segunda-feira, 27 de abril de 2009

BALEIA LÍRICA

A baleia albina vista no mar australiano inspirou até poema, escrito por Astrid Cabral.

(Peço desculpas à autora por não ter conseguido manter a diagramação original do poema. Quem quiser lê-lo na forma com a autora o escreveu, acesse o link abaixo do texto.)

BALEIA ALBINA
Pelo úmido azul
a baleia albina baila

e assombra
a sala em penumbra
barbatanas rêmiges
a massagear
volumosa massa d’água
o trêmulo transparente
corpo marinho...
Marítima mamífera
a espraiar
a cútis de elanca
Enquanto as gordas vastas ancas
nadam dançam
se lançam
pelos pastos salgados
de algas e sargaços...
Será menina
a baleia albina?
Será adulta
a náufraga lua animal?
Ou centenária
a submarina cetácea nau?
Senhora dona do aquático sítio
supondo-se
solitária soberana
desfila tranqüila na líquida passarela
e revela
coreografia de estrela
e solfeja
cantiga de amor arquiantiga
e corteja
sem saber-se a prima-dona
de um mega espetáculo
sem pressentir
a intimidade exposta
à ribalta de mil olhos
pelo globo em volta...
Como o mar tão vasto
cabe entre sofás?
como nos toca o mar
se a pele não nos molha?
À noite os gatos são pardos
À noite somos jonas e pinóquios
acomodados na barriga da sala
essa estranha baleia
cujas paredes entranhas
o oceano invade
e lambe até tarde...
Somos então outra casta de peixes
pescados nas malhas
de eletrônica rede.

(Encontrado em http://www.jornaldepoesia.jor.br/astridcabral1.html)

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