março de 2009
MAIS TRAMPO NO BLOG
Esperto eu, né?
Esperto nada.. Se não fosse o C@STRO ter sugerido isso e depois ter me ensinado a arrastar a bendita lista presse lugar onde ela tá agora, essa funcionalidade não seria possível.
Valeu, C@STRO!
Já que vc curte música eletrônica, vou colocar uma em agradecimento. Aphex Twin, 4. Adoro também! Essa canção é puro nervo!
RANG-E KHODA
Roberto Rillo Bíscaro
Hoje de manhã, quando falei sobre o filme iraniano que assisti ontem, referi-me a outro filme do mesmo diretor. Pois acreditam que também o achei no U2B completo e com legendas em inglês?
Rang-e khoda (1999; A Cor do Paraíso, no Brasil) conta a história tocante de Muhammed, garoto cego, de quem o pai pensa se livrar para poder iniciar vida nova com uma nova esposa. Não se apressem a odiar o pai: ele também é outra vítima. Ele tem seus motivos e as cenas com ele são duma força extraordinária.
Na verdade, se não tomo cuidado esse post vai ter 200 laudas de pura atitude de louvor. Esse filme me deixou literalmente chapado! Quando terminei de ver estava em êxtase, juro, juro, juro! Nem o finalzinho que me lembrou um pouco o realismo-mágico sul-americano me incomodou! Até porque não entendo patavinas de cultura persa, farsi e afins, então morro de medo de estabelecer relações que não façam sentido nelas.
O filme é um festim imagético avassaladoramente belo! O diretor de fotografia e o diretor conseguem combinações de cores e imagens tão lindas que dá vontade de congelar o vídeo e deixar aquilo como poster. E olha que quem tá escrevendo isso aqui é alguém que tem sérios problemas visuais!!!
Mas, em se tratando dum filme cuja personagem central é cega esse deslumbre visual certamente alcança desdobramentos impressionantes. Nós podemos desfrutar do esplendor que Muhamed jamais poderá. Isso sim, é inteligência e não apenas criar uma película com fotografia deslumbrante, mas que pare aí. Afinal de contas, a imagem - que é forma - está em relação de tensão com a cegueira - que é tema.
Entretanto, essa tensão é relativizada, digamos assim, pelo elemento sonoro. Mohammed desfruta dum outro esplendor: o dos sons e ruídos. O cuidado e o detalhamento da banda sonora do filme são esmeradíssimos. Especialmente a maneira como ele "entende" as bicadas dum pica-pau numa árvore, associando-as ao braile.
Aos que decidirem assistir ao filme, prestem atenção às cenas iniciais, na escola onde Muhammed estuda. Tem uns menininhos albinos lá também!
MARANHÃO
Achei um par de links interessantes sobre o tema. Não postarei tudo duma vez, para dar tempo ao leitor de fruir melhor as informações.
Revista Isto É, 06/02/2002
Filhos do encanto
Na Ilha dos Lençóis lendas e assombrações fazem parte da rotina dos pescadores que acreditam viver em uma terra mágica
Madi Rodrigues e Leopoldo Silva (fotos) - Ilha dos Lençóis (MA)
O meio-dia o sol é tão quente que a impressão é que tudo à volta treme. Os pés afundam na areia fina que queima como brasa. O mar fica na porta de casa, assim como os barcos. Em contraste com as dunas gigantes, o manguezal vira floresta. Coqueiros, cachorros magros, cabras desnutridas e crianças descalças completam a paisagem. Esse é o cenário real da Ilha dos Lençóis, comunidade encravada no litoral do Maranhão, onde lendas e assombrações são contadas pela comunidade de pescadores e descendentes de albinos, certa de que vive numa terra encantada.
A ilha, que fica a mais de sete horas de barco do município de Cururupu, tem 103 casas, todas feitas de palha de babaçu. A mitológica região, onde vivem 300 pescadores semi-analfabetos, num passado não muito distante registrava grande incidência de albinos. Isso ajudou no enredo fantástico traçado por aquela gente que faz do mar a principal fonte de sobrevivência. A vida na ilha segue o ritmo da maré e obedece a um ritual invariável: os homens pescam e as mulheres cavam poços nos pés das dunas para abastecer as casas com água doce. Depois se embrenham nos mangues para catar galhos secos e transformá-los em lenha para cozinhar o peixe. Na comunidade não existe escola – as crianças estudam até a quarta série em barracões improvisados. A ilha pertence ao Arquipélago de Maiaú, um dos mais atrasados da costa brasileira. Localizado a 160 quilômetros a oeste de São Luís, não há médicos e outra forma de subsistência a não ser a pesca.
Albinos – Da legião de albinos que povoava a ilha na década de 80, sobraram poucos para contar a história fantástica do rei menino. Muitos morreram de câncer de pele e outros foram embora para cidades vizinhas com medo do mesmo destino. Os albinos que ficaram mantêm a tradição: são chamados de Filhos da Lua, não pela poesia que o apelido sugere, mas pela necessidade que têm de pescar à noite para se proteger do sol. Na comunidade, albinos e não-albinos dão vida às lendas do lugar, implantadas no País pelos jesuítas no século XVII. Os pescadores contam que na ilha existe um reino – um palácio feito de ouro, cristais e diamantes – há muito tempo escondido nas profundezas das águas da Praia dos Lençóis. A ilha e o reino, segundo eles, têm dono. Ambos pertencem a dom Sebastião – o rei menino de Portugal, que foi coroado aos três anos de idade e desapareceu aos 24 na Batalha de Alcacér-Quibir, contra os mouros, na África, por volta do século XVII. Os pescadores acreditam que, depois da derrota, dom Sebastião atravessou o oceano e veio se refugiar na Ilha dos Lençóis onde tornou-se encantado, assim como suas riquezas.
No imaginário dos pescadores, o rei nunca mais deixou a ilha. Vive lá vigiando seu palácio e protegendo os habitantes. Nas noites de lua cheia um touro preto coroado e com uma estrela na testa passeia pelas dunas, soltando fogo pelas ventas. É dom Sebastião querendo pôr fim ao encanto. O rei também aparece em forma de gente, vestido de cavaleiro e montado em um cavalo branco.
“Nessa ilha mora um rei e o nome dele é dom Sebastião”, garante o pescador albino Manoel de Oliveira, 67 anos, mais conhecido como Macieira, nascido e criado em Lençóis. “Aqui tambores tocam no fundo da terra e eu já ouvi muitas vezes isso acontecer”, afirma. Pai de nove filhos e avô de 25 netos, dois deles também albinos, Macieira tenta a todo custo encontrar-se com o rei. “Nas noites de lua cheia, subo as dunas na esperança de vê-lo. Minha curiosidade é saber como ele é: se é branco, preto ou albino como eu. Meus avós viram muitas vezes o touro passeando nas dunas e me disseram que essa ilha é dele e eu acredito nisso.” Apesar de acreditar que mora num paraíso encantado, Macieira reivindica mais atenção: “O povo aqui é esquecido de medicina e educação. Temos um posto de saúde, mas não temos médico e a escola das crianças é um barracão.” Por causa do sol, já teve dois cânceres, um na perna e outro na orelha. “Não gostaria que o mesmo acontecesse com os meus netos, Robert e Ronald, que nasceram albinos como eu.” Sobre a viabilidade de um dia o rei vir a desencantar Macieira, é categórico: “Não vai ser nada bom. Já diziam os meus antepassados que se isso acontecer a ilha vira cidade e São Luís desaparece nas profundezas do mar.”
Sonhos – “Rei, rei, rei Sebastião, quem desencantar Lençóis vai abaixo o Maranhão.” Essa é a cantiga que não sai da boca da viúva Telma Maria Silva, 35 anos. Ela é outra que diz que já perdeu a conta das vezes em que viu o rei. “Sonho com ele sempre. Ele é moreno, tem olhos azuis e usa um boné vermelho na cabeça”, descreve Telma, que ganha R$ 15 por mês carregando água para abastecer uma das duas pousadas do local. Telma já teve 12 filhos, todos albinos. “Dez morreram, um deles com seis meses”, lembra, dizendo que apenas dois sobreviveram, entre eles Cleber, cinco anos. O pai- de-santo José Mário de Araújo, 64 anos, é mais um que confirma o passeio do rei menino em forma de boi pelas dunas da ilha: “Eu já vi o touro em plena luz do dia.” Uma vez por semana, José Mário conta que sonha com o rei e o descreve como Telma, só que, em vez de um boné, ele usa uma veste branca. Neuza Miranda, 76 anos, a dona Nini, reforça a tese de que o encanto passa de pai para filho: “Meus pais cansaram de ver o touro. De minha parte, já ouvi cavalos rinchando, sendo que aqui não existe nenhum cavalo.”
Maria Isabel de Araújo Ferreira, 43 anos, é líder comunitária e diz que faz questão de contar para os filhos histórias e lendas do lugar. “Até bem pouco tempo atrás, era comum a gente encontrar na praia brincos de pérola, correntes de ouro, pulseiras, xícaras de porcelana e até potes de cerâmica, vindos não se sabe de onde”, afirma Isabel. Tiago, filho de Isabel, tem 17 anos, estudou até a quarta série. Pescador como o pai, Tiago gosta das histórias. “Sou filho de uma ilha encantada. Adoro este lugar”, afirma.
Antes que os aventureiros lancem mão, os moradores advertem: dom Sebastião é ciumento e nada pode ser levado da ilha sem a sua permissão. Quem desobedece se arrepende amargamente. Casos ilustrando o apego do rei pelas coisas do lugar não faltam. Recentemente, um gerente de um mercado de Cururupu esteve na ilha e encontrou três búzios dourados. Levou para casa e foi o suficiente para perder o sono e o sossego. “Ele ficou sem dormir durante uma semana, ouvindo vozes ordenando que devolvesse os búzios o quanto antes. Devolveu e voltou a ter paz”, contou Macieira.
