segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CAIXA DE MÚSICA 22 (EDIÇÃO ALBINA)

Às vésperas do início da maior festa popular do planeta, nosso cronista albino Miguel Naufel brinda o repertório de marchinhas carnavalescas com uma sobre albinismo.

Temos todos os anos festivais de músicas carnavalescas em Mococa (SP).
Sempre participei, ou como sonorizador do festival ou com alguma música de minha autoria, inscrita no festival.
No ano passado participei com a música Picadura, que falava sobre o mosquito da dengue.
Este ano resolvi me inscrever no festival com uma musica que fala sobre albinismo.
Há um ano, movi ação civil contra a saúde municipal de Mococa. Na ação eu pedia ao departamento de saúde municipal bloqueador solar pelo SUS.
O juiz de Direito da comarca de Mococa concedeu liminar mandando a saúde municipal me fornecer quatro frascos de bloqueador por mês.
Quando me dirigi à farmácia municipal com a liminar em mãos, a diretora de saúde não quis me entregar os tubos. Então, não tive dúvidas e me dirigi ao fórum de Mococa e falei com o Promotor Público.
Ele me orientou a aguardar na minha casa...
No outro dia, às oito horas da manhã um carro da prefeitura me levou oito frascos de bloqueador solar fator 100... Eu estava dormindo tranquilamente...
Aproveitei essa experiência e fiz esta musica que vai concorrer no festival carnavalesco da cidade.
Esta canção é um presente meu pros albinos e pro blog!


A Marcha do Albino:
Assim não dá
Assim não dá
Sem protetor não posso ficar
Assim não dá
Assim não dá
Eu sou albino, tem que respeitar
(bis)
Agora tô protegido
O sol nem vou pegar
Ganhei o protetor
Por causa do promotor...
(bis)
Assim não dá
Assim não dá
Sem protetor não posso ficar
Assim não dá
Assim não dá
Eu sou albino tem que respeitar ...
bis

O Albino Incoerente agradece a homenagem e lhe deseja boa sorte no concurso, Miguel! A marchinha está no You Tube, ouçam:

domingo, 27 de fevereiro de 2011

MÚLTIPLAS SUPERAÇÕES

Em 2009, a FAAT (Faculdades Atibaia), no interior de São Paulo, realizou um programa experimental de jornalismo. O resultado foi o programa Diversidades, que traz diversas histórias de superação de moradores da região.
Você conhecerá casos como o do homem que levou descarga elétrica de 13 mil volts e se recuperou; o ex-dependente químico, que agora ajuda jovens viciados; pessoas que superaram limitações físicas e se destacam no esporte, nas artes e na educação. Uma coleção de histórias de superação motivadoras, mas que também falam de um problema muitas vezes maior do que as próprias limitações físicas: o preconceito.
Faço votos de que o programa Diversidades especial sobre superação inspire sua semana!




MEIA-LUA KURDA


Roberto Rillo Bíscaro

Embora esteja curtindo meu mergulho nos filmes de suspense e policiais antigos, senti-me um pouco asfixiado com tantas produções norte-americanas e inglesas. Preciso respirar ares culturais variados, senão tenho a impressão de estar perdendo algo que me é deveras valioso. Por isso, decidi ver Niwemang (2007), do diretor iraniano Bahman Ghobadi. No Brasil, o filme recebeu o nome Antes da Lua Cheia.
Como diversos outros filmes iranianos, este também apresenta personagens numa odisséia em busca de algo. Após anos proibida, a queda de Saddam Hussein permite que a música do subjugado Kurdistão possa ser executada novamente. O velho Mamo, importante músico kurdo, ensaiou a volta aos palcos de sua terra natal durante 7 meses. De posse de uma permissão para tocar no Kurdistão, o ancião parte em um ônibus com seus mais de 10 filhos, todos músicos. O que parecia ser uma simples viagem de despedida do veterano músico, prova ser uma peregrinação em meio a cenários deslumbrantes, com trilha sonora de primeira, mas atormentada por barreiras policiais, rajadas de bala norte-americanas, soldados brutais e nada cooperativos. Turcos, iranianos, iraquianos, norte-americanos; todos tentando asfixiar ou brutalizar a etnia kurda. Essa parece ser uma das metáforas propostas pelo diretor.

Em meio à má vontade quase generalizada para com eles e a certos elementos místicos da narrativa, as personagens estão salpicadas por índices da alta tecnologia. Viajando em um ônibus escolar emprestado, possuem câmera, laptop e celular (deu inveja do celular funcionando no meio do nada, ao passo que minha operadora teima em me deixar sem sinal dentro de minha própria cozinha!). Esses elementos, porém, vão sumindo ou provando ineficazes, perante o atraso mental provocado pelo preconceito, rixas étnicas, guerra e obscurantismo.
Nos 20 minutos finais, a narrativa mística/metafórica assume o comando. É quando aparece a jovem cantora que promete levar Mamo ao palco de qualquer modo. Seu nome é Meia Lua, tradução do título do filme. Meia Lua talvez seja o “espírito” kurdo, que se recusa a desaparecer, mesmo sob tanta opressão. Entretanto, o desfecho insiste em indicar que Bahman Ghobadi também não acredita que um anjo ou espírito consiga ter tanto poder em uma situação criada pelo próprio ser humano. Mamo, de algum modo, chega ao show, mas Meia Lua não tem o poder mágico absoluto de fazer com que seja da maneira como gostaríamos que fosse.
Niwemang traz pelo menos uma cena inesquecível. Vital para o show, Mamo precisa encontrar uma cantora, mas há outro grande obstáculo aí: as mulheres são proibidas de se apresentarem em público. Em busca de uma pra ser literalmente contrabandeada sob o assoalho do ônibus, a trupe chega a uma aldeia onde residem mais de 1300 cantoras kurdas exiladas por Saddam. A imagem das mulheres sobre os telhados das casas de pedra, vestidas com burkas multicoloridas, cantando como se fora em uma só voz e tocando instrumentos de percussão é um daqueles achados cênicos que entorpecem a gente, de tão lindo.

E, lógico, não dá pra deixar de mencionar Ismail Ghaffari, que interpreta Mamo. As expressões faciais e o olhar do ator quase permitem que a gente nem precise entender o que diz pra saber o que está se passando.
Se a tecnologia e o sobrenatural não dão conta de resolver as tragédias que nossa própria espécie desencadeia, o diretor não cai no idealismo idiota de dizer que a música (a arte) por si só nos unirá. Em Niwemang a música tem fronteiras, sim senhor. É poderosa e tem poder de penetração. Mas, precisa de uma forcinha e da boa vontade dos homens, que, em última instância, são seus produtores também.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

VERGONHA NIGERIANA

Mais de 600.000 Albinos São Discriminados na Nigéria

A Associação de Albinos da Nigéria revelou que mais de 600.000, dos dois milhões de albinos do país, sofrem discriminação de suas famílias, colegas de escola e amigos.
Jake Epele, presidente da Associação, afirmou que algumas famílias abandonam recém-nascidos com albinismo. “Devido a esse fato, um albino tem chances reduzidas de se dar bem na vida; a maioria dos pais reluta em investir na educação de crianças albinas.”
Ele acrescentou que estatísticas indicam que um milhao e meio de nigerianos albinos estão entre os mais pobres, marginalizados e com menos educação.
Some-se a esse quadro, o fato de que albinos estão entre os mais suscetíveis ao câncer de pele, devido à freqüente exposição ao sol.
“A pobreza e falta de instrução dessas pessoas não se dão por deficiências físicas ou mentais, mas principalmente por discriminação, exclusão social, estigmatização e, algumas vezes, pela violação dos direitos humanos”, lamenta Epele.
Ele finalize: “Todo nigeriano tem direito à educação. O sofrimento dos albinos deve ser urgentemente tratado. Pessoas albinas tem suas peculiaridades e devem incluídos em todas as políticas educacionais.”
(Encontrado em http://www.afriqueavenir.org/en/2011/02/26/more-600000-albinos-suffer-discrimination-in-nigeria/)

ESQUELETO

USP testa célula-tronco do próprio paciente para regenerar osso
Objetivo é acelerar a cura de fraturas ou tratar má formações
A equipe do Centro de Estudos do Genoma Humano do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo), liderada por Maria Rita-Passos Bueno e Mayana Zatz, está testando o uso de diferentes fontes de células-tronco retiradas do próprio organismo e que são capazes de acelerar a reconstrução de ossos.
As células-tronco são hoje são uma das grandes esperanças da medicina, por dar origem a praticamente todos os tecidos (conjunto de células com uma determinada função no organismo).
Hoje, essas células são estudadas para aplicação no tratamento de uma ampla gama de doenças, do mal de Parkinson à diabetes, passando por problemas renais e cardíacos. A ideia básica é usar as células-tronco para regenerar órgãos e tecidos danificados por esses males.
Segundo a Agência USP de Notícias, a técnica em estudo na USP pretende aumentar a eficiência no tratamento de doenças de difícil regeneração, como a osteosporose, que causa a perda da massa óssea e, com isso, aumenta a fragilidade dos ossos e o risco de fraturas.
De acordo com Mayana, “o intuito da pesquisa é utilizar células tronco para acelerar a reconstrução de ossos que sofreram alguma fratura ou má formação, como ocorre com bebês que nascem com alterações craniofaciais”.
No estudo foram colhidas amostras de células-tronco vindas de diversos tecidos humanos. Em um primeiro momento, foram coletadas células-tronco de tecidos do organismo, como polpa de dente de leite, tecido adiposo (descartado em cirurgias, principalmente em procedimentos de lipoaspiração) e tecido muscular do lábio (vindo de operações corretivas).
Depois, a equipe do testou o potencial de células-tronco das trompas de falópio (canais que ligam os ovários ao útero) e comprovou a alta concentração desse tipo de célula no órgão feminino. Mayana diz que “a vantagem dessa descoberta é que, como a osteoporose atinge majoritariamente as mulheres idosas, devido às perdas hormonais da menopausa, pode-se agora regenerar osso fraturado com os próprios recursos físicos do paciente”
Após retirar as células-tronco do organismo e avaliar seu potencial para regeneração dos ossos, são realizados testes em laboratório para determinar se essas células podem ou não formar tecido ósseo.
Depois disso, foi comparada a evolução na reconstrução óssea de dois grupos diferentes de ratos, um com o implante de células-tronco e outro sem implantes, em condições normais. Os pesquisadores descobriram que os ratos que tinham a membrana com células-tronco tiveram uma regeneração muito mais acelerada do osso fraturado do que os animais que não receberam essas células.
(Encontrado em http://noticias.r7.com/saude/noticias/usp-testa-celula-tronco-do-proprio-paciente-para-regenerar-osso-20110225.html)

