domingo, 19 de setembro de 2010

LIBERDADE DE IMPRENSA

Roberto Rillo Bíscaro

Uma jornalista denuncia um descaso do governo, que levou ao ataque a um país inocente. O serviço secreto exige que a repórter divulgue sua fonte, mas ela se nega a fazê-lo, pois isso abriria perigoso precedente pra relação ética e de confiança entre jornalistas e fontes. Pela constituição, ela tem o direito de não revelar quem lhe contou o segredo, mas é coagida e presa, porque o assunto é de segurança nacional. Desrespeito á liberdade de expressão e individual. Típico de países autoritários e “atrasados” lá da África, não é mesmo? Pois a história acima parecida com uma repórter do New York Times, durante a guerra contra o terror do presidente George W. Bush, lá na terra da liberdade, os Estados Unidos.
Embora não seja a história dessa repórter, o filme Nothing But the Truth (no Brasil, A Verdade é Só a Verdade), de 2008, narra história semelhante, deixando claro de onde retirou sua inspiração e a crítica á administração do predecessor de Obama.
Mistura de suspense político com drama de tribunal, o filme critica o Executivo que se mete na vida pessoal do cidadão, ainda que caracteristicamente se esqueça de que o governo foi votado e não imposto via golpe. Também defende a liberdade de imprensa, mas apenas toca muito de raspão na manipulação midiática e sequer investiga o papel da imprensa pra ascensão do governo em questão.
De qualquer modo, A Verdade é só a Verdade centra-se na obstinação da repórter em não revelar sua fonte. É a velha história que o cine já contou n vezes: alguém com um ideal que enfrenta tudo e todos. Dentro desse gênero, o filme é bastante competente e prende a atenção.
Filmado em cenas longas e eminentemente dialógicas, a narrativa se apóia no excelente elenco encabeçado por Kate Beckinsale, Matt Dillon, Vera Farmiga, Ângela Bassett e Alan Alda. Todos estão ótimos, especialmente Vera e Kate. Mas não posso esquecer Alda, minha motivação pra ver o filme. O monólogo perante a Suprema Corte é uma das melhores cenas que já vi com ele.
Cinematografia e enquadramentos convencionais pra não chamar a atenção pra forma, mas sim pra trama, que é o que interessa em Nothing But the Truth. Enfim, produto de qualidade técnica e artística; diversão e discussão garantidas.
O crítico de cine do New York Times desceu a lenha no diretor Rod Lurie, depois de começar sua resenha afirmando que gostaria de ter visto na tela a história de sua colega de jornal. Ponto pra imparcialidade da imprensa!

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