quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

TELONA QUENTE 38

Roberto Rillo Bíscaro

Parece que a cada 2 anos há uma nova versão de Jane Eyre, seja no cine, seja na TV. Já vi diversas. Certamente, tais filmes são produzidos porque ainda existe público interessado. Como eu. A cada nova versão, lá vou eu pra saber como o diretor filmou a história sabida de cor. E também tentar selecionar o elenco pra adaptação “perfeita”. Nesta de 2011, encontrei a Mrs. Fairfax definitiva: Judi Dench.
Cary Joji Fukunaga não se saiu mal na direção, emprestando tons sombrios à história da sofrida Jane Eyre, agredida quando criança, rejeitada pela tia má, enviada pruma escola lúgubre, violenta e tísica, que, aos 18 anos arruma trabalho como tutora duma menina francesa, na imensa e triste Thornifeld Hall, propriedade de Mr. Edward Fairfax Rochester. O diretor escolheu começar o filme com a andança de Jane pela charneca, fugida de Thornifeld, pra depois fazer extenso flashback, onde o sofrimento da infância ganha destaque.
Nos belos mundos do cine e da TV, Eyre e Rochester devem ser problemáticos pra escalar, porque são descritos como destituídos de beleza, pela escritora Charlotte Bronte. É com Rochester meu maior problema: os atores sempre me parecem galãzinhos demais. Por isso, meus favoritos continuam sendo os de Orson Welles e George C. Scott (meu Mr. Rochester do coração).
Desta vez, Eyre ficou a cargo da australiana Mia Wasikowska, a Sophie, minha paciente predileta de In Treatment. Ela se saiu muito bem num papel, que dentre outras dificuldades, tem tantas atrizes pra comparação. A jovem empresta rigor e rancor à traumatizada Jane. A cena na qual ela diz perdoar a tia, agonizante, ilustra esses traços com maestria. Ela secamente diz que a perdoa e afasta-se bruscamente. Certas feridas jamais saram.
Minha cena favorita e definidora da personagem, porém, é a que antecede o pedido de casamento feito pelo patrão. Acreditando que Rochester esteja se referindo a Miss Ingram, Eyre afirma que sua inferioridade social não justifica que seja humilhada ou torturada. Mia está excelente e achou seu próprio tom, mas ainda prefiro Ruth Wilson.
Pena que não se pode fazer versão remix de filmes, se não, bastaria pegar cenas de diferentes atrizes pra compor uma Jane Eyre dos meus sonhos!

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