sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O SOM DA MUSA

Roberto Rillo Bíscaro

Há alguns anos, o Carlos Eduardo gravou um CD e disse que eu gostaria. Demorei dias pra pôr no CD player, mas depois que pus não queria tirar mais. Achei maravilhosa aquela banda que tinha um vocal meio Queen, meio Radiohead; que ia de quase hardcore a rock progressivo em menos de 30 segundos; que tinha aspirações a fazer musica “clássica” ao mesmo tempo que pop. Fiquei impressionado porque eles faziam em 4 minutos e meio, o que o Yes levava um lado inteiro dum álbum pra fazer! Variações melódicas, firulas guitarreiras e tecladeiras e muito, mas, muito drama mesmo! Prog rock, Queen e Radiohead na veia, ou seja, anos 70 informados pelo experimentalismo 90s e do século XXI do combo oxfordiano de Thom Yorke.

O nome da banda também não era nada bombástico: Muse! Virei fã na hora e a banda inglesa passou a ser meu filhote favorito do Radiohead. OK, gosto bastante do Keane e do Travis, mas Muse é puro drama, puro excesso e eu gosto mais disso!

Mas, parece que eles tinham um pouco de “vergonha” de liberar esse excesso. Sei lá, por mais que eu detectasse todas essa influências na banda, faltava eles “saírem do armário”. Sou fã absoluto de rock progressivo dos anos 70, e estou plenamente acostumado a excessos sônicos e vocálicos! E achava que, no fundo, o que o vocalista/guitarrista Mathew Bellamy realmente desejava era ser um “divo” à la Freddie Mercury. Nota: não sei e nem estou interessado na sexualidade de Bellamy. As alusões a “sair do armário” e “divo” são puramente metafóricas aqui.

Pois não é que em setembro passado meu sonho se tornou realidade? Muse lançou o álbum The Resistance e todo o excesso que eu queria veio à tona! O disco é puro drama, puro Queen (desapontarei a muitos agora: tenho apenas um álbum do Queen...), puro prog rock!

Tá tudo exagerado: Bellamy vai do sussurro ao grito; em algumas faixas seus vocais estão em camadas superpostas. Há solos de guitarra executados com gusto e orquestras completas tocando trechos de Chopin e também canções do próprio Muse. E tudo isso concebido por Bellamy! O galope de guitarra e bateria de bombástica Knights of Cydonia, faixa de encerramento do álbum anterior, já apontava o caminho trilhado no álbum deste ano. Pena que não consigo mais achar o vídeo no You Tube, mas trata-se duma mistura de ficção científica com ópera rock e spaghetti western!

Letras sobre ficção científica, (uma delas bilíngüe), compõem este cenário de glam e ópera rock, onde tudo é bombástico, apresentando canções com títulos como Exogenesis: Symphony, dividida em 3 partes: Overture, Cross Pollination e Redemption. Quer mais progressivo do que isso?

Como estamos em 2009 e os meninos cresceram ouvindo não apenas Queen, Radiohead e prog rock, há um momento onde algum produtor contemporâneo parece ter cruzado com o Depeche Mode (Undisclosed Desires). Não ficou muito bom porque não combina com o resto do álbum. Não sei quais os singles escolhidos pra promover o álbum; talvez essa faixa seja algum aceno mais comercial do grupo. Mas, tudo bem, influência do Depeche nunca matou ninguém, né?

Muse é o rock progressivo do capitalismo tardio: não há mais tempo pra longas suítes sinfônicas durando um lado dum vinil, então tá tudo encapsulado em canções mais curtas. Não há como negar que o esforço de concentração é imenso. E funciona!

Abaixo, a faixa de abertura de The Resistance.

Um comentário:

  1. Olá ! Caso queira ter contato com trechos do livro "YES - Uma Rara Música de Quinteto" com 208 páginas inteiramente dedicadas ao YES, favor procurar no GOOGLE PESQUISA. Escreva a seguinte frase: YES UMA RARA MÚSICA DE QUINTETO EM LIVRO. Caso queira adquirir o livro, procure-me no Orkut. Me chamo Manoel Décio Estigarribia. Estou fazendo divulgação apenas pela internet, portanto, este livro não é encontrado nas livrarias. O preço do exemplar é de R$ 28,00 já incluindo a postagem registrada e autografada para qualquer parte do Brasil.

    Divulgação cultural. Atenciosamente, o autor.

    ResponderExcluir