Parece que a cada 2 anos há uma nova versão de Jane Eyre, seja no cine, seja na TV. Já vi diversas. Certamente, tais filmes são produzidos porque ainda existe público interessado. Como eu. A cada nova versão, lá vou eu pra saber como o diretor filmou a história sabida de cor. E também tentar selecionar o elenco pra adaptação “perfeita”. Nesta de 2011, encontrei a Mrs. Fairfax definitiva: Judi Dench.
Cary Joji Fukunaga não se saiu mal na direção,
emprestando tons sombrios à história da sofrida Jane Eyre, agredida quando
criança, rejeitada pela tia má, enviada pruma escola lúgubre, violenta e
tísica, que, aos 18 anos arruma trabalho como tutora duma menina francesa, na
imensa e triste Thornifeld Hall, propriedade de Mr. Edward Fairfax Rochester. O
diretor escolheu começar o filme com a andança de Jane pela charneca, fugida de
Thornifeld, pra depois fazer extenso flashback, onde o sofrimento da infância ganha destaque.
Nos belos mundos do cine e da TV, Eyre e Rochester
devem ser problemáticos pra escalar, porque são descritos como destituídos de
beleza, pela escritora Charlotte Bronte. É com Rochester meu maior problema: os
atores sempre me parecem galãzinhos demais. Por isso, meus favoritos continuam
sendo os de Orson Welles e George C. Scott (meu Mr. Rochester do coração).
Desta vez, Eyre ficou a cargo da australiana Mia
Wasikowska, a Sophie, minha paciente predileta de In Treatment. Ela se saiu
muito bem num papel, que dentre outras dificuldades, tem tantas atrizes pra
comparação. A jovem empresta rigor e rancor à traumatizada Jane. A cena na qual
ela diz perdoar a tia, agonizante, ilustra esses traços com maestria. Ela
secamente diz que a perdoa e afasta-se bruscamente. Certas feridas jamais
saram.
Minha cena favorita e definidora da personagem, porém,
é a que antecede o pedido de casamento feito pelo patrão. Acreditando que Rochester
esteja se referindo a Miss Ingram, Eyre afirma que sua inferioridade social não
justifica que seja humilhada ou torturada. Mia está excelente e achou seu
próprio tom, mas ainda prefiro Ruth Wilson.
Pena que não se pode fazer versão remix de filmes, se
não, bastaria pegar cenas de diferentes atrizes pra compor uma Jane Eyre dos
meus sonhos!
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