quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TANZÂNIA... DE NOVO!

Os assassinatos de albinos na Tanzânia continuam rendendo reportagens nos mais diferentes tipos de jornais, revistas e TVs ao redor do mundo. Este mês, saiu matéria no tablóide inglês The Sun.

Eu ouvi minha filha albina ter suas pernas decepadas
DAVID LOWE
13 Nov 2009
Acordando sobressaltada, Mary Mathias assistiu horrorizada a um estranho emergir da escuridão e encostar um machado na garganta de seu marido.
Implorando para que não o ferissem, os pensamentos da mãe de sete filhos rapidamente se voltaram para suas três vulneráveis filhas albinas, dormindo no quarto ao lado.

O barulho nauseante do outro lado da parede gelou seu sangue.
Há alguns anos, uma onda de assassinatos de albinos tem varrido a Tanzânia, devido a curandeiros que elaboram poções a partir de partes do corpo de pessoas com essa condição genética.

Depois que a gangue fugiu, os piores medos de Mary se confirmaram – ela encontrou sua amada filha Eunice, 14 anos, em uma poça de sangue. Ambas as pernas haviam sido decepadas.
Mary conta, “ Fui despertada por um barulho no meio da noite. Dois homens invadiram nosso quarto e colocaram um machado na garganta de meu marido. Eles disseram que o matariam se ele olhasse para eles e me fizeram deitar imóvel, em silêncio. Um barulho horrível vinha do quarto das crianças. Quando me levantei e fui para o quarto delas, vi que as pernas de minha filha haviam desaparecido. Percebi que ela estava morta e não conseguia parar de chorar.”

Em menos de um ano, 50 albinos na Tanzânia foram mortos, arrasando a imagem do país, projetada como um dos mais liberais e estáveis da África.