(Encontrado em http://www.terra.com.br/istoe/1688/brasil/1688_filhos_encanto.htm )
IRÃ
Roberto Rillo Bíscaro
Ontem vi Bacheha-Ye aseman (1997; Filhos do Paraíso, no Brasil), do diretor iraniano Majid Majidi, do qual tornei-me instantaneamente fã quando vi Rang-e khoda (1999), fácil fácil um dos filmes visualmente mais sublimes a que já assisti!
Filhos do Paraíso centra-se nos irmãos Ali e Zahra. Ali é incumbido de ir buscar os sapatos da irmãzinha Zhara, que estavam no conserto. Os sapatos são roubados no caminho e ele teme contar ao pai, extremamente pobre. Com a cumplicidade da irmã, as 2 crianças passam a compartilhar o mesmo par de tênis surrados de Ali pra ir à escola. Zahra vai de manhã, sai da escola correndo, volta para casa, o irmão calça os tênis e sai correndo pra escola. Isso tudo sem que os pais saibam de nada. A premissa - enganadoramente "simples" não o é. Sapatos são signos importantíssimos na cultura islâmica. Lembrem-se que aquele jornalista iraquiano poderia ter atirado outra coisa no Bush, mas escolheu atirar seu próprio sapato.
O filme é de partir o coração de tão lindo e triste. Não que seja aquele dramão que te chuta a canela pra te fazer chorar, mas, convenhamos, a premisa de compartilhar um único par de tênis surrados já é de cortar o coração!
Após várias tentativas frustradas de obter um par de sapatos novos, aparece a grande chance de Ali. Uma corrida de 5 kms, que tem como prêmio para o terceiro lugar, um par de tênis. Não contarei o final, mas esqueça todos os clichês de Hollywood, os quais, na verdade, estão usados de forma invertida no filme.
Os 2 atores-mirins são fantásticos, cheios de expressividade, emoção. Aliás, o diretor já extraíra atuação estelar dum garoto no outro filme dele que vira.
Enfim, é uma verdadeira maravilha! Pra quem lê em inglês e tem boa conexão de internet, não há desculpa para não ver porque existe versão integral legendada no U2B.
segunda-feira, 30 de março de 2009
NEUROFIBROMATOSE
A reportagem era uma combinação duma matéria produzida nos EUA ou Inglaterra, à qual acrescentaram reportagem brasileira. Entrevistaram uma professora da USP, que deu diversas explicações sobre a gênese e o desenvolvimento da doença.
E sabem o quê? Muito do que foi falado na reportagem eu já sabia desde a adolescência. Não porque tenha estudado na escola ou lido texto cientifíco a respeito (não estou tirando a importância dos textos cientifícos, acontece que a maioria de nós não os lê, não é verdade??)
Aprendi os rudimentos sobre o problema assistindo DALLAS! Os irmãos Cliff e Pamela carregam os genes, daí isso serviu para complicar a história da tentativa da Pamela de engravidar. E depois ainda deu muito caldo porque estabeleceu-se dúvida a respeito da paternidade do filho de JR e Sue Ellen, o qual poderia ser filho do arqui-inimigo Cliff Barnes. Coisas de novelão, que adoro!
Pra estabelecer tudo isso na trama e dar motivação pros conflitos e dúvidas das personagens, várias informações tiveram que ser fornecidas a respeito da neurofibromatose. Consultas médicas, visita ao pediatra pra ver se o bebê John Ross apresentava alguma lesão etc.
Enfim, quem acompanhava a trama acabou tendo um monte de informações sobre o problema.
Imaginou então se tivessemos o tema do albinismo discutido seriamente numa de nossas novelas, por exemplo? Uma personagem com albinismo que apresentasse de forma interessante alguns dos problemas que enfrentamos, como, por exemplo, o fato de algumas pessoas pensarem que albinismo é contagioso?
Uma personagem que tivesse um trampo e/ou estudasse, mas que tivesse problema pra pegar busão também? Que tivesse problema pra ler placa? Mas que mesmo assim, viajasse, saísse a passear?
Provavelmente, isso contribuiria horrores pra aumentar o nível de informção e familiaridade das pesoas e aumentaria bastante a auto-estima das pessoas com albinismo.
Então, qual será a emissora que entrará pra história ao tratar sobre o tema? Será, aliás, que já houve alguma personagem com albinismo em alguma outra produção mundo afora? Duvido, heim? Digo de modo positivo e não como vilão ou esquisitinho!
Agora parece que já não há mais monopólio na produção teledramatúrgica do país. Há concorrência e ela está incomodando. Hora de nós albinos, propormos nossa "causa" e ver qual emissora nos ouve primeiro!
DF
Por isso que não adianta apenas longos textos científicos. É preciso que histórias de albinos sejam conhecidas. Histórias de vida e representação positiva na mídia trazem um lado humano que tem maior probabilidade de chamar a atenção das pessoas. E através disso, várias informações podem ser passadas.
Bom Dia DF > 19/05/2008 > Reportagem
Albinismo: ainda falta informação
De origem genética, o problema atinge 5% da população brasileira. É uma doença rara, que se manifesta na falta de pigmentação da pele e dos pêlos.
Quando Lorena Morais nasceu, há 11 anos, os pais ficaram surpresos. Eles não conheciam ninguém da família com albinismo. "Minha avó morreu lúcida, aos 90 anos. Ela informou que não conhecia nenhum caso na família. Aconteceu o mesmo na família de Ivani, minha mulher”, conta o comerciário Wagner Morais.
Apesar de ser um problema genético, a doença pode ficar várias gerações sem se manifestar. Na família de Ivani e Wagner Morais, os dois filhos são albinos. Um dos cuidados é renovar o protetor solar com freqüência. Mesmo assim, as crianças não podem ficar expostas ao sol, o que impede algumas atividades. “Não posso tomar banho de piscina, nem ir para o sol. Também não posso praticar esportes, como vôlei e futebol”, diz Lorena.
O albino também costuma ter problemas de vista. A claridade incomoda muito. O filho mais novo do casal, João Pedro Morais, 7 anos, não fica sem os óculos escuros. Além dos cuidados com os olhos e com a pele, a família precisa lidar com uma dificuldade que, para eles, parece maior que as outras: o preconceito provocado pela falta de informação.
“Você passa na rua e uma pessoa olha para o seu filho com a cara feia, ou vê uma pessoa cutucando a outra dizendo que albinismo é doença e que pode pegar”, relata a dona-de-casa Ivani Morais.
“Todo mundo me chama de 'branquelo'. Eu ligo”, confessa João Pedro.
Com o tempo, Lorena aprendeu a conviver com o preconceito. “Eu fico envergonhada, mas falo que sou albina e nasci com essa cor. Não ligo muito para o preconceito”, completa a garota.
Tatiana Rodrigues / Lázaro Aluisio
(Encontrado em http://dftv.globo.com/Jornalismo/DFTV/0,,MUL473774-10041,00-ALBINISMO+AINDA+FALTA+INFORMACAO.html )
domingo, 29 de março de 2009
HERMETO
Outra pessoa com albinismo que temos para nos orgulhar é Hermeto Pascoal. Outro cara, que, apesar das dificuldades foi à luta e também conquistou o mundo. Vejam só esta entrevista na qual ele fala bastante sobre visão e óculos
Bruxo do som
Capaz de transformar meros barulhos em obras clássicas, o multiinstrumentista Hermeto Pascoal representa a vitalidade e a diversidade da música brasileira. Nesta entrevista, o mago do som mostra que sua visão também não deixa nada a desejar Lilian Liang
20/20 - Você usa óculos desde criança?
Hermeto Pascoal: Nunca usei óculos quando pequeno, mas aprendi a usar a vista assim mesmo. Quando era criança e andava a cavalo ou se o sol estava muito quente, eu usava chapéu. Para enxergar bem, tinha que fechar um dos olhos, mas aprendi a aproveitar aquilo que eu poderia achar que me atrapalhasse. Tenho deslocamento e fraqueza do nervo óptico, então eu não fixo o olhar. Às vezes eu estou lendo partitura e me perco. Não consigo parar para olhar, só se eu me preparar para balançar os dois olhos. Mas eu vejo tudo - até além da conta! (risos)
Uma vez, eu estava na casa do Miles Davis e ele me convidou para lutar boxe. Ele tinha tablado, luva, tudo. Aí o que aconteceu? No meu tempo de menino, eu também brincava de boxe e as crianças sempre se confundiam para onde eu olhava. Eu me aproveitava disso. Foi a mesma coisa com o Davis: quando eu comecei a brincar com ele, o olho direito rodou para um lado, eu já estava com o esquerdo sabendo o que queria e aí taquei a mão nele. Eu uso muito isso. Se não tivesse treinado os olhos, veria muito menos.
20/20 - Quando você descobriu os óculos?
Hermeto Pascoal: Comecei a usar óculos a partir de 1978 e mais para descansar a vista. O primeiro par que usei na vida eu comprei em Los Angeles, com o Edu Lobo, com quem tinha ido fazer um trabalho. Quando ele me viu, perguntou por que eu não usava óculos, que se eu quisesse ele podia ir comigo. Eu disse "Vamos". Quando cheguei no oculista, o cara mediu tudo, o Edu traduziu. Eles fizeram e me entregaram os óculos, mas aí comecei a conversar e coloquei os óculos em cima do balcão. Acabei esquecendo e fui embora. Logo depois veio o moço da loja dizendo que se eu não os quisesse eu poderia devolvê-los. Como alguém como eu poderia esquecer os óculos? Aí voltei lá e peguei de volta. Na verdade, eu fiz aqueles óculos porque o Edu sugeriu. Mas eu não acho que vejo melhor com eles. É mais um conforto físico do que necessidade de enxergar melhor, porque eles diminuem a claridade. Se eu saio no sol ponho o chapéu, mas os óculos me ajudam muito com a luz. A Aline nota que eu enxergo melhor com eles, mas eu não percebo. O problema é que eles nunca duram muito tempo, porque eu sou muito desastrado.
