ENTREVISTA COM PATRÍCIA PRADO

Entrevistei, via email, a autora do livro infantil Pedrinho, o Menino Albino, que tem previsão de lançamento para outubro.

Dr. Albee: Como surgiu a ideia de escrever um livro infantil a respeito do albinismo?
Patrícia Prado: Em 2007, no curso de Pedagogia, eu cursava, entre outras, a disciplina Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Ciências no Ensino Fundamental. A Universidade do Estado de Minas Gerais tem em seu programa um trabalho que chamam de "Integrada", que, na verdade, é uma disciplina surgida da junção de duas outras, no caso, Língua Portuguesa e Ciências. As professoras dessa disciplina nos pediram que preparássemos um livro envolvendo as duas disciplinas. Nesse período, eu fazia estágio em uma escola pública, onde acompanhava uma professora cadeirante. Havia um garoto albino na turma em que essa professora lecionava. Ele foi minha inspiração. Um dia, estávamos no pátio e a mãe desse garoto chegou. Ela é negra e um dos alunos questionou a professora porque a mãe do garoto era preta e ele, branco. A professora, sem graça, pediu à criança que fosse brincar e não se tocou mais no assunto. Não tive dúvidas: a história presenciada viraria livro.
Dr. Albee: Qual o enredo da história?
Patrícia Prado: Pedrinho é um menino albino. Ele é filho de pais negros. Percebe que é diferente, mas não sabe por quê. O incômodo surge quando é questionado por um dos colegas sobre o motivo de ser tão branco. Ele busca na mãe a resposta para essa dúvida. A partir das explicações, acontece uma viagem pelo corpo humano. O livro foi escrito para o público infantil, mas a temática é tratada de forma que adultos e crianças compreendam e se abram para o outro na perspectiva da diversidade como algo natural do ser. Além da história, há uma parte com sugestões de trabalho com o livro e sua temática.
Dr. Albee: Foi difícil achar editora interessada no tema?
Patrícia Prado: Não. A editora Nandyala, que publicará o livro, trabalha com a divulgação e comercialização de referências africanas e da diáspora negra. É uma editora conceituada e séria. Houve interesse imediato na publicação, pois perceberam a importância e ao mesmo tempo a carência de publicações sobre a temática.
Dr. Albee: Você já tivera contato com albinismo antes de realizar o trabalho que te levou a escrever o livro?
Patrícia Prado: Não. Nunca havia pesquisado ou lido algo sobre. Talvez por não vivenciar o albinismo entre os que convivo, não havia despertado essa curiosidade sobre o assunto. Após a escrita desse livro, além do conhecimento sobre o tema, percebo que se faz necessário outros olhares e discussões, como no caso do que ocorre na África e a perseguição às crianças albinas.
Dr. Albee: Quais suas expectativas em relação á publicação da obra?
Patrícia Prado: Acredito que a temática instiga outras discussões e, por isso, tem tudo para dar continuidade. Pedrinho é um personagem que pode caminhar em outras trilhas, trazer novos desafios ao pensar. As pessoas que tenho procurado para divulgação da obra, tem recebido muito bem a proposta. No dia 13 de setembro, participarei de um Sarau literário na Universidade onde tudo começou. Eles abriram o espaço para divulgação e como é um curso para educadores, acredito que será um campo fértil a ser semeado. Já temos agendado uma entrevista para um programa de TV para o próximo ano, também. Percebo que o caminho está aberto, basta coragem e disposição para continuar e isso não tem me faltado!

(Outra canção da Patrícia Marques – mais tarde, Marx – em homenagem á Patrícia Prado.)