Encontrei um texto bem interessante no blog A Grama da Vizinha a respeito do livro e a exposição de fotos Filhos da Lua, em Moçambique. O texto é de autoria de Sâmela Silva
Vez ou outra ela está lá. Uma garota branca, bem branquinha, a pedir esmolas no farol entre a Av. Julius Nyerere e Av. 24 de Julho. E a gente se cobre de um sentimento de impotência. O sol, o grande vilão, queima e mancha a pele da garota. Mas ele se torna um coadjuvante, perto do maior vilão de todos, o preconceito. Um dos temas que nunca imaginei abordar nos chama atenção diariamente aqui em Maputo, o albinismo.
Vez ou outra ela está lá. Uma garota branca, bem branquinha, a pedir esmolas no farol entre a Av. Julius Nyerere e Av. 24 de Julho. E a gente se cobre de um sentimento de impotência. O sol, o grande vilão, queima e mancha a pele da garota. Mas ele se torna um coadjuvante, perto do maior vilão de todos, o preconceito. Um dos temas que nunca imaginei abordar nos chama atenção diariamente aqui em Maputo, o albinismo.
Já vi muitos albinos aqui em Moçambique, mas infelizmente nenhum em uma posição privilegiada na sociedade, sempre em trabalhos inferiores, isso quando conseguem trabalho. Pensando neste assunto, hoje conhecemos um pouco do belíssimo trabalho do casal de fotógrafos Solange dos Santos (moçambicana) e Dominique Andereggen (suéco) e da Adods – “Associação defendendo os nossos direitos”, uma organização moçambicana sem fins lucrativos, que visa garantir que os direitos das pessoas portadoras do albinismo sejam salvaguardados. Os fotógrafos, moraram na Tanzânia e souberam de tantas crueldades que sentiram a necessidade de fazer um trabalho revelador sobre estas pessoas quando vieram morar em Moçambique. Assim, em parceria com a Adods, nasceu o livro e a exposição fotográfica: “Filhos da lua” (um dos modos de se referir à pessoas albinas), moçambicanos albinos. Assista aqui o depoimento de alguns participantes da exposição.
Uma parte do trabalho da Adods, consiste em uma doação financeira mensal e você se torna “Padrinho” de uma pessoa com albinismo aqui de Moçambique. “Padrinho” e “Afilhado” se conhecem, e o padrinho pode acompanhar de perto a educação e assistência médica do afilhado. Eu não imaginava que aqui em Maputo existisse um movimento assim. Fiquei muito feliz por conhecer!
Para quem não está aqui, seguem trechos do livro e algumas fotos da exposição “Filhos da Lua”:
“Tudo começou no leste da África há alguns anos atrás, quando vivíamos na Tanzânia, indiscutivelmente o pior lugar do mundo para nascer com albinismo. O país tem uma das maiores populações de albinos do mundo e eles estão sendo perseguidos pela sua pele branca. É um lugar onde ser albino é quase uma sentença de morte. A notícia dosassassinatos macabros, mutilações e sofrimento dessas pessoas bonitas deixou uma impressão muito forte em nós“.
“É uma maldição nascer albino na África Equatorial. Eles estão sob ameaça do câncer de pele e, por isso, raramente vivem para além dos 40 anos de idade. Além disso,a perseguição de pessoas com albinismo é baseada na crença de que partes de seus corpos transmitem poderes mágicos. Esta superstição está presente em algumas partes de África. As pessoas são condenadas ao ostracismo por causa do seu tom de pele. Elas são confrontadas com a discriminação, caçadas como animais e brutalmente atacadas tendo os seus membros decepados (braços, pernas, órgãos genitais) para serem vendidos no mercado negro para rituais de feitiçaria“.
Consegue imaginar isso? Em meio a iPads, cosméticos revolucionários, etc, o ser humanos ainda não conseguiu o básico, conviver com ele mesmo.
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