quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

QUEM TEM BOCA VAI À TERRA DO GIANECCHINI – II

Passado o primeiro dia de trabalho, no qual começara a me familiarizar com o novo espaço, tinha que decidir como iria me locomover pra Birigui nas 2 noites em que precisaria estar lá.

Na primeiras emana teria carona do ex-professor, agora colega de trabalho. Entretanto, ele anunciou que não continuaria usando o carro; tomaria o ônibus que transporta estudantes, porque sai mais em conta.

Eu tinha 2 opções: igualmente usar o transporte de alunos ou continuar utilizando ônibus convencional. A segunda alternativa seria mais dispendiosa e complicada. A rodoviária de Penápolis é longe de casa. Além disso, há o fator luz solar; evito exposição desnecessária e prolongada, assim teria que chamar moto-táxi. Em Birigui, nova corrida até à faculdade. O ônibus de volta sai mais de uma hora após o término da aula, por isso chegaria em casa muito tarde. Sem contar que talvez precisasse de nova corrida de moto-táxi, mais cara depois das 22:00. Penápolis é pequena, mas sempre é bom evitar caminhar em determinadas regiões tarde da noite. Há assaltos à luz do dia por aqui também!

Escolhi contatar a empresa responsável pelo transporte do alunato daqui que estuda fora. O ônibus me deixaria na porta da facul e eu o tomaria de volta também ali.

Liguei pro responsável perguntando preços e o trajeto do ônibus, que passa por diversos pontos da cidade recolhendo passageiros. Fui informado de que o transporte subia uma rua a três quadras de casa. Tudo o que tinha a fazer era esperar na esquina. Que fácil!

Pra facilitar a vida do motorista e garantir que me pegariam no local determinado, novamente não hesitei em usar a aparência albina a meu favor.

- Ah, você é o professor de inglês! – disse o responsável.

- Pode esperar lá sossegado, que não vai ter erro, então...

E assim foi. Saí de casa com tempo de folga antes do horário previsto pro microônibus passar e fiquei na boa esperando, pra variar, ouvindo meu mp3!

Quando subi no ônibus, encontrei ex-alunos... Não dava outra! Como a condução transporta alunos pra outras 2 faculs, perguntei qual a ordem de parada. A minha seria a primeira. Ótimo, pensei. Totalmente relaxado, pude começar a fazer amizade com as pessoas que não conhecia.

Depois de terminada a aula, achei que o ônibus passaria em frente ao prédio pra recolher os passageiros. Olhei prum lado, olhei pro outro e nada. Havia um ônibus meio longe e perguntei prum aluno ler a placa. Não era o meu.

Zanzei um bocadinho procurando alguém que viera comigo. A saída da facul obviamente estava movimentada e não vi ninguém. Não me preocupei, mais cedo ou mais tarde alguém me veria. Mas isso não significou que deixei de olhar, procurando o micro.

Dali a um instante, uma moça passou a meu lado e disse que o ônibus costumava estacionar a uma quadra distante da facul, pra evitar a muvuca. A jovem nem estava no ônibus na viagem de ida! Ela o utiliza apenas pra voltar a Penápolis. Como me reconheceu, calculou que eu viera nele.

Certifiquei-me de que ela falava sobre o mesmo ônibus e a mesma empresa e a acompanhei. Ao chegar, vi que não haveria dificuldade alguma. Era só caminhar reto e lá estaria o veículo. Em outra viagem, inclusive com carro diferente, sai da aula e dirigi-me diretamente à van. O motorista me garantira que estacionava sempre naquela região...

A impossibilidade de dirigir, devido à visão subnornal, reduz minha mobilidade até certo ponto. Não há como negá-lo. Dependo da existência e do horário de meios de transporte públicos ou privados que me levem aos lugares.

Entretanto, a saída não é sentir-se inferiorizado e derrotado por isso. Antes, é procurar maneiras alternativas de locomoção, e, no caso do transporte público, reivindicar pra que sejam adaptados às nossas necessidades especificas.

Visão subnormal ou quaisquer outras deficiências não podem ser motivo pra que evitemos sair por aí e deixemos de viver de maneira plena e confortável. Nem todo mundo precisa ser piloto de Fórmula 1 pra ser feliz! Não obstante, todos temos o direito à locomoção.

(Outro vídeo com imagens da terra do Giane...)

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