quarta-feira, 13 de maio de 2009

JOHN ADAMS

Roberto Rillo Bíscaro

John Adams foi o segundo presidente norte-americano. Em meio às lutas pelo poder na Europa pós-Revolução Francesa, Adams insistiu na neutralidade norte-americana com relação à tensão entre ingleses e franceses. Entrar em guerra apoiando qualquer uma das 2 potências europeias estraçalharia a jovem república da América do Norte.
Adams foi um dos arquitetos da Independência norte-americana e evitou uma guerra. Nada mais plausível que sua vida virasse mini-série exibida no último ano da administração Bush, que botou a imagem dos norte-americanos na lama prum bocado de gente. A correlação entre o belicismo bushento e a evasão da guerra por Adams é tão clara que a parte da minissérie dedicada a seu mandato presidencial resume-se apenas a esse assunto.
Baseada em uma biografia que ganhou o Pullitzer, tendo o super-astro Tom Hanks como um de seus produtores-executivos e com um orçamento que ultrapassou os 100 milhões de dólares, a mini-série em 7 capítulos, de mais de uma hora de duração cada, foi produzida pela HBO e leva o nome do presidente. Ou seja, é uma mini-série histórica, mas os roteiristas sabem muito bem que a tal História tem que girar em torno do ponto de vista da personagem central. Afinal, a forma narrativa escolhida serve pra tratar de jornadas e conflitos pessoais e não coletivos. Ponto pra eles. Quem quiser documentário que vá pro History Channel!
Esse entendimento da forma com a qual estavam lidando evitou aquela chatice que às vezes constato em produções que querem ser aulas de História e não programas de TV. Há conflito dramático e é isso o que importa numa produção desse tipo. Antes de criar o blog vi uma co-produção hispano-argentina que padeceu disso, ai que torturaaaaaaaaaa!!
Embora essa chatice tenha sido contornada, a duração e o detalhamento da biografia de Adams não conseguiram evitar que em alguns momentos a ação se retardasse um pouco e eu fosse ao banheiro sem dar pause no dvd. Tudo bem que o banheiro seja no meu próprio quarto, então eu continuava a ouvir os diálogos...
Adams era vaidoso, teimoso e sabia ser bem arrogante, acho que por isso tive dificuldade de empatizar com ele. E antes que vozes se levante pra reclamar, empatia aqui é importante. Lembrem-se que o nome da série é o nome de sua personagem central! É aí que nossa atenção deve se focar; quem batizou a série assim, está pedindo isso.
Não posso dizer que Paul Giammati tenha me impressionado muito como Adams, não sei bem porque, mas apesar dele ser muito bom ator, não me conquistou. Entretanto, a esposa de Adams, vivida pela excelente Laura Linney, resplandece. Abigail Adams era o contra-ponto do marido: comedida, modesta. Stephen Dillane, como Thomas Jefferson, literalmente rouba todas as cenas em que aparece. Seu Jefferson é introspectivo, melancólico e tem um sotaque chiquérrimo! E o sempre ótimo Tom Wilkinson compôs um Benjamin Franklin safado e vulgar (demorei pra sacar que era o Wilkinson sob a maquiagem e olha que vi vários filmes com ele!)
A produção é dum detalhismo impecável que rivaliza com a BBC. Não é à toa que são os 2 melhores canais de TV pra séries....
Enfim, quer quer TV inteligente e bem feita que veja John Adams.

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