Em dezembro de 2006, perdemos uma pessoa com albinismo muito importante pra história de nossa música: Sivuca. Um cara que enfrentou muito preconceito, mas que foi à luta e tornou-se internacionalmente conhecido e respeitado. Ou seja, ele não ficou sentado se lamuriando com pena dele mesmo. Ele foi fazer acontecer. E como aconteceu!
Como temos memória curta, achei interessante colocar esse texto escrito após a morte do maestro. Nele temos desde o preconceito sofrido por ser albino até o estrelato internacional. E lá aol final do post, ainda coloquei um vídeo bem legal do Sivuca.
TRISTESSE
Sivuca morre, aos 76 anos, deixando, do popular ao erudito, uma marca significativa na música mundialpor Adilson Paz de Lira (pazlira@terra.com.br) e Ana Lira (analira@rabisco.com.br)
A morte de Sivuca fecha um ciclo de artistas nitidamente populares. Não só pelas origens, mas principalmente pelo cunho de seu trabalho, o mestre paraibano, ao lado de Gonzagão e Jackson do Pandeiro, esteve sempre voltado às suas origens. A diferença primordial dele em relação aos dois, é que Sivuca teve a oportunidade de desenvolver um trabalho mais elaborado (talvez, até das vicissitudes que o levaram a trabalhar no exterior). Daí sua apresentação com orquestras sinfônicas, não só como solista, bem como arranjador e compositor, demonstrando que o estudo, a pesquisa, enfim, a teoria muito favorece o intuitivo.
Debut - Nascido em Itabaiana, Paraíba, Severino Dias de Oliveira teve infância difícil – como a da maioria dos brasileiros. Além da concorrência, muito comum nas feiras, de pedintes, repentistas e outros músicos (solistas ou conjuntos), Sivuca, menino ainda, apresentava outro desfavor: era albino. Se os raios solares lhe eram desagradáveis, o seu aspecto físico era mal-visto. Naquela época, entre os anos de 1930 e 1940, em meios populares, a falta de pigmentação no corpo era considerada uma punição divina. Como não se sabia a origem do albinismo, as pessoas com aquele tipo de alteração genética eram escorraçadas dos meios públicos e os infantes, apodados, vaiados, em alguns lugares, eram vítimas de violência. Eram conhecidos como aças, sinônimo usado para albinos. Às vezes, por causa do sol, os lábios de Sivuca estouravam e o sangramento provocava nojo e aprofundava o estigma.
O aça sofreu muitas feiras e estradas até alcançar as ruas do Recife, onde se apresentava nos programas da Rádio Clube de Pernambuco, que o contratou em novembro de 1945. Nos bairros (sim, no fim das décadas de 1950 e 1960, as emissoras da cidade realizadas dois ou três programas ao vivo pelos subúrbios), Sivuca se destacava, pois todos, ou quase todos os espectadores traziam da infância ranço aos aças. Como ele diria, sua primeira fase no Recife foi de muito estudo, principalmente com Guerra Peixe. O maestro e pesquisador musical foi seu professor entre o final da década de 1940 e o começo da década de 1950. Sivuca teve entre colegas de sala, compositores exemplares, como o hoje maestro Clóvis Pereira. E seu nome artístico foi dado por outro não menos talentoso musicista pernambucano, o maestro Nelson Ferreira.
Foi nesta época de estudos com Guerra Peixe, que Sivuca gravou o seu primeiro álbum, trazendo canções que ficaram famosas, como “Adeus, Maria Fulô” e “Fogo Pago”, feitas em parceria com Humberto Teixeira – que seria imortalizado como grande parceiro de Luiz Gonzaga. Depois contratos, viagens, gravações, revelaram ao país um grande músico, compositor, profissional da melhor estirpe, inclusive do ponto de vista sindical: foi ele demitido dos Diários Associados por participar de manifestações grevistas. Sivuca era filiado ao Partido Comunista do Brasil, que depois de um racha interno no começo da década de 1960, virou Partido Comunista Brasileiro (PCB), conhecido nacionalmente como Partidão.
Pelo Mundo - Na sua trajetória internacional, relevante é a produção que fez do primeiro disco de música angolana, intitulado Duo Ouro Negro& Sivuca, Africaníssimo, cujo vinil é vendido em sebos on line a cerca de trinta euros. Além disso, a partir de 1965, Sivuca manteve parceria com Miriam Makeba, popstar sulafricana, à época uma das maiores expressões musicais; ele fora contratado como guitarrista e depois, pelas qualidades profissionais, tornou-se arranjador e maestro do grupo. Em uma entrevista concedida ao site Gafieiras, o compositor diz que em seu teste Miriam pediu que ele tocasse um ritmo africano chamado de upacanga que era bastante similar ao balaio que temos no nordeste e, assim, Sivuca foi contratado para trabalhar com a cantora.