ALBINO GOURMET 26

Encerrando fevereiro, a seção de culinária traz cinco vídeo-receitas de tortas salgadas pro lanche da tarde. Boa pedida agora que as aulas recomeçaram e a casa às vezes enche com crianças fazendo trabalhos escolares.




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PAPIRO VIRTUAL 17 (EDIÇÃO ALBINA)

O Nerd Escritor Albino
O escritor e ator albino Flávio Silva está participando do site O Nerd Escritor e colocou nele alguns de seus textos para apreciação na Agenda.
A seção Agenda é um espaço onde o texto fica disponível para leitura até ser o mais comentado do dia, quando então o moderador do site dá a ele uma formatação e aplica uma imagem e coloca-o na primeira página do site, tornando-se A Publicação do Dia.
Quem quiser conhecer os textos e comentá-los, eis os links:
Catchup & Imaginação – A Santa Sem Cabeça
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/catchup-imaginacao-a-santa-sem-cabeca/
Lírios no Abismo – Quinze Minutos
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/lirios-no-abismo-quinze-minutos/
A Última Execução
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/a-ultima-execucao/
Ana, o guizo e o saco de estrelas
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/ana-o-guizo-e-o-saco-de-estrelas/  
Odisséia Canina – O Cão de Guarda
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/odisseia-canina-o-cao-de-guarda/
Catchup & Imaginação – A Mulher de Algodão
http://www.onerdescritor.com.br/2011/02/catchup-imaginacao-a-mulher-de-algoda/
Segredos Públicos
http://www.onerdescritor.com.br/2010/04/segredos-publicos/
CASUAL SPAM – A Tecnologia e a Fé
http://www.onerdescritor.com.br/2010/04/casual-spam-a-tecnologia-e-a-fe/

Flávio já tem um miniconto publicado lá:
Silêncio Social – Timidez
http://www.onerdescritor.com.br/2010/05/silencio-social-timidez/

Nas palavras do autor, “não precisam apenas elogiar. Aquele é um espaço livre para expor ideias e opiniões. Podem criticar também. Cada comentário me ajuda a melhorar mais e mais. Se gostarem, divulguem entre seus contatos. Espero que consigam um tempinho para dar um help para o albino aqui.”

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

RETRATO MILAGROSO

Britânico com problema incurável recupera visão ao olhar retrato de esposa
George Hudspeth tinha ficado completamente cego há um ano

Um aposentado britânico, diagnosticado com degeneração macular do tipo seca, uma doença incurável que leva à perda da visão, voltou a enxergar depois de segurar um retrato de sua mulher, já falecida.
George Hudspeth tinha sido registrado como cego há dez anos, quando foi feito o diagnóstico da doença. Há um ano ele perdeu totalmente a visão.
No entanto, os médicos do aposentado foram surpreendidos quando, repentinamente, ele voltou a enxergar. E tudo aconteceu depois de Hudspeth ter “conversado” com um retrato de sua mulher.
Hudspeth contou que ainda não sabe exatamente como aconteceu.
- Sempre me perguntam isso. Não sei como aconteceu, apenas aconteceu. Eu estava sentado em frente à televisão, ouvindo a televisão. Então começaram as propagandas e eu comecei a conversar com a foto de minha mulher. Então, quando me virei, [percebi que] a televisão estava ligada. Isso me assustou e eu desliguei. Não sabia o que estava acontecendo.
Hudspeth saiu da sala e preparou uma xícara de chá. Quando voltou, ligou a televisão novamente.
- E estava lá [a imagem], de novo, nas notícias das 5 h. Eu não parei de assistir, assisti [à televisão] a noite inteira. E tem sido ótimo desde então.
O aposentado disse que agora consegue enxergar as netas.
- Eu tinha visto a mais velha antes, ela tem três anos de idade. Mas eu não tinha visto a mais nova, ela tem apenas cinco meses. E foi lindo vê-la. Ela tem um sorriso lindo.
 Mistério
Helen Jackman, diretora-executiva da Sociedade de Degeneração Macular do Reino Unido, acha maravilhoso que Hudspeth tenha voltado a enxergar, mas não consegue imaginar qual seria a causa.
- Ele foi diagnosticado com degeneração macular do tipo seca. É uma doença que afeta a mácula e é a causa mais comum de perda de visão no Reino Unido. O que acontece: a mácula é uma parte minúscula atrás da retina, do tamanho de um grão de arroz. E pode ficar danificada com o passar do tempo.
Ela afirma que o tipo de degeneração macular que afeta Hudspeth é incurável, o que “torna a história dele ainda mais incrível”.
- Não sei como ele conseguiu [enxergar de novo]. Os médicos dele estão lutando para explicar.
A Sociedade de Degeneração Macular geralmente dá aconselhamento para as pessoas que sofrem da doença.
- O que nós aconselhamos as pessoas a fazer é uma avaliação da visão, conseguir um bom aconselhamento sobre iluminação. Porque essa doença não deixa as pessoas completamente cegas, elas podem usar a visão periférica, então esse caso é muito extraordinário.
(Encontrado em http://noticias.r7.com/saude/noticias/britanico-com-problema-incuravel-recupera-visao-ao-olhar-retrato-de-esposa-20110223.html)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

CONTANDO A VIDA 23

Hoje, o professor José Carlos Sebe nos fala da influência dos descendentes dos “árabes” na música popular brasileira. De família libanesa, o professor nos conta sobre sucessos sambistas em um texto que prima pela arqueologia musical.

TURCO DÁ SAMBA
José Carlos Sebe Bom Meihy

Entre muitas lendas urbanas referentes aos árabes no Rio de Janeiro há uma que me faz rir. Dizem que uma freirinha ao arrecadar prendas para uma rifa, passava em frente da loja do pai do compositor Jorge Faraj, e teria dito a uma acompanhante: aí não adianta entrar, porque turco na dá nada. Ouvindo tal comentário, irritado, o pai do músico rebateu: dá sim, dá samba pra brasileiro. Se é verdade ou não, não há como saber, mas é legítimo que está ficando difícil pensar a música popular brasileira sem os letristas, músicos e cantores de origem árabe. E são tantos que isso passa a ser tema de questões ligadas à identidade árabe-brasileira. Vamos começar pelo próprio Faraj que garantiu sucessos de Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo e Sílvio Caldas. Quem não se lembra de Caetano Veloso cantando “A deusa da minha rua”? (“A deusa da minha rua/tem os olhos onde a lua/costuma se embriagar...”).

Mas, os árabes na música popular brasileira começaram a ter realce na década de 1930 e o primeiro destaque foi Deo, na verdade, chamado Ferjalla Rizkalla, que, sendo locutor da Rádio Record (“A maior”), teve que buscar um novo nome decidido por concurso, fato que de certa forma o legitimou como o primeiro “libanês da música brasileira”. De verdade, Deo ficou conhecido pelos sambas-canção que cresceram com o sucesso dos grandes intérpretes de então. Suas músicas mais afamadas são: “Fui traído”, “Mensageira do amor” e “Na fogueira dos teus olhos”. Além de letrista, radialista e cantor, Deo se notabilizou por ser conhecido, como diz o “Dicionário Cravo Alvim de Musica Popular Brasileira”, como o “ditador de sucesso” e isso porque as músicas que escolhia ganhavam as paradas. E, como não concordar com isso quando se sabe que dele era “Onde está a honestidade?”.

Na atualidade, vale mencionar João Bosco, que não oculta sua tradição ao assinar sucessos como “Jade” e “Califado de Quimeras”. Mas, há outros territórios apossados pelo conhecido “libanês de Minas”, principalmente os firmados na parceria com Aldir Blanc, alguns eternizados na voz de Elis Regina, como “Mestre-sala dos mares”, “Dois pra lá, dois pra cá” e – talvez uma das dez melhores músicas feitas no Brasil recente – “O Bêbado e o equilibrista”. Nem vale pensar que a ação musical de João Bosco se limita a ele apenas. Não. Atualmente, seu filho, Francisco Bosco, se apresenta como uma das melhores promessas do futuro.

Há um “árabe” que faz esta lista brilhar: Waly Salomão. Curiosamente, tudo indica que a discrição absoluta dessa figura apenas ganha contraste com o reconhecimento de dois baianos que lhe dão relevo: Maria Bethânia e Gilberto Gil. Bethânia, nesse sentido, é ousada, pois nomeou alguns de seus mais importantes álbuns com músicas dele (“Mel”, “Talismã”, “Olho d'água”, “Alteza”). Gil, ministro, pouco antes da morte precoce e recente do colega músico e poeta, o chamou para trabalhar em Brasília.

