sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ATÉ 2011!

Última postagem do ano. Especial pra desejar aos leitores um excelente 2011, pleno e absoluto de realizações. Farto de amor e comida. Robusto de saúde. Energético de lutas pra fazermos um mundo melhor.
Agradeço os comentários, sugestões e críticas recebidas o ano todo. O estímulo, apoio e carinho de todos servem de combustível motivador, especialmente nas horas em que manter o blog toma tanto de meu tempo.
Em 2011, conquistaremos novas vitórias e faremos novos amigos e aliados. A minha parte, prometo continuar fazendo.
Até o ano que vem!
FELIZ ANO NOVO! 

TURISMO INCLUSIVO

A inclusão aplicada ao turismo
Ricardo Shimosakai)


Por mais de 50 anos o paradigma da integração social nos guiou na elaboração de políticas e leis e na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades especiais de pessoas com deficiência. Consiste em adaptarmos as pessoas com deficiência aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de algumas dessas pessoas, criarmos sistemas especiais separados para elas.
Neste sentido, temos batalhado por políticas, programas, serviços e bens que garantissem a melhor adaptação possível das pessoas com deficiência para que elas pudessem fazer parte da sociedade. Por este paradigma, a sociedade continua basicamente a mesma em suas estruturas e serviços oferecidos, cabendo às pessoas com deficiência serem capazes de adaptar-se à sociedade. Este paradigma não mais satisfaz a compreensão que adquirimos recentemente a respeito de como deve ser a inclusão, que consiste em tornarmos a sociedade toda num lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. Então podemos citar como alguns princípios básicos da inclusão a celebração das diferenças, direito de pertencer e a valorização da diversidade humana.
Algumas empresas e organizações ligadas ao turismo já vem aplicando o conceito de Turismo para Todos, ou Tourism for All como é denominado em inglês. Este conceito tem como base a inclusão, considerando que o turismo é um direito de todos, e que não deve haver diferenças na forma de tratamento de qualquer tipo de pessoa, respeitando suas características particulares. Somente reforçando, a deficiência é uma característica da pessoa, pois é algo que pertence à pessoa, assim como a preferência de alguém por comidas naturais, ou o medo de locais fechados, também são características pessoais, então devem ser respeitadas e não vistas como um defeito ou impedimento.
Importante é não confundir inclusão com integração. Um hotel, por exemplo, que possui uma parte de seus quartos adaptados. Isso é integração. Inclusão seria a pessoa com deficiência poder escolher qualquer quarto do hotel. No fundo integrar também é um ato de discriminação, afinal o ato de discriminar tem a ver com a separação e distinção. Possuir todos os quartos com acessibilidade, permite que as pessoas com deficiência não fiquem dependentes de um local diferenciado, pois em algumas situações reais pelas quais eu já passei, havia vagas no hotel, porém os quartos adaptados estavam ocupados por pessoas que não possuíam nenhum tipo de deficiência. Embora não se configure uma inclusão total, a orientação pelas normas de acessibilidade exigem que 5% do total de quartos sejam adaptados. Mesmo se o estabelecimento quiser seguir somente essa orientação, a acessibilidade deve atingir a todas as diferentes classes de quartos que o hotel possui (geralmente denominadas como standard, luxo, executivo, etc.), para que assim esteja em conformidade com a oportunidade de escolha.
O turismo também envolve serviços, onde a questão da inclusão também dever ser contemplada, mas para isso necessita de um olhar mais treinado, para que detalhes às vezes aparentemente pequenos, mas de grande importância, não passem desapercebidos. Somente prover o acesso físico em uma central de informação turística, não é contemplar a inclusão. Este tipo de serviço deve prestar atenção naquilo que oferece, pois por exemplo, indicar um teatro, restaurante ou hospedagem para um usuário de cadeira de rodas, sem que este mesmo não tenha acessibilidade é não prestar atenção nas características da pessoa, e desta forma o serviço pode se tornar sem efeito, além de trazer desconforto ou complicações para o cliente que o procurou e até para o estabelecimento visitado.
O Código de Ética Mundial para o Turismo, da Organização Mundial do Turismo (OMT), menciona que as atividades turísticas devem respeitar a igualdade entre homens e mulheres, devem tender a promover os direitos humanos e, especialmente, os particulares direitos dos grupos mais vulneráveis, especificamente as crianças, os idosos, os deficientes, as minorias étnicas e os povos autóctones. Além disso, também diz que o turismo das famílias, dos jovens e estudantes, das pessoas idosas e dos deficientes deverá ser encorajado e facilitado.
Fazendo um jogo com o significado desta palavra polêmica, a partir do momento que o trade turismo se movimentar, enxergando a pessoa com deficiência como um grande cliente em potencial, estará incluindo em sua empresa um posição mais respeitada perante a sociedade, além de mais uma fonte de dinheiro para alimentar seu caixa.
(Encontrado em http://www.inclusive.org.br/?p=18255

(Antes de formar o Eurythmics, Anne Lennox e Dave Stewart integravam um grupo chamado The Tourists.) 

MODA ANDALUZ

Um dos destaques deste ano no blog foi a produção de Andaluz, dirigido por Guilherme Motta. O telefilme traz pela primeira vez um protagonista albino, interpretado por um ator albino (Flávio André Silva).
No blog da produtora de moda Daniela Porto, que fez consultoria pra produção, encontrei algumas fotos das filmagens. Veja
http://donamocinha.wordpress.com/2010/08/27/andaluz-filme/

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

REDUNDANTE?

Lei sobre bloqueador solar é redundante, afirma prefeito

Valdelice Bonifácio

O prefeito de Campo Grande Nelsinho Trad (PMDB) argumentou hoje que vetou projeto de lei da Câmara dos Vereadores que previa o fornecimento gratuito a pessoas carentes vítimas de queimaduras ou portadoras de lúpus eritematoso, câncer de pele, vitiligo ou albinismo porque já existe uma lei no mesmo sentido. “Seria uma redundância sancionar esta lei”, disse hoje pela manhã durante entrega de carnês do IPTU nos Correios.

Contudo, no texto do veto publicado hoje em Diário Oficial o prefeito apresenta outras alegações. Cita que a matéria é inconstitucional ao invadir a competência do Poder Executivo. Ademais diz que o projeto não aponta de forma clara a que secretaria caberia as despesas da lei se a de saúde ou de assistência social.
(Encontrado em http://www.midiamax.com/noticias/735375-lei+sobre+bloqueador+solar+redundante+afirma+prefeito.html)

MENTES QUE BRILHAM

Desmistificando o mundo dos superdotados
Através da história de João Victor, garoto recentemente diagnosticado com superdotação, podemos conhecer melhor a realidade das pessoas com altas habilidades
Eduardo Nascimento, Jéssika Gonzalez e Leonardo Sá

Quando João Victor tinha quatro anos de idade, começou a ter problemas na escola. Era um aluno agitado e ansioso, e constantemente era enviado à direção do colégio. Os pais chegaram a cogitar a possibilidade de João ser hiperativo – a resposta, entretanto, viria mais tarde: aos seis anos, João é diagnosticado superdotado. Mas o que é a superdotação? A redação da Rede SACI conversou com psicólogos, instituições e conheceu a história de João Victor, com a qual inaugura sua série de matérias mensais. Boa Leitura!

A superdotação não é uma deficiência, mas é uma excepcionalidade que pode causar certas dificuldades para quem a possui. De acordo com a professora de psicologia da USP, Iraí Cristina Boccato, é uma capacidade de “perceber coisas melhor, resolver problemas e ser mais rápido em decisões”. Harold Gardner, psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, aponta a existência de múltiplas inteligências, como inteligência lingüística, matemática, etc. De acordo com Iraí, o superdotado tem potencial para todas as inteligências, mas não necessariamente vai desenvolvê-las em sua totalidade.

