Outra pessoa com albinismo enviou sua história de vida para publicação. Darlan Roman é catarinense e prova que albinismo não é obstáculo intransponível para se atingir sucesso profissional ou afetivo.
Obrigado, Darlan, por compartilhar suas experiências conosco. O blog está aberto para quaisquer outras colaborações; o espaço aqui é coletivo!
Sou uma pessoa com albinismo, olhos e pele. Nasci em uma pequena cidade do interior de Santa Catarina, o único da família que possui esta característica. Tenho dois irmãos e durante minha infância e adolescência sempre buscava saber porque era diferente. Mas, oriundo de família simples, sem maiores orientações, fui crescendo sob olhares de reprovação, risadinhas maldosas e exclusões. Não entendia porque somente a minha pele queimava quando ia jogar bola com meus amigos, não entendia porque não conseguia enxergar o que os outros enxergavam. Não havia ninguém pra me explicar, pra me dar uma palavra de conforto, ou simplesmente, pra me dizer que eu era um ser humano, como outro qualquer.
As dificuldades prosseguiam, mas eu não conseguia aceitar ser derrotado. Quando alguém jogava futebol melhor do que eu ou tirava nota maior na escola, me sentia mal. Se os outros podiam fazer algo, eu também poderia fazer. Cresci com essa mentalidade. Sempre lutei contra minhas limitações, às vezes ignorando-as por completo. O problema é que sempre aparecia alguém para lembrar que eu não era capaz de fazer algo. A solução foi começar a ignorar essas pessoas. Conclui o ensino médio, comecei a trabalhar e, com o trabalho, vieram novos apelidos, insinuações, piadinhas e rejeições. Mas, era preciso prosseguir. Não havia muitas escolhas, ou se continuava lutando, ou se trancava em casa e se ficaria na companhia dos lamentos e reclamações.
Entrei na universidade, me formei em Administração. Foi preciso muito esforço – e atualmente não é diferente – para conseguir compensar as limitações impostas pelo albinismo. Nada impossível. Consegui! Não apenas me formei, como fui um dos alunos-destaques da turma. E olha que eu não passava 24 horas estudando! Sobrava tempo pra trabalhar, namorar, passear.... Consegui ir tão bem na graduação que, após formado, fui convidado a dar aula. Atualmente, estou no último semestre do curso de mestrado em administração na Universidade Federal de Santa Catarina. As dificuldades continuam, mas minha vontade de vencer é muito maior e acaba por ofuscar as dificuldades e sofrimentos que surgem pelo caminho.
Além das privações normais, meu maior desafio continua sendo conviver com o preconceito. Preconceito contra negros, obesos, idosos, albinos... Ele está em todas as partes. É preciso ter força para não se deixar abater e mais que isso, é preciso ter força para não se isolar. É preciso acreditar que todo ser humano é uma benção divina. É preciso se unir a Deus e lutar em favor do bem, de acreditar que, independente das limitações, é possível ser feliz. Sempre haverá alguém para nos estender a mão, nos dar um sorriso, nos amar.
(Que tal um passeio pela Bela e Santa Catarina?)
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