sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

RELATÓRIO DA CRUZ VERMELHA - II

Mais um trecho do relatório elaborado pela Cruz Vermelha a respeito da crise que os albinos enfrentam em partes da África.

A história do paciente com câncer.

EVODE MAPUNDA
Dar es Salaam


Até recentemente, Happy Mapunda teria se considerado justamente batizada. Ela vivia com seu marido albino Evode, 34 anos, na cidadezinha de Songea , no extremos sul da Tanzânia, onde ele trabalhava como professor primário – ocupação comum entre os albinos que, a despeito de todas as dificuldades, conseguem adquirir alguma educação.
Happy, 30 aos, diz que seu marido era um homem atraente. Seu casamento foi abençoado com 5 filhos, incluindo 2 pares de gêmeos, todos negros.
Agora, ele está em uma cama numa ala do hospital nacional do câncer em Dar es Salaam, onde chegara em estado crítico, após uma viagem de 12 horas de ambulância.
Lutando contra as lágrimas, mas falando em tributo a seu amado marido, Happy explica que ele já passou por 8 das 10 sessões planejadas de radioterapia, mas não tem certeza se ele passará por todas.
“Ele não consegue comer ou falar há 3 dias”, explica. Comida e fluidos simplesmente escapam pelo buraco em seu pescoço, criado pelo câncer de pele. Mesmo perto do fim, Evode mantém o ar professoral, refinado. “Ele vive dando adeus”, afirma Happy. ‘Adeus, adeus. Cuide das crianças. Diga adeus a meus pais e a meu pároco.’ Não sei como farei com as crianças. Os pais de Evode também são muito velhos.”
Happy, que trabalha em um pequeno terreno perto de casa, recorda-se de que quando as histórias sobre os assassinatos de albinos na região dos Grandes Lagos começaram a aparecer nos jornais, Evode “sentiu-se ameaçado” e se perguntou em voz alta se as mortes se espalhariam para o sul. “Mas, não houve mortes de albinos no sul”, ela conta. Em termos albinos, ele tinha sido um dos sortudos, com um emprego longe do sol. Não foi o bastante.
Pós- escrito: Evode Mapunda completou seu ciclo de radioterapia, mas recebeu alta do hospital em 12 de outubro de 2009 para morrer em casa, em Songea.


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