Este fato é também destacado pelo crítico musical José Teles, em artigo publicado no Jornal do Commercio de Pernambuco, no último dia 16 de dezembro de 2006. Teles cita, inclusive, que um ano antes da excursão com Miriam Makeba, Sivuca passou quatro anos em Paris e deixou gravado o LP Rendez-vouz a Rio. Este disco foi lançado em 1965. Antes dele, o compositor lançou Motivo para Dançar (1956) e Motivo para Dançar 2 – Sivuca e Seu Conjunto (1957), seguindo para sua primeira turnê na Europa em 1958.
No Brasil - Outro aspecto importante de sua carreira é citado por Sérgio Cabral na contracapa do LP Sivuca e Rosinha de Valença, que resultou do espetáculo das Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Escreve Sérgio Cabral: “o público da série Seis e Meia, no Teatro João Caetano, viveu uma das suas maiores emoções na semana em que lá se apresentou a dupla Sivuca e Rosinha de Valença (...) a vibração da platéia contagiou os músicos (Agora, sim, é que voltei para o Brasil – comentou Sivuca após sua apresentação, em maio de 1977).
Continua Cabral: “Sanfoneiro (ele detesta que se chame o seu instrumento de acordeon), violonista, pianista, organista, compositor, arranjador, regente e cantor, Sivuca (como é conhecido Severino Dias de Oliveira) está na linha dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos. É, também, um artista que tem o coração e a cabeça em sua terra, ligados à cultura o seu povo”. Na mencionada contracapa, o jornalista faz constar que, ali, se registra a primeira gravação de “Feira de Mangaio”, maior sucesso da dupla Sivuca – Glorinha Gadelha, com quem foi casado. Gadelha era médica e compositora e foi uma grande parceira musical de Sivuca.
Os dois desenvolviam parcerias não apenas em composições próprias, mas também em participações especiais, como a que fizeram para o disco Sanfoneiro Macho, de Luiz Gonzaga, lançado em 1985. Sivuca e Glorinha interpretaram a canção “A Mulher do Sanfoneiro”, composição de João Silva e Luiz Gonzaga. Outra participação do casal foi no Songbook Dorival Caymmi, lançado em 1994, em que eles interpretaram a canção “Roda Pião”, do próprio Dorival Caymmi.
A discografia no site oficial de Sivuca consta que seu último disco foi lançado em 1997, intitulado Enfim, solo. Contudo, foram lançados este ano o álbum Terra Esperança, pela Kuarup Discos, e o cd Sivuca Sinfônico, que saiu pela biscoito fino. Além disso, as parcerias do compositor com outros artistas continuaram sempre em desenvolvimento. Entre 2001 e 2002, ele participou do projeto Café Brasil. Em sua primeira incursão no projeto, o músico gravou “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolin. Na segunda participação, com o Grupo Época de Ouro à frente do projeto, Sivuca colaborou com mais uma canção composta em parceria com Glorinha Gadelha: “Dino Pintando o Sete”.
Sivuca foi um compositor completo. Mestre da música popular à erudita. O seu lado erudito teve destaque nos escritos de Michelle de Assumpção, publicados no Diario de Pernambuco,do último dia 16 de dezembro, sob o título de Sinfonia para um bamba do acordeon, ela escreve: “foi em meados dos anos 80 que Sivuca começou a pensar em orquestrar suas peças. Concerto sinfônico para Asa Branca foi a primeira realização do instrumentista nesse sentido...registrada no cd Sivuca Sinfônico, que proporciona ao paraibano o primeiro registro de suas peças para orquestra”. Com este álbum Sivuca ganhou o Prêmio Tim de Música, na categoria Melhor Solista, em 2006. É preciso destacar que ele e Oswaldinho são os poucos, senão os únicos, compositores brasileiros que gravaram música erudita com sanfona.
Curiosidades – A carreira de Sivuca foi permeada por diversas curiosidades. Convidado por Bibi Ferreira, Sivuca estrelou um programa especial para a TV Tupi. Cabelo de Milho foi recepcionado como o melhor programa de televisão daquele ano de 1980, ano de fechamento da emissora. O nome do programa resultou da canção de mesmo nome que Sivuca gravou em parceria com Paulinho Tapajós e que deu, também, o título ao disco, lançado no mesmo ano.