E pensa que acabou? Como não mencionar Antonio Nassara que, apesar de ser reputado como cartunista, foi parceiro de Noel Rosa e de Araci de Almeida, mas que, certamente, é mais conhecido pelo “Mundo de Zinco” (“aquele mundo de zinco que é Mangueira /acorda com o apito do trem”) e pela marchinha de carnaval “A-la-la-ô”.

Tito Madi não pode ficar de fora desta quase ladainha. Lembrem-se, por exemplo, de “Chove lá fora”, “Não Diga Não”, “Cansei de Ilusões”, “Fracassos de Amor” e da conhecida “Balanço Zona Sul”. De Davi Nasser não preciso falar muito, basta evocar a voz de Gal Costa no “Canta Brasil”: (“Brasil minha voz enternecida/Já dourou os teus brasões/Na expressão mais comovida/Das mais ardentes das canções...”). Dele também são: “Nega do cabelo duro” e o trágico sucesso da dor de cotovelo “Atiraste uma pedra” que compôs com Herivelto Martins.

Este panteão ficaria pobre se além deste rol não mencionasse alguns interpretes que enriquecem nosso mundo artístico. Lógico, que não podemos esquecer cantores que, como Leyla e Ivon Cury, Sergio Ricardo, Agnaldo Rayol e Wanderleia, figuras que estão aí para garantir o título desta crônica: turco dá samba. Garanto que dá.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

OUTRO ALBINO MUSICAL

Gonçalo Aquino Cardoso, o Sivuquinha, é natural da cidade de Regeneração, no Piauí. Aos quinze anos começou a tocar sanfona em Lago da Pedra, no Maranhão. O gosto pela sanfona veio por influência do primo João Baiano, sanfoneiro famoso. Em 1968, aos 20 anos, Sivuquinha comprou sua primeira sanfona, em Teresina, e se apresentou pela primeira vez para o grande público - os milhares de ouvintes da Rádio Pioneira.
Em 1974, mudou-se para Brasília, com a ajuda do primo João Baiano, que começou a lhe dar aulas de piano. Um ano depois já tocava nas casas noturnas da cidade, acompanhando o grande amigo e professor. Nunca mais parou de tocar, como pianista e sanfoneiro, em restaurantes, clubes, festas e vários programas de rádio e TV.
Em 1999, ingressou na Escola de Música de Brasília, para continuar seu aprendizado de piano popular, com o professor Genésio Ferreira. Com dificuldade visual, não pôde aprimorar os estudos em partituras. É autodidata em diversas áreas do universo musical. Tornou-se professor de acordeom popular nos cursos pontuais da Escola de Música e dá também aulas particulares de acordeom e prática de conjunto.
Sivuquinha também é compositor. Gravou o disco Canções pela Paz, com músicas suas e com a participação do maestro Manoel Carvalho e do professor Paulinho do Trombone. Participou de várias edições do Curso Internacional de Verão da Escola de Música, onde tocou com os maestros Manoel Carvalho e Joel Barbosa e com os músicos Alencar Sete Cordas e Ademir Júnior, entre outros. Teve também o privilégio de tocar com o mestre Sivuca, na TV Bandeirantes.
(Encontrado em http://www.clubedochoro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=143:sivuquinha&catid=20:dorival-para-sempre-caymmi&Itemid=12)

Quem estiver em Teresina neste dia 24, terá a chance de ver a fera no palco.

Sivuquinha e convidados farão a sanfona chorar no Teatro João Paulo II
Todo mundo conhece ou já ouviu mestre Sivuca deixar as emoções à flor da pele ao pegar na sanfona. Mas e Sivuquinha? Seria um crime patriótico desconhecer esse gênio do acordeom popularíssimo no Distrito Federal. E o crime se torna inafiançável para nós, piauienses, pois Sivuquinha é filho legítimo da terra. Quem desejo vê-lo em plena ação, não pode deixar de comparecer ao Teatro João Paulo II nesta quinta-feira, dia 24, a partir das 20h.
O nome do show não poderia ser mais apropriado: “De volta para o aconchego”. O retorno à terra que o brotou, pela segunda vez desde que saiu do seio de Regeneração, seu berço e lar até os sete anos. A primeira oportunidade aconteceu quando fez uma turnê pelo nordeste em julho de 2008. Junto com convidados como a banda Os Olivêra e Dimas Bezerra, Sivuquinha promete emocionar os amantes da sanfona com seu talento arrebatador.
Com preços populares, os ingressos variam de R$ 3,00 (meia) a R$ 6,00 (inteira) na portaria do João Paulo II, localizado no bairro Dirceu. A direção do show é do próprio Sivuquinha junto com o também piauiense Alfredo Werney, que acompanhará o mestre no violão. Na produção desse evento imperdível, revezam-se Werney, Dimas Bezerra, Aloísio César e Silvana Ferreira. Para tudo sair como manda o figurino no caloroso Teatro João Paulo II, mantido pela Fundação Monsenhor Chaves.
Gonçalo Aquino Cardoso
Esse é o nome verdadeiro de Sivuquinha, nascido no município piauiense de Regeneração e saído de lá aos sete anos por conta da terrível seca a assolar o lugar. Com a família, mudou-se para o Maranhão, mais precisamente Lago da Pedra, onde conheceu o banjo e, com a ajuda do irmão mais velho, pôs-se a explorar os mistérios da sanfona. Foi um explorador de primeira, desde jovem fazendo sucesso nas festas tocando ao lado do irmão. Era apenas o começo da jornada.
Pelo fato de se assemelhar fisicamente ao mestre Sivuca – além do talento, ambos compartilham a falta de melanina que provoca o albinismo –, recebeu a singela e ao mesmo tempo honrosa cunha de Sivuquinha. O destino o levou a Brasília na década de 70, aos bares e restaurantes de uma capital sitiada pelo regime militar. Descobriu, então, que poderia viver da música, sua grande paixão, e assim o fez, aprendendo piano para presentear o público com suas versões de Elton John e Beatles, a febre na época.
Em 2002, gravou seu CD, Canções pela Paz, com o renomado maestro Manoel de Carvalho e o músico Paulinho do Trombone. Em 2009, no seu aniversário de 61 anos, Sivuquinha foi homenageado com uma menção honrosa na Assembleia Legislativa da cidade que o acolheu e o adotou. Nada mais justo. Contudo, sua maior emoção deu-se em 1980, quando pôde dividir palco com o grande Sivuca. Hoje, Sivuquinha é apenas o diminutivo de alguém que se igualou ao mestre.
(Encontrado em http://45graus.com.br/sivuquinha-e-convidados-farao-a-sanfona-chorar-no-teatro-joao-paulo-ii,geral,77678.html)

CAÊ POLÊMICO

Se Luan Santana não é MPB, então o que é MPB?
Caetano Veloso recebe o Terra para entrevista exclusiva
Renato Beolchi


Caetano Veloso polemiza quando o assunto é música; opina quando é política, mas esquiva-se quando o tema fica muito cabeludo. Caetano vira bicho quando a ofensiva volta-se para a religião de seus filhos. É o que se pode resumir da entrevista exclusiva que o cantor e compositor concedeu ao Terra na noite da última sexta (18) no Rio de Janeiro. O encontro se deu por ocasião do lançamento do DVD Caetano Zii e Zie, gravado em parceria com a MTV no final do ano passado e que chega às lojas na próxima terça (22). O vídeo registra a turnê de divulgação do álbum Zii e Zie, lançado em 2009.
Na conversa, Caetano brincou quando o assunto era uma eventual disputa entre MPB e sertanejo universitário, personificado principalmente na figura de Luan Santana. "Eu não posso entender por que o Luan Santana não é MPB. Se isso não é música popular brasileira, o que é?", provoca ao criticar os "rotuladores" da imprensa. E ainda rejeita ter apadrinhado a nova geração da MPB. "Acho que muita gente não vai gostar desse apadrinhamento, então não quero atrapalhar."
O músico baiano fala bastante de política. Até o assunto ficar perigoso. Caetano elogia Dilma - apesar de criticar sua campanha - e vê com bons olhos a gestão de Ana de Hollanda no Ministério da Cultura: "saudei a chegada dela porque é uma pessoa bacana, de alto nível". Mas esquiva-se quando o assunto vira o receio que a ministra despertou em parte da classe artística. "Esse negócio de ajuda ou facilitação oficial para expressão artística é um assunto muito delicado."
Pai protetor, Caetano Veloso esbraveja - ao seu modo bem particular - quando seus filhos estão ameaçados. No encontro, relembrou as circunstâncias da entrevista que concedeu recentemente ao jornal Folha de S. Paulo em que disse que dois de seus filhos são evangélicos e frequentam a Igreja Universal do Bispo Edir Macedo. Ao saber da reação popular, que criticou a escolha, Caetano disparou: "ninguém tem nada que se meter na vida íntima, espiritual e religiosa dos meus filhos. Isso é burrice. É burrice."

