Esta é a semana de temas polêmicos em meu aparelho de DVD. No domingo, vi o documentário norte-americano sobre Bíblia e homossexualidade (ver a postagem A BÍBLIA DIZ, de 29 de novembro). Esta noite, assisti a uma produção da BBC sobre suicídio assistido: o telefilme A Short Stay in Switzerland (2009).
A doutora Ann Turner tem 3 filhos e é médica bem sucedida. Seu marido também é médico, mas adquire uma doença degenerativa que o deixa inválido em uma cadeira de rodas, sem controle algum de suas funções motoras e fisiológicas. O marido falece e, no momento em que a viúva e seus filhos espalham suas cinzas em um rio, percebemos que há algo de errado também com a Dra. Turner. Após uma série de quedas, descontroles e mudanças repentinas de humor, ela vai ao médico e recebe o diagnóstico: possui doença degenerativa ainda mais agressiva do que a do esposo.
Parece coisa de dramalhão ou coincidência forçada de ficção. Mas, não é. O roteiro é baseado na história real de Ann e sua família. Lembro-me do caso, que, em 2006, ganhou notoriedade mundial.
Em vista da inexorabilidade da degeneração progressiva, a médica escolheu se suicidar. Como as leis britânicas não permitem que profissionais de saúde auxiliem pacientes terminais a porem fim em suas vidas, a Dra.Turner viajou para a Suíça, onde o suicídio assistido é legal. A história foi revelada à imprensa apenas depois da morte da paciente.
Além do drama da doença, o filme também tematiza a resistência inicial dos filhos em ajudar a mãe, seu sentimento de culpa ao aceitarem ajudá-la e as conseqüências legais que enfrentariam por auxiliar em um ato contra a lei.
Diversas facetas do assunto são abordadas sempre através de diálogos; o filme nunca cai numa exposição didática a respeito dos prós e dos contras do suicídio. Os roteiristas sabiam que não faziam um documentário, mas sim ficcionalizavam uma história real com tema explosivo.
A película também não cai no dramalhão fácil. Claro que no final é muito difícil não se emocionar com a Dra. Turner se despedindo de sua gata ou com a emocionalmente forte cena de sua morte. Entretanto, abundam as farpas e comentários auto-depreciativos e sarcásticos, tão típicos de certo humor britânico.
Julie Walters ganhou o Emmy internacional de melhor atriz por esse filme, na semana passada. A intérprete está soberba no papel central. Lembrou-me a tour de force de Emma Thompson, no também demolidor Wit, sobre câncer. Walters tem que mudar de postura e de dicção diversas vezes pra representar os diferentes estágios de degeneração física e psicológica da personagem.
A história da Dra. Turner é sobre o direito individual de tomar suas próprias decisões e fazer as escolhas que julgar corretas a respeito de seu corpo, de sua vida, e no caso, de sua morte.
A Short Stay in Switzerland é história comovente e adulta, que pode servir como ponto de partida para muitas discussões.
(Pros que entendem inglês, alguém colocou o filme no You Tube. Eis a primeira parte)
Concordo inteiramente com a doutora, se fosse comigo, algo irremediável e que me roubasse o direito de viver com dignidade, tbm escolheria partir. Eu já era a favor da causa e um filme que me impactou mais ainda foi 'mar aberto', com Javier Barden, tbm baseado em história real. outro que trata de assunto afim é o 'o escafandro e a borboleta', não fala de suicídio assistido, mas de superação, de gana, de vontade de transpor as imposições da vida e deixar a marca de nossa existência por aqui. muito bom, baseado em historia real tbm.
ResponderExcluirMuito triste o filme. Chorei demais!!! Acho que jamais tomaria uma decisão dessa.
ResponderExcluirMuito triste, principalmente por ter tirado sua própria vida.Minha convicção é que Deus nos deu a vida e somente Deus pode tira-la.Jesus disse em tua palavra ,no mundo vocês terão aflições ,mas tenham coragem eu venci o mundo.
ResponderExcluireu? tirar minha vida e ir para o inferno? nada se compara com a gloria que nos há de vir...
ResponderExcluirconcordo plenamente!
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