Outro aspecto interessante de sua carreira diz respeito à canção “Feira de Mangaio”. Ela constitui-se sucesso além dos espaços musicais. Refletindo fenômeno bem nosso, a letra fala em “Zefa de Purcina fazendo renda”. À época, páginas e mais páginas do “Caderno B”, do Jornal do Brasil, encheram-se de perguntas e respostas sobre Zefa de Purcina. O Brasil quase todo – principalmente Centro, Norte e Nordeste - manifestou-se, explicando quem eram Zé de Dito, Mané do Maracatu, Joca de Rosinha, Sinhá de Belo, entre outros.
Chegou alguém até a discorrer sobre a história do nome de José Sarney. O pai do político maranhense recebeu o nome Sarney por ter nascido em propriedade de um empresário da época, chamado Sir Ney, que era de origem britânica. Como a pronúncia popular era “sarnei”, ele foi batizado Sarney de Araújo Costa. O filho recebeu o nome de José Ribamar, mas anos mais tarde, mudou o nome para homenagear o pai, ficando conhecido como José Sarney.
As cartas no Jornal do Brasil, com estes assuntos, circularam por cerca de um mês, provocadas pela inserção dos personagens da trajetória de Sivuca e Gadelha na letra de “Feira de Mangaio”. A canção depois foi imortalizada pela voz de Clara Nunes, que gravou pela primeira vez em 1979, para o disco Esperança, e acabou fazendo um enorme sucesso em todo o Brasil.
Adeus - Sivuca faleceu no último dia 14 de dezembro, aos 76 anos, vítima de câncer, na Paraíba, e deixou cerca de cinco dezenas de discos gravados. Desde a sua morte, o compositor tem recebido diversas homenagens. Diversos músicos da Orquestra Sinfônica da Paraíba, que estavam em Recife participando de festivais, como o Virtuosi, voltaram para dar o último adeus a Sivuca. O quarteto que o acompanhou, nos últimos anos, realizou um show em sua memória na Sala Baden Powell, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no último dia 20 de dezembro. Ainda não se tem notícia de nenhum disco que possa ser lançado postumamente, mas não deve demorar muito até que sejamos presenteados com alguma relíquia do garoto albino paraibano que se tornou um dos maiores mestres da música, no mundo.
(Encontrado em http://www.rabisco.com.br/88/tristesse_sivuca.html )
Vejam só que chiquérrimo essa aparição dele na TV sueca em 1969:
TRISTESSE
Sivuca morre, aos 76 anos, deixando, do popular ao erudito, uma marca significativa na música mundialpor Adilson Paz de Lira (pazlira@terra.com.br) e Ana Lira (analira@rabisco.com.br)
A morte de Sivuca fecha um ciclo de artistas nitidamente populares. Não só pelas origens, mas principalmente pelo cunho de seu trabalho, o mestre paraibano, ao lado de Gonzagão e Jackson do Pandeiro, esteve sempre voltado às suas origens. A diferença primordial dele em relação aos dois, é que Sivuca teve a oportunidade de desenvolver um trabalho mais elaborado (talvez, até das vicissitudes que o levaram a trabalhar no exterior). Daí sua apresentação com orquestras sinfônicas, não só como solista, bem como arranjador e compositor, demonstrando que o estudo, a pesquisa, enfim, a teoria muito favorece o intuitivo.
Debut - Nascido em Itabaiana, Paraíba, Severino Dias de Oliveira teve infância difícil – como a da maioria dos brasileiros. Além da concorrência, muito comum nas feiras, de pedintes, repentistas e outros músicos (solistas ou conjuntos), Sivuca, menino ainda, apresentava outro desfavor: era albino. Se os raios solares lhe eram desagradáveis, o seu aspecto físico era mal-visto. Naquela época, entre os anos de 1930 e 1940, em meios populares, a falta de pigmentação no corpo era considerada uma punição divina. Como não se sabia a origem do albinismo, as pessoas com aquele tipo de alteração genética eram escorraçadas dos meios públicos e os infantes, apodados, vaiados, em alguns lugares, eram vítimas de violência. Eram conhecidos como aças, sinônimo usado para albinos. Às vezes, por causa do sol, os lábios de Sivuca estouravam e o sangramento provocava nojo e aprofundava o estigma.
O aça sofreu muitas feiras e estradas até alcançar as ruas do Recife, onde se apresentava nos programas da Rádio Clube de Pernambuco, que o contratou em novembro de 1945. Nos bairros (sim, no fim das décadas de 1950 e 1960, as emissoras da cidade realizadas dois ou três programas ao vivo pelos subúrbios), Sivuca se destacava, pois todos, ou quase todos os espectadores traziam da infância ranço aos aças. Como ele diria, sua primeira fase no Recife foi de muito estudo, principalmente com Guerra Peixe. O maestro e pesquisador musical foi seu professor entre o final da década de 1940 e o começo da década de 1950. Sivuca teve entre colegas de sala, compositores exemplares, como o hoje maestro Clóvis Pereira. E seu nome artístico foi dado por outro não menos talentoso musicista pernambucano, o maestro Nelson Ferreira.