Condenações têm sido escassas, mas, no começo deste mês ativistas celebraram a sentença de pena de morte para quatro homens, acusados de matar Lyaku Willy, um albino de 50 anos de idade.
Foi a primeira vez que traficantes imundos de partes de corpos humanos tinham sido trazidos á justiça.
À medida que as autoridades apertam o cerco contra as quadrilhas, até mesmo membros da família têm sido descobertos, comerciando partes dos corpos de seus próprios filhos.
Assombrosamente, os policiais que investigam a morte de Eunice acreditam que seu assassinato se enquadre nessa categoria.
Soluçando, Mary diz: “Meu marido foi preso acusado pelo assassinato de nossa filha e está na cadeia até hoje.” .
Como era de se esperar, as outras filhas albinas de Mary estão severamente traumatizadas pelo assassinato de sua irmã e vivem com medo de serem as próximas.
Shida, de 13 anos, diz: “As pessoas nos evitam e nos dizem para ficarmos afastadas. Elas riem e cospem na gente. Ouvi o som de um machado cortando minha irmã. Eles me disseram que me matariam se eu olhasse para eles. A última coisa que ouvi minha irmã dizer foi ‘Deus, me ajude, estou morrendo. Quero sair daqui antes que soframos alguma emboscada pelos matadores de albinos. Não só queremos vidas normais, como todo mundo. ”
Albinos herdam genes alterados, o que significa que não produzem a quantidade usual de pigmento, a melanina.
No Reino Unido, uma em cada 17.000 nasce com essa condição, ao passo que na Tanzânia a cifra está entre as mais altas do mundo: uma pessoa em cada 1.400.
Embora os albinos lá sempre tenham sofrido discriminação, rumores recentes a respeito de suas propriedades mágicas, fizeram com que tenham que lutar por suas vidas.
A demanda por partes de corpos de albinos vem de vários setores, incluindo garimpeiros, à procura de ouro e pedras preciosas, e pescadores, que crêem que atar as leitosas partes do corpo de um albino a suas redes trará mais peixes.
Não é incomum que um braço ou uma perna chegue a custar 2.500 libras.
Mary relata: “Minha primeira filha albina, Semeni, nasceu em 1991. As pessoas riam de mim e faziam gozação com o bebê. Os aldeões temiam que ela traria má sorte a todos, mas, uma criança é uma dádiva de Deus. A razão pela qual Eunice está embaixo da terra é nada mais do que homens maus à procura de riqueza. Espero que a alma dela tenha ido ao Céu. Ninguém da aldeia nos ajuda ou protege. Todos meus parentes me abandonaram porque eles não aprovam minhas filhas albinas. Quando eu saio com elas, as pessoas nos olham de cima abaixo. Isso me deixa furiosa – elas são seres humanos e não cães. Minhas filhas vivem apavoradas. Toda noite, preparo a comida delas, mas elas não conseguem comer. Elas dizem que a noite chegou e irão morrer.”
O corpo mutilado de Eunice foi enterrado em segredo, em uma sepultura sem nome.
O conselho da cidade também teve a precaução de envolver o caixão em concreto para desencorajar ladrões de sepultura.
Ao lado da cova da filha, Mary não consegue conter o choro.
Ela diz: “Eunice era uma boa grota. É terrível estar ao lado de sua cova. Eu gostaria que fosse bonita como as outras. É triste vê-la assim, envolta em concreto cinza.”
Os assassinatos de albinos, que começaram na Tanzânia, já se espalharam para os vizinhos Burundi e Congo, onde pelo menos 12 vítimas foram massacradas e tiveram partes de seus corpos roubadas.
Devido ao defeito genético que afeta a pigmentação da pele, albinos sofrem taxas anormalmente altas de câncer de pele e possuem olhos ultra-sensíveis.
Isso os torna ainda mais vulneráveis a ataques, além de tornar escrita e leitura extremamente difíceis.
Shida diz: “É difícil abrir meus olhos durante o dia. Sinto como se estivesse pegando fogo, quando estou do lado de fora. O sol queima meus braços inteiros. Eu adoraria ir á escola e aprender. Eu gostaria de saber ler, mas não sei.”
Diversas instituições de caridade estão trabalhando para melhorar as condições do 270.000 albinos tanzanianos.
Entre elas, a Sociedade dos Albinos da Tanzânia, criada para combater o alastramento das crenças dos feiticeiros no vasto país de 40 milhoes de habitantes.
Parte da verba do grupo vem da organização britânica Action On Disability and Development.
Under The Same Sun é uma instituição local que luta pelos direitos dos albins e apóia a escola primária Mtindo.
Aqui, 100 crianças albinas são educadas com segurança atrás de altas cercas de arame farpado, sob os atentos olhos do professor Samuel Mluge.
Samuel conta: “Ser albino na Tanzânia traz muitos problemas. Pessoas com albinismo não têm empregos. Outroa não crêem que possam crescer e fazer algo produtivo.”
O professor Murray Brilliant, da Universidade do Arizona, é um dos maiores especialistas do mundo em albinismo.
Sensibilizado pela história de Shida e Semeni, ele recentemente viajou até Mwanza a fim de tentar garantir a segurança das garotas.
Ele diz:”É realmente um conceito estranho esse de caçar e matar pessoas baseado na cor da pele. É importante que se mude a percepção a respeito das pessoas com albinismo aqui, porque trata-se de seres humanos. As pobres crianças estão sujeitas a horríveis queimaduras solares e ao câncer de pele. A luz é tão brilhante que elas têm que franzir os olhos. Cai a escuridão e elas não sabem se essa será sua última noite.”
Felizmente para as irmãs Mathias, o professor Brilliant ajudou-asa conseguir um lugar na escola para albinos de Samuel, e, por ora, seus futuros parecem promissores.
“Estamos felizes agora porque sabemos que não estamos sós. Se conseguirmos educação, poderemos ter uma vida normal”, diz Shida.
Infelizmente, o martírio de milhares de outros albinos tanzanianos continua, com a ameaça de morte ainda sobre suas cabeças, como o escaldante sol africano.

(Encontrado em http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/woman/real_life/2727210/I-heard-my-albino-daughter-being-hacked-to-death-for-her-legs.html)

5 comentários:

  1. Já havia colocado um vídeo no blog esta semana. vou anexar um link para este post, ok?
    beijinhos!

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  2. Que absurdo!!!!Fico muito chocada, e oro a partir de agora, para que Deus olhe por essas pessoas que estão sendo perseguidas, dessa maneira tão desumana. Ás vezes é difícl acreditar no que um ser humano é capaz de fazer com o seu semelhante. Gostaria de poder mudar o mundo!

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  3. Ouvi sobre esta noticia numa reportagem da revista epoca sobre o padre Fabio Mello e Gabriel Chalitta e o padre comentou sobre este assunto ! Fiquei chocado, entristecido e desacreditado na recuperação de que tem coragem de uma atrocidade dessa. Que tristeza... que falta de espirito..! Que Deus cuide das crianças desses paízes...

    Célio E.M.C. São Paulo / SP

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  4. Quando soube do que acontecia com os albinos na Tanzânia fiquei estarrecido, de imediato fiz um abaixo-assinado sem conferir se havia outros. Se lhe interessar publicar e fazer propaganda da petição no seu site, fique a vontade: https://secure.avaaz.org/po/petition/Fim_do_preconceito_e_assassinato_de_albinos_nos_paises_africanos_em_particular_na_Tanzania/?tlvmNab

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  5. https://secure.avaaz.org/po/petition/Fim_do_preconceito_e_assassinato_de_albinos_nos_paises_africanos_em_particular_na_Tanzania/?tlvmNab

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