Britânica relata como psicose pós-parto a levou a ser internada
A britânica Clare Dolman descreve o nascimento de sua filha Ettie como um momento de absoluta felicidade. Mas, logo depois, essa felicidade se transformou em algo que ela não conhecia: Clare falava sem parar, não conseguia dormir e tinha uma energia incessante, que não era natural.
"Eu me tornei muito nervosa, sofria de terríveis alterações de humor e alucinações. Eu fui internada em um hospital psiquiátrico por várias semanas", conta ela.
Clare diz que evitava falar desse período de sua vida.
"Era algo tão distante da experiência de maternidade da maioria das pessoas e por causa do estigma que existe em nossa sociedade em relação às doenças mentais, eu tinha um pouco de vergonha."
Clare sofreu de psicose pós-parto, ou psicose puerperal, uma doença que atinge uma ou duas a cada mil mulheres que dão à luz.
"Quando falamos de psicose pós-parto, estamos falando de alguns dos episódios mais graves que vemos na psiquiatria", explica Ian Jones, da Universidade de Cardiff, que é especializado na doença.
"Essas mulheres têm um episódio logo após o nascimento do bebê, que pode envolver diversos sintomas psicóticos, delírios - acreditar em coisas que não são reais - ou alucinações - ver ou ouvir coisas, quando não há nada lá."
Se os sintomas não forem reconhecidos a tempo, o surto psicótico pode acabar levando ao suicídio ou até ao infanticídio.
Não se sabe ao certo o que causa a psicose pós-parto, mas fatores genéticos seriam importantes e alterações hormonais e a falta de sono podem ter alguma influência na incidência.
'Má mãe'
Clare temia que se soubessem que ela teve psicose pós-parto, as pessoas poderiam se afastar dela ou achar que ela era "uma má mãe".
Apenas alguns anos depois do nascimento da filha, ela conseguiu superar esses medos e só recentemente, durante a produção de um documentário de rádio para a BBC, ela entrou em contato com outras mulheres que passaram pela mesma experiência.
O projeto foi organizado pela artista Joan Molloy, que teve psicose pós-parto, e incorpora elementos da doença em seu trabalho.
Durante os encontros, muitas mulheres falam pela primeira vez da doença.
"Eu achava que tinha dado à luz o anticristo e acreditava que meu filho tinha pequenos demônios em seu estômago que saíam à noite e dançavam pelo chão da cozinha", contou Tracy.
Algumas falavam de tendências suicidas e de como elas acreditavam que seus bebês ficariam melhor sem elas. A recuperação pode ser lenta.
"Eu me senti como um zumbi por pelo menos um ou dois anos. Não consigo me lembrar por quanto tempo tomei antipsicóticos. Claro que os remédios salvaram minha vida, mas levei um tempo para me recuperar de seu efeito", disse Ceri.
Todas essas mulheres responderam bem ao tratamento, mas a experiência mudou suas vidas.
Elas esperam que o projeto de Molloy ajude a conscientizar a população sobre a doença e a reduzir o estigma que pode dificultar a recuperação das pacientes.
No livro : Missionários da luz .ditado por André Luiz. encontramos uma explicação para esta questão dadificuldade perante a maternidade .Miguel
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