Roberto Rillo Bíscaro
A excelência de Etz Limon (2008) e de A Noiva Síria(2004) me fez ter expectativas altas demais pra The Human Resources Manager
(2011), do israelense Eran Riklis. Isso quase nunca é salutar e o filme visto
noite retrasada não fugiu á regra.
Uma imigrante do leste europeu morre em um atentado
terrorista em Jerusalém. Sozinha na cidade-sagrada, Yulia trabalhava na maior
panificadora do município e a responsabilidade de prover por seu translado e
enterro cabia aos empregadores, que não o fazem e são denunciados por um
tablóide. O gerente do estabelecimento é incumbido de providenciar o funeral e enviado
aos confins gelados dalgum país ex-comunista pra garantir o retorno do corpo de
Yulia pra casa.
O filme transita entre o drama, a comédia com tons
kafkianos e absurdos e o road movie. Tal indecisão filiacional resulta em desnível
de ritmo e falta de profundidade geral, coisa que os outros filmes do diretor
têm de sobra.
A única personagem batizada é o cadáver. Os demais são
designados por profissão, função ou traço
de caráter, aproximando-os dos tipos, mas não inteiramente, pois revelam certa
profundidade psicológica.
O gerente de recursos humanos do título está ás voltas
com a desintegração de sua própria família, mas a desejo de levar o corpo de
Yulia prum túmulo em sua aldeia natal funciona como metáfora pra necessidade de
se enxergar as pessoas como seres humanos com história, família e não apenas
como “capital humano”, reificadora denominação do capitalismo tardio.
Entretanto, o filme também coloca a questão muito
contemporânea da (des)territorialização. Yulia deveria mesmo descansar na
aldeota a qual não via a hora de abandonar pra tentar fortuna alhures? Onde era
seu lugar? Um tanto obliquamente, a película toca no tema da tirania de se
tomar decisões pelos outros, apenas porque achamos que é o melhor. Apenas
esquecemos que o melhor pra nós não o é necessariamente pro outro.
Em meio a lindas paisagens nevadas e cinzas da Europa
pobre, The Human Resources Manager mistura abrigos antinucleares com amplos
espaços abertos, em situações meio arbitrárias, ás vezes.
Não é um mau filme, mas não é um grande momento de
Riklis. Também, ninguém mandou que dirigisse 2 obras tão sensacionais! Sempre
viverá das expectativas geradas por ambos.
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