terça-feira, 6 de outubro de 2009

ALBINISMO E FEITIÇARIA

“O "Alma Carioca - Literatura" é um espaço aberto aos novos escritores, de qualquer idade, para publicar contos, crônicas, poemas, artigos e textos em geral.” Essa é a descrição do site onde encontrei o texto sobre albinismo, que publico hoje.
http://www.almacarioca.net/
O texto foi escrito pela Lu Dias, da cidade de Belo Horizonte. Em emails trocados, Lu me relatou a situação precária na qual vivem alguns curumins albinos em uma comunidade indígena. Assim que tiver oportunidade e tempo relatarei aos leitores a situação desesperadora encontrada por ela na aldeia. Mineiros, precisamos começar campanha para que algum político daí apresente Projeto de Lei semelhante ao PL 683/2009 aqui de São Paulo.

O Albinismo e a Feitiçaria
É lamentável saber que nem todos os que vivem no século XXI, usufruem da tecnologia e da modernidade que ele oferece.
Embora muitos imaginem que o mundo seja hoje uma aldeia globalizada, as coisas não são bem assim. Muitos povos ainda vivem num estado de primitivismo inconcebível, para os nossos tempos.
O preconceito, filho das intolerâncias prévias, foi sempre uma nódoa na história de nossa civilização. E, mais cruel ele se torna, quando se alia às superstições, justificando os mais bizarros e hediondos comportamentos.
Dentre as crueldades, que ainda perduram na história da humanidade, podemos citar a situação dos albinos (saruê) na Tanzânia e no Burundi/ África Ocidental.
Ali, reza uma cruel superstição, que os albinos devem ser mortos, o corpo retalhado e, posteriormente, suas partes vendidas a feiticeiros, para que possam fazer suas bruxarias, pois aqueles seres, de pele quase transparente, possuem poderes sobrenaturais.
O albinismo caracteriza-se por uma deficiência na produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, cabelos e olhos e que protege o corpo da radiação dos raios ultravioletas. Em suma, trata-se de uma alteração genética que pode ser transmitida aos descendentes.
As pessoas vitimadas pelo albinismo possuem cabelos finos, olhos sensíveis à luz e uma pele extremamente pálida e frágil, propensa ao câncer.
Tais indivíduos, apesar de sua aparente fragilidade e dos cuidados que lhes devem ser dispensados, levam uma vida normal, quando vivem num país civilizado.
No entanto, nos países citados acima, os albinos são caçados como animais valiosos, em virtude de uma cruenta superstição.
As partes mais valorizadas do corpo dessas pessoas são dedos, língua, braços, pernas e genitais, que chegam a alcançar um bom valor no comércio voltado para a feitiçaria.
A situação torna-se ainda mais macabra, em países, como a Tanzânia e o Burundi, que se situam entre os primeiros na escala de miserabilidade, no mundo.
O comércio é tão lucrativo e a situação é tão bizarra que a Tanzânia chega a importar, às escondidas, partes do corpo, embora o país tenha uma incidência de albinismo tão grande que chega a cinco vezes mais que a média mundial.
A crença na superstição de que os albinos são seres sobrenaturais é tão forte ali, que os pescadores daqueles países, ao tecerem suas redes, agregam a elas fios de cabelos de pessoas albinas, para trazerem sorte à pescaria. Os mineiros usam no pescoço amuletos feitos com os ossos moídos, enquanto o sangue de um albino, bebido ainda quente, traz sorte em dobro. Se o sangue for de uma criança, ele tem mais valor ainda, uma vez que intensifica o poder do feitiço, em função de sua pureza infantil.
A matança de albinos é um tipo de crime muito comum nesses países, sendo que, somente na Tanzânia, de 2006 para cá, já foram mortos cerca de 75 portadores de albinismo.
A África, embora tida como o berço do nascimento da humanidade, é o continente mais pobre de nosso planeta. Aliada à miséria que ali grassa, a ignorância não poderia ficar distante, ambas, irmãs siamesas.
A ignorância e a miséria são responsáveis, no continente africano, por tradições brutais e impensáveis para nós, que temos acesso ao conhecimento.
A título de exemplo podemos citar a mutilação genital das meninas no Quênia e o assassinato, através de tortura, pelas próprias famílias, de crianças acusadas de estarem endemoninhadas, na África Austral.
Peter Ash, um albino canadense, criou uma ONG (Under the Same Sun), cujo objetivo é obrigar o governo da Tanzânia a impedir o tráfico de carne humana, no caso, a dos albinos. Mas, até agora os seus esforços têm sido em vão.
Enquanto isso, ele espera que os olhos do mundo civilizado voltem para as vítimas do albinismo, na África, de modo a salvar a vida dessas pessoas inocentes e indefesas.
Fonte de pesquisa: Revista Veja, 30/setembro/2009
(Encontrado em http://www.almacarioca.net/o-albinismo-e-a-feitiaria-lu-dias/ )

(Abaixo, vídeo com fotos de Belo Horizonte.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário