Em entrevista que fiz com a Profa Dra. Lilia de Azevedo (publicada no último dia 03), da UFBA, ela concordou comigo quando disse que achava que o tema do albinismo era invisível também na academia. Se uma pesquisadora da área de biológicas tem essa impressão, imagine nós que somos da área de humanas!
Exceto por um trabalho de antropologia sobre os albinos da ilha de Lençóis (MA) e 2 monografias em andamento – uma na área de pedagogia e outra na de ciências sociais – não tenho qualquer notícia de trabalhos acadêmicos sobre a situação social/econômica das pessoas com albinismo. Somos invisíveis aos olhos do IBGE, aos olhos dos definidores de políticas de saúde pública, aos olhos da mídia e aos olhos da academia. Mesmo chamando tanta atenção aonde quer que adentremos. Como diria Caetano Veloso, alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial...
Aos poucos, estamos colocando o albinismo aos olhos da mídia. Em 6 meses o volume de referências positivas ao albinismo no Brasil aumentou bastante, muito disso em função do trabalho e luta deste blog e seus aliados.
Parte de meus planos também é colocar a questão de nossas vivências e identidades pra comunidade acadêmica, da qual, afinal de contas, faço parte. Frequentei diversos cursos, palestras, conferências e encontros na USP enquanto fazia meu mestrado e doutorado. Professores, palestrantes e nós, pós-graduandos e graduandos, vivíamos falando dos grupos excluídos. Gays, negros, mulheres, indígenas e uma miríade de outros. Nunca ouvi falar sobre os albinos. Nunca mesmo; e olhe que eu sempre me sentava na primeira carteira!
Houve uma disciplina que fiz com uma professora com bastante afinidade ideológica e de humor afiado como o meu em que resolvi bancar o “chato”. Cada vez que ela começava a desfiar o novelo de excluídos eu incluía os albinos na lista. Todo mundo sempre ria (não se preocupem, riam porque eu fazia de modo galhofeiro e não porque estivessem rindo dos albinos.). Em determinada altura do curso, quando ela começou a lista da vez, virou-se pra mim, estendeu a mão e teatralmente disse “albinos” e complementou “feliz agora, Roberto?” Todos rimos ainda mais. Quem acha que vida acadêmica é chata e tediosa engana-se, a gente ri muito também. Embora realmente tenha ficado satisfeito com a inclusão na lista, feliz não fiquei porque efetivamente nada se estuda a respeito.
Creio que meus esforços estejam começando a surtir efeito também na seara acadêmica. O SESC São Paulo está promovendo encontros mensais dentro dum projeto intitulado Memórias. Desde março, acadêmicos renomados têm proferido palestras sobre o tema. No último dia 30, foi a vez do professor José Carlos Sebe Bom Meihy discorrer sobre Memória – História Oral e Diferença.
A História Oral é excelente instrumento pra estudar grupos oprimidos, silenciados e “esquecidos” uma vez que se baseia na elaboração de projeto e condução de entrevistas colaborativas com membros do grupo estudado. E o professor Sebe é um dos maiores nomes na área em nível mundial. Sei disso porque acompanho e modestamente colaboro em alguns de seus projetos nos últimos 10 anos e estou sempre informado sobre suas andanças por metade do planeta em congressos, grupos de estudos, conferências e summer institutes. Atualmente, o professor e seu grupo de pesquisa, o NEHO (ver o link na seção “Territórios Amigos” deste blog), pesquisam grupos silenciados como anões e hemofílicos, até agora também esquecidos pela academia brasileira.
Pois, não é que nessa palestra, além dos tradicionais grupos excluídos mencionados, o professor cita os albinos também? O radar dele já nos captou e os albinos estão presentes, inclusive no material de apoio da palestra, a qual pode ser assistida na íntegra, no link abaixo. O material de apoio pode ser baixado do próprio site, embora ele vá aparecendo à medida que o professor fala.
http://www.tvaovivo.net/sescsp/sescmemorias/default072009.aspx
A menção a nós ocorre por volta dos 57 minutos e o exemplo dado não foi fornecido por mim, o que significa que o assunto está sendo considerado importante o suficiente pra pesquisas e contatos que não se restringem a este blog.
Parabenizo e agradeço a menção ao professor. Se isso vai virar tema de pesquisa não sei, é cedo demais pra dizer. Mas, o fato de a academia também estar voltando os olhos pra nós é sinal auspicioso. Sinal de que o trabalho do blog está surtindo efeito e sinal também da veracidade daquilo que vivo dizendo aqui: enquanto os albinos não botarem a boca no trombone pra contar suas experiências e problemas os radares não nos captarão. Afinal, eles só conseguem captar aquilo que efetivamente se faz presente.
