Conforme anunciara no post anterior, ontem fui ao teatro assistir ao monólogo Vácuo, escrito e encenado pelo penapolense Marcelo Martelo.
Num cenário despido de objetos a não ser um vaso sanitário, o ator vive um contabilista de 25 anos que recém dera um desfalque na empresa onde trabalhava. O texto é uma diatribe contra o massacre mental e moral vivido por tantos e tantos trabalhadores. Valendo-se de sua própria formação universitária em Ciências Contábeis, o jovem escreve com bastante conhecimento de causa e o resultado é um texto bastante interessante com alguma reverberação de autores do Expressionismo alemão, como Toller.
A encenação perdeu um pouco dos insistentes blackouts usados na apresentação de estréia, para a qual fui convidado há alguns meses. Sugerida por pessoas envolvidas com teatro, creio que a mudança beneficiou o espetáculo, aproximando a personagem da platéia.
Ainda com relação à identificação entre personagem e platéia, considero que a abolição da atitude de confronto com os espectadores existente na montagem original resultou extremamente benéfica. Anteriormente, a personagem insultava a platéia numa atitude que foi bastante comum nos anos 60 e que no contexto brasileiro foi brilhantemente criticada por Anatol Rosenfeld. A platéia, afinal, não é constituída pela fração de classe criticada na peça. Muito pelo contrário, aposto que a maioria esmagadora vive as mesmas agruras e dilemas da personagem. Por isso, não merece ser achincalhada ainda mais.
Uma nota que me deixa bastante feliz na história da produção dessa peça é o envolvimento da Angélica, namorada do Marcelo, em todo o processo. Assim que começaram a namorar, a moça, que não tinha contato com o mundo das artes cênicas, foi picada pelo inseto do teatro e desde estão passou a estar totalmente envolvida nos projetos do namorado. Lembro-me que no debate que se seguiu à apresentação inicial da peça, Angélica parecia estar ainda mais animada e falante que o próprio Marcelo. Isso sem contar que formam um lindo casal.
Vejam Marcelo em um curte-metragem produzido aqui em Penápolis, pelo meu sobrinho Lucas Casella. Marcelo é o narrador e o menino principal da fila do banco. Amanda Amaral, cujo nome aparece nos créditos finais como assistente de produção é minha sobrinha mais velha.
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