terça-feira, 11 de maio de 2010

BADKONAKE SEFID


Roberto Rillo Bíscaro

Carlito passou parte do tempo de seus primeiros dias em Penápolis preparando a palestra que deu aos alunos de Administração, Ciências Contábeis e Agronegócios na facul local, ontem à noite.

Domingo á tarde, enquanto ele estava grudado na tela do PC preparando power points e data shows, eu estava hipnotizado por outro filme iraniano, Badkonake Sefid (1995; O Balão Branco, em português), estréia do diretor Jafar Panahi .

Faltando menos de 2 horas pro início do Ano Novo, uma garota d 7 anos insiste com sua mãe pra que a deixe comprar um novo peixe pra pôr no tanque do pátio de sua casa. Na cultura iraniana, peixinhos dourados simbolizam a vida. Mediante negativa constante da mãe, a menina aceita a proposta do irmão mais velho que diz que se a irmã lhe der algo em troca, ele convencerá a mãe, o que efetivamente acontece.

De posse de uma nota de valor elevado, a menina sai pra ir até à loja de peixes. No caminho, o dinheiro cai num gradeado que serve como ventilação e iluminação ao sótão de uma loja já fechada por conta das festas do novo ano. A pequena Razieh consegue ver a cédula, mas não pode pegá-la. Tão ao alcance da garota, mas ao mesmo tempo tão distante, por isso mesmo, tão frustrante...

Razieh pede auxílio pra adultos, os quais não se interessam por ajudá-la. Quando o irmão vai a seu encontro, caberá às crianças encontrarem a solução pra resolverem o problema. A curta jornada de Razieh é exemplar no sentido de mostrar que a resolução de nossos problemas depende muito mais de nós mesmos do que dos outros.

Não há nada de simplório no curto pedaço da vida de Razieh ao qual temos acesso. Seu desejo, a angústia sentida ao perder seu dinheiro, a força que demonstra pra ser independente, as alianças que forja e as lições aprendidas ressoam em todos nós.

O realismo das cenas do cotidiano nas ruas de Teerã e da passagem do tempo, além do foco numa ação aparentemente simples são alguns dos fatores que remetem ao clássico Ladrão de Bicicleta (1948), de Vittorio de Sica, provável inspiração de Panahi.

A cópia a que assisti estava dublada em espanhol, mas pude sentir o incrível trabalho do diretor na direção de atores-mirins. As expressões e gestos das crianças, especialmente os de Razieh, transmitem ao espectador uma gama avassaladora de sentimentos complexos e detalhados. Aliás, os diretores iranianos dessa geração demonstram uma sensibilidade incrível pra dirigir crianças; são os vários os filmes apresentando interpretações magistrais. De momento, me vem à cabeça Rang-e khoda (1999) e Bacheha-Ye aseman (1997), ambos já discutidos no blog. Em tempo, o local onde mora a família de Razieh, me lembrou muito as locações e Bacheha...

Badkonake Sefid é outro triunfo do cinema iraniano, que pode ser visto no You Tube, legendado em espanhol.

Encontrei versão legendada em inglês, mas não pode ser incorporada à postagem. Eis o endereço pra primeira parte:
http://www.youtube.com/watch?v=5Z4eDsZvF2A&feature=PlayList&p=3E377879CF1BB872&playnext_from=PL&index=0&playnext=1

2 comentários:

  1. COngratulations, dearest!

    Tanto pela resenha, sempre genial quanto pelos acesso d'além mar!

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  2. Olá.
    Não sei se se lembra mas eu enviei-lhe um e-mail à uns meses atrás a perguntar-lhe coisas acerca do Albinismo. Queria voltar a agradecer, e dizer-lhe que graças à sua ajuda consegui atingir 19,6 numa escala de 0 a 20. Mostrei o seu blog, e toda a turma se mostrou muito interessada.

    Muito obrigado pelo seu contributo.

    Iolanda Martins

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