Exceto por um trabalho de antropologia sobre os albinos da ilha de Lençóis (MA) e 2 monografias em andamento – uma na área de pedagogia e outra na de ciências sociais – não tenho qualquer notícia de trabalhos acadêmicos sobre a situação social/econômica das pessoas com albinismo. Somos invisíveis aos olhos do IBGE, aos olhos dos definidores de políticas de saúde pública, aos olhos da mídia e aos olhos da academia. Mesmo chamando tanta atenção aonde quer que adentremos. Como diria Caetano Veloso, alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial...
Aos poucos, estamos colocando o albinismo aos olhos da mídia. Em 6 meses o volume de referências positivas ao albinismo no Brasil aumentou bastante, muito disso em função do trabalho e luta deste blog e seus aliados.
Parte de meus planos também é colocar a questão de nossas vivências e identidades pra comunidade acadêmica, da qual, afinal de contas, faço parte. Frequentei diversos cursos, palestras, conferências e encontros na USP enquanto fazia meu mestrado e doutorado. Professores, palestrantes e nós, pós-graduandos e graduandos, vivíamos falando dos grupos excluídos. Gays, negros, mulheres, indígenas e uma miríade de outros. Nunca ouvi falar sobre os albinos. Nunca mesmo; e olhe que eu sempre me sentava na primeira carteira!
Houve uma disciplina que fiz com uma professora com bastante afinidade ideológica e de humor afiado como o meu em que resolvi bancar o “chato”. Cada vez que ela começava a desfiar o novelo de excluídos eu incluía os albinos na lista. Todo mundo sempre ria (não se preocupem, riam porque eu fazia de modo galhofeiro e não porque estivessem rindo dos albinos.). Em determinada altura do curso, quando ela começou a lista da vez, virou-se pra mim, estendeu a mão e teatralmente disse “albinos” e complementou “feliz agora, Roberto?” Todos rimos ainda mais. Quem acha que vida acadêmica é chata e tediosa engana-se, a gente ri muito também. Embora realmente tenha ficado satisfeito com a inclusão na lista, feliz não fiquei porque efetivamente nada se estuda a respeito.
Creio que meus esforços estejam começando a surtir efeito também na seara acadêmica. O SESC São Paulo está promovendo encontros mensais dentro dum projeto intitulado Memórias. Desde março, acadêmicos renomados têm proferido palestras sobre o tema. No último dia 30, foi a vez do professor José Carlos Sebe Bom Meihy discorrer sobre Memória – História Oral e Diferença.
A História Oral é excelente instrumento pra estudar grupos oprimidos, silenciados e “esquecidos” uma vez que se baseia na elaboração de projeto e condução de entrevistas colaborativas com membros do grupo estudado. E o professor Sebe é um dos maiores nomes na área em nível mundial. Sei disso porque acompanho e modestamente colaboro em alguns de seus projetos nos últimos 10 anos e estou sempre informado sobre suas andanças por metade do planeta em congressos, grupos de estudos, conferências e summer institutes. Atualmente, o professor e seu grupo de pesquisa, o NEHO (ver o link na seção “Territórios Amigos” deste blog), pesquisam grupos silenciados como anões e hemofílicos, até agora também esquecidos pela academia brasileira.
Pois, não é que nessa palestra, além dos tradicionais grupos excluídos mencionados, o professor cita os albinos também? O radar dele já nos captou e os albinos estão presentes, inclusive no material de apoio da palestra, a qual pode ser assistida na íntegra, no link abaixo. O material de apoio pode ser baixado do próprio site, embora ele vá aparecendo à medida que o professor fala.
http://www.tvaovivo.net/sescsp/sescmemorias/default072009.aspx
A menção a nós ocorre por volta dos 57 minutos e o exemplo dado não foi fornecido por mim, o que significa que o assunto está sendo considerado importante o suficiente pra pesquisas e contatos que não se restringem a este blog.
Parabenizo e agradeço a menção ao professor. Se isso vai virar tema de pesquisa não sei, é cedo demais pra dizer. Mas, o fato de a academia também estar voltando os olhos pra nós é sinal auspicioso. Sinal de que o trabalho do blog está surtindo efeito e sinal também da veracidade daquilo que vivo dizendo aqui: enquanto os albinos não botarem a boca no trombone pra contar suas experiências e problemas os radares não nos captarão. Afinal, eles só conseguem captar aquilo que efetivamente se faz presente.
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