Estima-se que de 1% a 5% da população mundial seja superdotada, o que, no Brasil, equivaleria a quase dois milhões de pessoas. Num estudo realizado em 2009, a Secretaria da Educação de São Paulo identificou 1.022 alunos superdotados dentre os cerca de 5 milhões da rede estadual. No entanto, nas estimativas mais pessimistas pelo menos 50 mil seriam superdotados, o que demonstra que muitos cérebros não são identificados ou não encontram ambiente para demonstrar suas habilidades.
Nem sempre a superdotação será traduzida em sucesso pessoal, social ou profissional e, no caso das crianças, alunos superdotados podem não ter um ótimo rendimento escolar. A superdotação depende da hereditariedade, mas também de um ambiente favorável para o desenvolvimento desse potencial. “Ainda não se descobriu uma receita para criar gênios”, brinca Iraí.
A professora considera positiva a ideia de uma escola especial para superdotados, pois “o problema é que numa classe regular ele pode não ter desafios”. No entanto, não há instituições do tipo no Brasil.
João Victor: a surpresa na família
João estudava em uma escola particular em Itaquaquecetuba, município vizinho à Poá, onde reside atualmente com a família. Com a inabilidade do colégio em tratar sua superdotação, o garoto passou a sofrer uma série de represálias e começou a ficar deprimido e desmotivado. Então, os pais decidiram mudá-lo para uma escola da rede pública de Poá.“[Ele] está tendo uma certa correspondência, a professora está mais empenhada em nos ajudar nessa descoberta que tivemos. Estamos todos mobilizados”, diz Marcos Doneda, pai de João.
Após ter feito o teste WISC - que diagnostica o Q.I. indiviual e, a partir daí, a superdotação -, a família ficou sem saber como agir. Se, por um lado, sabiam que deveriam estimular o filho a desenvolver suas habilidades, por outro não queriam sobrecarregá-lo. “Se começarmos a dar muitas atividades, vamos exigir muito dele”, diz Michele, a mãe. João já faz um curso de inglês aos sábados, fruto de uma bolsa de estudos conquistada em um concurso de redação promovido pela antiga escola - no concurso, que iria premiar o 1º e o 2º lugar com bolsas de estudo de 100% e 50%, ele ganhou a integral (o 2º lugar ficou com uma aluna da quarta série). Além disso, o garoto exercita uma das suas grandes paixões, o desenho, em aulas semanais de pintura em tela.
Quando a professora de sua nova escola ficou sabendo da superdotação do garoto, logo contactou a prefeitura do município. A intenção era informar a existência de um aluno superdotado na rede pública afim de pressionar o governo local para adequar o ensino a esse tipo de caso. A prefeitura estava com a intenção de realizar novos testes para averiguar se João tinha mesmo altas habilidades. “Conversamos com a pediatra, com a neuropsicologa e todos falaram que ele não vai servir de cobaia porque já foram feitos testes. Está tudo documentado”.
A escola chegou a pensar em remanejá-lo de sala, para adequar o menino a um nível de ensino que lhe fosse satisfatório. “Queriam era avançar o João, na aula de Português, para o terceiro ano" diz a mãe. Mas a preocupação em não forçar o desenvolvimento precoce inteligências emocionais e racionais foi maior: “Ele tem o pensamento um pouquinho mais avançado, mas o comportamento dele é de uma criança. Ia chegar uma hora em que ele iria repetir”, acredita Michele.
Em casa, João demonstra sua liderança. É ele quem sempre escolhe as brincadeiras e os jogos, quer seja quando vai brincar com o seu irmão mais novo ou quando nós, da equipe, brincávamos com ele. Às vezes, João mal começa um jogo, logo se desinteressa e parte para o outro. Os pais notam uma grande disposição no garoto para fazer tudo aquilo pelo que se interessa - assim como uma indisciplina no que tange os assuntos que lhe são desinteressantes. Muitas vezes, dizem Michele e Marcos, ele erra as atividades da escola propositalmente para não ter que fazê-las.
As aulas de pintura são sua grande distração. Inicialmente João começou a fazer as telas pintando moldes, com orientação da professora. Há dias em que está mais inspirado e que, mesmo quando os pais chegam para buscá-lo, ele ainda está pintando. Às vezes João pinta quadros em casa também, mas nesse caso utiliza concepções próprias. Seu primeiro quadro foi um Mickey, que deu para o tio. O segundo foi uma bonita enseada, com que presenteou a avó. O terceiro foi um gatinho colorido, com claras inspirações nos quadros de Romero Britto, que entregou para o pediatra. Claramente, para João não basta fazer: ele precisa mostrar para os outros o que faz
Há quem pense nos superdotados: a APAHSD
A Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação (APAHSD) foi criada em 2005 com o intuito de ajudar no desenvolvimento de pessoas superdotadas e orientar seus familiares. A associação sobrevive apenas de doações e oferece também um curso de capacitação de professores.
Para lá são encaminhadas crianças de 2 a 17 anos, de todo o estado de São Paulo, que realizam diversas dinâmicas, exercícios e conversas para a identificar se há superdotação. Desta forma, após observadas por profissionais, as crianças ficam livres para escolher quais atividades desejam realizar, como dança, música, teatro, reforço escolar, idiomas e etc.
Alexandre Barbosa Valdetaro, responsável pela parte jurídica da APAHSD e professor de música na associação, conta que a dificuldade em lidar com o tema cresce proporcionalmente à idade. A maioria das crianças que recebem até os sete anos de idade a criança é superestimulada pelos pais e familiares, mas dessa idade até doze anos configura-se um período de tormenta para o superdotado. Para ele, o problema é primordialmente pedagógico, falta preparo na sociedade para receber esse indivíduo. Alexandre diz: “Temos que tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais”.
“É um círculo vicioso, porque falta interesse público quanto ao tema e, assim, não há divulgação ou medidas governamentais relacionadas à superdotação. Sem informação, não há diagnóstico e, sem o conhecimento do problema por parte da maioria da população, por que existiriam campanhas públicas?.” Para o professor, na falta de um diagnóstico correto, a criança é taxada como ‘estranha’, ‘desajustada’ e muito comumente tida como hiperativa.
Alexandre também vê padrões em relação às classes sociais que frequentam. Há poucas crianças pobres na associação, de acordo com ele, isso acontece porque o abandono escolar é maior nessa faixa, e a escola é o principal local de percepção da superdotação.
Já para as crianças da classe média é mais comum que, quando começam a se comportar mal na escola, seus pais as encaminhem a um psiquiatra, que medica a criança. Inicia-se, assim, um processo de desmedicação, pois superdotação não é doença. Por último, as classes mais ricas são as que mais têm acesso a informações e, uma vez identificadas as altas habilidades, muitos superdotados são mandados para outros países, que oferecem melhores recursos em educação especial.
(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=30861)

TETA ALBINA

O albinismo segue inspirando nomes de sites e blogs de humor.
Minha mais recente descoberta foi o blog Tetas de Frango Albino.
http://tetasdefrangoalbino.blogspot.com/

TELONA QUENTE 13

MUSAS TRASH
A problemática Lindsay Lohan serviu de inspiração pra criação da personagem central do filme Dogs in Pocketbooks. Segundo o roteirista Charles Casillo, a história girará em torno de uma jovem atriz que entra e sai de clínicas de desintoxicação, tem problemas com a lei e é perseguida por papparazzi predatórios. Depois que o produtor fez essa declaração, a família Lohan ameaçou processar e o moço amenizou um pouco dizendo que não se tratava especificamente de LiLo, mas sim de uma compilação de celebs barraqueiras como Paris Hilton e Britney Spears.
A modelo Lydia Hearst Shaw, cotada pra encarnar a LiLo fictícia, tuitou que não estava envolvida no projeto, depois da ameaça da advogada dos Lohan. O carnaval de mídia está fervente em torno desse assunto, o que deve ser ótimo pro projeto, que sequer decolou. A família Lohan declarou que se Lindsay é a musa da história, merece compensação monetária.
Em setembro, começou a ser veiculado um comercial de TV que traz uma bebê chamada Lindsay, viciada em leite (milkaholic). Dina Lohan, mãe da bad girl, acredita que tem grandes chances de ganhar um processo contra a empresa pela suposta alusão ao vício da filha, que no momento está na clínica Betty Ford, de novo em rehab.
No elenco de Dogs in Pocketbooks, também estaria Joan Collins, a legendária Alexis, de Dynasty, sucesso absoluto nos anos 80. A diva contou ao tablóide inglês The Sun, que interpretará uma mulher sexy, agressiva e poderosa, empresária da personagem central. Acrescentou que o filme é uma sátira à obsessão que cerca o culto às celebridades.
As baixarias de LiLo/Paris/Brit combinadas com uma reencarnação de Alexis Morel Carrington Colby Dexter fazem a gente se morder de ansiedade pra que o filme seja lançado logo!

CIA
Clint Eastwood dirigirá uma cinebiografia do ex-todo poderoso da CIA, o infame J. Edgar Hoover, responsável pela caça aos supostos comunistas nos anos 50. Também aos gays, mesmo ele próprio sendo do babado. A inglesa Judi Dench está confirmada no elenco, que poderá contar ainda com Charlize Theron.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CONTANDO A VIDA 17

Na última crônica do ano, o Professor Sebe invoca pagãos e cristãos pra discutir o tratamento dos animais. Nem mimo desmedido, nem crueldade. O recomendado é a pon/moderação.


O BICHO HOMEM E OS ANIMAIS...
José Carlos Sebe Bom Meihy

Dia desses veio à mente a famosa frase de Aristóteles “o homem é o único animal que ri”. Fico pensando no significado dessas palavras frente ao acalorado debate sobre o tratamento dos animais na atualidade. Devo dizer que este tema sempre me perturbou, pois nunca aceitei direito o tratamento exagerado que certos bichos recebem em contraste com parte considerável da condição humana. Salão de beleza, festas de aniversário, butique de roupas, hotéis e até taxidog (táxis especiais que transportam passageiros com cães, ou apenas os bichos), coisas tais, me assustam e fazem duvidar do teor humano das pessoas.

