sábado, 25 de dezembro de 2010

A VOLTA DOS MENINOS 50TÕES


Na industrial Birmingham, surgiu em 1978, o Duran Duran, cujo nome foi inspirado pelo filme Barbarella, dirigido por Roger Vadin e estrelado por Jane Fonda. Os meninos da classe operária inglesa se autodenominavam um cruzamento dos Sex Pistols com o norte-americano Chic. Punk com funk.
Muita maquiagem, roupas com muito fru fru e uma energética sonoridade que encapsulava pop, eletrônica e algum rock, influenciada por Roxy Music e David Bowie, catapultaram o grupo à estratosfera pop em tempo recorde. Um dos primeiros grupos a aproveitarem o potencial da MTV, o Duran Duran tornou-se mania mundial, provocando histeria por onde passava, inclusive no mercado norte-americano, quase sempre fechado pro estrangeiro. O visual de Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria) ajudou imenso na escalada da fama e dinheiro. Uma das questões cruciais na primeira metade dos anos 80 era discutir quem era seu duranie favorito.

A partir da segunda metade da década, o grupo fragmentou-se em trabalhos solos e, quando se reunia pra gravar, o sucesso esmagador de outrora não se repetia. Normal na ciranda pop. O Duran Duran não parou de lançar álbuns, mas, parece que a vontade de agradar a crítica emperrava a composição de canções pop grudentas. Sempre havia uma ou outra, meio perdida, mas faltava material digno de compor álbuns memoráveis, tipo Rio (nada a ver com a Cidade Maravilhosa. Rio é uma garota) ou Seven and the Ragged Tiger, espumantes de delícias duranies.
Eles agora são 50tões e Simon Le Bon está barrigudo, mas continuo me referindo a eles como os meninos do Duran Duran. Recém-lançaram All You Need is Now, que por enquanto só pode ser baixado no iTunes. Pode-se, porém, ouvi-lo integralmente no You Tube. Não é exagero afirmar que se trata de seu melhor álbum desde 1983, em termos de constância da qualidade das canções, especialmente as dançantes. Soa como se os meninos continuassem com o trabalho feito em Seven and the Ragged Tiger, incorporando alguns elementos e barulhinhos contemporâneos. Produzido por Mark Ronson, All You Need Is Now entrou direto no topo da parada de downloads do iTunes.

Blame the Machines saiu diretamente de Rio, com direito a coro feminino sexy e melodia fluida acelerada pra levar multidões ao zênite da gritaria histérica em grandes arenas. A cavalgada de Being Followed abre com uma referência á clássica duranie Girls on Film, linha de guitarra remetendo à Atomic, da Blondie e segue no clima de Planet Earth; dá até pra ver os meninos dançando no clipe de Planet, há 30 anos! Subterrânea, corre a correnteza de cristal gelado dos teclados de Nick Rhodes. Mas, a melodia é levada pela bateria e pelo baixo infeccioso de John Taylor. Baixão sexy, rebolativo, gordo, que atinge o ápice em Safe, funk de olhos azuis, esguichando erotismo; Duran Duran segunda metade dos anos 80. Simon reafirmando pra nova geração que o cetro da voz mais encharcada de sensualidade do pop inglês ainda lhe pertence.

O que dizer de Girl Panic? A letra traz outra garota da dinastia de Rio, com seu vestido caindo dos ombros, hipnotizando Simon. A percussão explosiva de Roger Taylor e o baixo reverbarante de John, os vocais de Simon, meio à La Hungry Like a Wolf, a muralha sintetizada de Nick, que por segundos se ergue... Clássico instantâneo, não fica devendo nada ao auge oitentista da banda. Meninos, será que nós súditos 40tões, ainda temos fôlego pra nos acabar dançando e gritando ao som disso? Runway Runaway tem o mesmo savoir faire de Rio, a canção. Precisa dizer mais? Parece um single perdido de Rio, o álbum. Aos 50 segundos vem o refrão, pra ser gritado até a rouquidão.
O Duran Durou voltou as suas raízes pra fazer o que sabe melhor: canções pop grudentas, que despertam sonhos de glamur, glitter e glacê. Neste Natal, tudo o que você precisa é de All You Need is Now.

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