Nova iniciativa do deputado paulista Carlos Giannazi no sentido da inclusão da população albina. Desta vez, ele enviou ofício ao IBGE solicitando nossa inclusão no Censo.
Ofício n°127--2010
IBGE
Exmo. Sr. Presidente; EDUARDO PEREIRA NUNES
Estamos encaminhando a Vossa Excelência proposta de inclusão no próximo censo nacional de pesquisa relativa aos dados sobre a população albina brasileira.
Transcrevemos a seguir apontamentos organizados por pequenos movimentos sociais de pessoas com albinismo em que a) descrevem brevemente a condição biológica dos albinos, b) as dificuldades de inclusão social dos albinos, c) a dificuldade de se obter informações sobre essa população
O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência de pigmentação na pele, olhos, pelos e cabelos dos indivíduos. Desprovidos de melanina – que dá cor aos seres – as pessoas com albinismo são extremamente sensíveis á claridade e à radiação UV. Necessitam aplicar bloqueador solar diariamente diversas vezes devido á sensibilidade da pele com relação ao mormaço. A falta de pigmentação torna-os mais suscetíveis ao desenvolvimento de câncer de pele, por exemplo. Frequentemente, também apresentam baixa acuidade visual, necessitando óculos de graduação elevada e aparelhos óticos dispendiosos para enxergarem.
Mais comum entre afro-descendentes, o albinismo dificulta a inserção do cidadão na educação e no mercado de trabalho. Incapazes de acompanhar o resto dos alunos - ou mesmo vindo de lares com baixa renda e, portanto, longe da escola – muitas pessoas com albinismo não possuem educação formal adequada. Por isso, não conseguem encaixar-se no mercado formal de trabalho, vivendo em condições precárias e sem dinheiro para obter bloqueador solar, por exemplo. Esse mesmo contingente, ao desenvolver câncer de pele, procurará os serviços da rede pública, tornando-se mais onerosos ao Estado do que se políticas públicas de saúde fossem pensadas para atender as necessidades específicas dos albinos.
Ocorre que não existem dados no Brasil a respeito do número de pessoas com albinismo no país. As estatísticas utilizadas aqui provêm da Europa e dos EUA, onde a proporção de albinos pode ser menor, porque a proporção de afro-descendentes também o é, em relação ao Brasil.
Quantificar as pessoas com albinismo no país, através do próximo censo, tem dupla importância:
1 – permitiria o delineamento de medidas mais inteligentes de políticas públicas de saúde para esse contingente, uma vez que teríamos mapeado a localização dos maiores grupos de albinos, o perfil sócio-econômico e cultural dessa população (importante para saber qual a porcentagem que recorre ao serviço público de educação e saúde);
2 – permitiria ao próprio grupo – até agora invisível aos olhos do poder público – reconhecer-se enquanto identidades pertencentes a um contingente populacional, facilitando aos próprios albinos mobilização grupal e sentimento de pertencimento a um coletivo.
Para tanto, a inclusão dos albinos no próximo Censo do IBGE traria enorme avanço para a inclusão desse grupo tanto no quadro das políticas públicas de saúde, quanto no processo de afirmação identitária dos grupos minoritários e oprimidos.
Neste sentido contamos com a sensibilidade desse órgão e de seus agentes públicos para que possam, ainda no censo que se avizinha, incluir a busca por informações a respeito dessa população.
Atenciosamente
Carlos Giannazi- www.carlosgiannazi.com.br
Deputado Estadual
Membro Titular da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo
(Em homenagem à iniciativa de Giannazi e esperando que algum dia sejamos contados pelo IBGE, fiquemos com uma canção da banda inglesa The Magic Numbers.)
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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