Nosso
cronista-militante – voluntário dos Narcóticos Anônimos – recomenda alguns
livros interessantes para a discussão sobre o problema das drogas.
A
BELA MENINA DO CACHORRINHO
Trabalho em histórias incríveis que ouço com frequência. Isso deve me levar a um livro sobre a difícil, mas possível, superação da dependência química. Aprendi - escutando casos inacreditáveis - que é preciso sempre manter viva a esperança. Há drogas devastadoras e em tantos casos depende muito da combinação entre o estado físico do usuário e do contexto psicológico de cada um. Uma coisa, porém, é certa: a droga é sempre prejudicial e em tantos casos, antes de matar por diversas causas, humilha, destrói relações e frustra quem participa da célula familiar. Ontem, ouvi o caso de uma linda menina de 18 anos que deixou de ir ao enterro da mãe para consumir cocaína. Fiquei atônito com o caso do moço de 27 anos que vendeu um rim para “cheirar” e tudo não durou mais do que uma semana. Que dizer de um pai que se dispôs a prostituir a própria filha por drogas? E não pensem que esses são casos extremos. Não.
José Carlos Sebe Bom Meihy
Há
livros que nos tocam mais do que outros e se tornam referência em nossa
história de leitores. Tudo depende do momento em que a leitura é feita, da
circunstância que move a recepção do texto e da pertinência da exposição
temática. Além da boa história, a redação elegante, bem construída, contribui
muito. Falo especificamente de um livro que certamente afetará alguns
interessados em entender melhor o que se passa no mundo – ou submundo? – de
famílias atormentadas por um dos mais sérios problemas modernos: as drogas.
Acabo, comovido, de percorrer as 310 páginas de um desses textos “A bela menina do cachorrinho: história real
da jovem que enfrentou um sequestro e o inferno das drogas”, o caso de Ana
Karina de Montreuil em depoimento a Carla Muhlhaus, publicado pela Ediouro. Mas,
isso também têm uma história...
Há
mais de quatro anos frequento as reuniões abertas dos Narcóticos Anônimos no
Rio de Janeiro, especificamente o grupo GATA que se reúne aos domingos na
Igreja de Santa Terezinha. Tudo começou com o apoio a um amigo, usuário em recuperação. Bastou
um encontro para que visse nessa instituição, no NA (Narcóticos Anônimos), um
caminho para, mais do que tudo, compreender a intimidade de uma problemática
intrincada e avassaladora em todos os sentidos e garantir que há salvação. É
verdade que apenas o grupo que padece do tormento das drogas pode avaliar o
significado social, coletivo, dessa doença terrível. Com freqüência, visito
sites na internet e participo de listas de discussão sobre o tema e
progressivamente me vejo mais envolvido na luta contra as drogas. Recomendo que
isso seja prática comum, pois nunca sabemos como a sedução das drogas pode nos
tocar. Nunca. E hoje não há quem desconheça alguém ou algum núcleo familiar
próximo que não padeça desse mal.
Trabalho em histórias incríveis que ouço com frequência. Isso deve me levar a um livro sobre a difícil, mas possível, superação da dependência química. Aprendi - escutando casos inacreditáveis - que é preciso sempre manter viva a esperança. Há drogas devastadoras e em tantos casos depende muito da combinação entre o estado físico do usuário e do contexto psicológico de cada um. Uma coisa, porém, é certa: a droga é sempre prejudicial e em tantos casos, antes de matar por diversas causas, humilha, destrói relações e frustra quem participa da célula familiar. Ontem, ouvi o caso de uma linda menina de 18 anos que deixou de ir ao enterro da mãe para consumir cocaína. Fiquei atônito com o caso do moço de 27 anos que vendeu um rim para “cheirar” e tudo não durou mais do que uma semana. Que dizer de um pai que se dispôs a prostituir a própria filha por drogas? E não pensem que esses são casos extremos. Não.
Tem
havido denúncias e as mais efetivas são as que remetem a testemunhos. Nesse
sentido, convém citar dois livros de sucesso recomendados aos usuários em
primeiro lugar, mas também aos pais, amigos e jovens. Talvez o mais divulgado
desses textos seja “Meu nome não é
Johnny: a viagem real de um filho da burguesia à elite do tráfico” – a
história de Guilherme Fiúza levada ao cinema com enorme sucesso; outro: “Bicho solto: o mergulho de um menino do Rio
no mundo das drogas”, também depoimento, registrado por Ivan Sant’ana,
contando a história de seu sobrinho Fred Pinheiro, publicado pela Editora
Objetiva. Ler essas histórias pode ajudar o diálogo mais do que necessário. É
preciso coragem e sabedoria para falar do assunto e, quem sabe, usar os livros
como começo de conversa não seja um bom caminho?
Uma
coisa é certa: hoje em dia ninguém mais pode ficar alheio ao posicionamento. E
como convém nos instruirmos num tempo em que políticos e drogados, traficantes
e “moderninhos”, se investem de artifícios de Direito para justificar o
injustificável. E cabe então a observação fatal: se a droga for liberada no
Brasil, quem vai controlá-la? Será que o Fernandinho Beira Mar vai um dia ser
ministro?
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