Súdito de Lana Del Rey
Roberto Rillo Bíscaro
Roberto Rillo Bíscaro
Há algumas semanas, um clipe de aspecto caseiro causou frisson no mondo in da internet. Uma mistura de anos 50 com o “faça você mesmo”
punk. A autora, Lana Del Ray, pseudônimo duma norte-americana de 24 anos, cujo
nome verdadeiro é Lizzy Grant, fã de Elvis e cantora de coros escolares no
estado de Nova York.
Lana Del Rey foi escolhido por empresários e advogados
pra coincidir com a sonoridade e o visual de femme fatale glam da
Hollywood dos anos dourados. Lana usa e abusa de imagens de estrelas da época;
aparece em vídeos com perucas louras desgrenhadas a La Bardot, com lábios
voluptuosos segurando garrafas de bebida e fumando. Puro fetiche.
As letras falam de amores impossíveis, fêmeas malvadas
ou que seduzem os machos com frases do tipo “a bebida em seus lábios deixa você
perigoso” e “deixe-me fazer um show pra você, tigrão” (April Stevens, hello!).
Puro fetiche.
A sonoridade vai de atmosférica anos 50 – perfeita pra
filmes de David Lynch – a pura coqueteria tipo Peggy Lee. Voz entre rouca, com
gritinhos ocasionais. As canções mais ligeiras seriam ótima trilha pra
inferninhos e filmes de Tarantino. Puro fetiche.
Neil McCornick, crítico musical do Daily Telegraph, deu
a bordoada que alguns detratores cobrando originalidade mereciam. Como falar de
originalidade em plena pós-modernidade, quando tudo é colagem? Além disso, Lana usa elementos retrô temperando-os com modernices e compondo figura própria. Já tá bom pro quesito originalidade no século XXI, por Deus!
O primeiro single, contendo Video Game e Blue Jeans,
foi lançado no começo do mês e entrou pras paradas britânicas. O álbum parece
que sai em janeiro. Ela já está contratada pela Interscope Records, mesmo selo
de Lady Gaga, U2 e Black Eyed Peas.
Com esse nome, visual e sonoridade, Lana Del Rey tem os
ingredientes essenciais duma estrela pop. Descolados, badaletes e gente cool em
geral, antenem-se pra pin up pós-moderna.
Neste momento, é in ser seu súdito.
Puro fetiche.
Puro fetiche, fetiche de qualidade. Voz rouca, cara de adolescente com peruca da mãe ou correndo com o namorado pro mato ou secundarista com grampos no cabelo olhando vitrines. Tem estofo, puro fetiche, variedade para variadas fantasias. Vamos ver o que a indústria fonográfica fará disso. Adorei a moça. Oxalá continue gostando.
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