Na turnê do aclamadíssimo álbum Vespertine, a islandesa Bjork decidiu que faria seus shows preferencialmente em locais mais intimistas, com acústica suficientemente boa para captar as nuances das canções, que contavam com coral, DJ e harpista. Para tanto, escolheu alguns dos teatros mais veneráveis do hemísfério norte, especialmente casas de ópera. Por ser Bjork badaladíssima e ter por trás de si uma gigante gravadora, seu desejo foi atendido e ela pisou palcos antes pisados por divas operísticas como Callas e Tebaldi.
Quando relatei isso a um amigo nova-iorquino professor de canto lírico, sua resposta foi que alguns lugares, coisas e pessoas são sagrados e deviam ser respeitados. Isso já faz uns bons 9 anos. Por ser mais jovem então e devoto de Bjork não entendi o que ele quis dizer, mas também não retruquei. Sempre soube que ele não era afeito à música pop e Bjork certamente jamais faria parte do universo emocional dele. Mesmo assim, achei um pouco de frescura, que negócio era esse de "sagrado"? Eram apenas casas de shows, alugáveis omo qualquer outro local, oras bolas! E outra, quem alugava era BJORK!!
Com o passar dos anos fui compreendendo melhor o sentimento do amigo e agora posso dizer que entendo perfeitamente. Especialmente após ter terminado de assistir à única temporada da mal sucedida e malfadada sitcom That 80's Show (2002). Devido ao sucesso de That 70's Show - que revelou ao mundo e à DEmi Moore o galã Ashton Kutcher (é assim que se escreve? Nunca me interessei por ele) - resolveram fazer essa versão sobre a década de 80.
Acontece que os produtores optaram por tirar sarro e ironizar muito dos costumes e modas e comportamentos daquela década, que é sagrada pra mim! Há a crítica aos yuppies (que já havia sido feita de maneira bem mais agradável na própria década de 80 na sitcom Family Ties), há a ironização dos elaborados passos de dança da época, há uma série de referências a grupos e canções da época, há a inevitável sátira a Dynasty. Tudo feito como se fossemos perfeitos idiotas por termos vivido naquela época e tudo também bastante equivocado.
A vontade de mostrar a suposta breguice daquela década foi tanta que conduziu a uma série de equívocos. Em 1984 ninguém ainda brincava de virar uma dose de bebida alcoólica toda vez que houvesse uma catfight em Dynasty. na verdade, essa brincadeira famosa entre universitários, era feita com DALLAS e não Dynasty. E começou bem depois de 1984, ano em que se passa a sitcom. Toda vez que uma personagem de DALLAS tomava um drink, a pessoa que vivia a personagem na vida real tinha que virar um também. Coitado (ou sorte) de quem era a Sue Ellen!
Claro que há tiradas batante engraçadas porque os roteiristas norte-americanos são mestres em sitcoms, mas nem isso conseguiu melhorar as personagens muito sem graça e alguns atores horríveis.
Desconfio que o fracasso da série se deu justamente porque ofendeu quem hoje em dia se contitui na faixa de público mais ativa e afluente economicamente, os filhotes dos anos 80! Senao vejamos, em shoppings e supermercados, por exemplo, quais canções ouvem-se com mais frequência como pano de fundo? Flashback dos anos 80!
That 80's Show é lixo tentando olhar pra trás e chamar de lixo toda uma geração. Bem feito que tenha fracassado.
Bom dia, tudo bem? Te deixei um presentinho la no meu blog. Abraços
ResponderExcluirOi samya, fazia tempo que voce nao deixava recado! Senti falta.
ResponderExcluirPuxa, obrigado pela premiação lá no se ublog! Depois farei um post a respeito.
Valeu mesmo!!
Abços