Por favor, não pensem que sou contra animais. Não. Até gosto muito, mas com tratamento parcimonioso, justo, na medida. De toda forma, ao saber que os pet shops se situam entre os cinco negócios que mais crescem no Brasil, dei vazão a uma curiosidade e detive-me na busca de raízes explicativas. Lembrei-me logo dos dizeres de São Tomás, atento a provar nossos compromissos com Deus. Na “Suma Teológica”, a indicação da hierarquia dos seres vivos aflora dizendo que “os animais conhecem a coisa que é fim... mas não conhecem as razões do fim”. Nesse sentido, no ensinamento do sábio da Igreja, estava consubstanciada uma pressuposição derivada do Gênesis: “então Deus disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra. E Deus criou o homem à sua imagem. E Deus os abençoou e lhes disse: sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres vivos que rastejam sobre a Terra” (Gênesis 1: 26-28 ). Pois bem, esses pressupostos tiveram tantas conseqüências que hoje vivemos o primado da ilógica no tratamento dos “seres vivos não humanos”.

Basicamente, temos três cenários explicativos sobre o que acontece na relação de humanos X animais. Um é a domesticação, que leva à guarda zelosa e ao uso como proteção; outro é a industrialização desmedida válida para fim alimentar e também a aplicação para pesquisas científicas, feita em laboratórios. No geral, preferimos não tocar no assunto e achar engraçadinhos ou extravagantes os cuidados extremos; valorizar os churrascos sem levar em conta o peso da pecuária na natureza ou ligar para o que padecem os bichinhos nos experimentos científicos. Todas as alternativas esbarram em questões éticas, sérias e conseqüentes. Dessas formas de tratamento, uma me chama mais a atenção, a última.
Em 2006, vi um documentário sensacional produzido pelo “Instituto Nina Rosa”, num projeto chamado “Por amor a vida”. O filme intitulado “Não matarás” tinha uma mensagem de apelo irrecusável: o amplo desconhecimento do que se passa nos laboratórios onde, apenas na Europa, a cada três segundos morre um animal vítima desses testes. A conseqüência imediata desta conclusão levou a Comunidade Européia a decretar que a partir de 2009, não mais serão aceitos para venda os produtos testados em animais. Muitos acham que é preciso superar o argumento de que isso se dá por sentimentalismo barato. Outros, além de mostrar que há alternativas, apontam para um comércio novo, dotado inclusive de mecanismos de espionagem e trafego internacional.

Há bons textos discutindo o assunto em maior profundidade, mas de muitos destaco a passagem genial de João Paulo II, em 1988, na “Solicitude Social da Igreja”, onde diz textualmente “o domínio conferido ao homem pelo Criador não é um poder absoluto, nem se pode falar de uma liberdade de ‘usar e abusar’, ou de dispor das coisas como melhor agrade” e conclui “nas relações com a natureza visível, nós estamos submetidos a leis, não só biológicas, mas também morais, que não podem ser impunemente transgredidas”. Fecho esta reflexão voltando a Aristóteles e me perguntando, se o homem é o único animal que ri, no caso do tratamento dos animais, rimos de quê?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SEM MEDO

Mulher que não sente medo pode ajudar cientistas a tratar fobias

Paciente disse que já foi ameaçada com arma de fogo e não teve medo

Uma mulher que não vivencia a sensação de medo é a última esperança dos cientistas para tratar fobias extremas e transtornos de estresse pós-traumático.

SM, uma mãe de dois filhos e 44 anos que permanece anônima, serviu de "cobaia" para pesquisadores da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, estudarem os efeitos da ausência de uma estrutura cerebral responsável pelas emoções.
Em um raro caso, a paciente teve as chamadas amígdalas cerebrais destruídas por uma doença. Essas estruturas em forma de amêndoa, uma de cada lado do cérebro, são conhecidas dos cientistas por estar associadas à geração de medo em animais, de ratos a macacos.
Em um estudo publicado na revista científica Current Biology, os pesquisadores afirmam que, pela primeira vez, é possível confirmar cientificamente que a ausência da amígdala também impede a experiência do medo em humanos.
"Para provocar medo, expusemos SM a serpentes e aranhas vivas, a levamos para um passeio em uma casa assombrada e lhe mostramos filmes de grande apelo emocional. Em nenhum momento ela manifestou medo, e nunca disse ter sentido senão níveis mínimos de medo", escreveram os cientistas.
"Da mesma forma, ao longo de uma bateria de questionários de perguntas e respostas (avaliando o receio dela de morrer ou falar em público, por exemplo), três meses de amostras de experiências na vida real e uma história de vida repleta de eventos traumáticos, SM repetidamente demonstrou ausência de manifestações abertas de medo, e pouca experiência geral de medo."
Os pesquisadores disseram ter ficado especialmente impressionados com a reação dela às cobras e serpentes vivas. Levada para uma loja de animais de estimação, SM começou a tocá-los imediatamente, "de curiosidade".
Além disso, SM declarou ter passado por situações violentas potencialmente traumáticas – ela teria sido ameaçada com faca e arma de fogo, por exemplo –, sem manifestar nenhum temor.
"Sem a amígdala, o alarme no cérebro que nos impede de evitar perigo fica ausente", sintetizou o coordenador do estudo, Justin Feinstein.
"A paciente se aproxima exatamente das coisas que ela deveria evitar. Ao mesmo tempo, surpreendentemente, ela tem consciência do fato de que deveria evitá-las. É bem impressionante que ela ainda esteja viva."
Tratamento
Apesar de sua falta de medo, SM é capaz de manifestar outras formas de emoções básicas e experimentar os sentimentos respectivos, disseram os cientistas.
Eles acreditam que as conclusões do estudo podem ajudar a direcionar o tratamento de pacientes com fobias extremas ou transtornos de estresse pós-traumático.
"No último ano, tenho tratado veteranos de guerra retornando do Iraque e do Afeganistão que sofrem com estresse pós-traumático. As vidas dessas pessoas são impregnadas de medo, às vezes eles não conseguem sequer sair de casa devido ao sentimento onipresente de perigo", disse Feinstein.
Para o co-autor do estudo, Daniel Tranel, "psicoterapia e medicação são as opções existentes de tratamento de estresse pós-traumático, que poderiam ser refinadas e desenvolvidas com o objetivo de visar à amígdala".
(Encontrado em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101217_mulher_sem_medo_pu.shtml?print=1)

AVÔ DO CSI

Roberto Rillo Bíscaro

Desde setembro tenho visto quase exclusivamente filmes dos anos 40 e 50, com ênfase nos noires, thrillers e policiais. Já vi dezenas; tantos que ás vezes esqueço que a vida real é colorida.
Astros e estrelas esquecidos, semi-olvidados ou desconhecidos pra mim, como Lizabeth Scott, espécie de Lauren Bacall B, que trabalhava bem, mas terminou a carreira ainda nos anos 50.
Descobertas interessantes, como encontrar em um filme de 1951, uma canção instrumental de fundo que dá pra cantarolar a letra dum clássico brasileiro dos anos 60. É idêntica!
O impacto da psicanálise nos filmes dos anos 40/50 é avassalador. Ela explica tudo; psiquiatra tem mais poder que xamã! Hipnose é fácil e rapidamente usada pra induzir ao crime.
Cenas que seriam copiadas ad nauseum por n diretores, tramas que seriam recicladas ad infinitum. Tanta coisa que dizem ser “superoriginal”, mas já foi feito há 60 anos, em alguma produção noir B. E tem cada produção barata que bate muito filme A, acreditem.
Minha mais recente descoberta foi Mystery Street (1950), um avô das séries tipo CSI. Uma moça é assassinada e através da medicina forense da época, descobrem idade, peso, altura, tipo de rosto. O All Movie Guide diz que não se tratou do primeiro filme a usar esse ramo da medicina, mas foi o primeiro onde ela foi usada como mola pra descoberta do assassino. Fotos sobrepostas em caveiras e projeções de altura a partir de tamanho de ossos, talvez se constituíssem em diversão garantida pros fãs de CSI mais propensos á arqueologia fílmica.
Mystery Street traz mais novidade, porém. O ator principal é o mexicano Ricardo Montalban, figura sempre meio B e de TV nos EUA, devido ao sotaque. Até pouco tempo, TV nos EUA era pra ator de segunda, iniciante ou decadente. Lembro-me de Montalban em A Ilha da Fantasia, nos anos 70. Aquele seriado que tinha um anão, o Tatoo, lembram? Eles viviam numa ilha e realizavam sonhos dos hóspedes. Meigo demais pro meu gosto, nunca dei bola pra série, mas lembro de Montalban. Também lembro dele em Dynasty/The Colbys, como Zack Powers, ardiloso milionário. Aí já era mais minha praia e pude curtir mais o trabalho e o (tênue) sotaque dele.
Em Mystery Street chega-se a tangenciar o problema do preconceito étnico, por causa do sotaque do detetive Moralez. Moderno pra época. Claro que a gente dá um desconto de Moralez trabalhar na área de cerca de Boston, que teve forte imigração portuguesa (agora é lotado de brasuca...). Português, espanhol, mexicano, é tudo a mesma coisa, né? Ironias à parte, não podemos reclamar porque fazemos o mesmo com os termos turco, árabe e japonês!
Outra coisa me chamou a atenção no filme. Ninguém fuma! Ou se fuma é tão pouco que nem deu pra notar. Fumava-se tanto nos filmes das décadas de 40/50 que a gente tosse só de ligar o DVD! Adoro ver médicos consultando doentes e fumando!
Pra concluir uma vilã que rouba as cenas onde aparece. Mystery Street pode não ser clássico, mas diverte muito, 60 depois de lançado.
Esse garimpo tem sido uma grande aula de cine e continuará, uma vez que há pelo menos uns 20 filmes do gênero na fila. Sei que há mais pra descobrir; ontem localizei um noir do Kurosawa. Quero ver.

