A unificação europeia, dialeticamente, chamou a atenção pra desunião entre 2 Europas: uma megarrica e outra bem pobre, que quer entrar na primeira a todo custo. Tenho me interessado por filmes que tematizam esse fenômeno. Alguns douram a pílula em chave de comédia, ao passo que outros oferecem remédio bem amaro ao público.
Outro dia, vi König der Diebe (2004), do diretor tcheco Ivan Fila. Embora conserve forte travo de fel, o filme tem diversos momentos poéticos. Intercalar miséria com poeticidade é recorrente em filmes do leste europeu, e, já vi vários, ao longo de décadas.
O pequeno Barbu e sua irmãzinha vivem em algum lugar remoto da Ucrânia e ganham a vida fazendo pequenas apresentações circenses. Surge então Caruso, simpático e bonachão, que atrai Barbu com seus truques de mágica e riso fácil. Afirmando que transformará o menino no Rei do Circo, o homem convence o pai do garoto a deixá-lo ir para a Europa, juntamente com a irmã, mediante promessa de futura riqueza. Ao chegar na afluente Alemanha, Barbu descobre que receberá treinamento pra se transformar no Rei dos Ladrões (tradução do título) e bater carteiras e afanar bolsas, assim como outros meninos comprados de pobres pais albaneses e demais periferias europeias. O destino da garota de 8 anos é virar prostituta pra marmanjos germânicos, que exploram imigrantes paupérrimos pra depois se zangarem e surpreenderem com a elevação nos níveis de violência.
König der Diebe mostra a tenacidade do pequeno Barbu para escapar dessa situação tão revoltante.
O diretor acerta em criar um Caruso que não é apenas um crápula. Ele genuinamente gosta de Barbu e tem seus próprios fantasmas. Mas, não deixa de punir Barbu com severidade ou de esconder sobre o paradeiro de sua irmã. Enfim, ele continua merecendo queimar no inferno, mas tem sua profundidade psicológica. Quem erra é Lasar Ristovsky, que parece carregar demais na interpretação. E olha que vi a película em espanhol; mas, mesmo assim dá pra perceber.
Apesar do tema, o filme não é moroso. A narrativa flui bem e tem momentos de ação.
Estranhei que as crianças – especialmente, a guria – parecessem tão diferentes ao longo do filme. Descobri que devido à problemas financeiros, a produção foi congelada por 2 anos; período que faz bastante diferença em petizes. Na verdade, o 50tão Ristovksy mudou também.
König der Diebe é resultado de um pool de produtoras, de variados países europeus. Dolorosa ironia que essa produção cooperativa revele um continente fracionado pela pobreza.
Outro dia, vi König der Diebe (2004), do diretor tcheco Ivan Fila. Embora conserve forte travo de fel, o filme tem diversos momentos poéticos. Intercalar miséria com poeticidade é recorrente em filmes do leste europeu, e, já vi vários, ao longo de décadas.
O pequeno Barbu e sua irmãzinha vivem em algum lugar remoto da Ucrânia e ganham a vida fazendo pequenas apresentações circenses. Surge então Caruso, simpático e bonachão, que atrai Barbu com seus truques de mágica e riso fácil. Afirmando que transformará o menino no Rei do Circo, o homem convence o pai do garoto a deixá-lo ir para a Europa, juntamente com a irmã, mediante promessa de futura riqueza. Ao chegar na afluente Alemanha, Barbu descobre que receberá treinamento pra se transformar no Rei dos Ladrões (tradução do título) e bater carteiras e afanar bolsas, assim como outros meninos comprados de pobres pais albaneses e demais periferias europeias. O destino da garota de 8 anos é virar prostituta pra marmanjos germânicos, que exploram imigrantes paupérrimos pra depois se zangarem e surpreenderem com a elevação nos níveis de violência.
König der Diebe mostra a tenacidade do pequeno Barbu para escapar dessa situação tão revoltante.
O diretor acerta em criar um Caruso que não é apenas um crápula. Ele genuinamente gosta de Barbu e tem seus próprios fantasmas. Mas, não deixa de punir Barbu com severidade ou de esconder sobre o paradeiro de sua irmã. Enfim, ele continua merecendo queimar no inferno, mas tem sua profundidade psicológica. Quem erra é Lasar Ristovsky, que parece carregar demais na interpretação. E olha que vi a película em espanhol; mas, mesmo assim dá pra perceber.
Apesar do tema, o filme não é moroso. A narrativa flui bem e tem momentos de ação.
Estranhei que as crianças – especialmente, a guria – parecessem tão diferentes ao longo do filme. Descobri que devido à problemas financeiros, a produção foi congelada por 2 anos; período que faz bastante diferença em petizes. Na verdade, o 50tão Ristovksy mudou também.
König der Diebe é resultado de um pool de produtoras, de variados países europeus. Dolorosa ironia que essa produção cooperativa revele um continente fracionado pela pobreza.
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