Roberto Rillo Bíscaro
Deixei um pouco de lado as
séries e vi uma agradável tragicomédia francesa no último fim de semana. Une
Petite Zone de Turbulences (2010), adaptação do livro A Spot of Bother, é
estrelada pelo miraculoso Michel Blanc, também coescriba do roteiro (não tão
miraculoso).
Um aposentado descobre uma
mancha que julga ser cancerígena. O medo da enfermidade soma-se a problemas e
intrigas familiares, como a esposa infiel, a filha prestes a se casar com
alguém que a família não aprova e o filho gay. Cada um desses “problemas”
apresenta suas nuanças e manchas cancerígenas próprias. A zona de turbulências
é pequena porque se centra no universo familiar burguês, mas as trepidações não
são menos importantes por isso. Destituído de revelações bombásticas, o filme
se sustenta na humanidade e diversidade das personagens.
Não é um filme genial;
apenas outra produção retratando as mudanças e alargamento do que se pode
considerar família. Por mais modernas que sejam a família ou as situações, a
narrativa transcorre e termina de modo tradicional, com tudo voltando aos eixos.
Algo como dizer que a família patriarcal burguesa baseada na transmissão da
propriedade pode seguir sem problemas, desde que se adeque às turbulências e se
modernize. Embora não creia que seja tão
simples assim, sábado à noite queria mesmo era me divertir e gostei da
película.
A habilidade do elenco
ajuda deveras, especialmente o polivalente e compacto Michel Blanc, que,
bipolarmente vai do pico do Everest ao fundo da Fossa de Mindanau em uma cena e
com apenas um revirar de olhos. A sequencia final, onde o personagem está
literalmente louco de pedra no casório da filha é preciosa e divertidíssima.
Afirmativo e inclusivo Une
Petite Zone de Turbulences garante um quase par de horas de entretenimento,
humanidade e boas atuações.
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