segunda-feira, 4 de abril de 2011

ACERTO DE CONTAS ALBINO

O lendário sanfoneiro Sivuca é celebrado em shows, biografia e site
Luiz Fernando ViannaOcorrida no apagar das luzes de 2006, a morte de Sivuca provocou um alarido inferior à importância do músico. A correção pode ser feita agora, em 2011, quando ele completaria 80 anos. Estão previstos uma biografia e um site, além da série de shows que começa hoje, às 18h, no Centro Cultural Banco do Brasil.
"Sanfoneando - 80 anos do mestre Sivuca" procura neste e nos próximos três fins de semana dar conta de uma trajetória ampla, que driblava os estereótipos.
- Ele não se estigmatizou como o sanfoneiro nordestino que aprende de ouvido - diz o acordeonista Marcelo Caldi, diretor musical do projeto. - Teve formação clássica, estudou com Guerra-Peixe, compunha frevos, choros. Eu busco para mim a pluralidade que ele conquistou.
Hoje e amanhã, duas orquestras da Pro Arte (de Sopros e dos Flautistas) tocarão, com Kiko Horta na sanfona, novos arranjos criados para músicas de Sivuca. E serão interpretados os sucessos que não faltarão em nenhum dos shows: "João e Maria", parceria com Chico Buarque, e "Feira de Mangaio", com Glorinha Gadelha.
Caldi, Fábio Luna, Quarteto Sivucordas e a cantora Adryana BB se apresentam no próximo fim de semana; o Quinteto Sivuca, que tocava com ele, se une ao violinista Nicolas Krassik em 9 e 10 de abril; e um encontro de sanfoneiros encerra a programação.
Caldi ressalta que Sivuca teve de se reinventar quando, após a eclosão da bossa nova, o forró foi posto na gaveta dos sons de mau gosto. Morou na Europa na virada da década de 1950 para a de 1960, e em Nova York até 1976, período em que criou o arranjo de "Pata pata", grande sucesso de Miriam Makeba.
A trajetória do paraibano Severino Dias de Oliveira será contada por sua filha em biografia prevista para sair neste semestre, e ainda sem título definido. A socióloga Flavia de Oliveira Barreto se dedica há dez anos a organizar o acervo de Sivuca e contar a sua história.
- Meu maior objetivo é pôr o acervo à disposição do público para que, então, surjam novas iniciativas - diz Flavia, que imagina a página de internet que está em construção como uma extensão de seu livro. - A biografia poderá ser enriquecida por curiosidades, material de pesquisa, as entrevistas que fiz com artistas e a discografia digitalizada.
Um capítulo da biografia já foi publicado separadamente: "Sivuca e a música do Recife" teve lançamento em fevereiro pela prefeitura da capital pernambucana, onde o músico cresceu e se formou.


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