(Não achei trailer de Mystery Street, mas falar em street me despertou o desejo de ouvir esta canção.)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CAIXA DE MÚSICA 14


ARES ELETRÔNICOS ARGENTINOS

Roberto Rillo Bíscaro

Surgido nos subúrbios de Buenos Aires no século XIX, o tango virou símbolo musical da Argentina, além de sinônimo de sensualidade, devido à dança e de dor de cotovelo e drama, por causa das letras. Carlos Gardel é mundialmente conhecido e nome de estação de metrô portenha. Astor Piazzola incorporou elementos de jazz ao ritmo e levou o tango ao Central Park novaiorquino e a incontáveis trilhas de filmes. Mesmo assim, os tangueiros mais tradicionalistas não consideram tango o trabalho de Piazzola.
Se Piazzola é esnobado por milongueiros puristas, que pensarão da geração que, a partir de fins dos anos 90, fundiu tango e eletrônica, criando o eletrotango, ou tecnotango, ou fusion tango? Uma espécie de encontro entre Gardel/Piazzola com Kraftwerk. Rechaçados por muitos argentinos, os eletrotangueiros, não obstante, fazem sucesso na cena lounge e eletrônica mundial. Catapultado pelo sucesso do álbum de estréia do Gotan Project - trio franco-argentino que vende muito bem e emplaca canções em trilhas sonoras de comerciais de TV, filmes e desfiles de moda – o subgênero alastrou-se também pelo Brasil. O Bajofondo teve música na abertura de novela global (A Favorita) e o Centro Cultural Banco do Brasil organizou o festival Ponte Aérea Portenha – Eletrotango, em 2009. Os grupos Tanghetto, Otros Aires, Narcotango e San Telmo Lounge apresentaram-se em Brasília, Rio e Sampa.
Implicância à parte, a vertente eletrônica do tango pode ser frequentemente escutada como música de fundo pra telejornais e comerciais de TV em seu país de origem.
Em maio, o hispano-argentino Otros Aires lançou seu terceiro álbum de estúdio, intitulado Tricota. Fundado em Barcelona, em 2003, o grupo é formado por Miguel Di Genova (voz, guitarra/violão e sequenciaodres), Emmanuel Mayol (bateria e percussão), Omar Massa (bandoneón) e Diego Ramos (piano). A formação em arquitetura, de Genova, explica a preocupação em inserir elementos visuais nos shows, cujos trechos são facilmente encontráveis no You Tube.
Desde o primeiro álbum o Otros Aires investe na utilização de samples de tangos e milongas clássicos, salpicando-os com beats e bytes eletrônicos. Di Genova, no entanto, afirma que o Otros Aires não é um grupo de electronica. Antes, são tangueiros utilizando elementos da tecnologia no ritmo, pra inová-lo.
A dosagem entre o tradicional e o moderno nunca esteve tão equilibrada como em Tricota. Uma das faixas chama-se Tangwerk, título que entrega de bandeja a influência dos alemães do Kraftwerk. A canção é sintomática, porém. O início é totalmente Kraft, mas depois, embora eletronizada, a canção é um tangão sem vocais, delicioso. É como se os alemães ficassem por detrás dos argentinos. O peso da tradição cristaliza-se na colaboração com a Orquesta Típica Erica Di Salvo y Los Reyes del Tango.
Tricota alarga o escopo de informações musicais mixadas pela banda. Os 40 segundos iniciais de Mariposita dão a impressão dum daqueles jazz tocados em festa de filme de Woody Allen. Super Nova York! Logo, porém, entra o tango em ritmo e espírito, com uma letra que fala em “calvário” e “dolor”. Mas, o pianinho meio jazz tá lá no fundo. Tristeza de Arrabal fecha o álbum com um contracanto flamenco de arrepiar. Como o flamenco é encharcado de influências mouriscas, dá pra ver a distância pronde o grupo navega.
Junto a La Aurora traz um ar melancólico e campezino - que não soa como tango - inédito na discografia do Otros Aires. Linda melodia e letra, que apresenta cenas de vidas urbanas “Reza la puta pa’ que sus hijas tengan uma vida mejor”. “Llueven bombas sin alma sobre las almas de outra ciudad”. Flashes de memórias, num clima meio folk anos 70. Ouço pelo menos 3 vezes por semana, desde junho!
O restante de Tricota divide-se entre os eletrotangos instrumentais, como “Essa” e os com letras, ora mais lentos, ora brejeiros, como o sacana Barrio de Amor, onde Di Genova, com sua voz apimentada, descreve vários tipos de amor, inclusive o tipo que “clava par de cuernos em torero” e o que “hará ruborizar el camiñonero”. Dá vontade de estar em Buenos Aires, deslizando pelo Abasto!
Tricota é tudo de bom. Os tradicionalistas têm todo o direito de não gostarem de eletrotango. Nós, filhos ou netos da Rainha Electronica, amamos! Em Varsóvia, Viena, Londres, São Paulo, Penápolis... Otros Aires está em Todos los Aires.

domingo, 26 de dezembro de 2010

RENASCER, QUANTAS VEZES FOR PRECISO

Na última seção Albino Gourmet, recomendei uma visita ao site da Sociedade Brasileira de Diabetes. Eles mantêm uma seção de historias sobre pessoas que têm a doença. Extraí de lá, a história pra nossa seção dominical sobre superação.
Conheceremos o caso de Mônica Messias, que ficou cega, submeteu-se a transplante duplo de pâncreas e rim, mas não deixou a peteca cair. Superando dificuldades e limitações, Mônica já escreveu dois livros.

