Roberto Rillo Bíscaro
Noite passada, dei um tempo nos filmes da década de 50 e decidi vir pra contemporaneidade. Na verdade, não comento todos os filmes que vejo, porque, afinal, postagens sobre cine são mais pra diversificar o blog e mostrar que minha existência não se resume ao fato de eu ser albino. Sou multi-identitário. E também, há filmes que não merecem comentário.
Escolhi ver uma produção finlandesa de horror, chamada Sauna (2008). Bastante cotada em alguns sites, decidi ver qual era a do filme. Lera que se tratava duma história ambientada no século XVI, logo depois duma guerra entre Finlândia e Rússia. Achei algo peculiar porque, pelo que saiba, a Finlândia como nação independente é bstante jovem. Não deve ter sequer 100 anos de idade. O território pertencera anteriormente ao império russo e, antes disso, ao sueco. A Suécia sim, engolfara-se em mais de uma guerra contra os russos. Eu lia sobre essas coisas compulsivamente em enciclopédias tipo Barsa, quando guri.
O filme realmente ambienta-se na Finlândia do século XVI e logo após uma guerra contra a Rússia. Uma guerra da Suécia contra a Rússia, depois da qual a fronteira russo-finlandesa seria redesenhada. A Finlândia fora joquete nas mãos dos vizinhos mais ricos e poderosos. Isso faz diferença quando se quer leitura mais historicizante da película.
2 irmãos de personalidades distintas são as personagens centrais. Um é militar duro e que não hesita em matar. Ele até contabiliza o número de pessoas inocentes que já matara: 73. O outro é um geógrafo que ambiciona uma cadeira na universidade de Estocolmo e apenas juntara-se ao grupo militar pra traçar a nova fronteira.
Ao hospedarem-se na casa dum homem que vivia apens com sua filhinha, o militar termina por matar o homem ao constatar que este nutria simpatia pelos russos. A filhinha é trancafiada no porão e deixada ali pra morrer uma morte lenta e agoniante. Depois descobrimos que o militar não fizera isso por pura maldade, mas sim porque percebera que seu pacifista e intelectualizado irmão nutria desejos sexuais pela garota. Segundo o militar, ele trancara a menina pra protegê-la da luxúria do irmão. Narrativamente é como se os irmãos funcionassem como 2 lados duma mesma pessoa. Na verdade, são uma pessoa só.
Eles prosseguem viagem, mas logo a imagem da garota começa a assombrar o geógrafo, que se sente culpado e cogita voltar pra tentar salvar a menina. Disssuadido pelo irmão, chegam a uma aldeia perdida no meio dum pântano. Aldeia que não constava nos mapas e tinha uma população de 73 pessoas. Lembram do número de inocentes mortos pelo militar, né???
No meio do pântano há uma sauna que supostamente lava os pecados de quem a utiliza. Em momentos diferentes da película, os 2 irmãos, consumidos por sentimento de culpa, adentram o recinto atrás de purificação, mas deparam-se com algo bem diferente do que redenção e perdão.
O filme é cheio de referências simbólicas como os óculos insistentemnte salientados, o papel da sauna na cultura finlandesa de então e por aí afora. Também é cheio de alusões ao dominio sueco, a disputas religiosas entre russos e suecos, asim como de filosofismos. Pra quem curte filme de terror "cabeça" deve ser prato cheio. Eu, particularmente, achei que as referências são vagas demais ou as legendas não estavam boas. Mas, deu pra sacar que a menina que escapou de ser violada por um , mas foi morta pelo outro é a Finlândia prensada entre os interesses russos e suecos. Por isso é importante saber que a guerra foi russo-sueca e não russo-finalndesa.
Talvez o filme tenha potencial pra atingir status de cult e agradar a graduandos de filosofia e historiadores dispostos a abandonar por alguns momentos o circuito de filmes tipo Hotel Ruanda.
O que mais gostei foi da belíssima cinematografia em tons escuros e dos dias sem sol escandinavos.
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