20/20 - Que tipo de óculos você prefere?
Hermeto Pascoal: Quanto mais grossa a armação, melhor. Se ficar muito clarinha me atrapalha por causa da luz. A armação mais escura deixa um escurinho nas pestanas que me descansa a vista. Antigamente eu usava um par para o dia e outro para a noite, mas fiz um esforço e agora consegui me acostumar com um só.
20/20 - Já passou por apuros por causa da visão - ou da falta dela?
Hermeto Pascoal: Um episódio engraçado aconteceu quando eu morava em Recife, com meus 18 anos. Acho que estava namorando na época. Um dos meus amigos era o Josué, irmão de Sivuca (também músico e albino, Sivuca é freqüentemente confundido com Hermeto Pascoal), que é muito parecido comigo, usava cabelo parecido com o meu. Foi tão engraçado, a namorada dele confundiu ele comigo, veio me agarrar. Eu também não percebi. Quando ela olhou, pela voz ela viu que não era o Josué, ficou morrendo de vergonha. Eu disse "Fique tranqüila, o Sivuca é meu amigo, e o Josué também. Mas da próxima vez eu te agarro".
Mas eu não sinto falta de ver nada. Uso muito a inteligência, tenho um reflexo danado. Quando tenho que ler alguma coisa, deixo de longe até o ponto que eu possa ler. No jornal, só consigo ler as manchetes. Às vezes a Aline lê as matérias para mim no avião, por exemplo, mas ela lê muito alto por causa da voz. Aí eu peço para ela ler mais baixo. No cinema ela também lê as legendas baixinho pra mim. Às vezes eu digo para ela "Deixa eu pensar numa história sozinho, sem entender o que eles estão dizendo e só com o que eu estou enxergando". Sabe que às vezes fica quase igual? Quando o filme é ruim, peço para ela parar de ler as legendas mais cedo.
20/20 - Como surgiu o Hermeto multiinstrumentista?
Hermeto Pascoal: É de pequeno, ia tomar banho com as crianças, batendo na água. Eu sentia algo diferente deles. Vim com esse dom. Pegava tudo da cozinha da minha mãe para tocar, tudo que sobrava eu guardava para mim. Meu avô era ferreiro, então eu ficava torcendo para ele dizer que os penicos e panelas que os clientes deixavam lá não prestavam mais.
Hoje eu pego uma bomba de encher bolinha de aniversário e toco clássico e popular. Faço suspense com o público, é lindo quando eu começo. Gosto de pegar uma coisa do nada e criar sobre o nada. Você pega e vai misturando as coisas. Nesse duo que eu faço com a Aline, o Chimarrão com Rapadura, ela dança e canta com uma cortina de alumínio, bate com as mãos nas coisas. Em cada formação, em cada lugar temos um tipo de música diferente. Quando eu vejo alguma coisa que tem um som, por exemplo, uma lata no chão, eu disfarço, volto e pego. Pode ser calota de carro, mola de carro, tudo isso já vem com um som da natureza. As coisas da cidade grande também me fascinam muito. Tudo tem som. Às vezes pego a camisa e faço um som, o povo fica maluco. Quer ver? (aqui ele faz uma miniperformance de música apenas com sons emitidos por movimentos da boca, como estalar a língua). A idéia vem do céu, mas os sons vêm do corpo.
20/20 - Como é ser um músico do seu gênero no Brasil?
Hermeto Pascoal: Tem espaço para tudo no mercado nacional. Quem toca bem sempre tem mercado. Só que nunca vai ganhar como o que eu chamo música de consumo, que é produto. Esses artistas de consumo lotam ginásios, mas não têm muita qualidade. Sempre me liguei muito na qualidade. Esse tipo de música dá mais dinheiro, mas meu lance não é dinheiro. Sempre fiz o que eu gosto, é uma das minhas visões. Minha visão musical, do som, é justamente fazer o que eu gosto. Quando eu tocava em boate, diga que eu ganhasse mil reais por mês e eu estava num lugar que eu não gostava muito. Aí vinha um cara dizendo "...Tem uma boate, não é pra dançar, mas tem um piano lá". Eu falava "Diz quanto é" e ele respondia "R$ 500". Aí eu só pedia para ele pagar minha passagem de ônibus, ida e volta todo dia, e ia trabalhar por R$ 500. A Ilza (sua primeira mulher, já falecida) não queria nem saber, reclamava. Mas depois ela mesma dizia "Vai tocar como você gosta". Meu coração não tem preço.
Um pouco mais sobre a vida e obra de Hermeto Pascoal
O músico Hermeto Pascoal tem o poder de surpreender seu público com apresentações sempre cheias de novidade. Privilegiado com o dom de transformar qualquer objeto que caia em suas mãos - panelas, bacias de água, chaleiras, máquinas de costurar, frangos, cabras, gansos, perus e até porcos - em instrumentos afinadíssimos, esse bruxo do som hipnotiza a platéia com seu carisma e talento, agressividade musical e ousadia.
Falo com conhecimento de causa. Constatei esse fato quando comecei a aplaudir entusiasticamente uma apresentação relâmpago que Hermeto e sua mulher fizeram exclusivamente para esta entrevista. Pelo telefone. Foi sua forma de explicar como todos os objetos têm um som, apenas esperando para ser descoberto. "É isso que eu estava querendo dizer. Entendeu?" Essa generosidade com seu tempo e talento dá pistas do porquê do fascínio do público com o mago.
Sim, porque até sua aparência faz jus ao título de bruxo que recebeu por suas habilidades musicais. Hermeto poderia ser personagem de um dos romances de J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, não tivesse ele nascido há 68 anos em Lagoa da Canoa, no município de Arapiraca, em Alagoas. E albino.
Criado numa família de sanfoneiros, o menino que se destacava da multidão pelos traços claríssimos logo deu sinais de que tinha jeito para a música. Começou tocando flauta e aos 8 anos já dominava a sanfona. Com 11 já tocava em bailes da região. Aos 14 anos, mudou-se para Recife com a família, onde passou a tocar em programas de rádio. Nunca mais parou, mas foi na década de 60 que sua carreira finalmente se consolidou, com o ingresso no grupo conhecido como Quarteto Novo, formado por Heraldo do Monte, Airto Moreira e Theo de Barros, além de Geraldo Vandré.
Seu primeiro disco, Música Livre de Hermeto Pascoal, foi lançado em 1973. O título era quase profético: livre é o adjetivo mais exato para definir o som do artista. Para ele, quanto mais ingredientes, melhor. Hermeto pode misturar choro, baião, frevo, jazz e maxixe na mesma obra sem nenhum acanhamento - e levar o público ao delírio. Seu segundo disco, Slave Mass, foi gravado em 1977 nos Estados Unidos, já que não podia usar porcos nos estúdios brasileiros. "Um fazendeiro do Texas levou seus suínos à gravadora. Airto Moreira ficava no estúdio com os animais e eu dizia em que porcos ele devia mexer, se no grave ou no agudo", recorda.
Essas aparentes excentricidades musicais, entretanto, não significam que Hermeto não domine o lado teórico da arte. Foi, na verdade, essa capacidade de inovar aliando técnica a experimentação e, conseqüentemente, aproximando o popular do erudito que fez com que ele ganhasse o público internacional. Um de seus maiores fãs era o lendário trompetista norte-americano Miles Davis, com quem gravou músicas como "Igrejinha" e "Nem um talvez". "Nosso relacionamento era profissional e muito espiritual. Airto ficou preocupado porque eu não falava inglês, mas eu disse para ele: 'Não se preocupe. Ele sabe que nossa conversa é espiritual, que é pau a pau no campo musical'", diz.
Hermeto conta hoje com mais de 4 mil composições e nem pensa em aposentadoria. Pelo contrário. Há cerca de três anos, encontrou uma nova parceira para o crime: Aline Paula Nilson, mais conhecida como Aline Morena, gaúcha de Erechim, cantora lírica, 25 anos. O encontro dos dois foi uma dessas felizes coincidências da vida: conheceram-se num show em Curitiba - Aline estudava na época a obra de Hermeto no Conservatório Musical de Curitiba - e nunca mais se separaram. "Nós somos o casal 93", brinca Aline.
Dono de ouvido absoluto, Hermeto gaba-se também de ter uma boa visão. Apesar da dificuldade de fixar o olhar, conseqüência de um comprometimento de seu nervo óptico, e da baixa tolerância à luz devido ao albinismo, o músico diz que não fica atrás de ninguém quando se trata de enxergar, muito por causa de seus óculos. E, se depender do bruxo, um dia desses eles viram instrumentos musicais também.
FONTE: 20/20 Brasil
(Encontrado em http://www.oticaernesto.com.br/entrevistas/entrevistas_138.html)
Que tal agora uma visita ao site do músico? É muito legal, com biografia, discografia, fotos. Vale a pena conferir.
http://www.hermetopascoal.com.br/index.asp
CARLITO
Então, hoje é niver dele!
Depois daquele relato tão lindo, o que poderia eu dizer a respeito dele? Já deu pra perceber que ele é um doce de pessoa, não deu?