Mônica supera dificuldades de cegueira e lança seu segundo livro

Mônica Messias sempre gostou de observar pessoas. Era capaz de ficar sentada durante horas em uma praça, só para ver a vida passar. Atenta, decorava feições, gestos, olhares. Encantava-se diariamente com as cores do mundo. Hoje, quando abre os olhos, vê apenas o abstrato, em tons de cinza.
Uma cor monótona, como ela mesma se sentiu durante algum tempo. Não restou sequer a sensibilidade à luz. A visão abandonou os olhos de Mônica, aos 25 anos. Desde os 11, ela era portadora de diabetes tipo 1, o mais grave. Jamais imaginou que a doença a levaria a uma complicação tão grande.
A família não tinha outros casos dessa enfermidade. Mônica, um moça vistosa, de belos cabelos castanhos, era secretária e levava uma vida confortável, no Lago Sul. Certo dia, assistia tevê quando uma mancha vermelha tomou conta de seu campo de visão. Era uma grave hemorragia, um derrame ocular, que mudaria a vida dela para sempre. O problema havia sido anunciado.
Meses antes, Mônica visitou um oftalmologista. O médico alertou sobre a gravidade. Tentou uma cirurgia, que lhe roubou a visão do olho esquerdo. Ainda restava o direito. A moça já não podia dirigir, mas conseguia ler livros, uma de suas maiores paixões.
Depois do derrame, a cegueira instalou-se de forma irremediável. Pouco depois, surgiu também a insuficiência renal. Mônica, um misto de sensibilidade e força, reaprendeu a viver. Hoje, aos 40 anos, conta essa experiência no livro Diabetes nunca mais! Meu transplante: o divórcio.
As páginas revelam a vida de Mônica depois de passar por um duplo transplante, de pâncreas e rim, em 2002. A cirurgia levou para longe o diabetes, o companheiro indesejado, mas não trouxe de volta o prazer de enxergar. O livro tem posfácio do jornalista Marcelo Abreu.
Ao trabalho
Acostumada a transpor dificuldades, Mônica digitou as 147 páginas sozinha. Decorou a posição de cada tecla do computador. Ela, que nunca foi uma expert em informática, memorizou também os atalhos para comandos, como o de salvar o texto, por exemplo.
Contou com a ajuda de um programa que diz em voz alta tudo que ela escreve, lê até os e-mails. Raramente comete um erro ortográfico. Mônica tem fome de viver. Não se conforma quando a vida lhe diz não.
Esse é seu segundo livro. O primeiro, Doçura amarga, sobre como a diabetes afetou a rotina e a saúde da escritora antes do transplante, foi lançado em 1999. Levou poucas semanas para ser escrito. O novo exemplar é uma continuação e demandou quase sete anos para ficar pronto.
“Eu senti que devia isso às pessoas que leram o primeiro. Gosto quando alguém aprende alguma coisa comigo”, afirmou a autora.
Os relatos são um ensinamento, para quem tem ou não diabetes. Revelam-nos frágeis demais, impermanentes. Mostram como a vida, dona de si, se transforma sem mandar aviso. “Quando eu tinha 11 anos, não tinha tanta informação sobre a doença, nem havia tantos tipos de insulina.
Eu gostava muito de doces, massas. Sabia que não era bom para minha saúde. Mas fazia muitos esportes. Achava que isso compensava a dieta desregrada. Além disso, ninguém falava em complicações tão graves como a cegueira”, lembrou. Hoje, Mônica entende que, em determinados casos, quando a doença está descontrolada, praticar esportes não é indicado.
O quadro de saúde evoluiu para um só caminho: o transplante. Ela precisou mudar-se para São Paulo. A família, muito unida, ficou desmembrada. A mãe, Virgínia, seguiu com a filha para o outro estado. Foram quase dois anos distantes de casa. O pai, Alberto, permaneceu em Brasília, com os irmãos de Mônica, mas insistiu em doar um dos rins para a filha.
Mônica relutou. Mesmo doente, pensou na família, em primeiro lugar. “Eu morria de medo do meu pai morrer. Se o pior acontecesse, eu estaria tirando ele da minha família. Só aceitaria um doador vivo em último caso. Esperaria o quanto pudesse. Dizem que a pessoa vive bem com um rim só, mas eu não queria expor ninguém a isso por minha causa”, afirmou.
Tempos difíceis
No livro, a autora relata momentos dolorosos. Um dos piores foi quando se viu enganada pelos médicos que cuidavam dela.
“A chefe da minha equipe de transplante queria que eu fizesse primeiro o de rim e depois o de pâncreas, não os dois juntos. Mas assim ia demorar demais. O transplante duplo era a melhor opção. A médica não queria então não me informou quando a equipe dela parou de fazer transplantes de pâncreas. Me deixou acreditar que isso (o transplante duplo) seria possível durante meses”, lembrou.
Se a equipe que cuida do paciente não faz o transplante do determinado órgão, a pessoa passa a vez na lista de espera para alguém que esteja aos cuidados de outro grupo de médicos, esses aptos a transplantar a tal parte do corpo.
“Me senti enganada. Mudei de equipe. Recomecei tudo. Fiz novos exames. Só então o médico me deu força. Disse que eu era a primeira na lista da equipe dele para receber o transplante duplo”, relatou.
Depois de uma longa espera, Mônica conseguiu fazer a operação. Recebeu pâncreas e um novo rim, de uma só vez, como queria. Mas precisou esperar um pouco mais para se sentir feliz. O pâncreas, apesar de frágil, resistiu. O rim não se adaptou. “Desenvolvi uma síndrome horrorosa por conta dos remédios contra rejeição. Tive de lidar com a frustração de perder o rim, depois de tanta espera”, disse, emocionada.
Nova vida
Meses depois, veio um rim novo. Dessa vez, vitória completa. O corpo relutou, mas aceitou. Mônica poderia, finalmente, viver em liberdade. Deliciar-se com quantos chocolates quisesse, depois de mais de 20 anos com diabetes.
“Eu costumava dizer que me casei à força com o diabetes. O transplante representou meu divórcio. No dia seguinte à última cirurgia, acordei me sentindo outra pessoa. Foi como uma ressurreição. Estive perto da morte várias vezes, mas eu nunca soube. Minha família sorria não me deixava saber”.
Mesmo depois de tudo, Mônica é de um bom humor impressionante. “Eu digo para as pessoas que conheci quando eu ainda enxergava que na minha cabeça todo mundo é jovem, ninguém é barrigudo ou tem cabelo branco”, brinca.
“Quando alguém me pergunta: ‘E aí, Mônica, tudo azul? ’, eu digo: ‘Nada. Tá tudo cinza’”, contou, às gargalhadas. São sorrisos sinceros, de quem aprendeu a ser grata por estar viva.
Apesar das limitações físicas, Mônica é independente. Escolhe as próprias roupas, arruma o quarto do jeito que prefere bem organizado. Anda pela casa sozinha. Sai com os amigos. “Não gosto de dar trabalho para os outros.” Ainda guarda medos, como qualquer ser humano.
Precisa de mais tempo para ter segurança para caminhar sozinha pela rua. “É muito diferente nascer cego e ficar cego depois que você já viu de tudo”, resume. Mônica, porém, carrega em si a certeza mais importante. A de que vai renascer, quantas vezes for preciso.
(http://www.diabetes.org.br/conte-sua-historia/1551-monica-supera-dificuldades-de-cegueira-e-lanca-seu-segundo-livro-)

sábado, 25 de dezembro de 2010

NATAL ANIMADO

Desejo a todos um Natal repleto de magia e sonhos realizados. Que nossos corações voltem a ter a inocência infantil, pelo menos por um dia.

A VOLTA DOS MENINOS 50TÕES


Na industrial Birmingham, surgiu em 1978, o Duran Duran, cujo nome foi inspirado pelo filme Barbarella, dirigido por Roger Vadin e estrelado por Jane Fonda. Os meninos da classe operária inglesa se autodenominavam um cruzamento dos Sex Pistols com o norte-americano Chic. Punk com funk.
Muita maquiagem, roupas com muito fru fru e uma energética sonoridade que encapsulava pop, eletrônica e algum rock, influenciada por Roxy Music e David Bowie, catapultaram o grupo à estratosfera pop em tempo recorde. Um dos primeiros grupos a aproveitarem o potencial da MTV, o Duran Duran tornou-se mania mundial, provocando histeria por onde passava, inclusive no mercado norte-americano, quase sempre fechado pro estrangeiro. O visual de Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria) ajudou imenso na escalada da fama e dinheiro. Uma das questões cruciais na primeira metade dos anos 80 era discutir quem era seu duranie favorito.

A partir da segunda metade da década, o grupo fragmentou-se em trabalhos solos e, quando se reunia pra gravar, o sucesso esmagador de outrora não se repetia. Normal na ciranda pop. O Duran Duran não parou de lançar álbuns, mas, parece que a vontade de agradar a crítica emperrava a composição de canções pop grudentas. Sempre havia uma ou outra, meio perdida, mas faltava material digno de compor álbuns memoráveis, tipo Rio (nada a ver com a Cidade Maravilhosa. Rio é uma garota) ou Seven and the Ragged Tiger, espumantes de delícias duranies.
Eles agora são 50tões e Simon Le Bon está barrigudo, mas continuo me referindo a eles como os meninos do Duran Duran. Recém-lançaram All You Need is Now, que por enquanto só pode ser baixado no iTunes. Pode-se, porém, ouvi-lo integralmente no You Tube. Não é exagero afirmar que se trata de seu melhor álbum desde 1983, em termos de constância da qualidade das canções, especialmente as dançantes. Soa como se os meninos continuassem com o trabalho feito em Seven and the Ragged Tiger, incorporando alguns elementos e barulhinhos contemporâneos. Produzido por Mark Ronson, All You Need Is Now entrou direto no topo da parada de downloads do iTunes.

Blame the Machines saiu diretamente de Rio, com direito a coro feminino sexy e melodia fluida acelerada pra levar multidões ao zênite da gritaria histérica em grandes arenas. A cavalgada de Being Followed abre com uma referência á clássica duranie Girls on Film, linha de guitarra remetendo à Atomic, da Blondie e segue no clima de Planet Earth; dá até pra ver os meninos dançando no clipe de Planet, há 30 anos! Subterrânea, corre a correnteza de cristal gelado dos teclados de Nick Rhodes. Mas, a melodia é levada pela bateria e pelo baixo infeccioso de John Taylor. Baixão sexy, rebolativo, gordo, que atinge o ápice em Safe, funk de olhos azuis, esguichando erotismo; Duran Duran segunda metade dos anos 80. Simon reafirmando pra nova geração que o cetro da voz mais encharcada de sensualidade do pop inglês ainda lhe pertence.

O que dizer de Girl Panic? A letra traz outra garota da dinastia de Rio, com seu vestido caindo dos ombros, hipnotizando Simon. A percussão explosiva de Roger Taylor e o baixo reverbarante de John, os vocais de Simon, meio à La Hungry Like a Wolf, a muralha sintetizada de Nick, que por segundos se ergue... Clássico instantâneo, não fica devendo nada ao auge oitentista da banda. Meninos, será que nós súditos 40tões, ainda temos fôlego pra nos acabar dançando e gritando ao som disso? Runway Runaway tem o mesmo savoir faire de Rio, a canção. Precisa dizer mais? Parece um single perdido de Rio, o álbum. Aos 50 segundos vem o refrão, pra ser gritado até a rouquidão.
O Duran Durou voltou as suas raízes pra fazer o que sabe melhor: canções pop grudentas, que despertam sonhos de glamur, glitter e glacê. Neste Natal, tudo o que você precisa é de All You Need is Now.

ALBINO GOURMET 17

Na semana do Natal e do Ano Novo, é regra exagerar na comilança e depois começar o ano malhando nas academias pra queimar as calorias extras.

