Nosso cronista albino relata um teste que fez
durante uma viagem a São Paulo.
O Teste
Minha luta pela aposentadoria continua. Agora,
o processo está no IMESC, um departamento da policia federal. Se o INSS recusa
uma perícia, o INESC pode periciar e definir a situação juridicamente; se
o parecer do INESC for positivo o INSS tem que aceitar.
Então, estive em Sampa pra dar os documentos ao
meu amigo advogado.
Saí de Mococa as 7 da manhã. Estou mais velho e
o calor, a claridade o mormaço do dia me cansam. Não tenho mais a mesma
disposição física. Isso também me deixa inseguro para caminhar em grandes
centros.
Cheguei em Sampa as 12h e logo que
desembarquei no terminal Tietê, na plataforma 22, equipei-me com chapéu, óculos
escuros e uma bengala, adquirida no projeto Vida Iluminada, da UNIMED de
Mococa, onde trabalhei como voluntário.
É uma bengala pra cegos, daquelas que se dobram
e desdobram. Logo que comecei a caminhar em direção às escadas rolantes, alguém
se aproximou e perguntou se eu queria ajuda, ao mesmo tempo que segurou meu
cotovelo e me direcionou ao primeiro degrau da escada rolante que me levaria ao
segundo piso da rodoviária.
Na realidade, caminho bem, não preciso de ajuda,
mas quis fazer um teste. Ao chegar no segundo piso, comecei a caminhar em
direção ao metrô e logo alguém me
perguntou se gostaria de ajuda. Agradeci e continuei indo até o guichê para
comprar o bilhete, pois teria que ir até a estação Santa Cruz.
Na fila, disseram-me que o guichê da esquerda
estava vazio e eu poderia ir comprar meu bilhete. Assim que embarquei, percebi
que não conseguia ler as placas indicativas dos nomes das estações. Pior, não
conseguia entender a voz que indicava o ponto da próxima estação.
As placas das estações eram azuis com letras
brancas bem grandes... Agora são brancas escritas com letras verdes pequenas. Fui
perguntando às pessoas ate chegar ao ponto onde desembarcaria. Teria que
seguir o corredor do lado esquerdo e sair em uma determinada rua.
Novamente, perguntaram-me se precisava de
ajuda. Dessa vez disse que sim e a pessoa me levou até a saída. Com um pouco de
calma, informei-me a respeito da direção que devia tomar e caminhei na direção
correta. Em uma esquina, com um semáforo, outra pessoa me ajudou a atravessar a
rua e de pergunta em pergunta cheguei ao escritório de meu amigo.
Voltei para a rodoviária sempre sendo ajudado pelas pessoas que me perguntavam se precisava de ajuda.
Voltei para a rodoviária sempre sendo ajudado pelas pessoas que me perguntavam se precisava de ajuda.
Resultado de meu teste: as pessoas
se importam com deficientes de maneira geral. Mas, e o governo?
Miguel José Naufel
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