HISTÓRIA DO ANDRÉ AGUIAR

Devido aos problemas visuais associados ao albinismo, pouca gente poderia supor que houvesse um ilustrador albino. Mas há e ele vive em Curitiba.

Outra pessoa com albinismo decidiu compartilhar um pouco de sua história e experências conosco. Trata-se do André Aguiar, que também prometeu uma ilustração pro blog. Obrigado!!

Espero que mais e mais albinos se motivem a usar este espaço como fórum de troca e exposição de experiências de vida e que isto contribua prum melhor entendimento sobre o albinismo que resulte, num futuro bem próximo torçamos, em desenvolvimento de políticas públicas de saúde que atendam a essa parcela da população.

HISTÓRIA DO ANDRÉ AGUIAR

Meu nome é André Luiz Aguiar, tenho 25 anos e moro em Curitiba-PR. Local onde nasci, cresci e vivo até hoje, e de onde não pretendo sair, pois gosto muito dessa Cidade.
Acho que tenho consciência de que sou albino desde muito cedo. Quando morei em uma cidade do interior do Paraná, por mais ou menos dois ou três anos, apelidos e discriminação fazem com que você perceba e comece e se questionar o porquê do ser diferente.
Sempre tive apoio de amigos, que sempre aceitaram e entenderam e nunca me discriminaram pelo motivo de ser diferente, e principalmente da minha família. Em especial, minha mãe, mulher que ate hoje me pergunto de onde tira tanta fibra e garra pra vencer batalhas na vida.
Tenho dificuldades principalmente na visão, apesar de que pra um albino enxergo razoavelmente bem, e é claro o sol, acho que sem duvidas o principal vilão da historia. Todos sabemos que se pra uma pessoa de pele clara já é um perigo, imagine pra uma pessoa sem defesa alguma na pele, o sol pra um albino é um suicídio a curto prazo. Lembro-me de algumas coisas que me marcaram, por exemplo, na dificuldade de enxergar o que estava escrito no quadro, por estar na última carteira nos fundos da sala, por vergonha de falar que tenho problemas de visão e também pela ignorância da professora por não saber das dificuldades de um aluno albino. Outra lembrança ruim que tenho também foi na escola: eu estava na segunda serie e uma professora de quarta serie estava explicando para seus alunos sobre albinismo, atitude louvável se não fosse por um motivo, ninguém me perguntou se eu queria ser exposto daquela forma, só sei que fui praticamente arrastado até lá, e depois de muitas risadas e piadinhas de alunos, isso ficou marcado na minha vida. Mas no balanço de tudo a escola foi o melhor aprendizado para vencer batalhas e o preconceito.
Ser albino é ser diferente, é ser o centro das atenções onde quer que você vá, é lidar com dificuldades todos os dias, que não são tão grandes, em relação a outros tipos de deficiência mas que atrapalham muito nossas atividades do dia a dia, e que, de certa forma, ensinam outras pessoas próximas a dar valor nas coisas simples e aprender a lidar com as diferenças na vida.
Há alguns anos tive outro problema de saúde, este mais grave quase fatal. O albinismo na minha vida passou a ser meu segundo problema, passei a ver as coisas diferentes e a dar valor na minha vida, na minha família. Hoje, estou tentando recomeçar com dificuldades, com um futuro incerto, porem sem medo de errar. No momento, estou começando a trabalhar como ilustrador. Algumas oportunidades e algumas portas começaram a se abrir e só por isso já me sinto muito feliz.
Gostaria que as pessoas ao lerem algum depoimento de pessoas com dificuldades não só de albinos, soubessem que temos sentimentos e angústias, que temos inteligência, percepção, que não somos nenhum bicho que morde, e que não somos pessoas más como relatado nos filmes. E que, ao verem uma pessoa “diferente” lembrem-se de que nós não tivemos escolha de ser como somos, e que pessoas normais podem ter filhos, irmãos e parentes com problemas e que talvez passem pelas mesmas dificuldades que nós passamos.
Pra quem quiser fazer contato, amizade ou apenas encher o saco rsrs. ou conhecer o que eu faço ai vai o link http://andreaguiars.blogspot.com/ e aqui o e-mail: andreilustra@live.com