"Não precisamos ser tratados como coitadinhos" diz Cláudia Rodrigues
Claudia Rodrigues foi a convidada de honra do 1º Encontro de Pacientes e Cuidadores, organizado pela Biogen Idec, em comemoração ao Dia Internacional da Esclerose Múltipla, que aconteceu nesse sábado , 28 de maio, em um hotel na capital paulista. Portadora da doença há 10 anos – e há dois anos em um tratamento mais forte por conta de um agravamento – Claudia mostrou que está forte na luta contra a doença e que continua encantando o público com seu alto astral.
“Eu descobri há 10 anos que tinha a doença, tive um surto há dois anos, fiz o tratamento, continuo me cuidando e estou ótima. Me afastei da tevê, mas já estou de volta e muito feliz. Quando fala de ‘esclerose múltipla’ já tem gente te chamando de coitadinha, mas não tem nada de coitada, não”, disse com muito bom humor.
Do diagnóstico à recuperação
Claudia Rodrigues já mostrava todo seu potencial desde sua estreia como a Karina, na série infantil “Caça Talentos”. Com a Marinete, em “A Diarista”, a atriz se manteve por três anos na grade de programação da Rede Globo.
Thalia, que sempre queria ‘beijar muuuuito’, na “Escolhinha do Professor Raimundo”, em 1999, e a sincera Sirlene, de “Sai de Baixo”, no ano seguinte, apresentaram novas facetas da atriz. Seu xeque-mate foi a ‘distraída’ Ofélia, do humorístico “Zorra Total”.
Em 2006, durante as gravações de “A Diarista”, a atriz começou a sentir dormência nos braços e falta de memória, principalmente com os textos da série, o que nunca havia acontecido. Depois de vários exames, o diagnóstico: Claudia era portadora da doença Esclerose Múltipla – uma doença neurológica crônica que afeta o cérebro e o cordão espinhal.
Hoje, Claudia é mãe de Isabella, de 9 anos, e além de enfrentar um período de reabilitação, ela comemora a volta ao “Zorra Total”, após uma severa crise que a tirou das telinhas por quase dois anos. Em um bate-papo aberto e bem descontraído, a atriz revela seus medos e conta como superou a doença.
Qual foi sua primeira reação, há 10 anos, quando foi diagnosticada com esclerose múltipla?
Claudia Rodrigues: Quando descobri eu estava fazendo uma peça, “Os Monólogos da Vagina”. Senti uma dormência no braço, procurei um médico e eles disseram que poderia ser princípio de infarto. Fui para o Rio, fiz vários exames e veio o diagnóstico final. A primeira pergunta que eu fiz para o médico foi ‘vou poder ser mãe?’, ele falou que sim, eu agradeci e disse ‘posso ir então?’(risos). Eu só queria saber isso.
Como foi passar dois anos afastada da tevê?
Foi complicado, chato! A gente quer voltar a fazer o que a gente sempre fez, então foi muito ruim.
Em algum momento pensou em desistir de tudo?
Você pensa nisso às vezes, mas eu tenho uma filha, não posso ficar quieta no meu canto. Minha filha me controla, ela quer saber meus horários, fala que não acha certo algumas coisas (risos).
iG: A maternidade te fez encarar a doença de outra forma?
Nossa, foi outra coisa. Você acha que você ama pai, mãe, namorado, namorada, mas o dia que você tem um filho, não tem igual.
O que fazia para se distrair durante os quase dois anos longe da tevê?
Eu li muito, montei muito quebra-cabeça, tenho uma sala em casa que é só disso. Também vi muitos filmes e aproveitei a Isa.
Como foi receber a confirmação de sua volta para a tevê como Ofélia, no “Zorra Total”?
Eu fiquei feliz da vida, muito mesmo. Deus me colocou na Ofélia, está tudo certo, estou feliz, amarradona. A personagem é muito burra (risos). Esses dias o Latino gravou comigo, ele – que é meu amigo – entrou no estúdio pedindo ajuda e eu disse que a Ofélia era burra e que eu não podia falar o texto dele (risos).
Você já se sente preparada para voltar ao ritmo acelerado da TV, como o da série “A Diarista”?
Você já se sente preparada para voltar ao ritmo acelerado da TV, como o da série “A Diarista”?
Eu quero voltar agora! É só o que eu quero.
Como você se define depois de todos esses obstáculos?
Eu estou feliz de estar aqui hoje. Antes eu não gostava de falar da Esclerose, porque as pessoas podem falar: ‘ai tadinha, ela não vai porque ela não anda’, e eu não estou aqui andando? Eu rezei muito para Deus, eu queria muito voltar a ser o que era, e ele me deu a Ofélia de volta. Estou feliz, mas sempre pergunto se tem alguma coisinha a mais (risos). ‘A Diarista’ eu acho que volta, o público sempre me fala que vai mandar cartas, colher assinaturas para trazer o programa de volta.
(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=31971)