Jovem de Campinas discursará na ONU no Dia da Síndrome de Down
Tathiana Piancastelli participará de cerimônia em Nova Iorque. Ela prepara texto em parceria com a mãe para realizar o sonho de ser atriz.
Fernando Pacífico
Para representar o Brasil durante a leitura de parte do discurso que marcará o 1º Dia Mundial da Síndrome de Down, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 21 de março, a jovem Tathiana Heiderichi, de 27 anos, tenta conter a ansiedade e dedica-se às palavras e aos treinos de fonoaudiologia em Campinas, interior de São Paulo. "Estou feliz e orgulhosa", afirma Tathi, como gosta de ser chamada.
Com o tema "Construindo o nosso futuro", a cerimônia marcada para o dia 21 terá presença de oito jovens de vários países. Responsável por falar do poder da mídia na inclusão, Tathiana apresentará ao público seis slides com duas ou três frases em cada. "A informação tira o preconceito", explica a jovem. Além da campineira, Beatriz Paiva, de São Paulo, também participará da leitura do discurso.
A rotina da jovem é construída durante os trabalhos que realiza em um salão de beleza na cidade, além das participações em um programa de televisão e uma clínica de fisioterapia. Ao contar que o gosto musical flerta entre clássicos da MPB, com destaque para a "Aquarela" de Toquinho, canções do musical "Mamma Mia" e pagodes, a jovem afirma que faz aulas de teatro e ainda busca um sonho. "Quero ser atriz", suspira. Em 2009, ela serviu de inspiração ao cartunista Mauricio de Sousa na criação da personagem Tati, que integrou a revista em quadrinhos "Viva as Diferenças!".
Dentre a miríade de adjetivos atribuídos pela publicitária Patrícia Heiderich à filha Tathiana, há espaço para bom humor. "Ela é extrovertida, baladeira e perua quanto ao modo de vestir. Adora rosa", conta. Dentre as lembranças preferidas, por sinal, lembra de uma história curiosa em um velório. "Ela era mais nova. Eu estava de costas em certo momento e a Tathi começou a me chamar. 'Olha, mamãe, é o Padre Marcelo Rossi'. Naquele clima, não dei importância... Quando olhei, realmente era ele", recorda. A curiosidade da meninda rendeu-lhe um contato com o ídolo.
Quando pensa na conquista da filha, a publicitária esmiúça a memória para falar das dificuldades que a família superou ao longo dos anos. "Há quase 30 anos, era impensável esse reconhecimento da sociedade. As pessoas escondiam os filhos que tivessem Down", critica Patrícia.
Quando pensa na conquista da filha, a publicitária esmiúça a memória para falar das dificuldades que a família superou ao longo dos anos. "Há quase 30 anos, era impensável esse reconhecimento da sociedade. As pessoas escondiam os filhos que tivessem Down", critica Patrícia.
O reconhecimento da ONU, segundo a publicitária, abre espaço para que os próprios portadores da síndrome atuem em causa própria. "É importante, pois eles podem e querem falar. Fico feliz e que as mudanças estejam acontecendo". Em relação às preocupações com a filha, surge o tema namorado. "Ele tem que ser animado e são-paulino de preferência", confessa Tathi aos risos.
Treinamento e confiança
A escritora e fonoaudióloga Cláudia Cotes conhece Tathiana há dois anos. Ela ressalta que o estímulo feito por familiares e amigos às pessoas com Síndrome de Down é determinante para o aprimoramento da comunicação. "O importante é começar desde cedo. Toda pessoa deve se preocupar em falar bem". Na terça-feira (13), ela fez um trabalho de aprimoramento da fala por quase duas horas.
A escritora e fonoaudióloga Cláudia Cotes conhece Tathiana há dois anos. Ela ressalta que o estímulo feito por familiares e amigos às pessoas com Síndrome de Down é determinante para o aprimoramento da comunicação. "O importante é começar desde cedo. Toda pessoa deve se preocupar em falar bem". Na terça-feira (13), ela fez um trabalho de aprimoramento da fala por quase duas horas.
Em relação à presença da aluna na cerimônia a ser realizada na sede da ONU, não titubeia em fazer elogios. "É uma honra. Vejo a Tathi como uma mulhar de fibra, divertida, que sonha e pode ir além de muitas mulheres".
O dia 21 de março foi escolhido pela instituição Down Syndrome International, pois a grafia 21/3 ou 3-21 faz alusão à trissomia do cromossomo 21, que caracteriza a anomalia genética.
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