A primeira vez em que estive no apartamento dele o que chamou minha atenção foi a enorme quantidade de coisas brasileiras. É um verdadeiro tributo a nosso país. Depois de haver vivido por 9 anos no Rio de Janeiro e ter visto nascer 3 de seus filhos aqui, o amor que sente por nosso país é de dar gosto. E ele conhece o país de cabo a rabo.
Quando ele disse que a casa dele é a minha casa, não está exagerando, garanto. Desde a primeira vez que me hospedei lá, sinto mesmo como se fosse uma extensão de minha própria casa. Ele é um anfitrião irrepreensível e, de quebra, excelente cozinheiro. Mmmmm, vivo sonhado com as “tartas” que ele faz. Que ricas, che!
Sempre de bom humor e otimista contumaz, devo dizer que Carlito de certa forma transmitiu isso a mim. Não se enganem, sempre gostei de rir, mas acho que me tornei um pouco mais otimista depois que conheci Carlito.
Por essas e outras, quero te desejar toda a felicidade do mundo e que possamos estar juntos muitas vezes mais.
E pro Carlito, que outro presente poderia eu ofertar que não um vídeo de sua musa Maria Bethânia? Visitar você é, além de ser muito bem acolhido, desfrutar duma trilha sonora de primeira. Também amo Bethânia!
Que lo desfrutes, boludo!
sábado, 28 de março de 2009
PONTO DE ENCONTRO II
Bem, caso tenham lido o post indicado, já deve ter dado pra notar que hoje contarei a história do dia em que marquei encontro, mas não fui eu o achado, e sim aquele que achou. Então, camos lá.
Aconteceu em janeiro do ano passado. Havia viajado de férias para Buenos Aires. Se não me engano, cheguei na cidade numa sexta-feira. Como sempre, me hospedei no apartamento do Carlito. Acontece que no domingo à tarde, uma amiga também chegaria. Seria sua primeira visita e fiquei de esperá-la no aeroporto porque sei dum jeito de chegar à cidade que fica bem mais em conta.
O aeroporto de Ezeiza fica bem distante da cidade, na verdade, acho até que já é outra cidade porque a gente passa por vários lugarejos antes de entrar em Buenos Aires. Existem várias opções de transporte, como em qualquer aeroporto: táxi, remis e aqueles ônibus especiais que fazem transporte de turistas. Mas, esses ônibus custam caro (pelo menos eu acho caro...). Claro que tem ar-condicionado, música ambiente e te deixam na porta do hotel, mas custam uns 40 pesos. Ocorre que há uma linha de ônibus urbano que também passa pelo aeroporto. È busão daqueles simples, que a gente pega em qualquer cidade de porte razoável. Ele vai parando em tudo que é ponto e não tem os confortos do ônibus de turismo. Mas, custa um peso. Só utilizei o ônibus especial da primeira vez que fui pra lá. Depois que desobri o "colectivo" só uso ele. Além da economia, a gente também entra em contato mais direto com os costumes e a língua locais. Acho bem mais divertido do que ficar somente em contato com outros turistas. E também, já vou escutando o espanhol terrivelmente sexy que falam na região de Buenos Aires.
Dany, outro amigo argentino, disse que iria comigo. Ele nunca havia ido ao aeroporto e aproveitou que eu ia pra passear também. Adorei a ideia porque com o Dany a gente literalmente nunca para de falar, então eu não ficaria entediado com a viagem, além de praticar meu espanhol porque ele não fala português.
Chegamos em Ezeiza, demos uma volta pra ele conhecer e fomos pro portão de desembarque. Ele leu nos monitores a hora em que o avião chegaria e ficamos lá esperando.
Apurei meus ouvidos pra escutar se havia alguém falando português ao redor. Por quê? Tática de sobrevivência albina pra voces: como não enxergo bem, sempre tenho que depender bastante da audição, então, enquanto estivesse ouvindo gente falando em português ao redor, significava que provavelmente havia voo marcado pra chegar do Brasil.
O voo demorou. E parece que havia voo de outra companhia vindo do Brasil meio que naquele mesmo horário. Só sei que saia gente falando em português do portão de saída e nada da amiga.
Fiquei na cara do portão, acho que há um metro do local onde ela forçosamente teria que sair. Ah, esqueci de dizer que antes havia perguntado prum guarda - pra ter absoluta certeza - se aquela era realmente a única porta de desembarque que havia. Eu ja havia estado la outras vezes, mas de repente podia haver alguma outra saida, sei la eu. Sempre checo e recheco tudo.
E lá estava eu no portão de desembarque, no balanço das horas, esperando. É uma daquelas portas automaticas, que abrem quando a gente pisa no sensor ou sei la o quê. Eu tava meio com medo de desencontrar porque dai sim seria muito mais dificil preu sair procurando pelo aeroporto, né?
E nada dela chegar! Teve uma hora que escutei uma mulher reclamando pra outra do atraso do vôo da...... Ai que bom, pensei! Não desencontramos.
Espera e espera e eu olhando pra todo mundo que saia. Eu achava que como estava exatamente em frente à porta e na cara de quem saía, que forçosamente ela me veria. Afinal, um albinão de 1,80 na sua cara quando você abre uma porta é difícil de não notar , né?
Mas, acreditam que ELA NÃO NOTOU? Sério, a porta abriu, ela olhou em minha direção, nem me notou e virou pra tomar uma saída lateral.
Tive que sair meio apressado donde estava, lutando por entre o mar de gente e chamando o nome da amiga! Fui alcançá-la vários metros da porta. Foi só então que ela me percebeu!
Vocês podem estar se perguntado: nossa, quantos graus ela usa? Nenhum, ela não usa óculos. é só lesada mesmo!
Mas tem outra coisa: ela saiu pelo portão de desembarque conversando animadamente com um meninão que havia conhecido no vôo..... Mmmmm, entenderam agora porque nesse dia quem teve que achar fui eu, né?????
sexta-feira, 27 de março de 2009
ELEFANTINHO PINK
Que fetiche que a mídia tem com animais albinos, não? Basta nascer um em algum zoo por aí e logo aparece na imprensa.
E os seres humanos com albinismo, por que será que não têm tanto cartaz assim? Eu tô paranóico ou tem alguma coisa estranha nessa sitaução?
Um cinegrafista especializado em vida selvagem capturou imagens de um filhote cor-de-rosa de elefante em Botsuana, um país no sul na África.
Mike Holding fez fotos do filhote rosa em meio a uma manada de cerca de 80 elefantes no delta do rio Okavango, enquanto filmava para um programa da BBC.
"Nós vimos (o elefante rosa) por apenas alguns minutos, enquanto o rebanho cruzava o rio", disse.
"Foi um momento muito empolgante para todos no acampamento. Sabíamos que era algo raro, ninguém conseguia acreditar", acrescentou.
Especialistas acreditam que o filhote provavelmente é albino, o que é um fenômeno extremamente raro entre elefantes africanos.
''Três ocorrências''
Elefantes albinos geralmente não são brancos, mas apresentam uma coloração entre marrom avermelhado e tons de rosa. O albinismo é comum em elefantes asiáticos, mas muito raro em espécies da África.
"Encontrei apenas três referências a filhotes albinos, que ocorreram no Parque Nacional Kruger, na África do Sul", disse Mike Chase, ecologista que lidera a organização de caridade Elefantes Sem Fronteiras.
"Provavelmente esta é a primeira vez que um elefante albino é registrado no norte de Botsuana."
"Estudamos os elefantes da região há cerca de dez anos e esta é a primeira prova documentada de um filhote albino", acrescentou.
Ameaça
Chase afirmou que o problema poderá dificultar a sobrevivência do filhote.
"O que vai acontecer com este filhote albino ainda é um mistério. A sobrevivência a este raro fenômeno é muito difícil nas condições duras da África. O sol forte pode causar cegueira e problemas de pele", afirmou.
De acordo com o ecologista, pode haver esperança para o filhote, pois parece que ele já está aprendendo a se adaptar à sua condição.
"Pelo fato de este filhote de elefante ter sido visto no delta do rio Okavango, ele poderá ter uma chance maior de sobrevivência. Ele pode buscar abrigo debaixo de grandes árvores e se cobrir de lama, o que o protegeria do sol", afirmou.
"E o filhote, que tem entre dois e três meses de idade, parece já caminhar na sombra de sua mãe."
"Este comportamento sugere que ele sabe de sua fragilidade frente ao forte sol africano e adaptou um comportamento único para melhorar suas chances de sobrevivência."
"Aprendi que os elefantes se adaptam muito facilmente, são inteligentes e mestres na sobrevivência", acrescentou.
(Encontrado em http://www.bbc.co.uk/portuguese/lg/noticias/2009/03/090320_elefantecorderosafn.shtml )
quinta-feira, 26 de março de 2009
BJÖRK
Sempre que posso vejo filmes islandeses. Aliás, quaquer dia vou escrever aqui sobre Noi, Albinoi, que tem um albino (interpretado por un não-albino) como protagonista. Só não o fiz ainda porque tenho que ver o filme novamente pra ter mais detalhes pra comentá-lo. Acho que foi no ano passado, vi uns 5 filmes islandeses em seguida.
Certamente, uma das razões desse meu fascínio islandês é por causa duma das artistas mais fascinantes que conheço: Björk.
Sou fã incondicional desde 1988, quando ela ainda era vocalista dos Sugarcubes. Comprei o disco meio no escuro. A imprensa falou tanto na sonoridade "estranha" da banda, e, principalmente, na voz perturbadora que Björk, que toda minha curiosidade por coisas novas foi atiçada. Daí, em uma viagem a Sampa, ouvi numa FM "alternativa" a faixa Birthday. Amor instantâneo. Aquela voz que oscilava entre infantilidade e algo meio extraterrestre, aqueles gritos antecedidos de sussuros. Comprei o álbum e desde então sou devoto da islandesa.