Há pessoas, porém, que tem que tomar cuidado especial com a alimentação porque simplesmente não podem comer determinadas coisas, sob risco de ficarem doentes. Os diabéticos estão dentre os que mais necessitam se precaver.
No site da Sociedade Brasileira de Diabetes encontrei uma seção dedicada á culinária, inclusive cm receitas natalinas.
http://www.diabetes.org.br/receitas
Como todos temos que tentar manter a forma e as receitas são suculentas, sugiro uma visita á página.
Aproveitando a pesquisa no site, recomendo o acesso da seção Conte Sua História, onde pessoas diabéticas contam suas experiências, conquistas e superações.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MÚSICA PRA MANTER A FORMA

Mais música no fitness

Como a trilha sonora das aulas nas academias pode melhorar o desempenho dos alunos
Rafael Teixeira

O bom desempenho nas atividades físicas depende de vários fatores: capacidade biológica, condicionamento e alimentação correta estão entre os principais. Recentemente, outro aliado da performance ganhou espaço dentro das academias. Pouco a pouco, esses estabelecimentos começam a dar mais atenção à música que oferecem a seus alunos. Em algumas, os professores passam, inclusive, por treinamentos que incluem noções de musicalidade. Isso ocorre, por exemplo, na rede de academias Bio Ritmo, de São Paulo. Na Stella Torreão, no Rio de Janeiro, a trilha que embalará as aulas é escolhida cuidadosamente. “Selecionamos a música sempre tendo em mente quanto queremos exigir do aluno”, afirma Eduardo Mourelle, coordenador da equipe de corrida da academia carioca.

O que as academias estão fazendo é usar os conhecimentos angariados a respeito do efeito da música sobre o desempenho físico. Sabe-se que o som tem um impacto que vai além da motivação psicológica. Quando fazemos um exercício ouvindo música, a tendência é de sincronizar as batidas por minuto (BPM) da canção ao ritmo que impomos à atividade. Portanto, se elas forem aceleradas, acelera-se também o exercício. “Nesse caso, há melhora da performance”, explica Ricardo Cury, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho.
É por isso que para cada tipo de aula dá-se preferência a certo gênero musical. Na Bio Ritmo, o cuidado com isso é tanto que os aparelhos de som têm um comando com o qual o professor altera o bpm da trilha sonora das aulas. “A tecnologia ajuda a alternar facilmente picos de alta intensidade durante o exercício, que pedem músicas aceleradas, e momentos de recuperação entre esses picos, que demandam sons mais lentos”, explica Saturno de Souza, diretor técnico da rede.
Aluna da Bio Ritmo, Aline Machado, quando não está em aulas coletivas, usa o seu tocador de MP3, no qual criou pastas para músicas de acordo com as aulas. “Ouço lentas para fazer pilates e ioga e aceleradas para bicicleta e corrida”, diz. A estudante Joana Bittencourt, frequentadora da Stella Torreão, ouve rock e eletrônica para correr. Para ela, também é importante ouvir o que se gosta. “Quando entra algo que não me agrada, meu rendimento cai na hora”, diz.
(Encontrado em http://www.istoe.com.br/reportagens/114904_MAIS+MUSICA+NO+FITNESS)

PAPIRO VIRTUAL 14

A maioria dos leitores provavelmente não conheça quase nada de minha faceta acadêmica, porque tenho escolhido mantê-la alheia ao temário do blog. Mas, ela existe e hoje quero mostrar-lhes amostra desta minha identidade.
A Área de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, da Faculdade de Letras, da USP, mantém uma respeitada revista, chamada CROP. A edição 14 traz um texto que escrevi sobre um aspecto da obra do dramaturgo inglês William Shakespeare. Eis o resumo:

Muitos analistas salientam o fato de o final de Rei Lear, de William
Shakespeare, destoar das demais obras trágicas do dramaturgo, porque seu final não traz
reestruturação da ordem quebrada. O presente artigo advoga que a manutenção da
ordem, vital para o período elizabetano e princípio da dinastia Tudor, está presente na
estrutura formal da peça, ainda que não se saliente no nível do enredo. A fim de
comprovar essa afirmação, analisaremos as relações especulares entre as personagens.

O artigo chama-se Ordem no caos: relações especulares entre as personagens de Rei Lear
e a manutenção da ordem do Reino (recém) Unido.
http://www.revistacrop.com.br/images/stories/edicao14/vol14a09.pdf

NOVO BLOG SOBRE ALBINISMO

Zelito Luz, importante ativista pela causa albina da APALBA, criou o blog Albinos da Bahia. Boa sorte ao novo espaço virtual da luta real dos albinos. Eis o link
http://albinosdabahia.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

TERMOS INCLUSIVOS


O Portador Caiu. Falando sobre Deficiência. Dicas Rápidas para Jornalistas.

Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência:

- Ratificada pelo Congresso em 2008 com força constitucional.
- Mudança – a sociedade é que é inacessível.
Termos:
O PORTADOR CAIU. PESSOA COM DEFICIÊNCIA é o termo correto e legal desde a Convenção. Quem tem deficiência pode portar bengala, cadeira, mas a deficiência continua lá.
Tipos de deficiência – Use os termos escolhidos pelas próprias pessoas com deficiência:
- sensorial – visual (cego e baixa visão) e auditiva (surdo)
- intelectual (síndrome de Down e outros)
- física (paraplégico, tetraplégico, amputado…)
- múltipla (mais de uma deficiência, surdo-cego, etc)
Ex: pessoa com deficiência física, aluno com síndrome de Down, secretária com deficiência múltipla, jovem com deficiência intelectual, rapaz surdo, criança cega, etc.
Acessibilidade:
- Falta de acessibilidade, inclusive na comunicação (impressa, sites, etc). Quando postar uma foto ou mandar um email, faça a descrição da imagem, inclusive de convites em arquivo de imagem (jpg, etc). A regra é: tudo que não pode ser iluminado com o cursor não dá pra ser lido pelo ledor de texto do computador usado por quem é cego ou tem baixa visão.
Educação:
- A educação inclusiva em escola regular fica garantida. A desculpa de que a escola não está preparada para receber estudantes com necessidades educacionais específicas constitui crime constitucional.
- O ensino especial deve dar suporte para o aluno frequentar a escola regular.
- As escolas, públicas e privadas têm que provar ao Ministério Público que lançaram mão de todos os recursos possíveis antes de dispensar qualquer estudante.
Trabalho:
- A incapacidade deve ser encarada apenas como mais um atributo do cidadão. Por exemplo, a empresa que diz que não pode contratar para cumprir a legislação de cotas é que tem a obrigação de buscar meios de se adaptar.
Inclusão leva à Inclusão – Mostre atitudes e histórias inclusivas.
- A Convenção ainda é desconhecida de juízes e das próprias pessoas com deficiência. Ajude a torná-la conhecida citando-a nas matérias.
- Entreviste as próprias pessoas com deficiência, não seus acompanhantes ou especialistas.
- Evite a exploração da imagem do coitadinho, da tragédia, da desgraça.
- Procure abordar temas que afetem a qualidade de vida do cidadão com deficiência como transporte, moradia e saúde acessíveis, escola, oportunidades de tabalho e discriminação.
- Fuja da palavra especial. Ela foi usada durante muito tempo como um eufemismo, para “compensar” a deficiência. Ainda é usada referente à educação (necessidades educacionais especiais), mas mesmo aí é preferível e mais correto dizer necessidades específicas.
- Tome cuidado com histórias de superação, heroísmo. Tente mostrar o personagem como uma pessoa qualquer, use uma abordagem positiva, mas sem ser piegas.
- Não reforce esteriótipos: (trabalhadores com deficiência são melhores e mais esforçados do que os trabalhadores sem deficiência, chegam na hora, não faltam… pessoas com síndrome de Down são anjos, tão ingênuos e carinhosos… funcionários cegos tem tanta sensibilidade… etc. )
- Prefira palavras neutras – ocorrência, evento, condição…
- Não use palavras negativas (defeituosa, excepcional, doença, erro genético, paralítico, ceguinho, mudo, mongolóide, retardado, mutação, sofrer, anomalia, problema, acometer, risco, preso ou condenado a uma cadeira de rodas… etc)
Ex: O risco de uma mãe ter um filho com síndrome de Down aumenta com a idade.
A probabilidade de uma mãe ter um filho com síndrome de Down aumenta com a idade.
Na primeira frase, ao usar a palavra risco, faz-se julgamento de valor, induzindo o leitor a pensar a síndrome de Down de forma negativa.
Para maiores informações:
Texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm
Convenção: a carta de alforria das pessoas com deficiência
http://www.inclusive.org.br/?p=3307
Terminologia
http://www.inclusive.org.br/?p=41
Inclusão é mais rápida com o apoio da mídia
http://www.inclusive.org.br/?p=18150
Lei da Acessibilidade – LEI Nº 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7853.htm
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I – recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta;
II – obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência;
III – negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho;
IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial, quando possível, à pessoa portadora de deficiência;
V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Por Patricia Almeida
Inclusive – inclusão e cidadania
(Encontrado em http://www.inclusive.org.br/?p=18199)