Leia abaixo a entrevista exclusiva de Caetano Veloso na íntegra:


Você pretende fazer uma turnê para divulgar o DVD?
Eu vou fazer possivelmente alguns shows, poucos. Mas turnê, de novo, não. Com esse show eu fiz uma turnê grande pelo Brasil inteiro, América Latina, Estados Unidos, Europa. Agora eu gravei o DVD. A gente pode fazer uma festa pra dizer que foi lançado, mas turnê não.
E esses eventuais shows serão parecidos com o do DVD?
É, serão basicamente aquele show.
O show de lançamento do Zii e Zie aconteceu no Credicard Hall em São Paulo, mas parecia ter sido montado para casas pequenas. Isso foi intencional?
Qualquer show é desenhado para uma casa menor que o Credicard Hall. A nossa banda é pequena. Eu me lembro desse show em São Paulo, e gostei dele. Mas o lugar é muito grande. Parece que (o público) está muito longe. Mas o show saiu bom.
Você transita entre o indie e o mainstream. Toca com a banda Do Amor e com Maria Gadú...
Cara, esse negócio de versatilidade começou desde antes do Tropicalismo. E, naquela época, virou uma espécie de ferramenta pra gente mexer com coisas diferentes. Eu não gosto de ser colocado num lugar certo da estante. Então eu vario. Mas o trabalho com dois músicos da banda Do Amor começou antes mesmo de ela existir. São dois músicos jovens que o (guitarrista) Pedro Sá - que também é jovem, mas menos que eles -, convidou para tocarem comigo o repertório do Cê tal qual eu imaginava e como eu tinha mostrado a ele. Deu certo: Marcelo (Callado, baixista) e Ricardo (Dias Gomes, baterista) são espetaculares.
E com a Maria Gadú?
Já a Maria Gadú não foi um plano meu. Foi uma coisa totalmente acidental. A Globosat iria inaugurar uma sede nova e convidou a Maria Gadú e eu para fazermos um show pequeno. Cada um iria cantar cinco canções. Nós aceitamos, e eles perguntaram se nós não poderíamos cantar alguma coisa juntos. Eu já conhecia a Maria Gadú porque fui num show dela. Ela sabe as minhas músicas, sabe as letras, sabe tocar. Então foi fácil. Escolhemos duas ou três músicas pra cantarmos juntos. E as pessoas gostaram, e terminaram propondo fazer essa excursão que nós fizemos. Então foi assim: casual. Mas foi muito bom, porque ela é muito boa, toca muito, é boa de convivência. Não deu trabalho nenhum. Mas não é como o caso dos meninos da banda, que eu fui procurar porque queria fazer aquele tipo de música.

Como você encara o título de "padrinho" da nova geração?
Eu nem sabia que tinha esse título. (Risos). Mas eu fico contente. Eu gosto de ouvir o pessoal novo que toca. Vou ver aqui no Rio quando eles fazem show. Sejam do Rio, sejam de fora, sejam de São Paulo. Sempre que posso vou ver shows e ouço os discos, converso com os meus colegas. Mas não me sinto padrinho. Acho que muita gente não vai gostar desse apadrinhamento, então não quero atrapalhar.
Com o sertanejo universitário em alta, você vê a MPB em baixa? Ela precisa ser reavaliada?
Eu não consigo separar MPB de sertanejo universitário ou secundarista, porque MPB é música popular brasileira, eu não sei por que o sertanejo não estaria incluído aí. É um critério meio difícil de justificar. Eu entendo vagamente quando uma pessoa está conversando comigo, e diz: "eu achei muito MPB". Eu sei mais ou menos o que a pessoa quer dizer. Ou então: "ele é MPB. Não é rock, não é sertanejo, não é axé: é MPB". Mas isso não chega a configurar nem gênero, nem estilo. Acho que isso me desnorteia. Tudo bem que a imprensa diga que precisa usar rótulos para orientar os leitores, mas eu não posso me submeter a isso. Muitas vezes, esses rótulos mais desorientam do que orientam. Eu não posso entender por que o Luan Santana não é MPB, porque a Daniela Mercury não é MPB. Se isso não é música popular brasileira, então o que é música popular brasileira? Ainda diz assim: "é samba de raiz, não é MPB". Eu não entendo. O que a Mart'nália é? É samba, MPB, ou as duas coisas? Ou a MPB não será mesmo como diz a MPB FM: "tudo"? MPB é tudo. Embora a própria rádio não ponha em prática esse princípio.
Recentemente o cineasta Win Wenders mandou um e-mail pra você pedindo a música Leãozinho para um documentário sobre a coreógrafa Pina Bausch. Como foi isso? E como era seu contato com ela?
Eu tive contato com Pina diretamente aqui no Brasil. Eu fui apresentado a ela pela Monique Gardenberg quando teve uma apresentação em que ela estava envolvida. Houve um jantar na casa dela para a Pina e para o pessoal da companhia, e eu fui e a conheci Pina. Eu sou louco pelo trabalho dela. E comecei a falar com ela sobre o que eu tinha achado, com a maior cara de pau. Ela não gostava que se falasse teoricamente sobre o que ela estava fazendo. Eu sabia disso, falei mesmo assim. Mas ela gostou de mim. E ficamos amigos, ela chegou a me chamar para participar daqueles festivais que ela fazia em Wuppertal. E uma vez ela até conjugou a minha apresentação com o balé dela. Eu estava cantando Garota de Ipanema e ela usou o cenário do Masurca Fogo: as moças de biquíni sentam numa pedra, como se estivessem tomando sol. Elas refizeram toda aquela cena enquanto eu cantava. Então eu tinha contato com ela. Ela veio em minha casa. Uma vez ela veio para o meu aniversário. Era uma mulher muito querida e eu adorava os espetáculos dela. E ela botou o Leãozinho numa peça que chama-se Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã. E é uma cena muito linda a do Leãozinho. É um solo de um bailarino espetacular. E o Win Wenders estava pedindo as autorizções para as coisas que ele tem que usar para o filme da Pina e me mandou um e-mail, pedindo Leãozinho. E eu dei. Respondi dizendo que sim e ele me respondeu de novo dizendo que vinha a São Paulo para uma exposição dele de fotografia. Ele queria que eu fosse para a gente se encontrar. Eu disse que não podia, mas então ele quer que eu esteja presente se possível no lançamento do filme no Brasil. Eu estou louco pra isso porque o trailer é lindo. E saber que ele fez em 3D me animou dez vezes mais, porque se há uma coisa pra que o 3D no cinema foi inventado é um espetáculo da Pina Bausch.

Você foi bastante ativo no blog Obra em Progresso. Qual sua relação hoje com a internet?
Naquela época eu escrevia no blog porque estava fazendo o repertório do Zii e Zie e ainda nem tinha o título do disco. Era Obra em Progresso o nome do blog, e eu escrevia muito ali. Depois, quando ficou pronto o disco, eu parei com o blog e nunca mais escrevi. Eu gostava quando escrevia, mas não senti saudade quando acabou. Mas eu me correspondo por e-mail, olho o Google, vejo coisas no YouTube. Não faço muito mais do que isso. Não tem sites que eu visite sempre.
E com MP3?
MP3 não. Às vezes me mandam por e-mail um arquivo, eu abro e ouço. Mas não tenho uma grande relação. Eu ouço CD. Coloco no tocador e ouço...
Como você recebeu a eleição da presidente Dilma Rousseff?
Bem. Eu, não votei nela. Votei em Marina (Silva, do PV); e quando ficou ela (Dilma) e Serra eu não votei em nenhum dos dois. E fui contra o tom da campanha da Dilma liderada pelo ex-presidente Lula, que é um grande homem, uma grande figura histórica. Mas eu não gostava do tom da campanha, e também não gostei do tom da campanha do Serra, porque ele se atrapalhou muito, e o apoio que ele recebia da direita pela internet era brutal. Eu recebia por e-mail (mensagens que diziam) "veja como é, e tal...". Tinham umas coisas de extrema-direita que eram horrorosas. Tudo bem, não era ele que estava fazendo. Mas o apoio que ele recebia às vezes vinha num tom horroroso, inaceitável.
E a nomeção de Ana de Hollanda para o Ministério da Cultura?
Pois é, está bem. Saudei a chegada dela porque é uma pessoa bacana, de alto nível. Eu a conheço pouco, mas conheço. E gostei que tivesse sido ela a escolhida e acho que ela está se comportando muito bem, com dignidade. Como deveria.
Você então acha injustificado o medo que alguns setores da classe artística declararam ter da gestão dela, principalmente por acharem que possa atrapalhar o que já foi feito em relação a festivais...
Esse negócio de festivais eu não sei direito. E nem sei que festivais são esses, se ela pode atrapalhar ou não. Esse negócio de ajuda ou facilitação oficial para expressão artística é um assunto muito delicado. Você não pode nem dizer que a Embrafilme (estatal criada em 1969 para fomentar a indústria cinematográfica brasileira) era uma coisa certa e nem pode chegar e destruí-la. Tem que ir vendo, devagar. Também não pode haver muita mistificação de ficar muita gente encostada na facilitação que vem do Estado. Então eu não fico muito preocupado com essas questões. Eu confio que a ministra Ana venha a tomar as atitudes mais dignas dentro do quadro dado.
Sobre a entrevista que você concedeu à Folha de S. Paulo, em que falou que seus filhos freqüentam a Igreja Universal, você esperava uma reação tão negativa da opinião pública?
Eu não vi. E, se alguém protestou por alguma coisa, eu não sei o porquê. Na verdade, eu não declarei nada. Apenas o entrevistador me perguntou: "seus filhos são evangélicos, não é?", e eu disse: "olha, eu sou ateu, mas meus três filhos são religiosos. O Moreno tem uma religiosidade muito abrangente, sem uma religião específica, mas é muito religioso. E os outros dois são evangélicos." (Faz longa pausa). Porque ele tinha me perguntado, e eu então dei o panorama assim. Isso é natural, eles têm religião. Eles gostam, eles têm uma vida religiosa. Precisam, gostam disso, como a maioria dos seres humanos. O próprio entrevistador ficou problematizando a questão das igrejas evangélicas, da Universal em particular, e eu respondi de acordo com as perguntas que ele me fez, muito objetivamente. Ninguém tem nada que se meter na vida íntima, espiritual e religiosa dos meus filhos. Isso é burrice. É burrice.
(Encontrado em http://musica.terra.com.br/noticias/0,,OI4953073-EI1267,00-Caetano+se+Luan+Santana+nao+e+MPB+entao+o+que+e+MPB.html)

