terça-feira, 22 de junho de 2010

CORAÇÃO FAMINTO

Encontrei outro texto com personagem albina. Passarei a palavra ao próprio autor:

O que você está prestes a ler é a introdução de "Coração Faminto", o livro que retratará da história de um menino de rua que buscava sua salvação em meio a tal caos. Eu sinceramente gostaria que este projeto caminhasse com a mesma velocidade que "A Rosa Boreal" e "Cathedraw" por exemplo (estes eu escrevia com uma "sede" imensa). Mas existem muitos motivos para minha demora, e estes motivos se devem a um planejamento muito cuidadoso, até porque ao terminar de escrevê-lo, vou colocá-lo a venda. Ele é um grande teste para mim, pois será o canal que ligará a minha criatividade as pessoas. Este livro é algo diferente de um estudo bíblico, pois é uma história 100% criada do zero. Não quero decepcionar o leitor, e portanto estarei fazendo o meu melhor para trazer aos mesmos um produto de qualidade. E isto é questão de honra. Espero que gostem da introdução.

“Você é um lixo. Você não vale nada. Não existe solução para você.”
Foram com este tipo de palavras que uma criança órfã, sem amigos ou qualquer laço familiar cresceu nas ruas. Vagando de canto em canto, em sua humilhação aquele inocente ser se alimentava dos restos que encontrava em latas de lixo. Era a história de vida de tantos outros desabrigados, fossem estes vitimas da guerra ou das injustiças da vida. Não haviam abrigos por ali, e assistências sociais muito menos. As necessidades mais básicas falavam mais alto, e por essa razão os pedintes tinham de apelar para os inúmeros turistas que passavam pelas ruas daquela grande cidade de dia e de noite.
Noir, que ficava a beira do mar e envolta por ilhas tropicais, era uma grande e famosa cidade turística. Era famosa por suas belezas, mas a sua miséria era um óbvio motivo de vergonha que seus lideres tentavam esconder. Contudo, era praticamente impossível ignorar os alarmantes níveis criminais e de miséria humana nas periferias, tais como os morros e as favelas. Haviam muitas ações policiais em toda a cidade, e aquele garoto se arriscava a permanecer nas áreas ricas de Noir, onde os turistas passavam. Por sua audácia, ele apanhava severamente de guardas públicos e até mesmo de moradores que tentavam zelar pela imagem de sua prospera cidade.
A grande verdade é que ninguém estendia a mão para aquele garoto. Zombarias, desprezo e represálias eram coisas com as quais ele já estava acostumado. Ele não sabia a quem culpar. Não sabia ele se sua miséria era de responsabilidade de seus pais por o abandonarem, não sabia se Deus era o culpado. Na verdade, ele não queria culpar a ninguém a não ser si mesmo. Em sua baixa auto-estima, ele cria ser um peso, uma maldição, uma aberração. Acreditava que tinha nascido para sofrer. E como sofreu...
O mundo das ruas era terrível. A batalha de cada longo dia era para se permanecer vivo. Alguns, em seus vícios, se entregavam ao mundo das drogas e da prostituição. Era uma miséria da qual Noir se envergonhava e temia mostrar ao mundo exterior: seu cartão postal devia ser impecável. Infelizmente, não era. E aquele menino, livre de vícios e bem intencionado, vivia em meio daquilo sem se render, demonstrando uma pureza rara. Seu sonho? Não era nada especial. Ele apenas queria ter o que de comer, um lugar para dormir e paz. Faltavam-lhe ambições.
A única coisa que ele sabia a respeito de sua origem era o seu próprio nome: Matt. E nestes dez anos de vida, muita coisa lhe ocorreu. Sua vida se iniciou em um orfanato, onde ele havia sido abandonado ainda em seu primeiro dia de vida. Veio a crescer juntamente com outras crianças e de certa maneira nunca foi aceito. Esta tal perseguição incluía até mesmo parte das irmãs, que no caso eram as zeladoras daquele abrigo religioso. Sua exclusão se devia aos profundos e estranhos olhos azuis do menino, pois tais olhos possuíam um suspeito brilho e algumas singelas e bem aparentes características que o diferenciavam de qualquer outro ser-humano.
Seriam aqueles lindos olhos azuis o motivo de tamanho desprezo? Não. A pele albina e os vários fios grisalhos que se misturavam aos seus cabelos negros desde seus dois anos de idade demonstravam que ele era diferente. Mas a maior razão de preconceito para com a sua vida era uma estranha marca que o menino possuía nas costas da mão direita (ele sempre a escondeu usando uma faixa na mão ou uma luva). Os mais céticos consideravam aquela como uma marca de maldição. Desde pequeno, Matt cresceu ouvindo todo tipo de absurdos, sem ter culpa de qualquer acusação.
Ele parecia ter nascido para sofrer. Nascido para ser um exemplo de fracasso, de repudio. Não interessava se ele era culpado ou não culpado, seu “destino” apontava para o negativismo. Seu futuro não parecia ter surpresas felizes. Eventos o levaram a sarjeta, a becos imundos no resto da sociedade. Mas se é que existisse uma ambição naquele menino, era o seu esperançoso desejo de liberdade, de salvação. Noir, que a tempos tem sido a cidade por ele escolhida como seu lar, significa “livramento”. E por crer que nesta cidade ele teria a sua tão almejada salvação, ele permaneceu ali a espera de seu milagre.
As palavras negativas não tinham tanto valor sobre ele. No fundo, não matavam sua real fé. Matt simbolizava um sofredor que cria no “sonho patriota”, que cria que a sua oportunidade um dia chegaria. Com ânimo inabalável, ele depositou suas esperanças naquele lugar. Infelizmente, o milagre não vinha, e a cada dia parecia que este milagre se distanciava mais e mais daquele lugar esquecido. Sempre doente e machucado, o menino de dez anos era teimoso em insistir em viver. Por mais infernal que fosse a sua vida de derrota, ele ainda acreditava que um dia a sua sorte mudaria, e assim sendo ele não desistia.
Os dias eram difíceis. Naquele mundo cruel e preconceituoso, pensamentos otimistas sobre o amanhã pareciam utopia, loucura, mera fantasia. Mas para Matt, aquilo era o que o mantinha vivo. Sua gentileza sempre foi aparente tanto em suas ações quanto em suas poucas palavras, as quais sempre saiam em tom fino e tímido. Sempre andava sozinho, procurando não se envolver com ninguém para assim não entrar em enrascadas, mas também nunca desejou ou fez mal a alguém. Por nunca ceder ao ódio e ao rancor por sua realidade, ele mantinha-se equilibrado no mais hostil ambiente.
Rara era a sua paciência. Matt possuía um olhar triste mas que ao mesmo tempo apresentava um belo brilho típico de alguém que queria viver. Era uma jóia rara jogada ao vento, perdida e sem destino. Sua carência era por um amor que infelizmente ele não encontrava. Sua necessidade era a de uma salvação, de uma libertação daquelas correntes que o prendiam a uma vida de escravidão. Sua simplicidade era muito evidente. Não era apenas o alimento físico que lhe fazia falta, mas acima de tudo o alimento espiritual.
Até a próxima!


Quem quiser saber como/se a história segue, acesse http://sonho-obras.blogspot.com/2010/05/um-menino-de-rua-que-cria-na-propria.html

(Falou em Matt, lembro logo do Matt Bianco!)

2 comentários:

  1. Matheus Peres (Matt)23 de junho de 2010 às 17:51

    Fico feliz que minha obra esteja para apreciação de outros leitores. A continuação sairá em breve, com certeza!

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