Gabbeh é um tipo de tapete persa, tecido com lã colorida, cujas figuras narram uma história. Também pode ser um nome de mulher, que dá título ao filme de 1996, do diretor iraniano Mohsen Makhmalbaf.
Um casal de anciãos dirige-se a um rio para lavar seu gabbeh, que apresenta a figura de um homem e uma mulher sobre um cavalo branco. Durante a lavagem, a figura feminina sai do tapete e, vestida identicamente á anciã, conta a história de como teve que esperar muito tempo e enfrentar enormes dificuldades até que finalmente pudesse se casar com o homem que amava e a seduziu com seu uivar de lobo.
A família nômade de Gabbeh pastoreava ovelhas e a perda de um membro da família provavelmente pesaria nas tarefas. Talvez fosse essa uma das razões para que o pai da moça vivesse protelando a autorização para as bodas. Nesse contexto, a utilização da figura do lobo lança uma dimensão de fábula à narrativa.
Os menos de 70 minutos do filme são guiados pela perspectiva mítica, onde a passagem do tempo não linear, é marcada mais pelo tempo natural, da tosquia e da hora de migrar, do que pelo tempo do relógio das sociedades industrializadas.
O tom mítico é realçado pelas interpretações não-realistas e pelos belos interlúdios líricos, num filme densamente povoado por imagens que permanecem na memória do espectador por longo tempo, devido a sua suntuosidade.
Num dos momentos mais belos, uma das personagens afirma que “vida é cor”. A cinematografia de Gabbeh é luxuosa no uso que faz das cores, desde as encontradas na natureza, até aquelas presentes nos figurinos e adereços das personagens femininas. São tons variados, que por vezes se combinam para criar outros. Nesse sentido, Gabbeh lembra muito a também deslumbrante fotografia do posterior Rang-e-Khoda (1999), do diretor Majid Majidi. http://www.albinoincoerente.com/2009/03/rang-e-khoda.html
A estreita relação entre homens e animais, parte do tema de Gabbeh, também se faz presente em nível formal. A simbiose entre a trilha sonora composta pelo homem e aquela oferecida pelos animais proporciona momentos arrepiantes, especialmente porque estão embalando cenas de beleza impar.
Gabbeh, o tapete do filme, pode não voar como os seus símiles das historias de mil e uma noites. Entretanto, Gabbeh, o filme, faz a imaginação do espectador atingir as alturas mágicas do lirismo.
Gabbeh foi cortado em 7 partes e colocado no You Tube, com legendas em inglês.
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