BABEL

Falar vários idiomas evita decadência cognitiva

Falar mais de um idioma protege o cérebro da decadência cognitiva e ajuda a que a pessoa possa desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo, disseram cientistas reunidos nesta sexta-feira em uma conferência nos Estados Unidos.
Tem sido demonstrado que ser bilíngue ou até estudar uma segunda língua na fase madura da vida retarda a decadência de algumas funções cerebrais, disse Ellen Bialystok, da Universidade York do Canadá, durante reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Um estudo realizado, entre outros, por Bialystok, concluiu que quando as pessoas que falam mais de uma língua tem diagnosticado mal de Alzheimer, isto ocorre, em média, 4,3 anos mais tarde do que com pacientes que são monoglotas. O mesmo acontece com os primeiros sintomas, que aparecem 5,1 anos depois entre os primeiros.
Outro estudo, que recorreu à tomografia computadorizada e cujos resultados ainda não foram publicados, demonstrou que pessoas bilíngues tinham exatamente o mesmo nível de declínio cognitivo do que as que falavam apenas uma língua, apesar de que as primeiras estavam em um estágio muito mais avançado do mal de Alzheimer, disse Bialystok.
"Uma das razões pelas quais o bilinguismo tem estes mecanismos poderosos, inclusive o da proteção contra sintomas precoces de demência, é que é uma das formas de manter ativo o cérebro", disse Bialystok a jornalistas.
"Tudo serve. Quanto mais tempo você for bilíngue, quantas mais línguas falar, quanto mais fluidamente as dominar... Todas estas coisas ajudam", concluiu.

(Encontrado em http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/110218/saude/eua_ci__ncia_sa__de&printer=1)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

UI, TÁ ARDENDO!

Dermatologista ensina como se livrar da vermelhidão e ardência e recuperar a pele
Os avisos e alertas foram muitos. Porém, ao que tudo indica, insuficientes e a exposição ao Sol foi exagerada. Os resultados? Aquele bronzeado “camarão”, ardência, incômodo e, em alguns casos, até mesmo queimaduras com bolhas. Para você que faz parte desse grupo (ou conhece alguém nesta situação), a dermatologista Gisele Barbosa montou um dossiê para recuperar a pele o mais rápido possível. E com o mínimo de consequências negativas.
Hora do Banho
- Como a pele está quente e vermelha, nesse caso sempre é melhor evitar água quente. Se conseguir tomar banho apenas com água fria, seria ótimo.
- Evitar usar bucha/esponja ou qualquer esfoliante na região da pele afetada.
- O sabonete tem que ser bem hidratante e suave, caso contrário pode deixar a pele ainda mais vermelha e ressecada. Aproveite e aplique também um óleo hidratante de banho.
Dê fim ao inchaço e à ardência
- Aplique algodão embebido ou compressas com água gelada e deixe agir por vários minutos. De tempos em tempos molhe novamente na água gelada para sempre manter a compressa fria.
- Geralmente orienta-se evitar colocar gelo diretamente na pele, pois isto pode piorar a queimadura.
- Seja gentil até para enxugar a pele com uma toalha macia.
- Outra opção é compressa gelada com chá de camomila, várias vezes ao dia.
- Aplicar loções pós-sol específicas, com produtos calmantes como a aloe vera (babosa) três vezes ao dia. Isso diminui a ardência.
- Aplique hidratantes para que a pele também fique hidratada, pois a pele queimada perde muita água facilmente. Isso evitará a sensação de ressecamento posterior da pele.
- Alguns ativos são muito bons como a dimeticona, óleo de uva, alantoína, vitamina E, aloe vera e pantenol.
- As pomadas que evitam assaduras em bebês (pantenol ou dexpantenol, vitamina E e A) também podem ser opções boas.
- Existem também hidratantes que mimetizam os ácidos graxos produzidos pela pele, ajudando assim a sua recomposição, como os cremes/loções com ceramidas.
- Na dúvida ou na piora dos sintomas procure seu dermatologista.
- Evitar usar produtos caseiros, pois dependendo do caso, pode predispor a infecção, principalmente se tiver bolhas.
- Tomar bastante líquido para ajudar na hidratação da pele, principalmente água mesmo. Se a sua urina estiver bem clara, então a ingestão está na dose certa.
- Se necessário tome medicamento para dor e/ou febre.
- Mantenha alimentação saudável (com frutas, legumes e verduras) para ajudar na imunidade do corpo e da pele.
- O uso de anestésico tópico na forma de spray pode dar muita reação alérgica, piorando ainda mais a pele já lesionada. Então não é aconselhado.
- O seu próprio corpo irá resolver sozinho através da reepitelização da pele, mas pode demorar cerca de 7 a 14 dias até recuperação completa. Seja paciente e espere. E da próxima vez use o protetor solar adequado, da forma adequada e reaplicando a cada duas horas.
Estritamente proibido
- Não voltar a tomar sol de jeito nenhum. A pele fica vermelha ou descascando justamente porque ainda não se recuperou completamente. A pele está sem proteção adequada e o sol poderia produzir bolhas (que é resultado de ter atingido uma camada mais profunda da pele).
- Não estourar as bolhas e não retirar a pele que está descamando. Deixe a pele se soltar naturalmente.
- Evitar roupas muito apertadas, para que a pele afetada não sofra mais agressões.
Cuidado com as unhas e arranhões dos metais das roupas.
- Usar protetor solar a cada duas horas e usar roupas por cima para cobrir a região afetada.
- Procure um local arejado e frio para ficar.
Observações
- Procure o médico se aparecerem bolhas ou secreções na pele e/ou se você tiver febre, náuseas ou vômitos após exposição excessiva ao sol.
- A exposição excessiva ao sol não produz danos apenas a curto prazo como a queimadura solar, mas também a médio e longo prazos como manchas, fotoenvelhecimento, rugas e câncer
(Encontrado em http://suapele.terra.com.br/interna2.php?id_conteudo=398&pagina=3  )

CAIXA DE MÚSICA 21

Motores Ligados
The Cars foi um dos grupos New Wave mais bem sucedidos nos EUA, no fim da década de 70/início dos 80. Os meninos de Boston colocaram um punhado de músicas no Top 40 de seu país natal e ganharam o mundo. No Brasil, canções como Hello Again, Drive e Tonight She Comes não saiam das playlists das FMs entre 1984-85. Em 88, a banda se dissolveu e seus membros partiram pra projetos solos. Ben Orr (baixo e vocais) faleceu de câncer no pâncreas, em 2000. Um monte de bandas de eletropop atuais são influenciadas por Ric Ocasek & Co. Parecia, porém, que o The Cars jamais sairia da garagem novamente. Até que em outubro, os membros remanescentes anunciaram que os motores estavam ligados pra gravação dum novo álbum, após quase 25 anos de silêncio. Move Like This sai dia 10 de maio, mas, o vídeo pra faixa Blue Tip já rola no You Tube. A julgar pelo aperitivo, os oitentistas não terão do que reclamar. Blue Tip soa como se não tivesse havido hiato entre os lançamentos. Considerando-se que muito do pop atual deve muito aos anos 80, a faixa nem parece tão datada.

Na Estrada, com Glamour!
Ano passado, Kylie Minogue lançou o ultra-dançante Aphrodite. Seguiram-se meses de preparo e ensaio pra turnê mundial, que teve seu pontapé inicial na Dinamarca, pruma platéia de 10 mil fãs ensandecidos. A super produção tem 8 trocas de roupas (Dolce & Gabbana porque Kylie È fashion, tá?) e é inspirada em motivos romanos. Tem musculosos puxando a diva em biga, a concha de Afrodite, além de dançarinos suspensos, fontes esguichando. O repertório cobre toda a carreira da australiana. Assista a um trecho dessa extravaganza e note como Can’t Get You Out of My Head tá rock! Kylie rocks!!!

Não Cansei de Ser Sexy
Em 1992, uma dupla de irmãos britânicos conseguiu um feito no fechado mercado norte-americano: foi o primeiro artista estrangeiro, desde os Beatles, a aterrissar no topo das paradas com um single de estréia. I’m Too Sexy é uma canção dance que ironiza o mundo dos modelos e beldades. A dupla Right Said Fred, formada pelos irmãos Richard e Fred Fairbrass, não parou de lançar álbuns, mas o sucesso maciço do primeiro CD jamais foi repetido. Agora, anunciam uma nova turnê pela Inglaterra, chamada Night of the Living Fred, brincadeira com o filme de zumbis Night of the Living Dead, provavelmente porque sabem que muitos os julguem mortos. Além da excursão, haverá novo álbum, DVD e site na internet. Dificilmente estourarão mundialmente de novo, mas é bom saber que ainda produzem música divertida.

“Vítima”
A imprensa musical britânica apostou suas fichas na novata Jesse J como uma das mais promissoras sensações pop deste ano. Até agora acertaram. Os tablóides vivem falando dela e seu álbum faz sucesso. E a garota já começou com a velha ladainha de reclamar por ser reconhecida nas ruas e não ter paz pra sair com amigos sem ser perturbada por fãs. Tadinha dela, né? Fia, se você não queria isso, que não tivesse ficado famosa. Esse tipo de lamento é tão manjado... Get real, dude!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

POR ONDE ANDAVA MIGUEL NAUFEL?

