O dia em que Ana se deixou adormecer ao sol
Descuido provocou queimaduras graves no corpo, "que nem o toque do lençol suportava". Ana esteve a soro
2009-07-31
Ana Rita Abraços não esqueceu aquele dia, apesar de já terem passado quase quatro décadas. Tinha 12 anos e gostava muito de frequentar a praia. Ainda hoje gosta. Naquele dia, juntamente com o irmão, João, um ano mais novo, e uma prima, rumaram à praia da Parede, na linha de Cascais, onde se divertiram em múltiplas brincadeiras na água e na areia.
"O pior foi que acabámos por adormecer os três ao sol", contou, ao JN, Ana Rita Abraços, 50 anos, funcionária na delegação de Lisboa da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal).
Se para qualquer pessoa adomecer ao sol pode ter graves consequências, para esta telefonista e para o irmão (entretanto falecido), os efeitos foram muito grandes. Ambos nasceram com albinismo, uma falha genética que atinge uma em cada 17 mil pessoas no Mundo.
Ana Rita e o irmão tinham sido várias vezes advertidos pelos pais sobre os perigos da exposição ao sol, devido a essa carência de melanina, "mas éramos muito novos e gostávamos muito de praia", justifica-se Ana Rita. "Além disso, os meus amigos todos iam à praia. Nunca pensámos que as consequências podiam ser tão graves".
Ao final do dia, os corpos de Ana Rita e do irmão estavam de tal forma inflamados, que nem suportavam "o toque de um lençol", recorda a telefonista. "Estivemos várias horas no hospital, a soro. Durante muito tempo, tive os braços completamente ligados, porque tinha borbulhas até à ponta dos dedos".
Desde então, Ana Rita nunca mais foi à praia, apesar de "gostar bastante". Confessa que no dia-a-dia não usa protector solar, mas tem o cuidado de andar com óculos de sol e evita sair à rua nas horas em que os raios ultravioleta estão mais fortes.
Albinismo
O que é?
Incapacidade de fabrico do pigmento que dá cor à pele e a protege das radiações ultravioletas, a melanina.
Como se manifesta?
A pele apresenta uma cor muito branca ou rosa, os cabelos são brancos ou cinzentos e a íris do olho rosa.
(Encontrado em http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1321752)
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