sábado, 12 de março de 2011

POR QUE OS MAIAS EMIGRARAM?

A Itália é prato cheio pra fãs de filmes de terror, ficção-científica e aventuras.Tem muito filme por aí que vem de lá, mas o espectador comum nem se toca porque os atores usam nomes anglicizados e falam inglês (ou são dublados).
Obviamente, os italianos não poderiam ter ficado alheios à onda de filmes sobre alienígenas e monstros dos anos 50. Ontem, vi Caltiki - Il Mostro Immortale (The Immortal Monster na versão em inglês) de 1959, dirigido parcialmente por ninguém menos que mestre Mário Bava. Ele começou como diretor de fotografia, mas conta-se que logo assumiu a batuta; Por isso, o filme é tão bem fotografado e tão divertido!
O enredo é uma pérola. Um grupo de arqueólogos está no interior do México tentando descobrir porque os maias emigraram pro norte no século XIV. 2 membros da equipe desaparecem e um deles retorna em estado de choque, repetindo a palavra Caltiki, nome duma divindade do povo pré-colombiano. Resulta que os expedicionários haviam sido atacados por uma criatura de mais de 2 bilhões de anos, que não apenas sobrevivera, mas parecia estar crescendo. De volta à cidade do México, descobre-se que um cometa que visita a Terra a cada 1300 anos, empesteara a atmosfera com radioatividade, fazendo a tal criatura crescer em progressão geométrica. Incapazes de destruí-la, os maias teriam preferido a emigração. Mas, tem mais: o cometa coincidentemente estava visitando o planeta naquela noite e o monstro prometia crescer de novo e destruir o mundo.
Caltiki é recheado com as incongruências que fazem desse tipo de filme um entretenimento tão gostoso. A começar pela premissa desengonçada. Ora, se o cometa passa pela Terra a cada 13 séculos, como explicar que o monstro gosmento já não houvesse arrasado tudo bem antes? Parece que depois de ido o cometa e baixados os níveis de radiação, a criatura volta a seu estado letárgico ou pelo menos pequenino. Então, qual a ameaça “pro mundo todo”? E, sendo os maias tão avançados como afirma o filme, por que não conseguiram eliminar o perigo, uma vez que se mostra tão elementar o modo como matar o monstro?
Isso sem contar aqueles absurdinhos pontuais, que tanto amamos nessas películas. No meio do nada, há uma conveniente placa (caprichadamente escrita!) alertando ”Perigo: Gasolina”. Ou um cientista com mulher e filha pequena levar pra própria casa uma amostra de criatura desconhecida, viva e em crescimento!
Em comparação com os congêneres norte-americanos da época, o italiano é um bocadinho mais gore, com um par de cenas ainda impensáveis mesmo pra Roger Corman. Hoje não assustariam nem uma criança de 10 anos que vê rostos de anciãs espancadas no programa do Datena ou gente arrastada por tsunamis nipônicos, bem na hora do jantar, à guisa de informação.
O ritmo de edição é acelerado e a peteca não cai, tornando Caltiki - Il Mostro Immortale um must pra fãs de Bava, de filmes de monstros ou simplesmente de trash, que não tem vergonha de sê-lo.
(O You Tube tem o filme em inglês, fatiado. Se está completo, não posso dizer por que não o vi no PC. De qualquer modo, eis a primeira parte pra quem quer tentar. Geralmente, estão completos, graças aos dedicados fãs.)

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