Em alguns minutos devo sair pra fazer uma pequena palestra sobre o Modernismo Brasileiro (embora duvide que vá dar público porque garoa bem forte e a temperatura caiu bem), mas antes deixem-me contar sobre uma ficção-científica de 1955, que vi agora ao cair da noite.
Creature with the Atomic Brain deve ter servido de alguma inspiração pro GEorge Romero criar os seus zumbis do clássico A Volta dos Mortos Vivos. Diferentemente dos zumbis de Romero, esses da década de 50 não dilaceram pessoas para comer seus cérebros. Esses zumbis dos "anos dourados" têm seus próprios cérebros reavivados e controlados por energia atômica (ah, a histeria nuclear dos anos 50...). Mas, Romero certamente deve ter assistido a essa sci-fi porque seus zumbis andam e se comportam um pouco como o desse filme.
O enredo é simples: um gangster é delatado por rivais, julgado pela justiça e acaba fugindo pra Europa. Lá, conhece um cientista alemão que inventara um método de reanimar mortos e acaba usando-o para o mal. Vilão com sotaque ou nacionalidade alemãs nos anos 40 e 50 era comuníssimo devido à Segunda Guerra. Pois bem, o tal gangster volta pros EUA com o cientista alemão à tiracolo e usa seus zumbis controlados por energia atômica pra eliminar seus desafetos.
Coisa que sempr me diverte nesse filmes de ficção-cientifica é como o pensamento científico, do modo como é distorcidamente enfocado, acaba equivalendo á magia! Os laboratórios cheios de fumaça e luzinhas coloridas a piscarem, aqueles barulhinhos esquisitos, as ideias mirabolantes que surjem do nada. Tudo nega a pesquisa, a lentidao e a necessidade de precedentes do pensamento científico. Por isso, ao final, a tal ciência desses filmes nunca passa de simulacro da magia.
Como também nao podia deixar de ser, a ênfase da década de 1950 na família e no casamento se faz presente na película. Narrativamente, era necessário que uma personagem da polícia fosse morta e transformada em zumbi pra estabelcer-se como infiltrado na coorporação, vocês sabem, para dar maior ação dramática ao enredo. Os protagonistas sao um policial médico casado e um tenente ou capitão de meia-idade ainda solteiro. Adivinhem que é zumbificado???
Após duas menções à solteirice do capitão, tenente sei lá eu, pensei "Ih, esse aí tá morto!" Nos anos 50 , solteirice na meia-idade podia equivaler à homossexualidade, à quem nao se enquadrava na sociedade, a quem vivia isolado. E quem vivia isolado podia ter um segredo a esconder, podia até ser espião comunista. Se a gente for na raiz do problema sempre chegaremos aí nos anos 50 (tem quem discorde, claro).
Vale lembrar que essa ênfase no casamento, na família não se dava apenas em produções B. Filmes cultuados como "clássicos" tipo A Malvada, com a Bette DAvis, estão dizendo a mesma coisa, talvez pra outra plateia, só isso. (O duro é que muitas vezes essa "outra plateia" se acha tão melhor do que a plateia dos filmes B só porque A Malvada é considerado clássico. Ah, inocentinhos....)
sexta-feira, 26 de junho de 2009
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