Livro dá dicas de como receber pessoas com deficiência em casa
G117/06/2009
Portas entreabertas e objetos no chão são um perigo para os cegos. Autora Claudia Matarazzo ensina ainda como servir um jantar
Carolina Iskandarian
Tetraplégica, uma jovem de 18 anos estava na calçada esperando que o namorado voltasse depois de estacionar o carro. De repente, uma senhora passa e joga moedas no colo da garota. Vai embora sem que a menina pudesse dizer alguma coisa. A história surreal ocorreu em São Paulo é só mais uma contada por deficientes físicos. E essa é só mais uma gafe cometida por quem não sabe lidar com eles.
Para mostrar o mundo vivido por cadeirantes, cegos ou surdos, a jornalista Claudia Matarazzo lançou este mês o livro “Vai Encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência”. Escrito em primeira pessoa, ela ensina de que maneira lidar com homens e mulheres com problemas físicos ou neurológicos. Mostra como eles gostam de ser tratados.
Lançada pela Editora Melhoramentos, a publicação fala ainda das dificuldades, das boas ou ruins experiências do cotidiano e deixa que os deficientes dêem seu depoimento em alguns capítulos. A consultoria é da vereadora Mara Gabrilli, que é tetraplégica.
Claudia entende de festas, recepções com autoridades e etiqueta de maneira geral. É a responsável pelo cerimonial do governador de São Paulo, José Serra. No livro, lançado pela editora Melhoramentos, a autora dá dicas de como não falhar ao receber em casa uma pessoa com deficiência. Se o convidado se locomove em cadeira de rodas, o ideal é remover tapetes, afastar móveis, retirar do chão pequenos obstáculos, como esculturas, vasos ou brinquedos.
Posição relojinho
Outra situação: no jantar com os amigos, um deles é deficiente visual. Segundo Claudia, a cortesia começa no portão, onde o anfitrião deve estar para receber o convidado. Se houver uma escada no caminho, é cortês informar o número exato de degraus para evitar acidentes. “Etiqueta é bom senso. Você aplica isso à deficiência das pessoas. O que não pode é criar uma barreira de atitude, criar um muro”, afirma Claudia.
À mesa, o dono da casa deve descrever o que será servido. “Uma delicadeza extra seria preparar um cardápio que dispensasse o uso de facas, como picadinhos, massas e risotos”, explica a jornalista no livro. Outra maneira é explicar a disposição da comida no prato, como em um relógio. “Na posição três, tem um pouco de mandioquinha; na seis, está o arroz; na nove, a carne”, ensina Claudia, autora de outros 11 livros.
Portas entreabertas
Pecado mortal é receber um deficiente visual e esquecer as portas da casa entreabertas. Como não conhece o ambiente, a testa dele é a primeira que sente o impacto. “Você vai andando e encontra uma quina pela proa. A pessoa (que deixou a porta aberta) fica desconcertada. Pede mil desculpas”, conta o consultor em informática Sérgio Ramos de Faria, de 44 anos, cego desde os dois anos.
Ele mora com a mulher e duas filhas na Zona Norte de São Paulo. É o único em casa com problemas de visão e, com bom humor, diz o quanto sofre com a bagunça delas. “Procurar uma escova de cabelo é missão quase impossível. A disciplina dura dois dias”, conta ele, acostumado à organização.
Atravessando a rua
A primeira gafe cometida pela atual mulher de Faria – eles se conheceram pela internet há cinco anos – foi logo no primeiro encontro, no aeroporto do Recife, onde a moça vive. “Na primeira coluna, ela me largou”, diz, rindo, o consultor, que deu uma trombada com o peito no pilar. Segundo ele, a “chave” da relação entre as pessoas é perguntar.
“Você quer que eu corte (uma carne)? Como quer que eu te ajude? É uma gafe e tanto quando você está parado no sinal e as pessoas já vêm te puxando, te arrastando. Muito inconveniente”, explica Faria. Ele esclarece que a melhor forma de ajudar um deficiente visual a cruzar a rua é deixar que ele pegue no braço ou no ombro da pessoa. "As pessoas sempre pensam que o cego não sabe para onde vai. É um erro".
(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=25736)
Assisti seu depoimento ontem na novela Viver a Vida, adorei saber que mesmo diante das "dificuldades" vc não se deixou abater. Que Deus persevere em vc por todos os dias de sua vida esse espírito de vendedor, de guerreiro e que além de tudo vc nunca se sinta menos favorecido, "Ser diferente é normal". Que vc possa com essa garra de campeão ajudar muitas pessoas ao seu redor, pois sei que como eu, muitas pessoas se emocionaram com o seu depoimento. Roberta Barcelos: bebetabarcellos@gmail.com
ResponderExcluirLindo seu depoimento na novela, realmente inspirador, desde que vi não esqueci.
ResponderExcluirOlá meu nome é Bruna e vi sua entrevista hoje [20/abril] no programa do Jó, e achei fantastico como você encara a vida. Serviu de lição para as pessoas preconceituosas e para aquelas que um dia já sofreram bullings. Eu sei como é sofrer com bulling na escola, não por causa de albinismo, pois não sou, mas por outros motivos. E como você mesmo disso isso na infância é muito ruim, diria até traumatizante. Mas parabéns por ter vencido e espero que outras pessoas também tenham a mesma força de vontade e credibilidade para superar espectativas e sem contar que é demais ser diferente, pois comum já basta a população.
ResponderExcluirTenho 18 anos e sou universitária.
Olá incoerente! seu astral e sua educação me contagiaram, obrigado pelo seu exemplo!
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