quinta-feira, 8 de setembro de 2011

TELONA QUENTE 31

Terça à noite, vi um despretensioso exercício em nostalgia dos filmes de invasão alienígena dos anos 50. Mesmo não sendo muito fã de paródias dei uma chance a Alien Trespass (2007) porque no elenco está Dan Lauria, o pai de Kevin Arnold, na série Anos Incríveis. Não me arrependi e passei 80 minutos agradáveis. Situado temporalmente em 1957, a película conta a história de uma nave espacial que cai numa pequena cidade californiana. Dentro dela, uma espécie de monstro-planta (imaginação minha ou as criaturas lembram o formato de um pênis?) que se alimenta de seres humanos e ameaça o planeta. Pilotando o OVNI estava Urp, ET amigável que se apropria do corpo dum astrônomo pra caçar os monstros. Quase todos os clichês das produções baratas de ficção científica dos 50’s estão lá. ET totalmente racional que se encanta por garotas terráqueas, atores fingindo-se (espero) de canastrões, o cientista inverossimelmente vivendo no meio do nada, diálogos meio bobos. Alien Trespass felizmente funciona mais como homenagem do que como paródia, afastando-o do tom de superioridade irônica que compromete congêneres como Lost Skeleton of Cadavra (2004), que se tornam chatos por se crerem tão “inteligentes” e “superiores”.  
Os produtores entendem do babado e são fãs do gênero, mas isso não elimina algumas incongruências. Alien Trespass é apresentado como se houvesse sido rodado nos anos 50. Desse modo, algumas gírias não constavam do repertório da época e mesmo a representação do casal dormindo em camas separadas – imposta pela censura daqueles tempos – erra ao mostrá-los juntos numa delas após fazerem amor. Mesmo vestidos, tal cena seria impossível há 60 anos. A não ser que imaginemos estar vendo a versão pré-cortes, o que também seria de explicação furada, posto os produtores de então saberem muito bem os limites do código de decência imperante e não terem verba pra se darem ao luxo de rodar cenas que seriam cortadas. Outro problema são os efeitos especiais gerados por computador. Mesmo tendo em mente que hoje produzem-se filmes com efeitos tão podres quanto os de outrora, nada substitui as soluções encontradas pelos realizadores dos anos 50, até porque o filme se quer produzido neles. Como de costume nesse tipo de filme-homenagem/paródia há intertextualidade, no caso com The Blob, em um casamento de circunstâncias e cenas. Acontece que A Bolha Assassina é de 58; como poderia estar sendo exibido num cine em 57? Tais escorregões não tiram o prazer nostálgico de Alien Trespass. Claro que no fim, trata-se dum exercício sem sentido porque não há como (e nem porquê) reviver o passado. Mesmo assim, o filme pode funcionar pra quem ainda se diverte com e ama os filmes de invasão alienígena dos Anos Dourados (sic). Se eu me importasse em comer pipoca, teria até estourado uma baciada...

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