Prefiro, porém, a carreira solo dela. Moderna, inquietante, uma mistura descconcertante de elementos e sempre aquela voz que vai do susurro ao berro, que parece que vai falhar e não falha. Tenho pra mim que deve ser uma dessas artistas que se ama ou se odeia. Conheço gente que havbita ambos os fronts.
Então, pra terminar o dia nada como ter assistido ao documentário Inside Björk (2002), que, através de depoimentos da artista e de pessoas como Elton John e Sean Penn, apresenta uma visão geral de sua carreira desde a infância na Islândia até o fabuloso Vespertine . Ela conta o processo de criação dos álbuns e de algumas músicas, das personagens que compõe para cada novo trabalho.
Deleite total pra fãs. Vou nanar feliz hoje.
JEAN CHARLES
Hoje descobri que eles fizeram uma canção inspirada no caso Jean Charles Menezes, aquele brasileiro morto no metrô londrino pela polícia britãnica em 2005, acho.
Sempre gostei da posição política do Neil Tennant. Vejam o que ele diz a respeito da situação inglesa pós 11 de setembro:
Nós estamos sob vigilância constante e todos somos tratados como culpados em potencial, como se fôssemos cometer algum tipo de crime.
Alguém já disponibilizou a canção com a tradução em português no U2B
PET SHOP BOYS 4EVER!!!
HISTÓRIAS III
1- quem sou (apresentação pessoal: nome ou forma que pretente ser divulgado; idade; local de procedência
2- contexto de convívio (especificação de círculo famíliar ou de amigos visando indicar o convívio com pessoas "diferentes"). Esta indicação é importante por revelar se há prática de vivência com vários tipos de pessoas
3- como conheceu a pessoa com albinismo? Especificar a situação na base do "a primeiro pesssoa com albinismo a gente nunca esquece";
4- impressões e acomodação de sentimentos;
5- o que achava antes e o que mudou?
6- aceitação e acomodação de sentimentos
7- e agora?
1- Informações iniciais:
nome ou indicação de como quer ser identificado/
idade, data de nascimento.
local de origem e lugares onde morou.
escolaridade
2- conte como se sentiu ao ter consciência de que era albino?.
com quantos anos isso ocorreu?.
quais os apoios que teve?.
quais as maiores dificuldades?.
queria ser de outro "jeito"?
3- sobre a condição de ser albino.
qual a melhor coisa de ser albino?.
e a mais difícil?
4 - o que gostaria que o mundo soubesse sobre mim.
Agradeço do fundo do coração ao Prof. José CArlos Sebe Bom Meihy, do Núcleo de Estudos em História Oral (NEHO) pela gentileza em elaborar os dois roteiros para que possamos ter maior consistência no projeto. O empenho dele está sendo fundamental para que a ideia tome corpo e resulte em algo positivo para nós, pessoas com albinismo.
O email pra contato e envio de relatos é o albinoincoerente@gmail.com
Estas são nossas vidas, vamos torná-las conhecidas!
quarta-feira, 25 de março de 2009
HISTÓRIA DO C@STRO
Espero do fundo do coração que o exemplo dado pelo C@STRO seja seguido por outras pessoas com albinismo. Vez mais afirmo: é super-importante que nós albinos e também nossos amigos e familiares contemos nossas experiências. Afinal, se a gente não botar a boca no trombone, quem vai ouvir? Lembrando aos interessados: o email para contato e/ou envio de relatos é brazilianrobcol@bol.com.br Há um roteiro para facilitar a escrita que pode ser encontrado no post HISTÓRIAS II. Qualquer dúvida, não tenham receio de me contatar!
História do C@STRO
Meu nome é Raimundo de Castro, mas prefiro ser chamado simplesmente de Castro. Tenho 25 anos, moro em Bacabal, uma cidade do interior do Maranhão, mas antes já morei em Paulo Ramos e Vitorino Freire, ambas também no Maranhão e nessas cidades morava na zona rural.
Terminei o ensino médio em 2001 e fiz logo vestibular, sendo aprovado em 7º colocação. Sou formado em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão. Entrei na faculdade em 2002 e conclui em 2006. Tenho diversos outros cursos como web designer, montagem, manutenção e configuração de computadores e de redes e outros ligados a educação e informática.
Atualmente trabalho como desenvolvedor web, crio e desenvolvo aplicativos para web, e monitor no Centro Familiar de Formação Por Alternância Manoel Monteiro. Monitor é como é chamado o professor que trabalha nesse tipo de instituição. Para saber mais acesse http://www.pedagogiadaalternancia.com - site que fiz para divulgação da metodologia educacional que trabalho, a Pedagogia da Alternância. Lá dou aulas de português, inglês e informática para todos os anos do ensino médio. O CEFFA Manoel Monteiro é uma escola de ensino médio que oferece formação técnica integrada a educação profissional, curso técnico em agropecuária. Também desenvolvo a tarefa de monitorar os alunos, eles vivem em regime de semi-internato. Atualmente estou estudando de forma autodidata programação em linguagens Php e Css.
Meu conhecimento de que era albino foi ainda criança, não lembro a idade exata que tinha. Achava que era a única pessoa com a pele branca no mundo. Até então não conhecia a palavra "albino", as pessoas aqui no nordeste chamam gente como eu de "gazo", "fogoió" ou "galego". Só quando fui estudar é que conheci o termo albinismo e a explicação cientifica de porque isso acontece. E só quando vim morar em Bacabal vi outras pessoas albinas como eu, embora antes já tenha ouvido falar de outras pessoas albinas.
Minha familia inteira sempre me apoiou, sempre ficou do meu lado. Mas ao lembrar de apoio, o maior e mais importante veio da minha mãe, Maria Diva de Castro. Ela sempre lutou e fez tudo por min!
Discriminação e preconceito estão entre as dificuldades de um albino. Mas para min, e acredito que para muitos, a maior é o problema de visão. Tenho miopia e uso óculos desde os 7 anos de idade, grau muito forte. Só ainda não fiz cirurgia porque não tenho dinheiro suficiente para isso, mas assim que puder farei! É uma das metas de minha vida. Quando era criança já pensei em não ser albino, mas depois não pensei mais nisso.
Tem gente que acha que só porque alguém tem um problema de visão, não enxerga. Uma das coisas mais irritantes é quando alguem coloca os dedos na frente do nosso rosto e pergunta "quantos dedos tem aqui?". Dá vontade de quebrar os dedos dessa pessoa. Isso já aconteceu muito comigo e com certeza com outras pessoas também.
Ser albino tem lá suas vantagens e desvantagens. A maior vantagem é ser conhecido. Dificilmente um albino é confundido com outra pessoa, embora isso já tenha acontecido comigo. Um dia vinha da faculdade, passava por uma rua meio escura e uma menina saiu da calçada da casa dela e veio em minha direção "hei fulano...". Uma das piores coisas de ser albino é o problema de visão que já falei e o sol. Albinos não se dão muito bem com sol, embora eu já tenha tomado muito sol quando criança. Nessa época nem sabia o que era cancer, apesar de meus pais sempre brigarem comigo para não andar no sol, mas sabem como são as crianças né? Atualmente evito ao máximo o sol, só ando pela manhã e a tardinha.
Muitas pessoas discriminam os albinos, e as vezes até nós mesmos fazemos isso. O mundo precisa saber que a única coisa que temos diferente é a ausencia de melanina. O resto somos absolutamente normais. Nós albinos não temos que nos envergonhar de nossa situação, temos que ir à luta e lutar pelos nossos objetivos. Hoje sou formado, graduação e tudo, mas para isso passei por diversas dificuldades, só que nunca desisti, e nem desisto. Quero ainda mais e mais!
Sou um apaixonado por informática e tecnologia em geral. Por causa disso criei o site http://www.castrodigital.com.br - informática, tecnologia e afins. Futuramente quero me especializar numa área da informática mas não quero sair da educação. Principalmente porque na escola que trabalho, meu contato com os alunos vai além da sala de aula. Devido eu dar aulas de inglês, alguns alunos me chamam de "Decastro" (pronuncie: Dikéstrou). E ano passado, um de meus alunos concludentes passou no vestibular, aí ele chegou para min e falou: "Decastro, uma das questões da prova tinha um texto que tu já tinha trabalhado com a gente nas aulas de português, e eu 'matei a pau'." Isso foi uma das maiores alegrias para min.
Bom pessoal, essa é a minha história que ainda não acabou, está sendo construida a cada dia. Se querem saber mais acessem um dos sites que mencionei acima e entrem em contato comigo.
terça-feira, 24 de março de 2009
174
Eu já assistira a um dcomentário sobre o caso, que também dá bastante atenção à vida dificilima que o sequestrador teve.
Provavelmente alguns vão me crucificar por fazer a pergunta de espírito de porco: por que será que não fazem documentário/filme também sobre a moça que morreu? Creio que se ela pegava busão, não devia ser de família abonada etc e tal. Gostaria de saber das dificuldades que ela também enfrentou na vida. Ou será que a vida dela não foi excitante/importante o bastante pra documentário/filme?...
THE EWINGS VERSUS THE SOPRANOS
Quem segue o blog desde o primeiro post talvez se lembre que eu disse que estava numa fase James Gandolfini porque estava assistindo The Sopranos. Pois é, ontem à noite, assisti ao último episódio.
Concordo com quem diz que é um dos melhores shows de TV já feitos. Inteligente, bem escrito, bem atuado, bem dirigido, bem editado. Um primor! Diversas vezes o enredo dava umas reviravoltas que me deixavam literalmente passado! As personagens são muito complexas e o show nunca fica chato.
