Roberto Rillo Bíscaro
O badalado diretor mexicano Guillermo Del Toro
tornou-se boa ferramenta de marketing pra filmes de horror. Basta colocar seu
nome como produtor no cartaz ou na caixa do DVD (geralmente em letras maiores
do que as usadas no nome doo diretor), que já é garantia de atenção extra.
Los Ojos de Julia (2010) é dirigido pelo espanhol
Guillen Morales, mas um dos chamarizes pra mim foi a referência a Del Toro, ao
qual serei eternamente grato por Cronos (1993), filme sobre vampiro que jamais
usa a palavra e subverte a mitologia da entidade.
Julia e sua irmã padecem da mesma doença degenerativa
ocular, que já levara a segunda à cegueira. O filme inicia com a morte da moça,
levada ao suicídio por um homem misterioso. Julia começa a investigar a morte
da irmã ao mesmo tempo em que sua visão vai se extinguindo. Em meio a uma
sucessão de personagens estranhas, uma história previsível, mas um tanto sem pé
nem cabeça e algumas situações demasiadamente forçadas, a película segue por
mais de 2 horas, quando poderia ser uns 40 minutos mais enxuta, afinal, não há
nada de novo neste thriller, que apresenta umas 2 cenas mais exasperantes.
A tara da moça cega perseguida por um maníaco já povoara
a perversão de Terror Cego (1971), com Mia Farrow e de Um Clarão nas Trevas
(1967), onde a chique Audrey Hepburn utiliza o mesmo artifício que Julia pra
igualar-se ao psicopata espanhol.
O destaque da produção fica por conta da cinematografia
e do uso das lentes e iluminação nas cenas onde o ponto de vista é a visão desfocada
ou em extinção da protagonista.
Assim, Los Ojos de Julia agrada mais tecnicamente do
que em termos de enredo. Pra muitos espectadores isso é pouco.
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