(Pra fazer mais sentido, sugiro que esta postagem seja lida depois da anterior...)
O dia em Birigui foi duro! Levantei pouco antes das 5 da manhã pra ir à rodoviária porque o ônibus sai às 6. Mesmo sem sol, fui de moto-táxi. Penápolis não é mais a cidade pacata de minha infância e adolescência... Perigoso arriscar-se sozinho nas ruas semi-iluminadas, de madrugada. Melhor abrir o bolso e pagar transporte do que tê-lo arrombado!
Chegando em Birigui, liguei pro moto-taxista cujo cartão guardei. Ele não podia fazer a corrida, mas me mandou uma moça extremamente simpática, cujo cartão peguei também. Quanto mais puder evitar ter que ficar procurando por transporte melhor. Sentei-me no banco duma pracinha e fiquei esperando enquanto ouvia rap nacional (Facção Central) no mp3.
Por se tratar do domingo anterior ao concurso, tive que terminar de rever a bibliografia exigida. Foi duro: um recorrido pelos principais autores portugueses desde o Trovadorismo, uma pincelada a respeito de Terry Eagleton e muito sobre Estilística. As 3 horas que haviam me dado não deram nem pro cheiro e acabei estourando o tempo em quase 2 horas.
Resultado: perdi o ônibus de volta que tencionava pegar. Uma aluna me levou à rodô e comprei passagem pro busão das 14:30. O calor por essas bandas está escaldante! Reapliquei protetor solar, em doses generosas, 3 vezes. Nunca posso usar perfume durante o dia; sempre fico com cheirinho de praia, como dizem alguns... Mas, hoje em dia, com esses buracões na camada de ozônio, aquecimento global e o escambau, protetor solar não é pra ser usado apenas na praia, não! Todo mundo tem que usar, inclusive quem é mais pigmentado. Imagine eu e os demais albinos, então! Inclusive protetor solar labial, que muitos esquecem ou nem sabem que existe. Uma vez uma garotinha me viu passando o protetor labial na rua e disse: “Mãe, mãe, olha, aquele homem tá passando batom!”
Pouco antes de chegar ao terminal rodoviário de Penápolis, liguei pro “meu” moto-taxista daqui. Foi quando aconteceu uma daquelas coincidências que, quando em novela ou filme, duvidamos. Quando disse ao Vieira que estava quase na rodô e perguntei se ele podia me pegar ele respondeu que já estava lá me esperando. Como sou pão-duro pralgumas coisas, não estendi o papo via celular pra não desperdiçar créditos, mas, confesso que não entendi como ele poderia estar lá. 3 minutos depois, desci do ônibus e fui ao local onde ele sempre me pega. Estratégia de sobrevivência albina prá vocês: sempre peço ou combino que me esperem num mesmo local, assim evito ter que ficar procurando e correr o risco de não enxergar...
Vieira estava estacionado no local conhecido e me contou porque estava lá. Eu ligara precisamente na hora em que ele deixava um passageiro na rodô! Ou seja, tudo o que teve a fazer foi desligar a moto e me esperar 3 minutos.
Fui, trabalhei, voltei, tudo sozinho. Basta ter proteção contra o sol e disponibilidade pra alguns recursos tecnológicos e transporte, ou seja, basta termos condições materiais adequadas e podemos fazer muita coisa e levar vida digna e até corrida. Não necessitamos de pena, afinal, não somos galináceos, mas sim, seres humanos. Precisamos de oportunidades e ferramentas facilitadoras. Do resto, a gente dá conta, pode deixar!
(Uma das canções que ouvi no mp3. Blondie é TUDO!)
domingo, 21 de março de 2010
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Concordo plenamente contigo, Roberto. Pessoas com albinismo precisam apenas de condições adequadas para exercer suas competências. E são muitas. Qualquer um que tenha que vencer tantos obstáculos desde tenra idade, tem muito o que mostrar.
ResponderExcluirCARAMBA! Acabei de ver o depoimento e adorei.
ResponderExcluirSer professor doutor é maravilhoso, mas a menção honrosa vai pelo fato de ter sofrido tanta injustiça, aturado grosseria e sair por cima, com uma finza e classe sem fim. Virei fã!!
Parabéns rapaz. A parte daquela novela que mais gosto são os depoimentos o resto é literatura de folhetim. Olha v. é uma grande pessoa, siga em frente. Estou seguindo seu blog. Depois de uma olhada no meu blog. http://leiturasjoseleitenetto.blogspot.com/
ResponderExcluir´poeta josé leite netto
fortaleza ceará