TELONA QUENTE 12

Símbolo

O dinheiro não para de entrar na conta bancária do escritor/roteirista Dan Brown, aquele do Código Da Vinci. Ano passado, o autor lançou o livro Lost Symbol, que vendeu “míseros” 1 milhão de cópias apenas no dia do lançamento. Agora, a Columbia Pictures contratou o moço pra roteirizar da obra. A trama gira em torno da maçonaria e da procura por uma pirâmide que contem vastos conhecimentos. Tomara que não haja nenhum vilão albino no filme!
A Hora da Estrela
Salvo acidente de percurso, a jovem Emma Stone será uma das estrelas dos próximos anos. A atriz já está escalada pruns 5 projetos em 2011, dentre os quais, o próximo Homem Aranha, que estréia dia 3 de julho. Sua personagem será Gwen Stacy, que nos quadrinhos morre nas mãos dum vilão. Em entrevista ao programa de Jay Leno, porém, Stone garantiu que seu contrato prevê a participação em outros filmes da série.
Especulação
Segundo fontes não especificadas, Harrison Ford quer que sua personagem Indiana Jones morra na próxima aventura, Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull. George Lucas não gostou nada da idéia, mas Steven Spielberg considera a possibilidade.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

HIPERSÔNIA PERIÓDICA

Doença rara faz jovem dormir por até 10 dias seguidos


Enquanto a maioria dos adolescentes sofre para levantar da cama pela manhã, Louisa Ball, 16, pode levar até dez dias para despertar completamente do sono.

Ela sofre de um raro distúrbio neurológico chamado síndrome de Kleine-Levin (SKL), que já a fez dormir durante provas, aniversários de amigos e feriados inteiros.
“Eu tinha alucinações e, depois, não me lembrava de nada. De repente tudo ficava escuro e eu dormia por dez dias. Acordava e tudo estava bem de novo”, disse a jovem à BBC.
A doença se manifestou em 2008, quando a adolescente começou a cochilar nas aulas e a se comportar de forma estranha.
Levada ao médico, acabou por ser diagnosticada com a síndrome de Kleine-Levin, doença cuja causa é desconhecida e sem cura.
“Um indivíduo com SKL terá episódios de sono, geralmente com duração entre uma e três semanas, com distúrbios cognitivos nas poucas horas em que estiver acordado”, diz Tom Rico, pesquisador do Centro de Narcolepsia e SKL da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Segundo ele, a síndrome às vezes se manifesta após infecções ou outras doenças. Ela geralmente afeta adolescentes do sexo masculino, que também podem apresentar hipersexualidade, irritabilidade e o hábito de comer compulsivamente.
“Durante esse período, um paciente dormirá algo entre 16 e 22 horas por dia, todos os dias, até o fim do evento.”
O tratamento recomendado é permitir que o paciente durma, e não ministrar remédios.
Quando a doença para de se manifestar, conta o médico, o indivíduo volta a dormir e a se comportar normalmente.
Rico diz que não há dados sobre a prevalência da doença, já que muitos casos jamais são diagnosticados.
A boa notícia é que ela pode desaparecer como surgiu, o que geralmente ocorre após dez ou 15 anos.
Recordações
Louisa diz se lembrar de muito pouco quando acorda de um episódio. “É tudo branco – sem sonhos. Agora eu recordo mais o que aconteceu. Antes eu não lembrava nada. Meu pai acha que meu cérebro está aprendendo a lidar com isso”, diz a jovem.
A síndrome quase arruinou os seus planos profissionais, já que ela dormiu durante a maioria das suas provas.
Mas a faculdade permitiu que ela se matriculasse, e hoje Louisa estuda desempenho e excelência esportiva. Seu sonho é se tornar uma dançarina.
Quando ela acorda, leva alguns dias até que volte completamente à rotina, e seu corpo fica rígido, dificultando a dança.
Médicos disseram à família que, durante os episódios de sono excessivo, é crucial acordá-la uma vez ao dia para alimentá-la e levá-la ao banheiro.
Mas Lottie, a mãe, diz que a tarefa pode ser penosa: “Já tentei forçá-la a se levantar, mas ela começa a suar e fica muito agitada e agressiva”.
Frustrados com a falta de informações sobre a doença na Grã-Bretanha, seus pais a levaram até o hospital Pitié-Salpétrière, em Paris, onde pesquisadores avaliam se o distúrbio pode ter sido causado por um gene defectivo.
Boa fase
Atualmente, Louisa vive uma fase boa: faz mais de três meses que não tem nenhum episódio da doença e, há algumas semanas, ganhou uma competição de dança.
Mas seus pais continuam a vigiá-la em busca de sinais do distúrbio.
“Às vezes eu penso ‘por que eu?’, já que sempre fui uma pessoa saudável. Mas de repente aconteceu e não há motivos. Isso me frustra”, diz a jovem.
“Mas agora me acostumei e aprendi a viver com isso. Sou uma garota especial.”
(Encontrado em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101208_sono_menina_jf.shtml?print=1)

Informações detalhadas sobre a SKL podem ser encontradas em http://dicionariodesindromes.blogspot.com/2009/11/sindrome-de-kleine-levin.html ou em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082007000300014

CONTANDO A VIDA 16

Uma das seções mais acessadas do blog, a crônica do Professor Sebe desta semana natalina vem com uma profunda e bela reflexão sobre a data máxima da cristandade. O Blog do Albino Incoerente aproveita pra desejar ao cronista e os seus, um Natal mágico.


MENSAGEM DE NATAL...
José Carlos Sebe Bom Meihy

Como arrazoar uma mensagem de Natal que não seja trivial, comum, descartável, igual a tantas outras? Como? O que dizer, ou melhor, há algo novo a ser dito?!... Com esse desafio, dia desses, esperei o sol surgir e no sutil silêncio que descolora a noite impondo luz ao dia, adivinhei uma espécie de grandiosidade da vida. Plenitude. E redescobri em meu íntimo um deus interior que, cheio de despreocupação, sem laivo de exigência, me fez enxergar apaixonado a complexidade do mundo, do mesmo mundo que nos foi dado viver. Igual a ele – ele em mim – se fez algo majestoso e como menino antigo em uma contemplação miraculosa, numa fagulha, imaginei a perfeição daquele que dispensa religiões, cultos, preces, festas, procissões e letra maiúscula. Era um deus desprovido de vela, igreja, confessionário, penitência, sermões e que isenta promessas, indulgências e solenidades absurdas. Deus que, alheio aos argumentos mortais, suporta guerras em seu nome e consente, sem desatinar, que inventemos tudo, inclusive um outro Deus que divide, obriga, cobra, julga, castiga. Ao contrario deste, aquele é um formidável ente calmo e carinhoso; ser que flana sobre pecados, maldades, tramas perversas e faltas ardilosas, do mesmo jeito que franqueia benevolências educadas, juízos adestrados, ponderações cultas e aclarações científicas. Trata-se de um deus não superior, pelo contrário, igual à gente e, por isso, com todos os rostos e vestido com as diferenças convenientes aos utopistas, visionários que divisam o reclamado tal “mundo melhor”, mais justo, mais congruente. O deus de que falo era aquele de todas as etnias, línguas, orientações; criador admirado das abelhas que cumprem seus favos na mesma lógica dos elefantes que se isolam para morrer; das flores e florestas que admitem a beleza das parasitas e a fatalidade da morte fátua que fertiliza futuros. Ah! a perenidade da morte e nossa soberba resistência!
Sem arrogância alguma, o deus que me permitiu visita era, sobretudo, resignado aos nossos erros tolos, feitos em nacionalismos toscos, políticas pretensiosas, morais contraditórias e variações de classes sociais. E me dei conta da necessidade que se amiúda em nossos discursos cotidianos feito de palavras pulcras, mas entupidas de segundas intenções como: ética, tolerância, fraternidade, direito, legalidade e consciência. Achei o viver social/civilizado, tudo, provisório, mesquinho mesmo. Mas, na meiguice daquele deus não cabia outra atitude que não aceitar, até apático, o esforço sobrenatural, nosso, humano, em dominar o tempo, controlar comportamentos e inventar impossíveis imortalidades. E o saber pareceu algo menor, inútil e incapaz de concorrer com o canto dos canários, verdes matagais e os vazios de sons. A idade da Terra não estava em discussão com aquele deus e sequer a inconseqüência de quantos brincam com a natureza destruindo a organização de rios que levam ao mar, descongelando o glacial que equilibra os oceanos e harmoniza a sobrevivência. Não. O que valia era mesmo o questionamento sobre quem somos, aqui e agora. E mais: que fazer com o viver que nos resta? Mas, como me pareceu bom aquele deus que não se altera com a hierarquia instalada entre os que possuem e os despossuídos; entre os que podem e os que precisam poder. E vivi humanizando o deus, que em mim explica o sonho de ser um ser útil. E foi assim, na crueldade do mundo nosso, no fadário do tempo natalino, que pensei na generosidade dos presentes saudando o gesto de dar e deprimindo os conteúdos emblemados em preços, marcas e propaganda. Tudo ficou tão ralo: relógios, jóias, roupas, adornos, brinquedos, objetos domésticos. Tudo tão pouco que não fosse o sentido do ofertar, do escolher para o outro, restaria a obrigação mecânica que sozinha apenas sustenta o comércio, a matéria que, afinal, mais abisma as distâncias de seres que são todos, em suas variações, iguais àquele meu deus.
Inventariando a vida, relacionando-a com o ente que se descobria em mim, encontrei um eixo sobre o qual as palavras escolhidas para esta mensagem ganhariam nexo: falar desse deus que, sendo resignado, espera que o despertemos primeiro em nós mesmos. A certeza de que há algo de fecundo, transcendente, nos habitando, permite supor renascimentos que justificam Natais. Tomara, tomara mesmo, que esse algo desperte e tenha a graça de quem me escolheu para dizer esta mensagem: Feliz Natal.