Foi nesta época de estudos com Guerra Peixe, que Sivuca gravou o seu primeiro álbum, trazendo canções que ficaram famosas, como “Adeus, Maria Fulô” e “Fogo Pago”, feitas em parceria com Humberto Teixeira – que seria imortalizado como grande parceiro de Luiz Gonzaga. Depois contratos, viagens, gravações, revelaram ao país um grande músico, compositor, profissional da melhor estirpe, inclusive do ponto de vista sindical: foi ele demitido dos Diários Associados por participar de manifestações grevistas. Sivuca era filiado ao Partido Comunista do Brasil, que depois de um racha interno no começo da década de 1960, virou Partido Comunista Brasileiro (PCB), conhecido nacionalmente como Partidão.
Pelo Mundo - Na sua trajetória internacional, relevante é a produção que fez do primeiro disco de música angolana, intitulado Duo Ouro Negro& Sivuca, Africaníssimo, cujo vinil é vendido em sebos on line a cerca de trinta euros. Além disso, a partir de 1965, Sivuca manteve parceria com Miriam Makeba, popstar sulafricana, à época uma das maiores expressões musicais; ele fora contratado como guitarrista e depois, pelas qualidades profissionais, tornou-se arranjador e maestro do grupo. Em uma entrevista concedida ao site Gafieiras, o compositor diz que em seu teste Miriam pediu que ele tocasse um ritmo africano chamado de upacanga que era bastante similar ao balaio que temos no nordeste e, assim, Sivuca foi contratado para trabalhar com a cantora.
Este fato é também destacado pelo crítico musical José Teles, em artigo publicado no Jornal do Commercio de Pernambuco, no último dia 16 de dezembro de 2006. Teles cita, inclusive, que um ano antes da excursão com Miriam Makeba, Sivuca passou quatro anos em Paris e deixou gravado o LP Rendez-vouz a Rio. Este disco foi lançado em 1965. Antes dele, o compositor lançou Motivo para Dançar (1956) e Motivo para Dançar 2 – Sivuca e Seu Conjunto (1957), seguindo para sua primeira turnê na Europa em 1958.
No Brasil - Outro aspecto importante de sua carreira é citado por Sérgio Cabral na contracapa do LP Sivuca e Rosinha de Valença, que resultou do espetáculo das Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Escreve Sérgio Cabral: “o público da série Seis e Meia, no Teatro João Caetano, viveu uma das suas maiores emoções na semana em que lá se apresentou a dupla Sivuca e Rosinha de Valença (...) a vibração da platéia contagiou os músicos (Agora, sim, é que voltei para o Brasil – comentou Sivuca após sua apresentação, em maio de 1977).
Continua Cabral: “Sanfoneiro (ele detesta que se chame o seu instrumento de acordeon), violonista, pianista, organista, compositor, arranjador, regente e cantor, Sivuca (como é conhecido Severino Dias de Oliveira) está na linha dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos. É, também, um artista que tem o coração e a cabeça em sua terra, ligados à cultura o seu povo”. Na mencionada contracapa, o jornalista faz constar que, ali, se registra a primeira gravação de “Feira de Mangaio”, maior sucesso da dupla Sivuca – Glorinha Gadelha, com quem foi casado. Gadelha era médica e compositora e foi uma grande parceira musical de Sivuca.
Os dois desenvolviam parcerias não apenas em composições próprias, mas também em participações especiais, como a que fizeram para o disco Sanfoneiro Macho, de Luiz Gonzaga, lançado em 1985. Sivuca e Glorinha interpretaram a canção “A Mulher do Sanfoneiro”, composição de João Silva e Luiz Gonzaga. Outra participação do casal foi no Songbook Dorival Caymmi, lançado em 1994, em que eles interpretaram a canção “Roda Pião”, do próprio Dorival Caymmi.
A discografia no site oficial de Sivuca consta que seu último disco foi lançado em 1997, intitulado Enfim, solo. Contudo, foram lançados este ano o álbum Terra Esperança, pela Kuarup Discos, e o cd Sivuca Sinfônico, que saiu pela biscoito fino. Além disso, as parcerias do compositor com outros artistas continuaram sempre em desenvolvimento. Entre 2001 e 2002, ele participou do projeto Café Brasil. Em sua primeira incursão no projeto, o músico gravou “Noites Cariocas”, de Jacob do Bandolin. Na segunda participação, com o Grupo Época de Ouro à frente do projeto, Sivuca colaborou com mais uma canção composta em parceria com Glorinha Gadelha: “Dino Pintando o Sete”.