Miguel Naufel, colaborador mais constante de histórias pessoais de albinos, estava silencioso. Fazia meses que não enviava nenhum de seus saborosos causos. Chegou a hora de você saber por que. Miguel ainda enfrenta uma boa barra, mas, pela narrativa abaixo, você notará o espírito de superação que reina nele. Isso sem falar no fogo que ele tem!

A CIRURGIA DO MIGUEL‏

Nos últimos meses tenho feito escursões em postos de saúde, hospitais, fóruns, delegacias e por aí afora! São caminhadas pra conseguir protetor solar, consultas com dermatologistas... Também me submeti a cinco cirurgias nas pernas para retirada de melanomas. Inclusive, um enxerto de pele na perna direita que me deixou dez dias imobilizado.
Ah, se não fosse minha mãe pra me ajudar ...
No último dia quatorze, fui submetido a mais uma cirurgia no hospital do câncer em Barretos (SP). O hospital é de primeiro mundo em termos de tratamento de câncer. É referencia internacional.
Saí de Mococa na van da prefeitura, às três da manhã e cheguei ao hospital por volta das seis. Ao chegar no Hospital, me dirigi até o balcão da recepção e mostrei meu cartão de identificação. Logo me encaminharam a um vestiário, onde me deram um roupão e me pediram pra que eu retirasse toda minha roupa e me vestisse com o roupão do hospital.
Depois de alguns minutos de espera, chamaram meu nome.
A enfermeira me encaminhou até uma das salas de cirurgia e me disse:
- Deite-se aqui de barriga pra baixo e fique bem à vontade. Como se alguém pudesse ficar à vontade diante de uma cirurgia...
Logo chegou a médica que eu já conhecia devido a cirurgias anteriores e as várias consultas antes delas.
A médica levantou o roupão que cobria uma parte de minha perna e com um pincel começou a marcar onde seria feito o corte... Depois de alguns segundo, ela me disse:
-Miguel, vire-se e fique com a barriga pra cima.
Dito e feito. Virei-me.
Para minha surpresa, a doutora levantou todo o roupão até meu peito e começou a apalpar minha virilha! Então, pra quebrar o gelo, brinquei:
- Doutora, e se o paciente ficar excitado com estes toques tão sensuais?
Ela olhou bem nos meus olhos e disse:
- Não se preocupe... Estamos acostumados a tudo.
Respondi:
Não, não, estou só perguntando... Estou tomando calmantes e estou bem light!
Então, a médica me mostrou uma dúzia de injeções e me disse:
- Depois destas injeções aqui, se você continuar excitado, eu chamo o Fantástico!
A pele que foi implantada em minha perna foi retirada da virilha...
O procedimento de minha última cirurgia foi bem descontraído. Afinal, ninguém é de ferro...
Acho que já viram bastante pipi, mas raros são cor de rosa com cabelinhos brancos como o meu!

(Sei que Miguel adora canções antigas “do tempo dele”, como diz. Espero que curta esta.)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

NANA NENÊ

Dicas de como manter o sono em dia depois do fim do horário de verão
Respeitar a rotina e evitar atividades estimulantes ajudam o organismo a voltar ao normal

Na virada deste sábado (19) para o domingo (20), com o fim do horário de verão, os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverão atrasar seus relógios em uma hora.
Essa horinha a mais todos os dias pode aumentar a probabilidade de alterações de sono ao longo da próxima semana.
Em longo prazo, podem ser prejudiciais a produtividade no trabalho e arriscado para quem precisa dirigir ou fazer tarefas cuja sonolência não pode ter vez.
Para evitar a bagunça no sono e mantê-lo em ordem, veja abaixo as dicas dadas por especialistas consultados pelo R7.
Para dormir bem
Escolha um ambiente escuro, silencioso e com temperatura amena
Tente sempre dormir no mesmo horário
Fique atento à luminosidade: deixar a janela entreaberta ou com uma fresta de cortina aberta, antes de dormir, faz o sol iluminar o quarto durante a manhã. Isso ajuda nos primeiros dias a quem precisa acordar cedo
Evite
Assistir à televisão ou acessar o computador antes de dormir
Consumir café ou chá-preto antes de repousar
Fazer exercícios físicos muito fortes após as 21h
Alimentar-se demais no jantar ou dormir sem comer
Tomar banho muito frio ou muito quente
Fonte: Anna Smith, neurologista e especialista em sono da Unifesp, e Jacob Faintuch, clínico-geral do Hospital das Clínicas de São Paulo

Respeitar relógio biológico
O primeiro passo para manter o sono em dia é respeitar os horários do relógio, ou seja, tentar ao máximo seguir a rotina. Se você costuma dormir às 22h, faça o mesmo depois da mudança de horário, por mais que sinta sono mais cedo, ensina a neurologista Anna Karla Smith, especialista em sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Respeitar o relógio biológico é muito importante para manter o sono em ordem e evitar a sonolência ao longo do dia, ensina a neurologista.
- Tente sempre dormir no mesmo horário. Uma irregularidade dificulta mais ainda que o seu relógio biológico entenda seu horário. Quando a gente dorme, há alterações psicológicas e hormonais que dependem da regularidade do sono.
A médica indica ainda deixar a janela entreaberta ou com uma fresta de cortina aberta, antes de dormir, para deixar o sol iluminar o quarto durante a manhã.
- A luminosidade inibe a mobilização do hormônio melatonina que promove a sonolência. Ele começa a ser liberado quando escurece.
Evitar assistir à televisão ou acessar o computador antes de dormir também ajuda a cair no sono mais rápido.
Não caia na tentação de tomar café, chá-preto ou fazer exercícios físicos muito fortes após as 21h se quiser regularizar o sono, ensina o clínico-geral do Hospital das Clínicas de São Paulo, Jacob Faintuch.
Para o clínico, se alimentar demais no jantar, ir dormir sem comer, tomar banho muito frio ou muito quente, e ler livros ou ver filmes muito estimulantes nas horas que antecedem o sono também atrapalha a dormir.
- O horário de verão não é a única instância que desequilibra o organismo. Novos turnos de trabalho ou viagens internacionais podem agir da mesma forma, lembra.
Para manter a saúde, esses cuidados com o sono devem ser constantes o ano todo, já que a dificuldade de dormir ou de acordar pode predispor o paciente a problemas cardíacos.
- O infarto, por exemplo, costuma ocorrer algumas horas depois de acordar e, principalmente, na segunda-feira, dia que o estresse comumente aumenta.
(Encontrado em http://noticias.r7.com/saude/noticias/veja-dicas-de-como-manter-o-sono-em-dia-depois-do-fim-do-horario-de-verao-20110219.html )

ALBINO GOURMET 25

Sábado é dia de relaxar do estresse da semana de trabalho. Algumas pessoas gostam de fazer isso saboreando um bom drink. Assim, nossa seção culinária apresenta 5 vídeo-sugestões alcoólicas.
Lembre-se de beber com moderação e de não dirigir, se beber!




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

FOFURAS ALBINAS

Zoológico dos EUA apresenta dois raros guaxinins albinos
Dois raros guaxinins albinos foram fotografados em um zoológico de Charleston, nos Estados Unidos. Segundo o diretor do parque Magnolia Plantation and Gardens, os animais, chamados de Snowbal e Nell, são mansos, mas, por pertencerem a uma espécie selvagem, o contato com as crianças não será permitido. As informações são da agência AP.
O habitat natural da espécie são as florestas da América do Norte, porém Chris Smith afirmou que os guaxinins não estariam seguros no meio natural. Segundo ele, a falta de pigmentação os torna alvo fácil para os predadores.
Na foto os guaxinins albinos aparecem com outro animal da mesma espécie, que apresenta a coloração normal. De acordo com especialistas, a falta de pigmentação dos dois guaxinins é causada por um defeito genético.
(Encontrado em http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4939889-EI8145,00-Zoologico+dos+EUA+apresenta+dois+raros+guaxinins+albinos.html)

PAPIRO VIRTUAL 16

A ATORMENTADA CASA DOS JARNDYCE

Roberto Rillo Bíscaro

Em 21 de abril de 2009, comentei sobre a soberba minissérie Bleak House, adaptação do livro homônimo do inglês Charles Dickens, o escritor vitoriano mais lido ainda hoje. Demorou, mas finalmente enfrentei as 800 páginas de letra miúda e pouco espaço entre palavras e parágrafos.
Publicado entre 1852-3, o romance ironiza o arcaico, custoso, prolixo, ineficiente e labiríntico sistema judicial da Inglaterra do século XIX, com seus litígios que duravam gerações e custavam mais do que as somas envolvidas nos processos. Dickens travara longa e infrutífera batalha jurídica com editores que lançaram edições piratas de seu famoso A Christmas Carol, fato inspirador do mordaz ataque desferido em Bleak House.
A trama central gravita em torno do caso Jarndyce versus Jarndyce, envolvendo a batalha judicial entre herdeiros, que, há gerações querem provar qual dos diversos testamentos escritos por Tom Jarndyce deve ser aplicado. A querela na casa dos Jarndyce levou vários membros do clã à destruição.
A narrativa inicia numa Londres imersa em brumas, apresentando Chancery Lane, a região do tribunal onde vidas são gastas esperando decisões dos juízes. A visibilidade quase nula resultante do fog é magistralmente metaforizada por Dickens para representar a inexatidão dos caminhos da lei. A corrosiva sátira dickensiana aquilata o absurdo e o caos representados pela magistratura britânica, incrustando-os em todos os aspectos formais de Bleak House.
Um exemplo: há dois narradores, um usa o tempo presente, o outro, o passado. É como se a onisciência não tivesse condições de existir e apenas o tradicional narrador único não desse conta de deslindar o novelo absurdo de acontecimentos, relações e peripécias. O resultado é uma narrativa complexa e por vezes confusa, como o litígio Jarndyce versus Jarndyce.

