quinta-feira, 12 de março de 2009

LÊ RÊ, LÊ RÊ.....

Quilombolas lutam pela sobrevivência
Categoria: Raça/Etnia Terça, 03 de Março de 2009 - 15h37m
Gazeta de Alagoas

Santana do Mundaú – Nas alturas da Serra dos Cachorros, na zona rural de Santana do Mundaú, a 104 quilômetros de Maceió, espremidos pelos canaviais em um pequeno e estéril pedaço de terra, sem água limpa para beber, desassistidos e privados completamente dos direitos básicos do cidadão, os Filus lutam para sobreviver em meio à miséria, ao sofrimento e à discriminação que permeiam historicamente a trajetória dos negros remanescentes de quilombos em Alagoas. A comunidade de remanescentes do Quilombola dos Filus é um dos 46 não menos miseráveis núcleos quilombolas já reconhecidos em Alagoas. Assim como a maioria, ainda aguarda as benfeitorias prometidas e os programas do governo federal a que tem direito. Enquanto isso não acontece, a vida segue cruel para os “descendentes” de Zumbi, cuja realidade não é diferente do suplício nas senzalas, há mais de 120 anos.



Problema congênito apavora comunidade
A irmã de Luzinete Izabel da Conceição, morta no ano passado, Cleonice Isabel da Silva, 34 anos, também é fruto do problema congênito. Mesmo “cismada” com a reportagem, ela confessa o medo de desenvolver o câncer. A imagem da irmã com um “caroço” no braço, gemendo de dor em cima de uma cama, ainda está muito viva em sua cabeça. “Deus me livre, morro de medo de ter câncer. Eu vi o sofrimento da minha irmã”, diz Cleonice, conhecida na comunidade como “Crema”, que no momento em que conversava com a reportagem não usava nenhuma proteção contra o sol, nem mesmo chapéu.


“Grupo merece cuidados médicos”
Convidado pelo professor do Curso de Medicina da Ufal, Jorge Luis Riscado, que desenvolve trabalhos de levantamentos de diagnósticos de saúde em comunidades quilombolas, o professor Fernando Gomes, também do Curso de Medicina, esteve na comunidade e chegou a tratar Luzinete Isabel da Silva, morta no ano passado. “Eles [os albinos] certamente desenvolverão os tumores de pele”, diz o especialista, ao explicar que tipos de tumores que podem ser desenvolvidos pelos albinos de Filus são o espinocelular, responsável por cerca de 20% a 25% dos cânceres de pele, e o basocelular, o mais comum dos tumores de pele, responsável por cerca de 70% dos carcinomas de pele.


Patriarca confirma história de sofrimento
Santana do Mundaú – Nascido e criado na comunidade de Filus, Manoel José da Silva, 64 anos, o “seu Mané”, é o patriarca de uma das chamadas famílias “tronco” da comunidade, das quais descendem os cerca de 170 membros da comunidade. Caminhando na região, é raro algum jovem ou criança que cruze com ele para não lhe tomar a benção. Falando com seu “dialeto” ponteado por termos e expressões do português arcaico, ele não esconde a história de sofrimento de seus antepassados. “A vida por essas bandas sempre foi de muito sofrimento. Minha avó me contava que passou muita fome e teve que comer e dar para a gente muita banana verde”, lembra, enquanto fixa a vista no bananal, principal produto agrícola da região, depois da cana-de-açúcar.


Governo ainda tenta beneficiar agricultores
A antropóloga Elis Lopes, gerente do Núcleo Afro-quilombola da Secretaria Estadual da Mulher, de Cidadania e dos Direitos Humanos afirma que o governo vem tentando envolver todas as secretarias na implementação de políticas que possam beneficiar as comunidades quilombolas. Para a comunidade de Filus já existem promessas da Secretaria de Recursos Hidrícos, que deve realizar estudos para a possível escavação de um poço artesiano para os Filus e da Secretaria de Agricultura, que deve oferecer assistência técnica para o controle da praga que está destruindo a lavoura de banana.

(Encontrado em http://www.projetobemmequer.org.br/noticiaCompleta.php?idNoticia=504 )


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