Raramente assisto a animações. Não sei se posso chamar de preconceito, mas o fato é que não me interessam muito. Especialmente essas que lotam cinemas e fazem a cabeça de milhões, como as eras do gelo da vida. Até cheguei a ver na TV argentina um dos Era do Gelo e achei simpático, mas não teria assistido se não tivesse a finalidade maior de "praticar o espanhol" e também se não estivesse em companhia do Carlito e do Dany, conversando, comendo etc.
Ontem à noite, porém, vi uma animação da qual gostei muito, Persepolis (2007), co-produção franco-iraniana-norte-americana, baseada nos quadrinhos autobilgráficos de Marjane Satrapi, iraniana radicada na França.
A animação trata da trajetória de Marjane desde a infância no Irã tumultuado pela derrubada do xá, a guerra com o Iraque e a ascensão do fundamentalismo, passando pela estadia da garota em Viena, sua volta a TEerã, sua incapacidade de se adaptar novamente ao país de origem e sua migração para a França.
Pros fãs de animação, creio q Persepolis seja um deleite, devido às inúmeras técnicas utilizadas, das quais nada posso comentar por falta de conhecimento total na área.
A mim, o que chamou a atenção foi a crise de identidade pela qual passou a menina, que não conseguia se sentir "em casa" em lugar nehum, discriminada em Viena, deprimida pela repressão na tentativa de volta à pátria.
Mas o que mais gostei mesmo foi da família e dos amigos da protagonista no Irã. Não duvido que deva existir quem ache verdadeiro o estereótipo de que TODO iraniano é fundamentalista, conservador etc. A família de Marjane é o contrário disso e isso já vale o filme. Também me interessou o modo como as pessoas conseguem construir pequenos espaços onde podem quebrar a ordem vigente, no caso do filme, as investidas questionadoras da menina nas aulas de religião e arte, a insistência em preservar os espaços individuais abertos à possibilidade de fazer festas, ficar sem véu e outras "rebeldias".
É uma animação a conferir!
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