Uma das narradoras é Esther Summerson, que vai para a casa de John Jarndyce servir como governanta e dama de companhia da jovem Ada, órfã devido à tragédia familiar da luta pelo dinheiro. Esther cumpre, até certo ponto, o papel de elemento de coesão entre algumas subtramas da história. O verão do sobrenome da bastarda acolhida por John Jarndyce indica que a personagem é a representação da sanidade, da luz e do calor, em meio a uma galeria de gente doida e/ou murcha pela borrasca invernal do mundo das disputas jurídicas. Mas, até essa metáfora funciona até certo ponto. Miss Summerson também tem seu quinhão de loucura, na sua necessidade quase patológica de agradar e de ser amada, para compensar uma infância inóspita e sem amor.
A caricatura se define pelo exagero na representação de um traço físico que salta aos olhos. As personagens em Bleak House são caricatas; todas têm algum traço físico, psicológico ou lingüístico exagerado. Alguma mania ou excentricidade elevada ao cubo, criando uma galeria que faz rir, mas que traz consigo a mordacidade e a fúria do ataque do escritor.
Os telenovelistas contemporâneos empalidecem quando comparados com as descrições da pobreza rural e urbana pintadas em cores chocantes pelo ancestral inglês. Tem bebê morto no colo da mãe, criança morrendo de fome e maus tratos, o fedor e a insalubridade de Tom All Alone’s, que parecem saltar do livro para empestear as narinas leitoras. À época da publicação de Bleak House a Inglaterra era a maior potência mundial; passara a década de 1840 implementando salto gigantesco na malha ferroviária e dominava meio mundo. Mesmo assim, a referida década é conhecida como The Hungry Forties (Os Famintos Anos 40).
Dickens sabia que a pobreza desesperadora em que vivia boa parte da população britânica refletia em todos os extratos sociais. A miséria não é um problema apenas dos miseráveis, afinal, se vivemos em sociedade, tudo está interligado. E como o autor mostra isso no romance! O esquálido Jo e sua quase total exclusão afetam de certo modo a gélida e poderosa Lady Deadlock, constituindo-se em tijolo construtor de sua queda. Mais graficamente, a febre contagiosa do menor abandonado, torna-se a varíola que desfigura o rosto de Esther Summerson, “protegida” da pobreza pela afluência de Bleak House. Em que pese o tão criticado sentimentalismo dickensiano, o escritor dá boas bofetadas na fuça dos que pensam que os problemas do subúrbio, são problemas do subúrbio.
Apesar do título, do tema e das cenas soturnas, que não se engane o leitor: Bleak House é folhetinesca até os ossos, mesmo os osteoporizados pela fraqueza, como os do pequeno Jo. Dickens ganhava a vida vendendo escrita, por isso sabia que devia agradar ao público. Era mestre em manipular, divertir e cativar.

Cada personagem tem marcada peculiaridade lingüística para torná-los mais facilmente identificáveis, especialmente através de bordões. Confesso que estou louco de vontade de conversar em inglês apenas pra poder botar um “not to put too fine a point upon it”, no meio d’alguma frase. Sou pouco afeito a bordões, mas adorei as aliterações desse!
Deixar o leitor em suspense, naquele clima de quero mais (preciso mais, melhor dizendo!) é outro traço de qualquer folhetinista que se preze. E Dickens foi um gigante no ramo. Quando a heroína Esther adoece, ele encerra o capítulo com uma dramática revelação da moça, febril, na cama “Estou cega!” Seguem-se 3 torturantes capítulos com o outro narrador. Só então, Esther retoma a história e nos conta o que acontece.
Certa vez, vi uma lista do tipo “10 razões porque odeio as novelas de Glória Perez”. Uma delas era o uso de novidades científicas como barrigas de aluguel e clonagem. Não discuto o direito de se odiar as novelas da autora, mas o compilador da lista então, odeia não Glória, mas um dos elementos primordiais do bom folhetim, a saber, o uso de elementos mirabolantes, de golpes literários pra fazer salivar a boca do leitor, sacudi-lo do dia a dia previsível do trabalho e da “normalidade” e, claro, tornar a narrativa suculenta, ágil e conectada com seu tempo. Dickens foi um dos primeiros autores a descrever o solo rasgado pelas ferrovias e as cidades esfumaçadas da Revolução Industrial. Nisso, consiste uma das grandes novidades temático-formais de sua obra. Em Bleak House ele vai além e nos brinda com uma morte por combustão espontânea! O assunto era tão novidade que o autor tem que embasar o fato numa nota introdutória.
Também como bom folhetim, o livro é meritocrático. Termina com a punição dos devedores e daqueles que caíram em tentação enquanto presenteia com o inevitável final feliz, os puros de espírito e os desinteressados pelos bens materiais. Claro que essa reordenação artificial do mundo é um dos pontos facilmente criticáveis da ideologia produtora do folhetim, porque não efetua mudança na situação social causadora de todos os problemas da narrativa, sendo assim uma solução postiça. Mas, isso faz parte de seu conjunto de convenções.
Karl Marx afirmou que Dickens e outros novelistas vitorianos lhe mostraram mais da situação do capitalismo na época do que políticos, filósofos e moralistas reunidos. Bleak House é prova irrefutável disso. Por baixo dos truques folhetinescos e do humor - que beira o absurdo, às vezes – corre um rio turbulento e desesperado. Sua correnteza arrasta destroços de vidas, advogados, burocracia, usinas de ferro, a nobreza decadente, a usura, o burburinho da cidade, ruas elegantes, cortiços, o antecedente do atual culto às celebridades, a droga como fuga do horror. Enfim, Bleak House é uma tour de force, digna do maior escritor vitoriano. 150 anos depois, Charles Dickens ainda tem muitas lições a nos ensinar

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

MINHA VIDA DE ALBINO

Entrou no ar em 07 de fevereiro, outro blog criado por uma pessoa albina. Apesar do título em inglês, My Life of Albino é mantido por um brasileiro e promete trazer postagens com expriências pessoais, temas relacionados ao albinismo e assuntos diversos.
O Albino Incoerente dá boas vindas ao novo companheiro e deseja a melhor sorte.
Quanto mais lugares falando sobre albinismo por albinos, melhor!

ALBINO INCOERENTE EM REVISTA ARGENTINA

O trabalho do blog segue ganhando destaques e conquistando novos leitores, aliados e espaços. Em breve, seremos notícia em uma revista argentina de circulação nacional.
Semana passada, o jornalista portenho Diego Oscar Ramos me enviou email dizendo do interesse da Revista Rumbos em publicar reportagem sobre o bem sucedido trabalho que o blog vem desenvolvendo nestes dois anos, quando inspiramos projetos de lei e temos obtido visibilidade até então inédita para os albinos.
Seguiram-se uma conversa pelo Google Talk e intensa troca de emails com fotos e as perguntas da entrevista. Nesse intercâmbio, começamos a nos seguir mutuamente no twitter e vendo seu blog, notei que temos pelo menos uma grande afinidade: música.
A Rumbos alcança mais de 422 mil domicílios em quase todas as províncias de nosso parceiro de MERCOSUL. Encartada nas edições dominicais de 20 jornais, a reportagem representará importante impulso para o trabalho de ativismo inclusivo do blog e despertará possibilidades de desdobramentos com albinos e não albinos argentinos. E, como sonhar não é perda de tempo, quem sabe grupos invisíveis da Argentina não se inspirem também a botar a boca no trombone?
Agradeço ao Diego e à equipe da Rumbos pela oportunidade. Será de grande ajuda para os albinos argentinos, com certeza.
Assim que souber a data da publicação, aviso aqui no blog.
(Não resisti à tentação de fazer uma de minhas piadinhas infames, Diego... Esta era a oportunidade que me faltava pra poder colocar esta canção do Otros Aires pra ilustrar uma postagem!)

MUTILAÇÃO PREMIADA

Fotografia: Jodi Beiber vence World Press Photo 2010 com retrato de afegã mutilada
O retrato de uma mulher afegã, mutilada no nariz, valeu à repórter fotográfica sul-africana Jodi Beiber o grande prémio do concurso internacional World Press Photo 2010, hoje anunciado em Amesterdão.