O último episódio me deixou perplexo. Assim que terminou, voltei a cena pra ver se o dvd não tinha dado pau. Vi de novo a última cena e continuei achando que o disco ou o player tinham dado defeito. Fui ao YouTube e vi vários v´deos com o final. Não, era quilo lá mesmo; não houve defeito algum. O fim era aquele mesmo. Lógico que nã vou contar o final, quem quiser que assista. Basta digitar The Sopranos final scene e aparece no You Tube.... Mas, eu não recomendo. Pra quem não viu a série não vai dizer nada e pra quem vai ver ou está vendo, vai estragar a surpresa....
Paralelamente aos Sopranos, vi a décima temporada de DALLAS. Novelão melodramático dos anos 80, cheia de furos no roteiro, com atores muitas vezes péssimos (especialmente algumas atrizes, meu Deus!). As substituições no elenco e o desenvovimento dos enredos por vezes criam contradições gigantescas. E como o universo da família Ewing e seus rivais é bem pequeno as tramas apresentam diversas repetições: gente quecasa com a mesma pessoa 2 vezes, relacionamentos que vão e voltam por anos etc. Enfim, nada a ver com a inteligência dos Sopranos.
Nada a ver?
Na décima temporada, a família Ewing se vê envolvida com planos de bobmbardeio de poços de petróleo árabe. Os Sopranos - 20 anos depois - estão em pleno pânico anti-terrorista.
O vilão JR, de DALLAS, após levar outro tiro, vez mais promete à esposa Sue Ellen que será fiel, simultaneamente ao sucesso dessa no mundo dos negócios. Tony Soprano, após levar um tiro, promete fidelidade à esposa Carmela, a qual será mais tarde bem sucedida no ramo de construção civil.
Enfim, eu via a família Soprano - envolvida no mundo da máfia -como versão pós-moderna da família Ewing - envovlvida em negócios legais. Ou seja, os Ewings são os Sopranos em semente, ou dito de outro modo, nos Ewings já temos os Sopranos...
Tudo nos Sopranos é melhor que em DALLAS, mas no fundo, estão dizendo absolutamente a mesma coisa. E é a única coisa que o capitalismo tem a dizer.
Ambos os shows são a celebração da família e de como ela deve permanecer unida, a despeito (ou por causa) das atrocidades que seus membros cometem. Afinal, tanto a máfia dos Sopranos, como o mundo do petróleo dos Ewings, lhes proporicionam grana e poder, e é isso que importa.
Conversando com o amigo que me emprestou os DVDs dos Sopranos, sábado passado, dizia a ele como a série conseguiu me conquistar racionalmente. Realmente gostei muito, como escrevi acima.
Mas, DALLAS continua sendo a rainha do meu coração. Adoro os vestidões e cabelões, o melodrama, as músicas também melodramáticas, as revelaçoes bombásticas. Enfim, amo um bom folhetinzão à moda antiga! Amo quando o JR diz "I will destroy you!' Tendo a preferir isso a coisas mais sofisticadas, mas que no fundo são a mesma coisa. Complicar pra quê?
THE EWINGS RUUUUUUUUUUUUUUUUUUULE!!!!!!
SIVUCA
TRISTESSE
Sivuca morre, aos 76 anos, deixando, do popular ao erudito, uma marca significativa na música mundialpor Adilson Paz de Lira (pazlira@terra.com.br) e Ana Lira (analira@rabisco.com.br)
A morte de Sivuca fecha um ciclo de artistas nitidamente populares. Não só pelas origens, mas principalmente pelo cunho de seu trabalho, o mestre paraibano, ao lado de Gonzagão e Jackson do Pandeiro, esteve sempre voltado às suas origens. A diferença primordial dele em relação aos dois, é que Sivuca teve a oportunidade de desenvolver um trabalho mais elaborado (talvez, até das vicissitudes que o levaram a trabalhar no exterior). Daí sua apresentação com orquestras sinfônicas, não só como solista, bem como arranjador e compositor, demonstrando que o estudo, a pesquisa, enfim, a teoria muito favorece o intuitivo.
Debut - Nascido em Itabaiana, Paraíba, Severino Dias de Oliveira teve infância difícil – como a da maioria dos brasileiros. Além da concorrência, muito comum nas feiras, de pedintes, repentistas e outros músicos (solistas ou conjuntos), Sivuca, menino ainda, apresentava outro desfavor: era albino. Se os raios solares lhe eram desagradáveis, o seu aspecto físico era mal-visto. Naquela época, entre os anos de 1930 e 1940, em meios populares, a falta de pigmentação no corpo era considerada uma punição divina. Como não se sabia a origem do albinismo, as pessoas com aquele tipo de alteração genética eram escorraçadas dos meios públicos e os infantes, apodados, vaiados, em alguns lugares, eram vítimas de violência. Eram conhecidos como aças, sinônimo usado para albinos. Às vezes, por causa do sol, os lábios de Sivuca estouravam e o sangramento provocava nojo e aprofundava o estigma.
O aça sofreu muitas feiras e estradas até alcançar as ruas do Recife, onde se apresentava nos programas da Rádio Clube de Pernambuco, que o contratou em novembro de 1945. Nos bairros (sim, no fim das décadas de 1950 e 1960, as emissoras da cidade realizadas dois ou três programas ao vivo pelos subúrbios), Sivuca se destacava, pois todos, ou quase todos os espectadores traziam da infância ranço aos aças. Como ele diria, sua primeira fase no Recife foi de muito estudo, principalmente com Guerra Peixe. O maestro e pesquisador musical foi seu professor entre o final da década de 1940 e o começo da década de 1950. Sivuca teve entre colegas de sala, compositores exemplares, como o hoje maestro Clóvis Pereira. E seu nome artístico foi dado por outro não menos talentoso musicista pernambucano, o maestro Nelson Ferreira.
Foi nesta época de estudos com Guerra Peixe, que Sivuca gravou o seu primeiro álbum, trazendo canções que ficaram famosas, como “Adeus, Maria Fulô” e “Fogo Pago”, feitas em parceria com Humberto Teixeira – que seria imortalizado como grande parceiro de Luiz Gonzaga. Depois contratos, viagens, gravações, revelaram ao país um grande músico, compositor, profissional da melhor estirpe, inclusive do ponto de vista sindical: foi ele demitido dos Diários Associados por participar de manifestações grevistas. Sivuca era filiado ao Partido Comunista do Brasil, que depois de um racha interno no começo da década de 1960, virou Partido Comunista Brasileiro (PCB), conhecido nacionalmente como Partidão.
Pelo Mundo - Na sua trajetória internacional, relevante é a produção que fez do primeiro disco de música angolana, intitulado Duo Ouro Negro& Sivuca, Africaníssimo, cujo vinil é vendido em sebos on line a cerca de trinta euros. Além disso, a partir de 1965, Sivuca manteve parceria com Miriam Makeba, popstar sulafricana, à época uma das maiores expressões musicais; ele fora contratado como guitarrista e depois, pelas qualidades profissionais, tornou-se arranjador e maestro do grupo. Em uma entrevista concedida ao site Gafieiras, o compositor diz que em seu teste Miriam pediu que ele tocasse um ritmo africano chamado de upacanga que era bastante similar ao balaio que temos no nordeste e, assim, Sivuca foi contratado para trabalhar com a cantora.
Este fato é também destacado pelo crítico musical José Teles, em artigo publicado no Jornal do Commercio de Pernambuco, no último dia 16 de dezembro de 2006. Teles cita, inclusive, que um ano antes da excursão com Miriam Makeba, Sivuca passou quatro anos em Paris e deixou gravado o LP Rendez-vouz a Rio. Este disco foi lançado em 1965. Antes dele, o compositor lançou Motivo para Dançar (1956) e Motivo para Dançar 2 – Sivuca e Seu Conjunto (1957), seguindo para sua primeira turnê na Europa em 1958.
No Brasil - Outro aspecto importante de sua carreira é citado por Sérgio Cabral na contracapa do LP Sivuca e Rosinha de Valença, que resultou do espetáculo das Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Escreve Sérgio Cabral: “o público da série Seis e Meia, no Teatro João Caetano, viveu uma das suas maiores emoções na semana em que lá se apresentou a dupla Sivuca e Rosinha de Valença (...) a vibração da platéia contagiou os músicos (Agora, sim, é que voltei para o Brasil – comentou Sivuca após sua apresentação, em maio de 1977).
Continua Cabral: “Sanfoneiro (ele detesta que se chame o seu instrumento de acordeon), violonista, pianista, organista, compositor, arranjador, regente e cantor, Sivuca (como é conhecido Severino Dias de Oliveira) está na linha dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos. É, também, um artista que tem o coração e a cabeça em sua terra, ligados à cultura o seu povo”. Na mencionada contracapa, o jornalista faz constar que, ali, se registra a primeira gravação de “Feira de Mangaio”, maior sucesso da dupla Sivuca – Glorinha Gadelha, com quem foi casado. Gadelha era médica e compositora e foi uma grande parceira musical de Sivuca.
Os dois desenvolviam parcerias não apenas em composições próprias, mas também em participações especiais, como a que fizeram para o disco Sanfoneiro Macho, de Luiz Gonzaga, lançado em 1985. Sivuca e Glorinha interpretaram a canção “A Mulher do Sanfoneiro”, composição de João Silva e Luiz Gonzaga. Outra participação do casal foi no Songbook Dorival Caymmi, lançado em 1994, em que eles interpretaram a canção “Roda Pião”, do próprio Dorival Caymmi.