(A gente podia fazer com que fosse Natal todo dia...)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ALBINO INCOERENTE NO HOJE EM DIA - O VÍDEO

A Record levou ao ar na manhã de ontem a terceira trinca de histórias de superação, na excelente série produzida pelo programa Hoje em Dia. A segunda foi a minha. Além do Albino Incoerente, você conhecerá a história do menino de rua que se tornou advogado e a do cadeirante que pratica esporte radical.
Vez mais, agradeço à produtora Delma e à repórter Ana Paula pela oportunidade de difusão da causa albina.
A matéria pode ser vista no link:
http://entretenimento.r7.com/hoje-em-dia/noticias/detalhes-20101220.html

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ALBINISMO E AQUECIMENTO GLOBAL

Traduzi uma reportagem de um jornal do Malawi a respeito dos efeitos nocivos e preocupantes do aquecimento global nas pessoas com albinismo. Veremos se o governo Dilma vai olhar pros albinos brasileiros também!

Albinos Querem Participar das Discussões sobre Mudanças Climáticas

Os efeitos das mudanças climáticas preocupam a todos, mas, para as pessoas com albinismo a questão é mais crucial. Com o término da conferência sobre o clima, em Cancun, no México, concluiu-se que 2010 está entre os anos mais quentes já registrados. Os albinos enfrentam ameaça imediata às suas vidas, uma vez que não suportam temperaturas altas.
Tal situação levou os albinos do Malawi a protestarem, ao notarem que seu problema não tem sido objeto de consideração especial nas discussões sobre as mudanças climáticas e seus efeitos, uma vez que a elevação da temperatura dos mares já está afetando sua saúde.
Ao se observar Jameson Tambala, 18, em uma oficina de treinamento de mídia em Liwonde, Balaka, podia-se facilmente constatar seu enorme desconforto perante uma temperatura de 35º C.
Sua pele tinha um aspecto cor de rosa pálido e seus olhos estavam mortiços. Com um semblante triste, ele declarou que sua saúde é afetada diretamente pelo calor extremo.
“Tinha dificuldades para me concentrar nos estudos até recentemente, quando me mudei para a escola Montfort Demonstration, em Nguludi,” disse o garoto de voz suave, natural de Lompwa Village, T/A Chikowi, em Zomba.
“Quando me exponho aos raios do sol ou mesmo ao calor, desenvolvo lesões e isso é uma preocupação para minha saúde”, afirmou.
Maynard Zachariah, da Associação de Albinos do Malawi, afirmou que embora tenham obtido notícias a respeito das negociações sobre os efeitos das mudanças climáticas, os governos não tem levado o problema dos albinos em consideração.
“Com esse calor extremo, o direito á vida dos albinos é diretamente afetado. Sentimos que não estamos incluídos nessas discussões. As alterações climáticas tem realmente afetado as pessoas com albinismo e muitos morreram devido ao excessivo calor”, queixou-se Zachariah.
Ele acrescentou: “nossa pele é muito sensível ao calor e temos assistido recentemente a um aumento no câncer de pele, resultando na morte de muitos albinos. O governo ignora o direito á vida dos albinos. Eles se preocupam com os alimentos e as florestas, enquanto há pessoas morrendo.”
Zachariah, no entanto, não foi capaz de fornecer números sobre quantos albinos existem no país, nem de quantos já faleceram em virtude do calor.
Ele disse, porém, que cerca de 400 albinos estão registrados para tratamento no Queen Elizabeth Central Hospital, em Blantyre e 300 se tratam no Kamuzu Central Hospital, em Lilongwe. Existem muitos mais em outras áreas, sem acesso à tratamento.
“A ausência de bloqueadores solares no interior do Malawi significa que muitos albinos desenvolvem lesões na pele, que eventualmente resultam em câncer”, explicou Zachariah.
Ele reivindicou que o governo considere as pessoas albinas em sua política de redução e adaptação às mudanças climáticas,, garantindo o fornecimento de protetor solar, chapéus e óculos do sol.
Mussa Chiwaula, diretor executivo da Federação das Associações de Deficientes do Malawi, salientou que o aquecimento global tem afetado mais os albinos, especialmente quando expostos ao calor excessivo que o país tem experimentado recentemente.
“Estamos preocupados porque quase nada está sendo feito para proteger essas pessoas. As alterações no clima tem efeitos adversos sobre as pessoas albinas. Elas são suscetíveis ao câncer de pele”, afirma.
Chiwaula relatou que a Federação vai contatar o governo no sentido de disponibilizar fundos provenientes de conferências internacionais sobre aquecimento global, para serem usados na compra de bloqueadores solares para os albinos.
Ele reclamou que o Departamento para Gestão de Catástrofes não tem se esforçado para planejar estratégias de salvamento de pessoas com deficiências, durante desastres climáticos como tempestades ou enchentes.
O Ministro das Minas, Energia e Meio-Ambiente, Grain Malunga, reconheceu que o governo deixou os albinos de lado em suas políticas de adaptação às alterações climáticas.
Ele contou que na área de saúde, o foco tem sido a malária e as doenças transmitidas pela água, durante inundações.
Os dados mais recentes da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), divulgados em 11 de dezembro, mostraram que a temperatura global no mar e na terra está entre as mais altas registradas desde 1850.
A análise final dos dados, no início de 2011, indicará se 2010 superará 1998 e 2005, os anos mais quentes até agora. Áreas mais quentes do que o normal incluem a África, Canadá e Groelândia.

(Encontrado em http://www.nationmw.net/index.php?option=com_content&view=article&id=11426:albinos-want-to-feature-in-climate-change-talk&catid=119:national-news&Itemid=125 )

CAIXA DE MÚSICA 13

COLAPSO EM MARÇO
Michael Stipe, Mike Mills e Peter Buck, também conhecidos como REM, anunciaram novo álbum pra 8 de março. Collapse Into Now, 15º álbum de estúdio da banda norte-americana, terá participações de Eddie Veder (Pearl Jam), do guitarrista Lenny Kaye, da pré-punk Patti Smith e da polêmica Peaches. Quem pré-encomendar o álbum pelo iTunes, poderá baixar a faixa It Happened Today, a partir da semana que vem. O REM é egresso dos anos 80 e ainda vai bem nas paradas. Accelerator, de 2008, cravou o segundo lugar na Billboard. Discoverer, a primeira faixa divulgada no site do REM, já está bombando no You Tube.

MADGE QUER DANÇAR
Madonna cultivou mais seu lado de empresária este ano, abrindo a primeira unidade de sua academia de ginástica Hard Candy e lançando uma coleção de roupas com sua filhota Lourdes Maria. Recebeu a Luz do Jesus Luz e lotou estádios. Na Sérvia, Croácia.... Agora, a 50tona diz que voltará a produzir música. Ela avisou no site oficial que está à caça de pessoas “iradas” pra fazerem um álbum pra dançar.

AGORA (EM FEVEREIRO)
Musos e reis do pop inglês no início dos anos 80, os agora-não-mais meninos do Duran Duran gravaram álbum novo entre fevereiro e agosto. Produzido por Mark Ronson, All You Need is Now chegará às lojas em fevereiro de 2011. Quem quiser ouvir antes, a partir do próximo dia 21 o álbum estará à disposição no iTunes. Mas, a edição de fevereiro terá mais faixas! Simon Le Bom disse que a intenção é conquistar novos fãs sem alienar os antigos. Se eles conseguirão isso, o tempo dirá, mas o álbum já pode ser ouvido no You Tube e tem faixas muito boas. Girl Panic já nasce como clássico duranie! Por que não a escolheram como primeiro single? Quem é rei nunca perde a majestade!

NATAL SEM SININHOS
O Coldplay lançou um single de Natal, chamado Christmas Lights. Em entrevista à BBC, o guitarrista do grupo inglês revelou os elementos proibidos na composição/gravação da canção: referências a trenós e renas, sons de sininhos de trenós e coros infantis. Segundo ele, tudo isso torna as canções bregas. Esperemos que ninguém processe o grupo por plágio, como é a regra em todo trabalho que lançam.