Sivuca foi um compositor completo. Mestre da música popular à erudita. O seu lado erudito teve destaque nos escritos de Michelle de Assumpção, publicados no Diario de Pernambuco,do último dia 16 de dezembro, sob o título de Sinfonia para um bamba do acordeon, ela escreve: “foi em meados dos anos 80 que Sivuca começou a pensar em orquestrar suas peças. Concerto sinfônico para Asa Branca foi a primeira realização do instrumentista nesse sentido...registrada no cd Sivuca Sinfônico, que proporciona ao paraibano o primeiro registro de suas peças para orquestra”. Com este álbum Sivuca ganhou o Prêmio Tim de Música, na categoria Melhor Solista, em 2006. É preciso destacar que ele e Oswaldinho são os poucos, senão os únicos, compositores brasileiros que gravaram música erudita com sanfona.
Curiosidades – A carreira de Sivuca foi permeada por diversas curiosidades. Convidado por Bibi Ferreira, Sivuca estrelou um programa especial para a TV Tupi. Cabelo de Milho foi recepcionado como o melhor programa de televisão daquele ano de 1980, ano de fechamento da emissora. O nome do programa resultou da canção de mesmo nome que Sivuca gravou em parceria com Paulinho Tapajós e que deu, também, o título ao disco, lançado no mesmo ano.
Outro aspecto interessante de sua carreira diz respeito à canção “Feira de Mangaio”. Ela constitui-se sucesso além dos espaços musicais. Refletindo fenômeno bem nosso, a letra fala em “Zefa de Purcina fazendo renda”. À época, páginas e mais páginas do “Caderno B”, do Jornal do Brasil, encheram-se de perguntas e respostas sobre Zefa de Purcina. O Brasil quase todo – principalmente Centro, Norte e Nordeste - manifestou-se, explicando quem eram Zé de Dito, Mané do Maracatu, Joca de Rosinha, Sinhá de Belo, entre outros.
Chegou alguém até a discorrer sobre a história do nome de José Sarney. O pai do político maranhense recebeu o nome Sarney por ter nascido em propriedade de um empresário da época, chamado Sir Ney, que era de origem britânica. Como a pronúncia popular era “sarnei”, ele foi batizado Sarney de Araújo Costa. O filho recebeu o nome de José Ribamar, mas anos mais tarde, mudou o nome para homenagear o pai, ficando conhecido como José Sarney.
As cartas no Jornal do Brasil, com estes assuntos, circularam por cerca de um mês, provocadas pela inserção dos personagens da trajetória de Sivuca e Gadelha na letra de “Feira de Mangaio”. A canção depois foi imortalizada pela voz de Clara Nunes, que gravou pela primeira vez em 1979, para o disco Esperança, e acabou fazendo um enorme sucesso em todo o Brasil.
Adeus - Sivuca faleceu no último dia 14 de dezembro, aos 76 anos, vítima de câncer, na Paraíba, e deixou cerca de cinco dezenas de discos gravados. Desde a sua morte, o compositor tem recebido diversas homenagens. Diversos músicos da Orquestra Sinfônica da Paraíba, que estavam em Recife participando de festivais, como o Virtuosi, voltaram para dar o último adeus a Sivuca. O quarteto que o acompanhou, nos últimos anos, realizou um show em sua memória na Sala Baden Powell, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no último dia 20 de dezembro. Ainda não se tem notícia de nenhum disco que possa ser lançado postumamente, mas não deve demorar muito até que sejamos presenteados com alguma relíquia do garoto albino paraibano que se tornou um dos maiores mestres da música, no mundo.
(Encontrado em http://www.rabisco.com.br/88/tristesse_sivuca.html )
Vejam só que chiquérrimo essa aparição dele na TV sueca em 1969:
agora consegui ler a história de um grande músico brasileiro e com muito orgulho da minha região nordeste, como musico da terra e grande adimirador da cutura nordestina me sinto engrandessido tendo como idolo sivuca!!!!
ResponderExcluirUm guerreiro naquela época. Se hoje nós,albino, sofremos preconceito imagine naquele tempo que nem se sabia como o albinismo ocorria. Parabéns a este grande sanfoneiro nordestino e que hoje se encontra ao lado de Deus.
ResponderExcluirHistória radiante! Riquíssima contribuição para nossa música brasileira!!
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