A discografia no site oficial de Sivuca consta que seu último disco foi lançado em 1997, intitulado Enfim, solo. Contudo, foram lançados este ano o álbum Terra Esperança, pela Kuarup Discos, e o cd Sivuca Sinfônico, que saiu pela biscoito fino. Além disso, as parcerias do compositor com outros artistas continuaram sempre em desenvolvimento. Entre 2001 e 2002, ele participou do projeto Café Brasil. Em sua primeira incursão no projeto, o músico gravou “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolin. Na segunda participação, com o Grupo Época de Ouro à frente do projeto, Sivuca colaborou com mais uma canção composta em parceria com Glorinha Gadelha: “Dino Pintando o Sete”.
Sivuca foi um compositor completo. Mestre da música popular à erudita. O seu lado erudito teve destaque nos escritos de Michelle de Assumpção, publicados no Diario de Pernambuco,do último dia 16 de dezembro, sob o título de Sinfonia para um bamba do acordeon, ela escreve: “foi em meados dos anos 80 que Sivuca começou a pensar em orquestrar suas peças. Concerto sinfônico para Asa Branca foi a primeira realização do instrumentista nesse sentido...registrada no cd Sivuca Sinfônico, que proporciona ao paraibano o primeiro registro de suas peças para orquestra”. Com este álbum Sivuca ganhou o Prêmio Tim de Música, na categoria Melhor Solista, em 2006. É preciso destacar que ele e Oswaldinho são os poucos, senão os únicos, compositores brasileiros que gravaram música erudita com sanfona.
Curiosidades – A carreira de Sivuca foi permeada por diversas curiosidades. Convidado por Bibi Ferreira, Sivuca estrelou um programa especial para a TV Tupi. Cabelo de Milho foi recepcionado como o melhor programa de televisão daquele ano de 1980, ano de fechamento da emissora. O nome do programa resultou da canção de mesmo nome que Sivuca gravou em parceria com Paulinho Tapajós e que deu, também, o título ao disco, lançado no mesmo ano.
Outro aspecto interessante de sua carreira diz respeito à canção “Feira de Mangaio”. Ela constitui-se sucesso além dos espaços musicais. Refletindo fenômeno bem nosso, a letra fala em “Zefa de Purcina fazendo renda”. À época, páginas e mais páginas do “Caderno B”, do Jornal do Brasil, encheram-se de perguntas e respostas sobre Zefa de Purcina. O Brasil quase todo – principalmente Centro, Norte e Nordeste - manifestou-se, explicando quem eram Zé de Dito, Mané do Maracatu, Joca de Rosinha, Sinhá de Belo, entre outros.
Chegou alguém até a discorrer sobre a história do nome de José Sarney. O pai do político maranhense recebeu o nome Sarney por ter nascido em propriedade de um empresário da época, chamado Sir Ney, que era de origem britânica. Como a pronúncia popular era “sarnei”, ele foi batizado Sarney de Araújo Costa. O filho recebeu o nome de José Ribamar, mas anos mais tarde, mudou o nome para homenagear o pai, ficando conhecido como José Sarney.
As cartas no Jornal do Brasil, com estes assuntos, circularam por cerca de um mês, provocadas pela inserção dos personagens da trajetória de Sivuca e Gadelha na letra de “Feira de Mangaio”. A canção depois foi imortalizada pela voz de Clara Nunes, que gravou pela primeira vez em 1979, para o disco Esperança, e acabou fazendo um enorme sucesso em todo o Brasil.
Adeus - Sivuca faleceu no último dia 14 de dezembro, aos 76 anos, vítima de câncer, na Paraíba, e deixou cerca de cinco dezenas de discos gravados. Desde a sua morte, o compositor tem recebido diversas homenagens. Diversos músicos da Orquestra Sinfônica da Paraíba, que estavam em Recife participando de festivais, como o Virtuosi, voltaram para dar o último adeus a Sivuca. O quarteto que o acompanhou, nos últimos anos, realizou um show em sua memória na Sala Baden Powell, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no último dia 20 de dezembro. Ainda não se tem notícia de nenhum disco que possa ser lançado postumamente, mas não deve demorar muito até que sejamos presenteados com alguma relíquia do garoto albino paraibano que se tornou um dos maiores mestres da música, no mundo.
(Encontrado em http://www.rabisco.com.br/88/tristesse_sivuca.html )
Vejam só que chiquérrimo essa aparição dele na TV sueca em 1969:
segunda-feira, 23 de março de 2009
O HOMEM ATRÁS DA MÁSCARA
VERSÃO BRASILEIRA
Um colaborador do blog me disse que achava melhor eu traduzir o relato do Carlito publicado ontem. Segundo ele, o espanhol pode afugentar as pessoas que não tenham familiaridade alguma com o idioma. Por isso, resolvi passar o relato pra português. Não deve ter ficado muito bom, mas considerando-se que jamais estudei espanhol, creio que dá pro gasto!
O BRANQUINHO
Quando vivia em Madri, em 2002. conheci Marco, que estava de férias enquanto desfrutava de uma bolsa de estudos em Portugal. Quase fui conhecer Lisboa então, mas logo mudei de ideia e deixei para 2008, quando visitei também Cascais, Estoril e Sintra, onde Marco havia estudado.
Depois daquela vez em 2002, não tive contato com Marco por muito tempo, nunca me enviou mensagem de fim ano. Tampouco respondia às que eu enviava; ele é assim, pouco sociável.
Porém, em 2004, enquanto me recuperava de uma operação, me escreveu!... Não porque se tornara amigável hahaha... mas sim porque queria apresentar-me a um amigo muito querido que gostava de Buenos Aires e viajaria para cá no verão.
Marco me deu o email de seu amigo Roberto e começamos a teclar.
A conversa do Roberto me agradou, é uma pessoa muito sensível e inteligente e as conversas eram longas e divertidas. Ele já conhecia gente aqui porque havia estado em outra oportunidade; queria regressar porque havia gostado muito da cidade e da população.
Não me recordo de quantas vezes teclamos, não foram muitas, até que um dia combinamos de conectar a câmera para nos vermos e ter uma imagem da pessoa com a qual estávamos conversando, porque nos divertia muito conversar.
Grande foi a surpresa quando vi Roberto pela primeira vez. Hahaha... Ainda me lembro desse momento. Fiquei congelado, olhando o monitor por alguns segundos... Não esperava ver um braqnuinho. Hahaha. O primeiro que me ocorreu dizer-lhe foi “você é branquinho”...
A partir daquele momento nunca mais foi Roberto; para mim era “O Branquinho”. Aprendi a querê-lo assim e assim o sinto. Acho que não conseguiria chamá-lo de outro modo; algumas vezes o chamei Roberto quando estávamos com amigos – amigos dele, porque meus filhos e amigos o conhecem como Branquinho e o chamam assim também. Creio que nem sabem o nome dele.
O Branquinho é o único albino que conheço e depois que nos tornamos amigos, vejo albinos em muitas partes. Cada vez que vejo um me lembro dele. Aprendi com ele sobre albinismo; se bem que já sabia que tudo gira ao redor de um pigmento que falta, mas o resto... É tudo igual, verdade Branquinho?
As pessoas albinas nunca haviam chamado minha atenção. Via poucas, para mim era algo estranho de ver. Sabia que se tratava da falta de pigmentação e que a luz do sol os afetava muito, por isso que na maioria das vezes usam óculos escuros. Porém, não sabia – isso aprendi com Roberto – que usavam cremes protetores contra os raios ultra-violetas porque a pele deles é muito sensível. Se bem que eu imaginava que assim fosse porque conheço gente de pele branca que fica vermelha com o sol, mas não se bronzea. E quando se bronea é com muita dificuldade e terminam cheios de sardas.
Albinos nunca me pareceram agressivos ou de mau caráter, como é comum escutar ou ler em alguns artigos. Me davam a impressão de pessoas indefesas ou que pelo menos tinham uma atitude de isolamento ou autoproteção. Talvez porque não enxerguem direito ou porque pensam que são vistos como estranhos. Não são estranhos, são diferentes. Mas os negros, os chineses, os japoneses e os esquimós também. E eles também enxergam a nós europeus de raça branca, como diferentes. Quando eu vivia no Brasil, cheguei a escutar da boca de negros que da mesma maneira que a gente acha que eles têm cheiro forte, pra eles a gente cheira a defunto. Hahaha. Imaginam?
Todos temos nossas diferenças!... Menos mal que seja assim. Já pensou que chato se fossemos todos iguais?
Voltando ao Roberto, o Branquinho, é uma pessoa excepcional. Um desses amigos leais com o qual se pode contar quando se necessita. Além disso, é inteligente, tem uma cultura geral muito ampla e é muito rápido mentalmente, o que torna sua conversa e companhia muito mais agradáveis ainda. Um desses amigos que a gente gostaria de multiplicar por dez, cem.... hahaha Para poder dizer :”que linda é a vida! Quantos amigos maravilhosos tenho.”
Mas Braqnuinho só existe um: o Roberto Rillo Bíscaro, brasleiro de Penápolis que tem planos, é inquieto. Que adora Dallas! (a série de TV)... Que olha o futuro com preocupação e desafio sem baixar a cabeça. Ele tem força, muita força para contagiar e por onde passa deixa amigos, os quais sempre nomeia: Zeca, jayme, Marco... E eles gostam muito dele também.
Desde que nos conhecemos, a minha casa é a casa dele. Já esteve aqui várias vezes e sabe que pode vir quando quiser. Sei que ele também gosta muito de mim, porque não apenas me diz, como também me faz sentir.
Te desejo, Branquinho, muito sucesso com seu blog, com sua vida. Espero que algum dos planos que às vezes sonhamos juntos seja realidade um dia.
Para terminar, quero te dizer o que uma vez já comentei com você: você só é diferente por ser a pessoa extraordinária, sensível e excelente que é. No resto não vejo diferença. Ah sim, só em seu coração, que é muito grande!...