A fotografia, que fez a capa da revista Time a 01 de agosto de 2010, revela uma jovem afegã de 18 anos, Bibi Aisha, a quem o marido cortou o nariz e as orelhas por ela ter voltado para a família acusando-o de maus tratos.
Bibi Aisha acabou por ser abandonada, mas foi resgatada do Afeganistão por militares norte-americanos e integrada no refúgio para mulheres em Cabul, onde foi fotografada por Jodi Bieber.
Actualmente Bibi Aisha vive nos Estados Unidos, onde se submeteu a uma cirurgia de reconstrução facial.
Embora o acto de violência retratado cause choque, para o júri do World Press Photo a fotografia demonstra a dignidade da jovem afegã perante um caso de violência contra as mulheres.
A fotografia valeu ainda a Jodi Bieber o primeiro prémio na categoria de retrato nesta 54.ª edição do World Press Photo, o mais cobiçado prémio de fotografia.
"Este pode tornar-se num daqueles retratos - e temos talvez dez ao longo da nossa vida - em que se alguém comenta `sabes, a fotografia daquela rapariga´ tu sabes exactamente de quem se está a falar", disse David Burnett, do júri do World Press Photo.
Por revelar o nariz mutilado da jovem, a publicação da fotografia causou polémica no verão passado, questionando-se se devia ou não ser publicada na capa da Time.
Para o crítico norte-americano Vince Aletti, que também integrou o júri, este retrato não é só sobre aquela jovem em particular, "é sobre a condição da mulher no mundo".
Jodi Bieber receberá dez mil euros e junta este prémio a outros oito galardões anteriores do World Press Photo em diferentes categorias.
"Queria fotografar a beleza dela apesar do que lhe tinha acontecido", disse Jodi Bieber em reacção ao prémio, numa declaração áudio publicada no site do World Press Photo.
"Eu estava muito insegura do modo como a tinha fotografado, porque não era de um modo tradicional", referiu, elogiando a revista Time pela coragem de publicá-la na capa.
No total, nesta edição do World Press Photo foram distinguidos 56 fotógrafos de 23 nacionalidades, escolhidos entre 5.847 participantes e com um número recorde de 108.059 fotografias a concurso.
Nas restantes categorias, foram premiadas fotografias captadas, por exemplo, no Haiti, quando o país foi assolado por um forte sismo, no Paquistão, devastado pelas cheias, e na Tailândia, por causa dos motins civis.
Retratos de Julian Assange, fundador do Wikileaks, e o líder coreano Kim Jong Il, também foram distinguidos.
(Encontrado em http://noticias.sapo.cv/vida/noticias/artigo/1129103.html  )

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

RETINA ARTIFICIAL

Retina artificial pode ajudar alguns cegos a enxergar

A retina é inserida cirurgicamente no olho do paciente e funciona com uma câmera de vídeo minúscula e um transmissor instalados em um par de óculos

Por duas décadas, Eric Selby não enxergava e dependia de um cão-guia para se locomover. Mas depois de receber o implante de uma retina artificial em seu olho direito, ele pode detectar coisas normais, como o meio-fio e a calçada enquanto caminha pela rua.
"Basicamente, são flashes de luz que você tem que traduzir em seu cérebro, mas é incrível que eu possa ver alguma coisa", disse Selby, um engenheiro aposentado de Coventry, na região central da Inglaterra.
Há mais de um ano, o homem de 68 anos recebeu um implante artificial chamado de Argus 2, feito pela empresa norte-americana Second Sight, inserido cirurgicamente em seu olho direito. Reguladores holandeses são esperados nas próximas semanas para decidir sobre o pedido da empresa para comercializar o aparelho na União Europeia. Se a reposta for positiva, o implante será a primeira retina artificial disponível para venda.
Ele funciona com uma câmera de vídeo minúscula e um transmissor, instalados em um par de óculos e um pequeno computador wireless.
O computador processa as cenas captadas pela câmera e as converte em informações visuais na forma de um sinal eletrônico que é enviado ao implante. O dispositivo estimula as células sadias que restam na retina, fazendo com que elas retransmitam os dados para o nervo óptico.
Em seguida, a informação visual move-se para o cérebro, onde é traduzida em padrões de luz que podem se transformar na forma do contorno de um objeto. Os pacientes precisam aprender a interpretar os flashes de luz. Por exemplo, eles podem decodificar três pontos brilhantes como os três pontos de um triângulo.
O implante é indicado apenas para pessoas com um tipo específico de problema de retina, hereditário, quando as pessoas ainda têm algumas células funcionais. Elas devem ter sido capazes de enxergar no passado e seus nervos ópticos devem estar a funcionando. Cerca de uma em 3.000 pessoas são cegas devido a um deste grupo de doenças hereditárias, chamada retinite pigmentosa, e podem se tornar potenciais beneficiárias pela retina artificial.
O dispositivo custa um preço muito alto --cerca de US$ 100.000. Na Inglaterra, o serviço nacional de saúde, por vezes, paga caro por novas tecnologias para um pequeno número de pacientes, segundo Lyndon da Cruz, um dos médicos que testou a retina artificial, do Moorfields Eye Hospital, em Londres.
Ele disse que se a retina artificial permite que os pacientes sejam mais auto-suficientes, o implante pode sair mais barato do que os gastos com saúde dos governos.
(Encontrado por http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=31195)

CONTANDO A VIDA 22

Nesta quarta, o Professor Sebe comenta sobre o livro O Jeitinho Americano: 99 Crônicas (2010), escrito por seu ex-aluno Mathew Shirts, norte-americano que escreve crônicas para o jornal Estado de São Paulo. Pontuada por lembranças de convívio fraterno com o amigo da família, o texto sebiano nos leva também à Roma Antiga, para cogitar sobre um dito popular.

QUEM PARIU MATEUS QUE O EMBALE...
José Carlos Sebe Bom Meihy

Reza a lenda que na velha Roma, um garotinho pobre, bastardo, foi abandonado na porta de uma família proba, com o nome escrito num papelzinho: Mateus. Essa família rejeitou-o e passou para outra e assim sucessivamente. Ninguém queria a criança e de uma passagem para outra era repetido “quem pariu Mateus que o embale”. Até hoje não se sabe se ele existiu mesmo, embora alguns autores confirmem certo Mateus Camisans, orador emérito, no Senado romano. A lembrança desse tão decantado dito popular - que atravessou a Europa e por Portugal chegou ao Brasil - me veio à lembrança quando da leitura do imperdível “O jeitinho americano: 99 crônicas” de autoria de Matthew Shirts, lançado pela Realejo Editora, no mês passado.
Desde que o convite para um dos muitos lançamentos brilhou na tela do meu computador, uma nesga de recordações foi progressivamente irrompendo em provocantes saudades, ternas emoções e de mim se apossou uma coleção de imagens estimuladas por um convívio muito especial. Especialíssimo. De certa forma, abriu-se uma alegria incontrolada dentro do meu coração que envelhece professor, e, dentre tantas recordações boas, lá estava o convívio com o Matt.
Depois do abraço cúmplice na Livraria da Vila, em SP, restava ler. Programei um cerimonial: escolhi o melhor momento, roupa confortável, aninhei-me na poltrona favorita e o vinho tinto me acompanhou. E comecei a viagem que era dele como se fosse minha também. Na medida em que as páginas progrediam céleres, esforçava-me para respirar adivinhando detalhes de certos caminhos que não percorremos lado a lado. Presidia uma contradição entre o avanço da leitura e a vontade de flanar sobre um passado insistente. Sim, entendi o que Bergson quer dizer com o conceito de “memória trabalho”, senti-me arqueólogo de uma das mais profundas experiências que vivi em minha larga docência e via um produto agora triunfante.
Acabei perdido em divagações quando me derreti na última página. Explico-me: então meu estudante quando eu era diretor do programa de alunos estrangeiros na Universidade de São Paulo, Mateus conviveu intensamente comigo, com minha mulher e filhos. Eram plurais os fins de semana em Taubaté e nossas conversas intermináveis trançavam tantos temas que nos permitiam vislumbrar um Brasil mais criativo do que temos afinal. Não seria errado dizer que muito de minha redefinição de professor e pesquisador se deu ao lado dele. Era o tempo final da ditadura militar e os objetos de estudos impulsionavam a participação geral nos eventos do país. Confesso que me era provocante ver aqueles acontecimentos filtrados por olhos de jovens norte-americanos. E no caso do Mateus não se tratava de qualquer moço. Inquieto, inteligente, curioso, mulherengo, corintiano, o rapaz se meteu em muitas cavernas da cultura brasileira e sempre com humor picante traduzia isso em trabalhos acadêmicos. Leitor voraz, juntos retraçamos parte razoável da produção literária e crítica brasileira. Lembro-me emocionado das leituras que fez de Lobato, Euclides, Gilberto Freyre e Vasconcelos e tantos outros. Será que ele ainda guarda os volumes elegantes da obra completa de Machado que lhe dei, pergunto-me? Houve, pois, muito mais trocas além de aluno e professor, nos tornamos amigos, confidentes, aliados. Quando ele terminou a fase de estudos na USP, num gesto confiante, indiquei-o para me substituir quando partia para Stanford por um ano como professor visitante. Essa, aliás, não foi a única indicação que fiz. Lutei para que ele recebesse bolsas para estudos de pós-graduação no posto mais adequado para dimensionar sua capacidade. E ele foi longe ao lado do saudoso professor Morse. Mais: tenho orgulho enorme de ser o introdutor dele no ciclo de amigos como o Antonio Pedro Tota, então doutorando sob minha orientação na USP, e ao interessantíssimo Carlos Bakota, elo permanente entre pessoas e irreverências.
Busquei Taubaté nas crônicas. Encontrei apenas uma passagem onde ele, de leve, menciona a participação numa ala da Escola de Samba da Estiva. Só. Pensei com meus lenços no porque desse apagamento e, perdido na ausência para mim inexplicável, me recordei do dito popular. Talvez eu o tivesse passado para frente, ou, é possível que ele, traquinas, tenha fugido de nossa casa e procurado abrigo em outras. Figurando sempre nas colunas do Estadão, este Mateus desmente a inexistência do tal Mateus Camisans e como seria de se esperar desafia a fatalidade e mantém-se instigando. Será que o Mateus Camisans da Roma antiga é mesmo o Matthew Shirts? Entendo agora a fatalidade do nome e passo a acreditar que existe reencarnação. Afora isso, sugiro que todos leiam o magnífico livro e se alguém souber quem embalou Mateus...