quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

ALBINOS ORGANIZADOS EM MOÇAMBIQUE


O albinismo em Moçambique
Entrevista a Ana Gabriela Eugénio
“Já conseguimos reduzir em muito o tempo de espera das consultas”

Ana Gabriela Eugénio tem 25 anos e é docente do ensino superior na Universidade Pedagógica e na Escola Superior de Economia e Gestão. O facto de sofrer de albinismo, uma insuficiência de pigmentação de pele, fez com que Ana Gabriela fosse um elemento vital na criação da Associação Defendendo os Nossos Direitos (ADOD’s) - instituição vocacionada para os problemas dos albinos.
O SAPO.MZ entrevistou-a na sede da associação, em Maputo. Aqui ficam os principais pontos da conversa.

SAPO.MZ – Quando é que surgiu a ADOD’s?
Ana Gabriela (AG) – Oficialmente foi fundada a 30 de Março de 2009, mas o movimento para a sua criação revelou-se em Dezembro de 2008, altura em que, por iniciativa minha, procurei o anterior ministro Ivo Garrido alertando-o para os nossos problemas. Pretendíamos fundamentalmente duas coisas: mais atenção das unidades sanitárias e uma maior celeridade no processo de consultas com especialistas, sobretudo dermatologistas e oftalmologistas. As consultas têm uma lista de espera de por vezes seis meses, dependendo da sorte de cada um. É muito tempo, por exemplo, para quem tem cancro de pele ou um problema de visão mais grave. Normalmente estas pessoas não têm capacidade de ter acesso às consultas especiais. Queríamos acelerar esse processo de espera. Esse era o grande objectivo.
SAPO.MZ – E a resposta foi positiva?
(AG) – Sem dúvida que foi. O ministro disse que devíamos formar uma associação porque era mais fácil para lidar com o problema. Foi assim que, após a realização de uma conferência sobre o tema ‘A Problemática do Albinismo’, surgiu a ADOD’s.
SAPO.MZ – Depois disso, o tempo de espera para as consultas reduziu-se muito?
(AG) – Sim muito, aqui em Maputo o máximo que demoram é uma semana, mas há quem consiga consulta para o dia seguinte.
SAPO.MZ – Isso sempre através da Associação?
(AG) – Sim, claro. Queríamos que essa melhoria se efectivasse a nível nacional, mas não temos muita informação dos outros pontos do país. Chega-nos muita pouca coisa das províncias.
SAPO.MZ – A Associação tem alguma ideia do número de albinos que existem em Moçambique?
(AG) – Não, nenhuma. Esse estudo tem de ser feito em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística. Nunca houve nenhuma pesquisa sobre isso.
SAPO.MZ – Quantos membros tem presentemente esta associação?
(AG) – Cerca de 360.
SAPO.MZ – Todos albinos?
(AG) – Nem todos, há alguns simpatizantes. Mas era bom que fossem todos.
SAPO.MZ – Como é que a associação se suporta financeiramente?
(AG) – É bom que se diga que a associação não tem fins lucrativos. O nosso suporte financeiro provém exclusivamente da jóia e da quota que é cobrada aos membros.
SAPO.MZ – Qual é o valor da jóia?
(AG) – Para estudantes é 100 meticais e depois temos uma tabela para licenciados, empresários, mas nenhum deles ultrapassa os 300 meticais.
SAPO.MZ – E a quota?
(AG) – Dez meticais mensais.
SAPO.MZ – Esses valores não são muito baixos?
(AG) – Sim, mas foi um valor mínimo que achámos. Há agora um grande trabalho de divulgação a fazer para atrair possíveis doadores.
(Encontrado em http://saude.sapo.mz/actualidade/o-albinismo-em-mocambique-24054-0.html)

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