quinta-feira, 27 de outubro de 2011

TELONA QUENTE 33

Roberto Rillo Bíscaro

Deixei um pouco de lado as séries e vi uma agradável tragicomédia francesa no último fim de semana. Une Petite Zone de Turbulences (2010), adaptação do livro A Spot of Bother, é estrelada pelo miraculoso Michel Blanc, também coescriba do roteiro (não tão miraculoso).
Um aposentado descobre uma mancha que julga ser cancerígena. O medo da enfermidade soma-se a problemas e intrigas familiares, como a esposa infiel, a filha prestes a se casar com alguém que a família não aprova e o filho gay. Cada um desses “problemas” apresenta suas nuanças e manchas cancerígenas próprias. A zona de turbulências é pequena porque se centra no universo familiar burguês, mas as trepidações não são menos importantes por isso. Destituído de revelações bombásticas, o filme se sustenta na humanidade e diversidade das personagens.
Não é um filme genial; apenas outra produção retratando as mudanças e alargamento do que se pode considerar família. Por mais modernas que sejam a família ou as situações, a narrativa transcorre e termina de modo tradicional, com tudo voltando aos eixos. Algo como dizer que a família patriarcal burguesa baseada na transmissão da propriedade pode seguir sem problemas, desde que se adeque às turbulências e se modernize.  Embora não creia que seja tão simples assim, sábado à noite queria mesmo era me divertir e gostei da película.
A habilidade do elenco ajuda deveras, especialmente o polivalente e compacto Michel Blanc, que, bipolarmente vai do pico do Everest ao fundo da Fossa de Mindanau em uma cena e com apenas um revirar de olhos. A sequencia final, onde o personagem está literalmente louco de pedra no casório da filha é preciosa e divertidíssima.
Afirmativo e inclusivo Une Petite Zone de Turbulences garante um quase par de horas de entretenimento, humanidade e boas atuações.

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