No início dos anos 60, na Virginia (EUA), um branco se apaixonou por uma negra. Como as leis segregacionistas do estado não permitiam casamento interracial, o casal foi para Washington e contraíram matrimônio. De volta a seu estado natal, a polícia invadiu sua casa durante a noite e os prendeu. Foram julgados e sentenciados: ou anulavam o casamento ou se exilavam do estado por 25 anos. Escolheram a segunda opção, mudaram-se para a capital estadunidense e iniciaram longa batalha judicial para terem sua união reconhecida.
Em diversas instâncias, juízes justificavam seus vereditos de apoio à lei racista argumentado que Deus criara as raças em continentes diferentes, o que significava que não tencionava uniões interraciais. Também afirmavam que a permissão de uniões entre etnias diversas traria caso à sociedade, confundiria as crianças, enfim, destruiria a sagrada instituição da família. A Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou essa absurda lei apenas em 1967. Desde então, os casamentos interétnicos não conseguiram dizimar a célula manter da sociedade, pelo contrário.
O documentário Tying the Knot (2004) usa o exemplo acima como paralelo dos argumentos usados por setores conservadores para se oporem à união civil entra pessoas do mesmo sexo. Embora o Censo tenha registrado a existência de casais do mesmo sexo em 99% dos condados norte-americanos, o não reconhecimento legal dessas uniões implica que essas pessoas não tenham acesso a quase 1000 direitos garantidos nos diferentes níveis administrativos. Gente que paga impostos e contribui para o crescimento da nação, mas não tem direito à herança, pensão, ficar junto da pessoa amada no hospital em caso de doença e tantas outras coisas tão corriqueiras para casais heterossexuais.
E é duro ver a história do homem de meia idade no rural estado de Oklahoma. Ele e o parceiro construíram seu patrimônio com muito trabalho, mas, após a morte do companheiro de mais de 2 décadas, todos seus bens foram concedidos a uma prima, devido a uma “tecnicalidade” : a lei não reconhece a união desses 2 homens, portanto, o sobrevivente não tem direito algum. As longas pausas e o ar de derrota do entrevistado comovem e fazem pensar sobre o porquê essas pessoas não têm o direito de levar suas vidas em paz e com dignidade.
Tying the Know traz outras histórias de direitos básicos negados a casais do mesmo sexo e a experiência de locais como a Holanda e o Canadá, onde tais uniões são reconhecidas e a sociedade não acabou ou foi castigada com nenhuma praga divina.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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