Forte e grande abraço deste amigo que te quer muito.
“Carlito” (é assim que o Branquinho me chama), de Buenos Aires – Argentina.
OOPS
Obama pede desculpas por gafe com deficientes
O presidente americano, Barack Obama, se desculpou nesta sexta-feira pelo comentário que fez durante entrevista a um programa de televisão sobre os Jogos Olímpicos Especiais, evento esportivo que reúne portadores de deficiências intelectuais.
Ao ser entrevistado pelo apresentador Jay Leno, Obama disse - em tom de brincadeira - que seu mau desempenho jogando boliche parecia com "as Olimpíadas Especiais".
Após o programa, Obama telefonou para o presidente da entidade que organiza o evento, Tim Shriver, para se desculpar.
"Ele disse que não tinha intenção de humilhar (os deficientes)", disse Shriver. "É importante perceber que as palavras importam e podem machucar. E essas palavras, de certa forma, podem ser consideradas humilhantes para pessoas com necessidades especiais."
Desempenho
"Ele (Obama) acredita que os Jogos Especiais são uma excelente iniciativa, que dá oportunidade para que pessoas com deficiências de todo o mundo possam brilhar", disse o porta-voz.
Criados em 1968, os Jogos Olímpicos Especiais contam hoje com a participação de mais de 180 países.
Obama cometeu a gafe ao dizer a Leno que vinha praticando boliche após seu desastroso desempenho durante a campanha de 2008, quando marcou apenas 37 pontos em um evento que foi filmado e bastante repetido durante a corrida presidencial.
Mesmo assim, Obama disse estar insatisfeito com seu desempenho mais recente de 129 pontos, que ele descreveu como parecido com "as Olimpíadas Especiais".
Apesar da gafe com os deficientes, correspondentes dizem que a facilidade com que Obama passou de temas como a crise econômica para assuntos mais pessoais durante a entrevista com Jay Leno reforçaram o apelo do presidente junto à opinião pública americana tanto como politico quanto como celebridade.
(Encontrado em http://www.bbc.co.uk/portuguese/lg/noticias/2009/03/090320_obama_desculpas_rc.shtml )
domingo, 22 de março de 2009
EL BLANQUITO
Cuando estuve viviendo en Madrid en el 2002, conocí a Marco, que estaba de vacaciones mientras hacia una beca en Portugal. Esa vez casi voy a conocer Lisboa, pero luego cambié de idea y lo dejé para el 2008, cuando visite también Cascais. Estoril y Sintra donde había estado estudiando Marco en aquella oportunidad.
Por mucho tiempo no tuve contacto con Marco, después de aquella vez en el 2002, nunca me envió un mensaje o saludo de fin de año, tampoco respondió los que yo le enviaba, él es así, poco sociable.
Pero en el 2004, mientras me reponía de una operación me escribió!.... no fue porque se hubiera vuelto amigable, ja.ja.ja… sino que quería presentarme a un muy querido amigo suyo que le gustaba Buenos Aires y en el verano estaba por viajar para acá.
Marco me pasó el correo electrónico de su amigo Roberto y comenzamos a chatear.
Me gustó la conversación de Roberto, es una persona muy sensible e inteligente y las charlas se hacían largas y entretenidas, él ya conocía gente aquí porque había estado en una oportunidad y quería regresar porque le había gustado mucho la gente y la ciudad.
No recuerdo, cuantas veces charlamos, no fueron muchas, hasta que un día combinamos conectar la cámara para vernos y tener una imagen de con quien estábamos charlando, porque nos entretenía mucho conversar.
Grande fue la sorpresa cuando lo vi a Roberto por primera vez, ja.ja.ja…. todavía recuerdo ese momento…. me quedé mirando el monitor como congelado por unos segundos………. no esperaba ver un blanquito ja.ja.ja…. así fue,lo primero que se me ocurrió decirle fue………… “ sos blanquito”………….
A partir de ese momento nunca más fue Roberto, para mi era el “Blanquito” lo aprendí a querer así y así lo siento, creo que no podría llamarlo de otra manera, algunas veces le dije Roberto, cuando estábamos delante de amigos, de sus amigos, porque mis hijos y amigos lo conocen como el Blanquito y lo llaman así también, creo que ni saben su nombre.
El Blanquito es el único albino que conozco y después de hacerme su amigo, veo albinos en muchos lados. Cada vez que veo uno me acuerdo de él. Aprendí a su lado sobre el albinismo, si bien sabía que todo giraba alrededor de un pigmento ausente y el resto…. es todo igual, verdad Blanquito?
Nunca me habían llamado la atención las personas albinas, veía pocas, para mi era algo raro de ver, sabía que se trataba de la falta de pigmentación y que le afectaba mucho la luz, del sol especialmente, por eso la mayoría de las veces usan anteojos oscuros. No sabía tampoco, eso lo supe al conocer a Roberto, que usaban cremas protectoras de los rayos ultravioletas porque su piel era muy sensible, si bien me imaginaba que lo era, porque conozco gente de piel blanca que se ponen rojos con el sol pero no se broncean o si lo hacen, lo logran con mucha dificultad y terminan llenos de pecas.
Nunca me parecieron agresivos o de mal carácter como es común escuchar o leer en algunos artículos, sí me daban la impresión de personas indefensas o al menos que tenían una actitud como de aislamiento o autoprotección, me imagino que es por eso de no ver bien o porque piensan que los observan como raros. No son raros, son diferentes, pero los negros también lo son, los chinos, los japoneses y exagerando los esquimales también. Ellos también nos ven diferentes a nosotros los europeos o de raza blanca, hasta he escuchado de boca de los negros, cuando vivía en Brasil, que de la misma manera que nosotros les sentimos olor fuerte a ellos, ellos piensan que nosotros olemos a muerto!...... ja.ja.ja…. se imaginan?
Todos tenemos nuestras diferencias!.... y menos mal que es así, si fuésemos todos iguales!.. que aburrido no?
Volviendo a Roberto, el Blanquito, es una persona excepcional, es uno de esos amigos leales, con los que uno puede contar cuando lo necesita y no sólo eso, él es inteligente, tiene una cultura general muy amplia y es muy rápido mentalmente, lo que hace su conversación y compañía mucho mas agradable aún. Es uno de esos amigos que uno quisiera multiplicar por diez, por cien…. ja.ja.ja…..para decir que hermosa es la vida!.... cuantos amigos maravillosos tengo.
Pero Blanquito hay uno solo, ese es Roberto Rillo Biscaro el brasilero de Penápolis, que tiene planes, es inquieto, que adora Dallas!…. (la serie de televisión), que mira el futuro con preocupación y desafío sin bajar los brazos. Tiene fuerza, mucha fuerza para contagiar y por donde pasa deja amigos que siempre nombra, Zeca, Jayme, Marco…….. y ellos lo quieren mucho a él también.
Desde que nos conocimos mi casa es su casa!.... ya estuvo varias veces y sabe que puede venir cuando quiera. Yo sé que él me quiere mucho también, porque me lo suele decir y porque me lo hace sentir.
Te deseo, Blanquito, el mayor de los éxitos con tu blog, en tu vida, y espero que alguno de esos planes que a veces soñamos juntos sean realidad alguna vez……….
Para terminar, te quería decir, lo que ya te comenté alguna vez, en lo único que eres diferente, es en lo extraordinario, sensible y excelente persona que eres, por el resto…. no veo diferencia, ah si, sólo en tu corazón!… que es muy grande!....
Un grande y fuerte abrazo, de este amigo que te quiere mucho.
“Carlito” ( así me llama el Blanquito) desde Buenos Aires – Argentina.
MILK
Falando assim parece que fica tão fácil, né? Primeiro isso, depois aquilo... Acontece que os gays tomaram muita porrada pra conseguir algum respeito e garantia de segurança do seu direito de serem diferentes.
Milk (2008) conta a história dos últimos 8 anos de vida dum homem que lutou por esses direitos: Harvey Milk. Harvey foi o primeiro político abertametne gay a se eleger na cidade de SAn FRancisco. Com o apoio de idosos, hippies e outras minorias, Milk tornou-se conselheiro municipal na década de 70. Adoro a ideia dessa coalisão pra elegê-lo. Acho que é assim mesmo que tem que ser. Se as minorias ficarem perdendo tempo com preconceitos bobos entre elas, dai que não conseguem nada de concreto mesmo!
O filme mostra a tomada de decisão de Milk de se iniciar na política, até seu assassinato em 1978. Eu já conhecia a história porque assistira a um documentário e também por causa dalgums pesquisas que tive que fazer pra meus trabalhos de pós. Mas foi ótimo rever a ascensão de harvey, as investidas dos conservadores na figura da horrenda Anita Bryant (argh!), que liderou uma cruzada anti-gay nos EUA na segunda metade dos anos 1970, e como essa preconceituosa disfarçada em cristã foi derrotada.
O filme se detem no assassinato de Harvey por um ex conselheiro municipal desequilibrado. O julgamento que se seguiu é apenas contado em legendas após o filme. Por incrível que possa parecer os advogados de defesa do assassino (que também matou o prefeito de San FRancisco) alegaram que ele sofria de problemas mentais devido a excesso de consumo de junk food!!! Mesmo tendo assassinado 2 pessoas, ele foi condenado a apenas 5 anos de prisão, mas depois se matou (pena que não o fez antes de cometer os crimes!).
Sean Penn, no papel título, está magnifíco. Me lembro de Milk por causa do documentario que assisti e o ator me pareceu bastante perto do original. Bom ator, que entendeu a personagem.
Enfim, Milk é excelente pedida praqueles que acreditam que todo mundo tem direito de viver sua vida sem ser importunado por ser diferente do que se considera "normal".