Alguém decidiu exercitar os dons literários e se lançou a escrever uma série à qual batizou de “Descontos Infantis”. O capítulo 2 chama-se A Branca de Neve Albina e o Anão Traficante.
Branca de Neve albina não seria pleonasmo vicioso?
De qualquer modo, eis o capítulo. Abaixo o link pra quem quiser ler os demais capítulos que abordam outros contos de fada.
De minha parte, apenas li este que tem a Branca de Neve. Já me bastou...
Capítulo 2: A Branca de Neve Albina e o anão traficante
Escrito por tikao
Seg, 04 de Agosto de 2008 00:18
Era frio. Frio demais. Meus dedos até congelavam enquanto escrevia este capítulo ao lembrar da história da bela Branca de Neve Albina.
Fazia um inverno rigoroso no Alasca. O gelo caía abruptamente do céu parecendo castigar os pinheiros que corajosamente enfrentavam firmes a temperatura baixa e as fortes correntes de ar que cortavam seus galhos. Em uma das ilhas do arquipélago dos Aleutas vivia uma jovem mulher chamada Branca de Neve que em seu humilde quiosque de 47 andares fazia seu chá de cogumelo preferido enquanto cantarolava mais uma de suas músicas prediletas: pira pira pirô.
Enquanto seu chá não chegava na temperatura ideal para ser consumido, Branca (apelido de infância que contarei mais à frente) se olhava no espelho e via no fundo de seus olhos uma história se passando (a história da infância que eu disse que ia contar mais pra frente. Sim, o mais pra frente já é agora):
Era 12 de Julho de 1998 em Paris. Branca era uma morenassa jambo que adorava o Brasil e saía sempre no carnaval do Rio. Neste dia, ela brincava com seus amigos que se preparavam para assisitir a final da Copa do Mundo entre Brasil e França. Tudo estava perfeito. Todos uniformizados com camisa da França. Apenas Branca torcia para o Brasil. Tudo ia bem, estavam todos felizes e ansiosos para assistir o jogo que havia acabado de começar. O jogo era emocionante, jogo lá, jogo cá, mas Branca estava aflita porque sabia que Ronaldo não estava bem, ao que parece havia passado mal na concentração com algum tipo de convulsão, mas ela acreditava na seleção canarinho.
De repente para seu espanto ela viu Zidane fazer dois gols no Brasil. Seus amiguinhos começaram a pular de alegria e ela pensava: - Seus fedidos cheirando a perfume francês. Vocês ainda vão ver. E não ligou para o sarro de seus amigos. Ela acreditava. Acreditava tanto que fez uma aposta: - Se o Brasil perder, eu me mudo para qualquer lugar que vocês quiserem! Disse Branca.
Final de jogo: Brasil 0 x 3 França. Branca estava branca. Sua cor jambo havia se dissipado por alguns instantes. Nesse momento o menor dos amigos dela ficou de pé, subiu numa caixa de fósforo e gritou: - E agora, e a sua aposta?
Fodeu! Pensou a Branca. Era justo ele. Era Zé pequeno, o anão. Ele era dono da bocada que interligava o trecho Rio x Paris. E ele tentara inúmeras vezes pegar a Branca, só que ela sempre dava fora alegando que ele era baixo demais, poranto, seu p... bem... seu órgão devia ser do tamanho de uma remela de olho. Isso o deixara muito complexado e o fez entrar para o mundo do trafico.
Aproveitando-se da situação, Zé pequeno tratou de cobrar a aposta: - Branca, você aí toda morenassa e adora sol. Quero que você vá para aquele lugar onde o sol não bate... todos ficaram em silêncio. Zé pequeno acabou de se tocar que tinha dito uma frase com duplo sentido. - Droga, eu estou falando do Alasca seus pervertidos! Disse ele.
Vá agora para o Alasca. Se eu não posso te ter, ninguém mais terá!
Branca acordou de seus pensamentos com o assobiar da chaleira avisando que seu chá de cogumelo estava pronto. Ela pensava: - Filho da puta daquele anão safado. Me fez viver aqui no Alasca durante 10 anos. Depois de conviver com tanto frio, Branca não era mais mulata. A falta do sol a tornou Albina. Brancaaaaa, mas tão branca que foi convidada 13 vezes para fazer o comercial do sabão em pó ACE. Mas ela dizia que o cachê era baixo demais.
Ela tratou de tomar seu chá. - Mas que bosta é essa? Esse chá é genérico! Disse Branca. Ela que tomava todos os dias seu chá de cogumelo sabia bem diferenciar um chá de verdade. Mas ela não entendia. Será que trocaram de fornecedor? Ela foi correndo na despensa ver a embalagem do chá. Quando leu o rótulo ficou imóvel:
- Chá de Cogumelo Zé Pequeno, o único da região porque o outro fornecedor eu matei.
Não acredito. Além de me mandar pra esse lugar do inferno, o Zé Pequeno ainda está contrabandiando o cogumelo da região e trocando por outro de origem genérca? Ah não... ele passou dos limites.
Branca foi até o seu armário de roupas, revirou seus casacos e encontrou o que queria: sua escopeta calibre 12. - Agora ele vai ver com quem mexeu.
Branca montou no seu dirigível das neves e foi rumo ao leste. Onde ficava a única fábrica da cidade.
Enquanto isso, Zé pequeno, o anão contrabandista estava em sua mesa de mogno ao leste de uma das ilhas do Arquipélago dos Aleutas lendo uma revista de pornô da Malásia que estampava na capa: - Ensaio sensual com mulher batedeira e seu braço motorizado de 15 velocidades.
Ele olhava para o seu relógio-comunicador de pulso. Havia acabado de receber uma mensagem confusa. Mal sabia ele que teria visita dali 8 minutos e meio.
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